sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

SUMMERJAM 2008


Summerjam Reggae Festival 2008 [HD Video]

Video da 23° festival Summerjam, um dos mais importantes da Europa.


Video em qualidade HD, com mais de uma hora de duração. 


Quem participa?! Esse é um pouco do Line Up: Alaine, Alborosie, Alpha Blondy, Busy Signal, Cecile, Cocoa Tea, Collie Buddz, Common, Culcha Candela, Derrick Morgan, Dub Inc, Etana, Jah Cure, Ken Boothe, Ky-Mani Marley, Lady Saw, Luciano, Mighty Crown, Mr Vegas, Patrice, Pow Pow, Pressure, Queen Ifrica, Sentinel, Shaggy, Stephen Marley, Tarrus Riley, The Black Seeds, Voicemail & Ziggi. 

MUNGOS HI FI – CHAMPION SOUND


A gloriosa saga de Mungos Hi Fi e Brother Culture se reúne nesse disco com a nata do reggae, juntando todas as características das produções dos últimos anos desse sound system escocês. Inclui os principais riddims como Belly Ska, Ing, Mary Jane, Mexican Bean, Under Arrest e Songs Of Zion,  e lança também algumas faixas inéditas com o baixo digital característico das produções.

Nessa compilação participam: Top Cat, Tippa Irie, Ranking Joe, Soom T, Kenny Knots, Mikey Murka, Ras Charmer, Aya Faith, Suncycle, MC Ishu and Marina P.

O sound system numero um da Escócia, Mungos Hi Fi lançaram seus primeiros singles em 2001, com o big tune ING com participação de Brother Culture, sendo tocado pelo poderoso JAH Shaka.

Mungos Hi Fi se tornou residente mensal no Glasgow School Of Art, tocando junto de artistas como: Sister Nancy, Earl 16, Ranking Joe, Jah Shaka, Tippa Irie, Top Cat, Warrior Queen e muitos outros. Nos últimos 8 anos o trio fez mais de 1000 apresentações com o titulo de “Veteran Selectors” se tornando uma das respeitadas sound systems da Europa. Conseguiram juntar a fundação do reggae clássico, dub e dancehall dos últimos 50 anos com a intenção de lançar títulos com um caráter genuinamente novo.

 Seu primeiro álbum lançado pelo selo Scotch Bonnet “Mungos Hi Fi – Sound System Champions” traz o estilo clássico mesclando ska e rocksteady, reggae roots e steppers, junto com rub a dub, timbres digitais fincados no estilo de King Jammy e dancehall. E com seu sound system ao vivo, empulsionados pelo seu enorme PA, continuam inspirando vários novos sound systems a quebrarem fronteiros. Pensando para frente sempre!

Os singles em vinil venderam milhares de cópias no Japão, nos EUA, Nova Zelândia até a Polônia. Participando em festivais no Reino Unidos e em toda a Europa como o Camp Bestival, Glastonbuy, Knockengorroch e Shambala, Mungos não para de lançar ótimos riddims e big tunes, e nós não paramos de ouvir.

Ouça os trecos do álbum “Mungos Hi Fi – Sound System Champions” clicando aqui 

E abaixo estão 3 links para fazer o download de 3 sessões do Mungos HI Fi ao vivo.

Shambala 08 MIX –  download: clique aqui  

Live MIX @ Subdub 10th Birthday – download: clique aqui

Mungos Hi FI on Spannered – download: clique aqui 


PERIFERIA É PERIFERIA... EM QUALQUER LUGAR!!!

Olhando na foto, será que você consegue dizer de que lugar é? Se é do Rio, de SP, de Salvador, Pernambuco?... ou se é da Jamaica, ou de qualquer outro pais da África? Difícil não é?! Muitas vezes eu penso no porque da música americana ser tão ruim hoje, o rap estilo “bling bling” [essa era nova para mim até poucos dias], com alguns caras criados no gueto fazendo música que vale no máximo 50 centavos, e se bobear ainda tem que voltar o troco de tão ruim, desfilando de Mercedes e Ferraris nos clips, só curtindo em boates de boy com varias vadias, bom, nada contra ou a favor das vadias, que elas um dia pensem em mudar de vida, senão vão pro fogo mesmo, e nada contra o dinheiro, quando nascemos ele já tinha sido inventado e implantado há tempos, eu sou contra essa ostentação idiota de grana, que na verdade frustra muito quem está no gueto, algumas vezes leva a um pensamento de “por que esse cara tem, e eu não?!”... Bob disse uma frase muito real: “enquanto a filosofia de uma pessoa ser superior a outra não for dizimada, haverá a guera.”

Onde eu quero chegar é, será que ainda tem músicos que fazem uma música de protesto hoje em dia?.. eu ainda tenho meus plays das antigas guardados, alguns novos, mas .... ainda prefiro algumas coisas das antigas, que eu já postei aqui, Poor Righteous Teachers, com um discurso político e extremo, gosto de Sizzla, mas não tudo, às vezes ele fala umas paradas, que eu penso que nem ele mesmo vive o que ele fala, Capleton eu já gosto mais, praticamente todas as letras, um pouco mais centrado, Anthony B é o melhor dessa trindade, letras inteligentes, equilibradas, sabe a hora de falar de festa, a hora de tacar o fogo mesmo, música de gente grande, mas nenhum desses é um africano de verdade, nascido na África.

Um dos primeiros discos de reggae que eu comprei foi de um cara chamado Mutabaruka, dessa geração dos Bobo Shantis, se você ouvir Mutabaruka e prestar atenção, tentar entender as letras, esse é o cara, poeta, músico, depois dele você com certeza, vai chegar a Linton Kwesi Johnson, o “Professor”, que também é um dos melhores poetas do reggae.

Agora também tem o 2ban, que gravamos com ele enviando músicas daqui do Brasil pra Londres, o que mais me chamou atenção no 2ban não foi à musicalidade dele, foram as letras, que são históricas, sem mentiras, sem ladainha, “serious music... no jokeh sounds”.... eu particularmente prefiro assim. Se for pra fazer “bling bling” e tocar só pros playbwoys eu prefiro ficar curtindo um som na minha casa, chamar um irmão, mostrar os discos das antigas que não tocamos mais nas festas, contar as histórias dos bailes de quando era moleque, muito mais prazeroso.

Espero um dia poder apresentar um disco de dub pra um cara aqui do gueto, da Serra da Cantareira e ele preferir ouvir JAH Shaka do que o 50 Cents...quem sabe um dia não entendam um pouco mais, compreendam um pouco mais, e quem sabe um dia não possamos evoluir um pouco mais rápido também e voltar a ter o controle da música que saiu do gueto, mesmo sendo de Kingston 12, de Londres, de NY, ou da CDD ou do Capão.. gueto é gueto em qualquer lugar, música do gueto, não é música de estante de playbwoy. FALEI!!!!!!!!!

Por RAS Wellington - underground_roots@yahoo.com.br - Texto originalmente publicado no site Overmundo em Out/2006 - clique aqui para ler o original e os comentários


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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


BURNING SPEAR - SLAVERY DAYS

Desde 1990 eu ouço algumas palavras constantes que muitos irmãos e amigos falam como palavra de Ordem; Consciência, Ideologia, Revolução, Evolução. Mas isso não é colocado em prática, pelo menos não em larga escala ou que se faça por atingir um grande número de pessoas, tendo uma postura visível e melhoria real.

Nesse mês de novembro, “comemorado” (esse num tom bem sarcástico) o dia da Consciência Negra, representada pela morte de Zumbi dos Palmares. Eu não vou me concentrar em escrever sobre a história de Zumbi, mas fazendo uma certa comparação entre Zumbi e Domingos Jorge Velho, na real, nada mudou entre os negros desde aquela época.

A mentalidade ainda continua de escravo, de algumas formas. Uma quando o negro começa a partir de certo momento a se envolver cada vez mais com o bwoy (o bwoy não é branco, nem é rico, e não é boy por uma questão de dinheiro, e sim é pela atitude), desde esse primeiro momento o negro se torna uma marionete desse bwoy, não ganha nada em espécie, simplesmente cria uma ilusão de que um dia pode ganhar alguma coisa, dinheiro, status ou qualquer coisa do tipo. Na realidade, num vai ganhar nada, porque o bwoy se for ver mesmo vive de ser “poser”, compra um tênis, um blusão e te chama de mano. MANO? Você negrão periférico é MANO = IRMÃO de bwoy sustentado aos 20 e poucos anos pelos pais?! BUMBOKLAAT!!!!!!!!!!!

Outra é a mesma idéia de Domingos Jorge Velho, a atitude de um tentar de qualquer forma se sobrepor a outro. É uma espécie de circulo vicioso, a pessoa nasce, cresce e é escravizada pelo branco (digo isso em tempo real, HOJE), reclama, xinga, não quer aquela situação. Quando realmente consegue certa independência, por menor que seja, se torna o “esperto”, e escraviza ou pelo menos tenta escravizar outros “irmãos” – a real é que isso rola muito, mas não da muito certo, um preto escravizando o outro aqui não é lá coisa muito natural. 

Agora sobre a questão de pele, temos alguns nomes que são mais xingamentos do que qualquer coisa do tipo, o termo MULATO ou MULATA, tanto falado, acho que ainda não foi bem compreendido. No dicionário da língua portuguesa de Silveira Bueno, MULATO = filho de pai branco com mãe preta ou vice versa, homem escuro, trigueiro, mulo. MULO, no mesmo dicionário = Mu, Asno, Burro. Mulato ou Mulata, só serve pra rebolar o pandeiro mesmo, já que um asno ou burro não pensam, no máximo que podem fazer é rebolar e carregar peso. Nem vou comentar mais sobre esses adjetivos, que dá neurose.

Se você pensa, que por ter recebido o adjetivo de MORENO, deixou de ser preto, existe um certo estudo de origem de palavras, baseado em sua raiz, é muito usado para saber de onde surgiram alguns termos. Palavras de línguas do oriente são bem mais fáceis de serem estudadas, pois as variações são enraizadas por outras palavras. Basicamente são estudadas 3 letras para se saber a raiz de cada palavras, no exemplo;

MaRoonS (tribo africana, que lutou – e muito, pela independência na Jamaica juntamente com a Tribo Ashanti)
MoRenoS (nome dado aos mestiços de negros e brancos na América do Sul)
MooRS (os mouros ou sarracenos. Moors ou Mouro é o nome dado pelos Europeus aos Negros monoteístas de pele mais clara, já que a maioria era islâmica.)

A raiz M-R-S indica algumas tribos africanas e nomenclaturas dadas aos descendentes dessas tribos, que foram trazidas para as Américas, digam o que for, MORENO pro europeu é negro, e se um dia voltar à escravidão, vai junto de volta ao navio como qualquer outro, é uma mera ilusão achar que porque tem a pele mais clara ou mais escura vai se fugir das origens, o máximo que pode perder é a raiz e a essência, o resto, vai ser tratado como negro em qualquer outra parte do mundo. Nesse ponto, a única coisa que resta saber é que o racismo trata os negros como eles são, todos iguais. 

Finalizando a comparação entre Domingos Jorge Velho e Zumbi, ambos foram negros, sobreviventes e viverão conforme o seu tempo, a diferença, um lutou por toda uma comunidade, o outro pela própria sobrevivência, em pé de igualdade os dois mataram, os dois morreram... negros.


Texto originalmente publicado no site Overmundo em Nov/2006 - clique aqui para ler o original e os comentários

Por Ras Wellington - underground_roots@yahoo.com.br

domingo, 5 de outubro de 2008

JAH - A ESSÊNCIA DIVINA


Essência Divina, esse é o significado dessa poderosa palavra, que provém dos povos africanos e do Oriente Médio, dificilmente será possível dizer exatamente de qual língua ela provem, a influencia se originou dos dialetos africanos, do aramaico, do hebraico e árabe. Mas com o esquecimento histórico, línguas que não existem mais, essa palavra se tornou única.

 

Uma das frases em que essa palavra é usada, é: “I&I, JAH Rastafari”, traduzindo de uma forma próxima ao sentido original em dialeto:

“Eu&Eu, Que A Essência Divina Do Criador Me Guie e Oriente.”

I&I = Eu&Eu; que transmite a idéia de que todos somos iguais, o primeiro “Eu” tem a intenção de substituir a palavra “homem”, que é um substantivo, fazendo com que o “homem” afaste a ilusão de que é apenas parte de um todo, quando substituímos “homem” pela palavra “Eu”, a palavra homem deixa de ser um substantivo, para se tornar um sujeito. O segundo Eu se torna o Altíssimo, nos deixando mais próximos de Deus, fazendo com ele seja parte do “eu”, e o “eu” fazendo parte D’ele. 

JAH = Essência Divina, Deus é onipresente, habita em todo lugar, é onisciente, sabe de todas as coisas, a Essência é o que nos faz sentir a presença dele entre nós. Como o melhor perfume, nós sentimos a fragrância, ela nos agrada e nos faz sentir bem. Assim é JAH.

RASTAFARI = Uma palavra formada por duas;

RAS = Cabeça, Líder, Sábio, Guia, Aquele que guia, transmite conhecimento; RAS era um título dado aos árabes e pessoas que eram líderes em suas tribos, comandavam o exército, a educação e administravam suas comunidades e transmitiam conhecimento entre os demais. 

TAFARI = Conhecimento, Sabedoria, Sapiência, Elevação; alguns têm para si a palavra Tafari como Criador, a palavra Criador se encaixa no termo, já que quem cria, educa e orienta.

Dependendo da forma como nos expressamos com a palavra JAH, ela pode tomar outros significados, JAH pode significar Deus, como Allah em árabe, ou God em inglês. Cada província africana oriental se dirigia a Deus de uma forma, essa é uma das formas de dizer Deus em um contesto monoteísta, sem interferências ou inserções de supostos santos ou entidades espirituais. 

Talvez um dos primeiros povos africanos a usarem a palavra JAH, tenha sido a Abissínia (Etiópia), com influência das antigas línguas monoteístas (aramaico, hebraico e árabe), a Abissínia se tornou historicamente, uma das regiões mais importantes da história, com toda a absorção e profundidade do conhecimento teológico e teocrático do seu povo.

Chegando ao rastafari, que hoje se torna um dos ícones da disciplina e doutrina individualista da era moderna, pregando o respeito ao ser humano, ao eco sistema, e a espiritualidade. JAH para o rastafari simboliza a conexão com Deus. A absorção cultural e espiritual do rasta provém da herança etíope desde o Rei Négus, Rei da Abissínia, a busca por conhecimento, a disciplina e a devoção ao Altíssimo.

Segue abaixo uma carta* escrita pelo Profeta Mohamad (saws) ao Rei Négus no auge da era Islâmica.

CARTA DO PROFETA MOHAMAD (saws) PARA O REI NÉGUS DA ABÍSSINIA

“Em nome de Deus o Compassivo o Misericordioso”

De Mohamad, Mensageiro de Deus, para o Négus, Imperador da Abissínia. Paz!

Eu presto louvores perante ti a Deus, aquele que não há outra divindade senão Ele, o Rei, o Augusto, o Pacificador, o Protetor, e testemunho que Jesus, filho de Maria, e o Espírito de Deus e Sua Palavra, que Ele fez descer sobre Maria a Virgem, a Boa (pura), a Casta, assim, concebendo a Jesus com o sopro do Seu Espírito da forma como criou Adão com Sua mão. Convido-te para um Deus único, que não tem sócio, e à submissão à sua obediência, e para seguires-me e creres naquilo que me foi revelado, porque eu sou o Mensageiro de Deus. Convido-te e a tua gente para vos orientar até Deus, o Poderoso e Majestoso. Já vos transmiti e aconselhei-vos, portanto aceitai o meu conselho, e que a paz esteja com os que estão bem orientados.

O Profeta enviou Amr Bin Umaya Dhamri como seu embaixador, levando a sua carta para o Rei Négus*, Rei da Abissínia, convidando-o para abraçar o Islam. O Négus enviou a resposta ao Profeta que dizia: “Eu presto testemunho que tu és o Verdadeiro Mensageiro de Deus;"

Carta extraída do livro: Mohamad O Mensageiro de Deus (1989), autor: Aminuddin Mohamad.

Esta carta não afirma que o Rastafari deixa de ser cristão e se torna muçulmano, ou vice e versa, a carta do Profeta Mohamad (saws), afirma a abertura espiritual e religiosa do povo abissínio. Outra observação é que o Rei Négus se converteu ao Islam, o restante do seu povo teve como opção manter sua religiosidade cristã e os preceitos cristãos ou optar por qualquer outra religião.

Esta carta coloca em cheque certas questões, se o Profeta escreveu uma carta para um estado cristão, atestando que Jesus (aws) era filho de Deus, e nasceu de um milagre, como alguns podem dizer que o muçulmano nega o Cristo como filho de Deus? Já que Deus tudo pode! Logo falaremos um pouco mais sobre as influencias que a Abissínia e o Rei Negus sofreram de outros povos e religiões.

Toda a África era influenciada principalmente pelo Egito, Arábia Saudita, e províncias próximas. Todos os conhecimentos relacionados ao rastafarianismo provem das Igrejas Coptas Etíopes, Cultura Egípcia, das províncias monoteístas da Arábia, do antigo Estado de Israel, principalmente dos ensinamentos deixados pelos antigos profetas, sábios e reis (Abraão, José, Davi, Salomão, Jesus, o Apóstolo Felipe etc...) 

A PROPAGAÇÃO DO RASTAFARIANISMO 

Apresentar o rastafari como uma cultura e disciplina, é muito menos imposição do que mostrar uma religião a uma pessoa ou comunidade, que é acostumada com uma igreja inquisitiva e até certo ponto descrente, onde apenas funcionam doutrinas e disciplinas com um fundamento vago e ambíguo, mas de certa forma abrangente e simpático, não cabe ao rasta o papel de catequisar ninguém. 

Ao Rastafari cabe a missão de propagar a disciplina e a doutrina rasta, não cabe ao rastafari converter um muçulmano, um judeu, ou um cristão ortodoxo, da mesma forma que o rasta tem seu livre arbítrio, ele deve dar esse livre arbítrio a outras pessoas. Não se deve “converter” ninguém a uma suposta religião, se deve transmitir conhecimento, a sabedoria e o ponto de vista abrangente, deixemos a prepotência autoritária para os políticos, á mídia fechada e ao clero religioso.


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sábado, 20 de setembro de 2008

FREE DOWNLOADS - ALBUMS E MIXTAPES

Eu sempre fui meio contra essa proliferação de sites que disponibilizam mp3 e downloads de álbuns sem o consenso do artista. Digo "meio" contra, devido hoje existir uma infinidade de artistas independentes que disponibilizam suas músicas gratuitamente para download, e esses sim considero serem os mais proveitosos. Aqui, você só vai encontrar esse tipo de álbum para download. Somente discos autorizados pelos artistas a serem disponibilizados.  Se você tiver uma mixtape, ou um disco que queira disponibilizar para download gratuito, basta enviar o link com capa para fyadub@yahoo.com.br


Nesse primeiro post, já estão os links para algumas mixtapes e discos, de dancehall e steppa que tinham sido disponibilizados anteriormente no fotolog do fyadub. Aproveitem, logo mais tem mais.


SOUTH AMERICAN 2008 TOUR MIXTAPE - DJ STEPWISE E MR. VEGAS
Download Contínuo MP3 - clique aqui
Download Faixas Separadas MP3 - clique aqui

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ITALIAN DUB COMMUNITY - SHOWCASE VOL. 1
Download - clique aqui

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K-SALAAM & BEATNICK  PRESENT - NY IS BURNING
Download - clique aqui

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KAFOFU RECORDS PRESENTS - JUNGLE RAGGA RIDDIM
Download - clique aqui

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RED LION - SPINNING DEM HOT
Download - clique aqui

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IV BARCELONA REGGAE SOUNDCLASH
Download - clique aqui

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NYABINGI SOUNDS - 100% PURE DUBPLATES
Download - clique aqui

BAMMY MAN & CUTTY RANKS - SHENK I SHEK - BEAT BOX VERSION


Eu, nesses anos todos, ainda não consegui separar o Reggae, o Dancehall e o Hip Hop, a música eletrônica, deixando cada um em seu respectivo canto. Eu penso que tudo, está literalmente, junto e misturado, mas não de forma homogênia, nessa nova fase do FYADUB, podem ter certeza que toda essa miscelânea estará por aqui.

Esse video é uma prova viva disso, temos o Bammy Man, um clone do Mr. T (se você tiver mais que 25 anos, deve se lembrar de uma séria enlatada dos anos 80 chamada Esquadrão Classe A, em inglês a série era chamada de The A-Team). Fazendo um beat box do riddim Shenk I Shek junto com o maior de todos no dancehall jamaicano Cutty Ranks.

Bammy Man, por aqui, é obscuro, assim como 90% da música boa jamaicana feita por músicos e deejays locais que não se tornaram famosos, mas fizeram o movimento ser o que é hoje.

Só mais uma observação sobre o Bammy Man; Bammy na Jamaica, é um tipo de pãozinho feito com uma farinha especial chamada de cassava. Para ver a primeira parte do video no youtube clique aqui.

Por

RAS Wellington - underground_roots@yahoo.com.br

domingo, 14 de setembro de 2008

DJ STEPWISE


FANTON MOJAH - BLIND TO THE KING [STEPWISE RMX]

DJ Stepwise aka Andrés Octavio é um seletor, produtor e remixer de São Francisco. Nascido na Argentina em Buenos Aires, Stepwise se mudou para os Estados Unidos na adolescência e vive em Bay Area desde 1997. DJ há mais de 12 anos, Stepwise tocou em diversos lugares nos Estados Unidos e pelo mundo afora, em países como Austrália, Espanha, Argentina, Brasil, Colômbia, Canadá e muitos outros...

Stepwise já compartilhou o palco com diversos artistas do main stream do reggae como Midnite, Chuck Fender, Barrington Levy, Yellowman, , Yellowman, Groundation, Eek-a-Mouse, Pato Banton, The Meditations, The Melodians, Army, Abja, Ras Attitude, Batch, Prezident Brown, Fidel Nadal, Rocker T, Heavyweight Dub Champion, Al Pancho, Wadi Gad, e compartilhou experiências com diversos sound systems e seletores.

Em 2006 Stepwise se afiliou ao coletivo Audiopharmacy atuando como DJ residente nos shows do AP.

Stepwise é muito conhecido por suas mixtapes, incluindo FULL CONFIDENCE VOL 1 apresentada por Niyorah, THE OFFICIAL 2008 SOUTH AMERICA TOUR MIX apresentada por Mr. Vegas, Guetto Youths apresentada por Stereo-Lion e muitas outras. Em junho de 2008 Stepwise teve a honra de programar (batidas) e mixar o novo disco de Alika  & Nueva Alianza chamado de Ëducate Yourself”, produzido em formato de mixtape. Um ávido remixer, Stepwise já disponibilizou diversos remixes em 7” pelo seu próprio selo de reggae/dancehall  chamado de S.P.R.

Atualmente Stepwise pode ser visto discotecando em Bay Area e nos aredorres, incluindo sua festa semanal HOLDING FIRM todos os domingos no clube Underground SF em São Francisco. Stepwise também pode ser ouvido ao vivo todas as terças em seu programa de reggae e dancehall Galang Radio apresentado na Colômbia pelo site Superasticion.fm no canal Etíope Channel.

Se quiser mais informações sobre o DJ Stepwise como datas, turnês e programas clique no link http://www.stepwisdj.com

ENTREVISTA MOA ANBESSA

Stranjah, Marcus Iyah e JB
Dessa vez, foi a sound system americana Moa Anbessa radicada no Brasil que nos forneceu uma entrevista falando sobre a criação de sistemas de som, dubplates e varias outras informações muito úteis para você que está planejando montar sua própria sound system. Boa Leitura.

fyadub: como começou o moa anbessa, como foi o encontro entre stranjah, jb e marcus iyah?
stranjah: então, nós começamos, na verdade nós 3 estávamos tocando em lugares diferentes em Chicago, e começou assim, por exemplo, fui numa festa onde o JB tocava aos domingos, eu via ele tocar lá e acabamos nos conhecendo, o Marcus, eu o conhecia porque trabalhava junto com ele, eu passava uns cds de reggae pro Marcus, ele se amarrava, e depois, eu e Marcus começamos a tocar junto aos domingos.

fyadub: e todos vocês já tocavam reggae?
stranjah: sim, todos!!!

fyadub: e como era a seleta de todos? tocavam diferentes músicas, diferentes stilos?
jb: bem, eu penso, que todos traziam diferentes elementos, diferentes estilos, Stranjah tocava mais early reggae, mais rocksteady, ska, rub a dub, Marcus tocava mais sons roots, eu tocava mais new roots, clássicos do reggae, dancehall dos anos 90 e 80, os clássicos do dancehall, e quando nos juntamos e começamos a tocar, dizíamos um a outro “olha isso, ouça isso aqui”, se tornou uma ótima variedade de estilos, e tudo estando junto ficou muito bom, e quando começamos a tocar, numa noite, numa festa, tocamos todos os estilos da história jamaicana, rocksteady, ska, new roots, de tudo.

fyadub: os sons obscuros, o trabalho de buscar discos exclusivos, prensas originais, discos raros, como o moa anbessa trabalha com esses discos, é o mais importante pra sound de vocês?
stranjah: eu não acho que é o mais importante, mas, eu acho que com a variedade, com o grande número de sound systems do mundo inteiro, tem que ser um pouco original, eu tento procurar coisas que já sei que eu gosto, de um jeito, e não tem outro sound system que toca esse disco ao vivo, e quando eu pego uns discos mais roots ou rocksteady, eu tento pegar uns sons, que são antigos mesmo, mas lógico, que de pra tocar numa festa, que tenha uma qualidade que está “Up Beat” ainda, você pode mixar um Sizzla, e tipo, tocar um rocksteady e voltar pra um cut do Bounty Killer, por exemplo, e que esse tune não deixe perder o flow da festa.
jb: para mim, os tunes obscuros, eu coleciono mais para mim mesmo, mas, quando eu toco numa festa, num show, eu toco mais, eu tento levar mais a minha seleção para os “Big Tunes”, que todos conhecem, mas, mixando com algumas coisas obscuras, mas tentando levar os dois juntos, fazendo com que as pessoas ouçam e reconheçam essas músicas, esses “Big Tunes”, mas os sons mais obscuros são pra minha coleção particular, mas, tento tocar esses sons mixando no set, mas não tocando apenas os discos obscuros.

fyadub: aqui no brasil, o “sound system” de reggae tem pouco tempo em midia, e tem uma rapaziada nova que busca informação de como montar uma sound system, quais os elementos básicos para um sound system que está iniciando?
jb: em uma sound system atual, os autofalantes, sons, você sabe, mas o mais difícil, são coisas como, transporte, energia, mas para mim, eu penso, e pra todos nós, o sound system somos nós 3, não apenas um de nós, é muito mais energia, vibração, porque cada um de nós é diferente um do outro, cada um faz coisas diferentes, são estilos diferentes, todos nós tocamos, mas com o tempo nos inspiramos uns nos outros, por causa do Stranjah eu coleciono mais rocksteady e ska, mas pra mim o essencial numa sound system é fazer uma boa festa, tocar boa música, fazer as pessoas dançarem.

stranjah: pra uma sound system, você precisa de autofalantes, alguns amplificadores, alguns discos, espero que tenha vários bons discos, alguns dubplates, um seletor, um operador e um mc. Esse é o básico de um sound system no estilo jamaicano. O operador faz a mixagem, opera a mesa, o seletor seleciona os discos, necessariamente o seletor não precisa por o disco no toca discos, ele pode simplesmente pegar o disco e dar para o operador, estou falando do estilo jamaicano de tocar. E você tem o MC falando no microfone a noite toda, animando o povo. O mc também não é necessariamente o cara que vai cantar a noite inteira, ele pode só falar, agitar a galera.

fyadub: qual o percentual de importância de um dubplate em um sound system?
stranjah: depende do som que você quer fazer, depende aonde você vai com seu sound system, se você não tem “Gol” nenhum com seu sound system, acho que, não sei, dispensável. Cada sound system precisa disso, nem pra fazer um sound clash não, mas é tipo, pra ter um público deles mesmo, que vai gostar dos seus dubplates, seus dubplates é a imagem do seu sound system. Por exemplo, nós fazemos dubplates, fazemos dubplates de sons que nós gostamos, de big tunes, e tocamos dubplates como opção, tocamos sons originais, para manter a vibe, e os dubplates para deixar a marca do Moa Anbessa.
jb: a importância de um dubplate, é o disco “Special”, é tipo assim, nós temos, e você não tem.
stranjah: quer um exemplo nós temos 2 discos iguais, o dubplate, é meu, ninguém tem esse, a gente tem e vocês não tem.

fyadub: o que é um dubplate?
stranjah: um dubplate é uma música especial, uma música exclusiva, feita pelo artista origianal de uma música, por exemplo o Dennis Brown que canta Wolfs & Leopards, ele vai fazer um dubplate dessa mesma música, Wolf & Leopards, mas vai usar o nome do sound system dentro das letras dele mesmo, e ele muda a letra como uma arma mesmo, falando que seu sound system é melhor que o outro, e vai falar o porque, no jeito feito pelos jamaicanos, na cultura Jamaica, como se fosse uma competição. O Dubplate mesmo, é um vinil de metal, com um filme plástico em cima, que se chama acetato. O disco dubplate é bem pesado, mais pesado que um vinil comum.

fyadub: o comércio no reggae, o dubplate influência no giro de dinheiro num sound system, como funciona na jamaica e na europa esse giro de dinheiro? para a sound system e pro artista?
stranjah: o negócio do dubplate, desde o inicio é pra ajudar o sound system e o artista, por exemplo, um artista antigo, dos anos 60, que hoje não faz mais muito show, você tem o negócio do dubplate pra ganhar alguma grana, porque tem todos os novos sound system, que quer tocar sons antigos, o artista vai gravar pra você e você paga ele, agora um sound system que você vê alguns de graça ou mais barato, são feitos pra pessoas que já gravaram com o artista antes, mas de qualquer jeito um dubplate você tem que pagar, o único jeito que você vai conseguir de graça é se você conhecer bem o artista, ou se você convida ele pra tocar, no Brasil, ai por respeito ele vai fazer alguns jingles pra você, e com certeza, se ele estiver na vibe, vai gravar um dubplate..

fyadub: e no exterior como eua, europa, jamaica... movimenta-se dinheiro com isso?
stranjah: muito, isso é negociação feita a base de dinheiro. Japão e Europa, são dois lugares, onde se tem dinheiro por trás dos sound system, e tem que pagar, e os preços ficam cada vez mais altos para todo mundo.
jb: é dinheiro alto para os artistas, e agora a cultura do sound system, e a cultura do clash, esta fazendo isso se tornar grande novamente. Se você for pra Nova Iorque por exemplo, tem clashes toda semana, e tem tempo que o clashes diminuem, e outros que se faz muito, mas agora, a cultura do clash entre as sound system, está voltando novamente. E isso faz com que os artistas ganhem dinheiro. Porque, na maior parte do tempo, eles gravam um single, um álbum, ele recebe uma vez apenas, agora, ele pode continuar ganhando dinheiro fazendo dubplates. Isso é uma forma de fazer o dinheiro continuar girando.
stranjah: quando os artistas não têm show, ou tour, com uma banda, ou outros artistas, eles não tem muito que fazer, então tem que fazer dubplates pra ganhar dinheiro. E dubplates são feitos todos os dias, em todo lugar, em todos os sounds. Você pega o telefone, liga pra a Jamaica, você quer um artista, entra em contato com ele, e pergunta quanto é, e varia o preço também.
jb: hoje em dia está mais caro também produzir um dubplate.

fyadub: quais os principais artistas que voces já gravaram?
jb: Johnny Osbourne, Kandyman, Lone Ranger, Courtney Melody, John Wayne, Echo Minott, Malibu, Quench Aid, Jigsy King, Anthony B, Little Harry, Shaka Shamba, Carlton Livingston, Welton Irie, Pato Banton, John Holt, Lion Tempo, Iyashanti, Jah Vic, já gravamos coisas com Frisco Kid, Jah Mason, Sancho gravou Chase Vampire. Bom nós ja entramos em estudios com vários artistas, tivemos o privilégio de conhecer, cortar dubplates para outros soundsystems, e trabalhar com eles.
stranjah: gostaríamos de dizer a todos os sound systems do Brasil, que estão interessados em dubplates, que estaremos a diposição de vocês, para cortar, e entrar em contato com esses artistas, artistas da Jamaica, de Nova Iorque, da Inglaterra, do Brooklyn.
jb: se quiser podemos fazer esse contato com os artistas.
stranjah: se você tiver uma produção própria, e tiver admiração por um artista, da velha e da nova escola, fazemos os contatos com esses artistas, e o pessoal daqui, que quer gravar, entrar em estúdio, fazer algum dubplate, pode contatar o Moa Anbessa.

fyadub: qual o custo de um dubplate?
stranjah: o acetato mesmo custa mais ou menos entre 45,00 a 60 dolares por um disco dez polegadas.
jb: você pode colocar 4 músicas, duas de cada lado. Um artista pode variar de 100,00 a 5000,00 dólares.

fyadub: quem chega a cobrar 5000 dolares?
jb: Shabba Ranks, Bounty Killer,
stranjah: é muita grana. Rsrs.

fyadub: em quantos países o moa anbessa já passou?
stranjah: EUA, Coréia, Brasil, Amsterdã, França. Marcus Iyah está na Coréia. Polônia também, acho que só.
jb: morei em Amsterdã em 2000.
stranjah: nos EUA, em Chicago, Nova Iorque, Cleveland.

fyadub: o que é um sound clash, como funciona um clash?
stranjah: um Sound Clash tradicional é uma atração, entre dois sound systems que geralmente se conhecem bem, mas tem as “guerras” e não tem, existem 2 tipos de sound clash, no inicio o sound clash é uma coisa pra entreter. Por exemplo, se o Moa Anbessa convidar, por exemplo, o Echo Sound, que são amigos nossos, a gente marca um sound clash, a gente se conhece, então não tem “guerra”, e quando você chega na cena, você fala mal do outro, e vice versa, pra ver como o público reage, e o público é quem tem a palavra final pra ver quem foi melhor, e isso é mais pra gente se divertir e o público experimentar uma coisa diferente, bem tradicional da Jamaica, isso é um tipo de sound clash.

fyadub: e o outro tipo?
stranjah: o outro tipo é melhor você ter muitos dubplates mesmo, rsrs, melhor, esse embate tradicional, é tipo, um cara passa na rádio e fala mal de outro sound, e ouviu, você fica sabendo, ai você liga diz “você falou mal de mim”, começou uma briga, marca um sound clash, e assim se resolve, ai acaba mais ou menos num Dub fi Dub, e do mesmo jeito, o público decide. Ai se vê quem é melhor, o cara vai falar que é melhor que o outro, e o outro fala que é melhor, e blábláblá, e pra eles abrirem a cabeça e os olhos, é o público mesmo que vai falar, só tocando.

fyadub: por vocês terem passado em tantos lugares, como voces veem, comparando com o que rola lá fora com o que está acontecendo no brasil, falando comercialmente.
stranjah: o Brasil é um dos maiores paises que produzem reggae nacional como roots, então já tem um público gigante que gosta dessa música, agora acho que com o sound system, como Echo Sound em São Paulo, vou falar somente dos sounds que eu conheço, como Digitaldubs do Rio de Janeiro, estão fazendo coisas mais tradicionais com artistas nacionais, mais nessas pegada de dancehall classico, de ragga, que eu acho que com o tempo vai trazer mais público, mais gente, e acho que tem um potencial muito grande no Brasil para a comercialização do reggae mesmo.

fyadub: de artistas aqui do brasil quem voces gostaram de ouvir?
jb: Ras Simbá.
stranjah: da galera que eu vi, RAS Simbá, Sambatuh.
jb: do Digitaldubs, o Biguli, tem o B.Negão que não canta muito reggae, mas tem também influência, tem o Gerson da Conceição, uma pegada bem roots, uma voz bem legal também, tem o Jeru Banto, M7, e outros.
stranjah: vários artistas que estão nesse cd do Digitaldubs, que saiu agora, acho que tem muitos cantores bons, mas acho que a gente também é meio que bloqueado.
jb: para mim, o que eu vi de mais legal, pelo que eu vi, apenas um trecho em um clip de uma música, foi RAS Simbá, muito bom, ele é de onde mesmo, da Guiana?

fyadub: sim da guiana inglesa. 
jb: sim, o som é muito bom.

fyadub: agora na cena mundial, vocês vêem, fora o moa anbessa, tem alguém que tem vontade de investir no brasil? tem interesse por parte de produtores, artistas de fora, de investir aqui no brasil?
stranjah: nessa última viagem que eu fiz pra Jamaica, tem esse interesse, eles têm esse poder, vários produtores nos falaram que tinham interesse em desenvolver, fazer combinações entre brasileiros e jamaicanos, mas também pra fazer uma divulgação do mercado jamaicano aqui no Brasil, uma troca de interesses.

fyadub: produção de artistas, vocês tem interesse em produzir também, artistas, produzir musicas, etc?
stranjah: nós temos interesse em montar um estúdio aqui, e produzir algumas coisas. Moa Anbessa é uma loja, uma sound system e um estúdio. Qualquer pessoa que queira gravar, que tenha uma boa voz, que queira cantar, pode contatar o Moa Anbessa, e tentar gravar.

fyadub: e vinil, ainda tem mercado, com o uso agora do copyleft, e a quebra das grandes gravadoras?
jb: eu penso que, que está se desenvolvendo uma cena aqui, a popularidade do reggae está crescendo aqui no Brasil, eu penso que aqui pode acontecer muita coisa, a possibilidade de vender discos aqui, o vinil, é uma boa oportunidade, o pessoal daqui gosta bastante do som, da originalidade, a forma original do dj, como discos, com mais discos a disposição aqui, as pessoas têm vontade de comprá-los.

fyadub: na europa, princípalmente na inglaterra, as sounds que tocam stepper, eles costumam usar outras midias além do vinil, usam md, dat, final scratch, laptops.. voces gostam desse tipo de sound system, dessa linguagem?
stranjah: na verdade isso é um pouco difícil de responder, os sounds que usam MD, eles tocam as produções próprias deles mesmo, isso eu acho que bom para divulgar o seu próprio som para o público, você vai estar fazendo o seu show mesmo, mas também, depende do jeito que está música está gravada, se gravam com uma banda, com instrumentos ao vivo, eu acho melhor tocar ao vivo com banda mesmo, do que tocar uma versão em MD.

fyadub: as produções de dub digital, stepper não agradam muito o moa anbessa?
stranjah: não porque e importante ter um foco, nosso sound e mais na pegada jamaicana, uma história do reggae clássico. Na verdade, se você olhar um cara como o King Jammy ou o Bobby Digital, já o digital existe no reggae de qualquer jeito depois dos anos 80. O stepper é mais para um outro tipo de sound que não estamos tentando ser, deixamos isso pra o Jah Shaka, Ras Kush, Abashanti I, Jah Tubby’s e outros. Mas de um jeito nós quando estamos produzindo as bases fazemos digitalmente também.

fyadub: as versões dos riddims clássicos são produzidas por vocês mesmos?
stranjah: sim, nós usamos um programa que se chama LOGIC, e o estúdio do Moa Anbessa é digital mesmo.

fyadub: vocês gostam de trabalhar com bandas, as vezes?
jb: nós gostamos de trabalhar com músicos ao vivo, mas o estúdio nunca tem um espaço permanente, é um estúdio que viaja com a gente, se muda de Chicago para Nova Iorque, para o Rio, volta para Nova Iorque, é difícil ficar em um espaço para gravar com músicos ao vivo, mas eu penso em, ficando no Rio por um tempo maior, nós vamos trabalhar mais com músicos ao vivo, talvez não uma banda completa, seria legal também, mas, talvez mixar o digital com o ao vivo.

fyadub: voces ajudaram o digitaldubs a gravar o disco single dele, o diaspora em 7 polegadas compacto. como funciona o processo de gravar um compacto na jamaica?
stranjah: é um processo que demora um pouquinho, o processo inicial custa uma grana mesmo, porque na Jamaica, quando você vai cortar um 45rpm, você tem que pagar algumas taxas de primeira prensagem, a primeira vez que você está trabalhando com uma gravadora, uma “Printing Shop”, tudo tem um preço, e quando você corta o primeiro disco, o melhor jeito é cortar mais por menos grana, assim você não perde tanto dinheiro, quando você vai cortar por exemplo 300 discos, pode chegar até 500 dólares, só para 300 discos, assim só pagando discos, fica caro. Quando você entra num “Printing Shop”, e nunca trabalhou com eles, por exemplo os selos, ele não tem seu logotipo, nem nada, tudo é feito em sylk, cada cor separada, e tem que fazer tudo, e isto custa dinheiro e demora, quando eles não tem demora, é como fazer um sylk screen, você paga pela tela e pra “queimar” o desenho original, e depois pela copias, o vinil a mesma coisa, ai você tem que fazer uma matriz, e tal, e já são mais 100,00, 150,00 dólares por cada música. Enfim, pra fazer essa relação entre Brasil e Jamaica, o problema aqui são as taxas, se chegar aqui, e passar pela policia federal com 300 cópias do mesmo disco, ai você vai ter que pagar 50% ou mais de taxas, e se você quer mandar da Jamaica pelo Brasil vai custar uma grana enviar pelo correio, devido ao peso. O ideal pra gente, do Moa Anbessa, é ter uma máquina, uma prensa de Dubplates para ajudar a galera.

fyadub: e vocês pensam em lançar alguma produção própria do moa anbessa?
stranjah: se tudo der certo, em agosto vamos sair com um disco, uma série com um riddim tradicional refeito por nós.

fyadub: seria a mesma formula do doctor’s darling, do rodeo riddim do seed?
stranjah – Isso mesmo. E se eventualmente se tudo der certo, montar um selo, e iniciar as produções, estaremos por trás do estúdio, trabalhos, e nós 3 produzindo.

fyadub: da pra separar o rastafari do reggae, as músicas que voces tocam, sempre tem citações sobre o rasta, da pra ter uma separação do rasta com a música? e qual a visão de voces no rastatafari na música hoje.
jb: hoje existe uma variedade muito grande de músicos, inclusive rastafaris, é difícil pra eu dizer, eu foco mais na música, eu sou um admirador da cultura, mas muito mais da música, a cultura se envolve claro.
stranjah: talvez você possa não ser rasta, mas a crença rasta pode lhe trazer inspirações, você não precisa tentar ser o que você não é, como Morgan Heritage disse, “you dont affi dread to be rasta” (você não precisa ser um dread para ser rasta), simples assim, rasta é uma coisa que você encontra no seu coração, e você não precisa da música, ou ser complexo para ser rasta, você simplesmente vai ser, vai comer, e vai sentir, você vai aprender, em qualquer religião você pode ter isso. Mas, o rastafari e a música nos anos 70, a conexão entre o rasta e a música era forte, porque a palavra que era levada pelo reggae, como Vivian Jackson, Yabby You, foram palavras fortes levadas pelo reggae. Letras rastafaris são fortes por si só. Após o rastafari, se levou a palavra do Bobo Dread, é uma palavra mais forte, mais rebelde e ja mais differente. Impuseram-se mais regras, uma disciplina mais dura. Hoje os artistas, não vou dizer os nomes, porque são muitos nomes, mas alguns artistas, que eram do dancehall, por exemplo uma artista que nasceu nos anos 70, nos final do 70, nos 80, que cresceu ouvindo músicas de rudeboys, letras de guntalk, feitas por “gunmans”, (que era o estilo do momento) durante os 90, ficarao influenciados com essas brincadeiras de badman e infelizmente se tornou mal pra alguns. Mas hoje, o reggae tem muito mais mídia, a essência do rasta, a raiz, que foi raiz de uma música, não tem uma relação tão forte como antes.
jb: o movimento rasta não é mais uma influência tão forte na música hoje em dia.

fyadub: se separou a disciplina rasta do dia a dia, e o trabalho como artista, como músico?
stranjah: olha não sei dizer por todos, mas hoje se tem um mercado muito maior pro reggae mundial, do que se tinha há 15 anos atrás, que esse mercado há 15 anos antes, era maior do que era há 20 anos, então se cresce de uma forma cada vez maior. Mas as pessoas, sem estudar, sem tentar compreender a cultura, vão olhar um cara tocando reggae, ou um outro cantar e gravar uma música, vai tocar coisas que nem mesmo entendem as músicas.

fyadub: a maior dificuldade é entender as letras? a maior dificuldade aqui vocês pensam que é essa, de compreender o que se diz?
jb: sim, se você já fala inglês, já é difícil de entender as letras, os patois no reggae, é difícil, você tem que entender a cultura, se entender a cultura, fica mais fácil de entender a música, o som, mas, é difícil de entender, mesmo pra mim, pro Stranjah, às vezes é difícil.
stranjah: às vezes você volta 50 vezes a música, e diz – o que ele falou?.. ai você volta a 51ª. O som que tentamos tocar, desde o inicio do Moa Anbessa, em Chicago, nós focamos em tocar letras conscientes, em lugares como o Subterrean, nosso foco era no pregar, em Selassie, lettras culturais e tal. Após tem que compreender o Slackness, na brincadeira, na vibração, achamos mais engraçado e divertido, os discos que falam de punnany, e adoramos esses discos, fat gals tunes. Não é a imagem que queremos passar, de desrespeitar uma mulher, são das letras mais engraçadas mesmo e isso tem que entender.
jb: no reggae há muitos estilos, e para mim, quando comecei a tocar, tocava muito mais concious, músicas positivas, na palavra, e quando comecei a pegar o gosto pelo dancehall, do slackness, do guntalk, mas ao mesmo tempo respeitando e compreendendo a outra parte da música, a cultura, a coisa mais cultural, o estilo de vida. Mas quando me mudei para o Brooklyn, 3 anos atrás, eu realmente me abri mais para outros estilos de música, o Brooklyn é a Jamaica fora da Jamaica, tem uma grande população jamaicana, caribenha lá, e muitos dos artistas que tocavam nos anos 80, 90 vieram para os EUA e se mudaram para o Brooklyn. Muitos artistas, muitos estúdios, diferentes estilos de música, de som, eu abri minha mente muito mais para a música, hoje eu posso tocar os antigos, os novos sons do dancehall, é bom, eu vejo dessa forma, é bom para todos.

fyadub: 5 músicas que são a cara do moa anbessa, 5 sons que vocês consideram os big tunes do moa anbessa.
stranjah:
1. Suzy Wong - Nicodemus
2. Gimme Di Weed – Jigsy King
3. Visit of Selassie – Early B
4. Thief In The Night - Gladiators
5. Rub A Dub All The Time – Dennis Brown

jb:
1. Hard Man Fi Dead- Prince Buster
2. Truth & Rights- Johnny Osbourne
3. His Imperial Majesty- Rod Taylor
4. Cry Fi Di Youth- Super Cat
5. King In This Jungle- Sizzla & Jah Cure

fyadub: podem dar as considerações finais e mandar a idéia que quiser, do trabalho do moa anbessa, qualquer coisa.
jb: eu e Stranjah, queremos levar boa música, boas vibrações aqui no Brasil, fizemos bons amigos aqui, amigos que fazem reggae, que curtem reggae, e esperamos que continuemos levando boas mensagens, boa música, boas vibrações, e levar ótimas idéias a todos, discos, qualquer coisa que quiserem podem falar conosco, em nossa homepage http://www.moaanbessasounds.com , se quiser cantar uma música conosco, trabalhar conosco, nos contate pelo website.
stranjah: se você quiser, gravar, mixar, produzir, comprar discos, é só visitar nossa home page, entrar em contato e mandar suas pedidas. Easy

Entrevista cedida em São Paulo no dia 05/06/2006.

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