Dub em princípio, é a música instrumental no lado b dos discos compactos de reggae, criado no final da década de 60, hoje é considerado um ritmo ramificado do gênero (reggae), e constamente descobrimos novos produtores, músicos e cantores especialistas em fazer dub.
Dub é a forma mais pura de se expressar os pensamentos em música, a mentalização do ritmo, é como o pensamento, cheio de ecos, delay’s, vozes ecoando, psicodelia, ordem e confusão ao mesmo tempo. Com certeza um dub nunca será criado ou refeito da mesma forma, o dub musicalmente é a forma mais pura da música reggae, como o improviso dos músicos no jazz, ou a rima Freestyle do hip hop.
A forma de criação do dub nunca foi difícil, talvez alguns críticos, produtores e músicos, tente fazer desse ritmo uma forma matemática complicadíssima para a maioria, mas na essência é tão fácil quanto se fazer um loop de hip hop, que alias é uma ramificação do dub, apenas trocando os nomes, dj se tornou mc, e selector se tornou dj, talvez uma forma de americanizar a coisa. Hoje existe o computador, vários tipos de seqüenciadores, plug in’s, sintetizadores, programas como pro tools, reason, wavelab, entre outros. O que nos primórdios do dub, não existiam, eram usados os gravadores analógicos, delay’s e câmaras de eco analógicas e amplicadores valvulados, todos sons eram feitos de forma criativa e improvisada, como se existissem vários Hermetos Pascoal.
Histórias sobre Lee “Scratch” Perry, que pegava garrafas com água e aos poucos as esvaziava, criando novos sons e mixando em cima de instrumentais de reggae, Hermeto Pascoal fazia da mesma forma, só que de uma forma um pouco mais crua, e não fazia reggae.
Hoje os novos artistas, que fazem dub music, muitos são percursores em seus devidos países, mas não revolucionários no ritmo, tendo sim suas raras exceções, como Bill Laswell e Jah Wobble com o maravilhoso disco Radioaxiom, Adonai and I, os precursores King Tubby e o já citado Lee Perry, Tappa Zukie, Mad Professor, e há algum tempo também existe dub no Brasil, o da Banda Jualê de Toninho Crespo - que gravou a primera produção de dub em vinil, gravações de Chico Science & Nação Zumbi (Coco Dub), O Rappa (Navio Negreiro), mas nunca se teve um disco especifico de dub, talvez o primeiro disco solo do Edu Sattajah, me lembro também de uma banda chamada Canela Preta que usava elementos do dub, Ricardo Vidal, técnico de som de O Rappa cuidou da produção do grupo, cito também Paralamas do Sucesso, talvez por preconceito ou marginalização de alguns grupos e bandas, nos esqueçamos de que o dub tem mais de 40 anos, e serve como influencia para muitas bandas.
Como influencia cito o Hip Hop, acho que o maior derivado do dub (se tratando de produção em estúdio), o conjunto dj e mc, os primeiros como Welton Irie, Big Youth, U-Roy, I-Roy, entre outros... Não devemos esquecer que o Hip Hop teve um dos participes em sua criação, um jamaicano chamado Kool Herc, e com a idéia de um instrumental em vinil, em vez de uma banda, e um mc improvisando rimas, formaram as Block Party’s no Bronx. Por isso digo que a essência do dub é as formas mais puras de música, espontânea e liberta.
Penso que o dub em forma de criação é simples, mas a forma de descrever o dub é muito complexa, já que cada pessoa que ouve dub, tem uma concepção diferente do estilo e uma forma própria de descrever o que é Dub. Com certeza outros textos viram, e o mais legal é o livre arbítrio de pensamento e concepções.
Dub é isso, liberdade de pensamento e de criação.
Obs. Com o passar do tempo, esse texto escrito há quase 5 anos atrás se tornou um tanto desatualizado, mas não em seu todo, não podemos esquecer que novos sounds surgiram, discos no nosso país foram lançados, emais sites foram criados.
Esse é o primeiro texto postado em nosso site criado em 2003, e é o primeiro a ser público nessa nossa nova fase.
Por Ras Wellington
