segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

INSTALANDO UMA CÁPSULA FONOGRÁFICA

Uma cápsula fonográfica está desenhada para seguir os sulcos do LP e converter suas irregularidades em impulsos elétricos que irão ser amplificados para serem ouvidos. Para isso está projetada para trabalhar em determinadas configurações mecânicas e geométricas que permitirão detectar oscilações da superfície dos sulcos de milionésimas de milímetro. Estas condições de trabalho poderão ser otimizadas até limites determinados somente pela sua necessidade de ouvir cada detalhe que possa ser tirado do LP ou pela sua obsessão pessoal. Em geral, é como o preço dos componentes de High-End: os maiores benefícios são obtidos nos níveis básicos. Cada passo adicional melhora ainda mais, porém a um preço (ou tempo necessário) cada vez mais desproporcionalmente alto. Estão aqui descritos os procedimentos básicos - porém suficientes – para obter grande parte da beleza estética musical que pode ser obtida de um cápsula fonográfica curioseando os enigmáticos segredos da superfície de um LP.

Veremos agora como montar uma cápsula no braço do toca-discos. Usaremos como exemplo a Shure V15, mas a explicação serve para qualquer outra. As explicações que seguem são de nível intermediário e destinadas a quem está se iniciando na audição de LPs ou para quem quer melhorar a sua instalação, e são aplicáveis a toca-discos com braços pivotados. Os audiófilos experimentados não devem se sentir feridos por estas simples explicações e peço a eles desculpas. Alguns seguramente fariam isto com muita mais arte e refinamento.

Lembraremos sempre que o objetivo de um toca-discos (e, portanto, de uma cápsula) é extrair dos sulcos a informação neles contida, sem nenhuma mudança. Para isso, devemos zelar por instalar a cápsula de acordo às especificações do fabricante e evitar - no caminho - fontes de ressonâncias ou realimentação acústica. Porque, dito em outros termos, o que os sulcos querem que a agulha faça é diferente do que a agulha (e o resto do toca-discos) está inclinada a fazer (Holt). Fundamentalmente, devemos entender a importância de cada ajuste, e para isso damos algumas informações sobre o funcionamento que fundamentam cada passo. Para realizar alguns dos testes auditivos mencionados mais adiante não se esqueça de verificar se a agulha está perfeitamente limpa.

Se preferir, poderá seguir o procedimento curto e grosso descrito separadamente, para depois fazer os ajustes descritos aqui. Qualquer que seja sua opção, não trabalhe cansado ou em situação psicofísica inadequada. As agulhas (que costumam ser as primeiras e únicas vítimas) são delicadas e caras. Cuide muito bem delas.

Evite, em quaisquer circunstâncias, exercer forca rotacional ou de outro tipo sobre qualquer parte do braço. Os seus rolamentos são sensíveis e não previstos para tolerar grandes esforços. A mesma precaução deve ser tomada com a cápsula e com os cabinhos de ligação.


Alguns termos e abreviaturas usados neste artigo:

Prato: parte giratória do toca-discos onde se apóia o disco.
Braço: braço do toca-discos.
Cabeça: Cabeça do braço, onde é afixada a cápsula.
Eixo do braço: centro da articulação do braço.
Eixo do disco: centro do pino no centro do prato onde encaixa o LP.
Cantilever: suporte que fixa a agulha na cápsula.
VTA: ângulo, no plano vertical, do cantilever com a superfície do disco).
SRA: ângulo, no plano vertical, da agulha (medido com a perpendicular ao plano do disco no ponto de apoio)
Azimuth: ângulo da agulha com a superfície do disco, no plano vertical frontal (perpendicular ao braço).
Zenith: Ângulo do traçado da agulha no seu percurso com a tangente aos sulcos do disco, no plano horizontal.
PAA: peso de apoio da agulha sobre o disco.
Anti-skating: mecanismo de compensação da tendência do braço a deslizar internamente.


As ferramentas

Iniciaremos pelas ferramentas.

Em primeiro lugar, os manuais da cápsula, do braço e do toca-discos. Durante o tempo em que os lê, você relaxa e fica em ritmo alfa. Muito apropriado para o que vem depois. Acredite.

Se você é dos que não gostam de ler manuais, deverá saber, pelo menos, o peso corretode apoio da agulha–PAA especificado pelo fabricante para a sua cápsula. Deixaremos à mão uma lupa (ou óculos de ler de perto, de 3 dioptrias, mesmo que não precise deles na vida diária), uma pequena chave de fenda (preferentemente do tipo de joalheiro, que impedem ajustes demasiados firmes), uma pinça ou alicate muito (MUITO!...) delicado, uma balança para peso de apoio (PAA), um dispositivo para alinhar tangencialidade (zenit) da cápsula (protractor ou similar), uma cunha adequada para travar o movimento do prato do toca-discos e um pequeno espelho. Também precisaremos um disco LP velho – ou que não seja mais tocado -, plano e de espessura normal (digamos, a mais comum na sua discoteca), e parafusos e porcas específicos, não magnéticos. Ter alguns clips de conexão ou conjuntos de clips e cabinhos para conexão da cápsula pode se útil, dada a importância das conexões elétricas nesta etapa de tão vulnerável pelo baixo nível de sinal. Também nível delicado e preciso. Todo isso pressupõe, fundamentalmente, um par de mãos firmes e óculos para ver de perto atualizados (se precisar deles, é claro).

No caso da V15, temos alguns problemas resolvidos. O estojo vem com o gabarito, achave de fenda e as cunhas de fixação do prato, além dos parafusos. Os modelos à venda até início dos anos 90 vinham com um ferramental mais completo, que ainda possuo, sendo o que usei também neste caso para verificações adicionais. Serão úteis um disco de teste (por exemplo, o Shure "ERA IV" ou o da Hi-Fi News ou da ORTOFON) e umarégua paralela similar às usadas em navegação (se encontrar uma suficientemente estreita).

Organizando o local: Procure ter uma área limpa e livre para colocar ferramentas e acessórios, sem se sentir tentado a colocá-los sobre a bandeja do toca-discos: isto é o começo para evitar a perda de pecinhas e, o pior, quebrar a agulha numa rotação inadvertida da bandeja. Estenda um lenço limpo em algum lugar plano para esse uso. Tenha à mão uma boa luz geral e uma lanterna ou luz menor para iluminar adequadamente as distintas etapas do trabalho de instalação e ajuste. Tenha suficiente espaço ao lado do toca-discos para poder observar a partir de distintos ângulos (especialmente a partir de cima, da frente do braço e do seu lado externo). Mantenha papel e lápis em local ao alcance das mãos para suas anotações (código de cores dos conectores, por exemplo). Desligue o sistema de som!! Mantenha cápsula com o protetor de agulha colocado!!


Nivelando:

Começaremos por nivelar o toca-discos, usando o nível apoiado no prato ou acima de um disco LP velho se a bandeja for irregular. Se o toca-discos tiver suspensão interna, o prato deverá ser ajustado para estar paralelo à base. Se o braço tiver controles de peso da agulha e/ou anti-skating, os deixaremos na posição neutra (zero grama). Se a agulha for removível extraímo-la com todo cuidado e procuramos um lugar absolutamente protegido para guardá-la. O ideal é um suporte específico, quando houver, ou uma caixa pequena com tampa transparente. Se isso puder ser feito com o protetor colocado, melhor.


Conectando e fixando:

Identificaremos na parede posterior da cápsula as cores dos pinos de conexão. No caso da V15 (e de quase todas as outras cápsulas), as cores serão: branco para canal esquerdo vivo, azul para canal esquerdo terra, vermelho para canal direito vivo, verde para canal direito terra. Verificamos a existência no extremo do braço dos quatro cabinhos(geralmente também coloridos, ver Figura 1) com os devidos terminais para conexão com os pinos da cápsula (Figura 2). Se os fios estiverem danificados, ou forem muito velhos, é prudente substituí-los. Existem cabinhos prontos de excelentes marcas. Pode ser útil, neste ponto, fazer um desenho da localização de cada pino para facilitar a conexão quando a visibilização de essa parte da cápsula for difícil (Figura 2)

Figura 1: cabos de conexão da cápsula ao braço. Às vezes são fixos por um extremo ao braço.

Figura 2: Cabeça do braço com os cabinhos de conexão e face posterior da cápsula com as cores de identificação. As cores standard são: vermelho para o canal direito, verde, canal direito (terra), branco canal esquerdo, azul, canal esquerdo (terra). Neste caso, os cabinhos são continuação dos fios internos do braço e permanecem fixos a ele.

Existem agora dois caminhos a escolher: 1) fixar a cápsula e depois fazer as conexões ou 2)fazer as conexões e fixar a cápsula depois (Ver figuras 3 e 4).

Ambos possuem os seus riscos. Se não quiser assumir responsabilidades, jogue uma moeda no ar e pronto.

Suponhamos que fixaremos as conexões primeiro (esta seqüência talvez seja melhor no caso de agulhas destacáveis).

Segurando a cápsula sem agulha numa mão, e com a ajuda do alicate MUITO delicado, fixamos um a um os clips de conexão, começando pelos mais afastados de você para manter melhor visibilidade (isto é mandatório quando se opta por fixar a cápsula primeiro, onde é também muito útil ter o desenho das conexões mencionado acima). O encaixe dos conectores não deve ser muito justo nem muito frouxo. Se observarmos que os conectores ficam muito soltos, deveremos fechá-los com cuidado. Inserimos a ponta de um palito de dentes dentro do conector e suavemente!! (este é o momento mais fácil desprender acidentalmente os terminais dos cabinhos, o que significa um problema adicional se você não tiver bons e delicados elementos de solda ou cabinhos de reserva), apertamos com o alicate perto da ponta do clip, até sentirmos que ele está se fechando. O palito evitará colapsar desastrosamente o terminal. Retiramos o palito e verificamos o ajuste no pino da cápsula até que seja o correto. Então, com cuidado, apertamos o resto do clip.Não aperte demais!! Você deveria verificar o ajuste de todos os clips antes antes antes antes de começar a conectá-los, já que depois estará mantendo a cápsula na outra mão e seria muito fácil deixa-lo cair ou arrancar um clip.

Depois de colocados os quatro clips, e tendo muito cuidado para não causar tração sobre os cabinhos, está na hora de fixar a cápsula na cabeça do braço, o que faremos colocando os parafusos de comprimento adequado de cima para baixo (o inverso é mais fácil e alguns assim o preferem, mas pode haver outros problemas e não é a melhor solução estética). Costuma ser, com algumas cápsulas, um momento chato. O espaço para acertar as porcas nos parafusos é exíguo demais, salvo para dedos de criança. Ajuda, às vezes, apoiar primeiro a porca mantida com um dedo por baixo, depois alinhar os orifícios da cápsula, da cabeça e da porca com um palito para, por último, introduzir o parafuso e girá-lo com a chave de fenda apropriada (melhor o tipo de "joalheiro"), até sentir que encaixa na rosca da porca. Tudo isto sem soltar o dedo que pressiona a porca desde baixo.O fato de termos retirado a agulha facilita enormemente e diminui o risco - que neste momento é maior - de quebrar o suporte da agulha com a extremidade do dedo. Ajuste os parafusos apenas o suficiente para deixar a cápsula fixa no meio dos trilhos (figuras 3 e 4). Precisaremos ainda movê-la!!

Figura 3: Colocando os parafusos, variante de baixo para acima. As conexões estão já feitas.



Figura 4: Colocando os parafusos, variante de cima para baixo. As conexões estão já feitas. Observe as fendas – ou trilhos – destinados a movimentar a cápsula quando ajustando o zanith.

O ponto certo de overhang:

Se girarmos o braço do toca-discos até estar mais ou menos acima do eixo do disco, de maneira que a agulha, o eixo e o eixo do braço estejam alinhados, observaremos que a agulha irá apoiar no disco, num ponto que está além do eixo central do mesmo (não tente fazer isso de modo desatento, pois muitos braços não irão girar tanto e poderá forçá-los indevidamente). Denomina-se overhang a distância entre o ponto de apoio da agulha e o eixo do disco, quando eles dois e o eixo do braço estão sobre a mesma linha. Esta medida é diferente para cada braço, pois depende da sua geometria e comprimento. Normalmente, é acertado na hora de fazer o buraco para a instalação do braço. Mas, se este for trocado, poderá ficar na posição errada. Como o comprimento do braço não é infinito, a agulha irá, quando apoiada no disco em movimento, descrever um arco sobre o disco (em vez de uma linha reta), formando diferentes ângulos com os sulcos. Se o overhang estiver errado, esses ângulos tomarão valores muito errados, causando distorção. Quando a cabeça do braço tem ranhuras longitudinais para os parafusos de fixação que permitem deslizar a cápsula ao longo da cabeça durante o ajuste, poderemos corrigir diferenças não muito grandes de overhang, pois o efeito é o mesmo que variar o comprimento do braço (geometricamente não é exatamente assim, porém serve para pequenas variações). Para fazê-lo, siga as instruções referentes ao zenith, pois ambos os ajustes estão relacionados. Ooverhang está relacionado com o offset, que é o ângulo que a cabeça faz com o corpo do braço ou, mais exatamente, com a linha que se estende a partir da agulha até o eixo do braço. Quanto mais curto o braço, maiores o overhang e o offset, e também oskating (ver adiante). Um braço de comprimento infinito não precisaria deles, e um braço de deslocamento linear (tangencial, não articulado em eixo esterno ao prato) tampouco. O tema é extenso, e, para os que querem o máximo de perfeição geométrica, a Wallys fabrica um conjunto de ferramentas para alinhar cápsulas, algumas das quais devem ser solicitadas para cada marca e modelo de braço específico. São muito caras.


O ângulo de tangência, ou zenit (traking angle):

Devido ao braço ter comprimento finito, a cápsula terá dificuldades em seguir os sulcos com perfeita tangência. Você terá que encontrar o ajuste que ocasiona o menor erro ao longo do disco. Este erro faz com que um sulco seja lido antes que o outro, ocasionando, desta maneira, erro de fase entre ambos os canais estéreo, com os correspondentes erros de imagem e soundstage. Existem acessórios (como o "Geo-Disc", por exemplo, ver figura 5) que poderão ajudá-lo.

Existem outros sistemas, entre os quais o DB Protractor ou o sofisticado (e caro) Wally Tractor, que são gabaritos, normalmente com dois pontos sobre os quais verificar alinhamentos. Estes últimos baseiam-se no fato de que, se o overhang for correto, sempre haverá dois pontos nos quais o ângulo entre o movimento da agulha e as paredes do sulco seja perpendicular, isto é, que o curso da agulha seja tangencial aos sulcos. Com isso, o erro de tangência será o mínimo possível no resto dos sulcos do disco. Quem descreveu esse processo foi Baerwald, nos anos 40. Depois, aceitou-se como norma usar pontos situados a 66 mm e a 120,9 mm do eixo do disco.

A Shure inclui no kit da V15 um gabarito de papelão, com marcações e instruções sobre como regular esse ângulo. Você também pode usar o gabarito gratuito oferecido no site "Enjoy the Music", cujo link encontrará no site da Revista, ou acessar diretamentehttp://www.enjoythemusic.com/freestuff.htm. Todos esses dispositivos vêm com instruções detalhadas de uso.

Mostrarei, então, como usar um gabarito de dois pontos.

Coloque a agulha na cápsula se já não estiver lá.

Partiremos do princípio de que a cápsula tem paredes paralelas e de que o cantilever é também paralelo a elas. Os gabaritos indicarão linhas sobre as quais alinhar as bordas da cápsula. Se estas não forem paralelas, deverá buscar algum elemento (a frente, por exemplo) adequado da cápsula para essa alinhamento. Você deverá começar por ajustar provisoriamente o peso de apoio da cápsula (para isso, consultar o item seguinte e lembrar que aqui você estará trabalhando com a agulha sem proteção). Depois, deverá colocar em posição o LP em desuso e o gabarito sobre ele com seu orifício inserido noeixo do disco. Todo gabarito de dois pontos possui duas áreas com linhas paralelas tangenciais aos sulcos e, nelas, dois pontos onde deverá ser apoiada a agulha. Veja figura 6(DB Protractor) e figura 7 (gabarito oferecido por Steve Rochlin, do EnjoytheMusic, em uso). Observe as ranhuras de fixação da cápsula.

Figura 5: Gabarito de um ponto (Geo-Disc). Alinhe a marca "A-A" com o centro do eixo do braço. Após travar o disco para evitar que gire, coloque a agulha exatamente sobre o ponto"B". Finalmente, alinhe a cápsula de modo a ficar paralela com as linhas "C".





Figura 6: DB Protractor


Figura 7: Gabarito de Steven Rochlin

Figura 8: Gabarito da LINN. Observe os pontos externo e interno de apoio da agulha e o reticulado para verificar e ajustar o paralelismo da cápsula.


Se seu gabarito indicar outro método de ajuste, poderá optar por segui-lo. Ou, então...

Inicie levando a agulha até apoiar no ponto mais distante do centro do disco everificando e ajustando os lados da cápsula paralelos às linhas marcadas no gabarito. Verifique agora o paralelismo no ponto mais interno.

Figura 9: Ajustando a cápsula paralela com o reticulado.
Se a cápsula estiver paralela às linhas do gabarito, estamos conversados.

Se o ponto interno não mostrar a cápsula paralela às linhas, veja em que sentido você deveria girar a cápsula para obter o paralelismo buscado.

Há agora duas possibilidades: 1) o sentido em que seria necessário girar a cápsula para fazê-la paralela é anti-horário (para esquerda, olhando de cima) ou 2) esse sentido éhorário (para direita, olhando de cima).

No primeiro caso, o braço é curto. Você deverá correr a cápsula no sentido do extremo do braço pelos trilhos (para isso você deixou os parafusos não muito apertados, lembra-se?), tentando sempre não mudar o ângulo da cápsula na cabeça. Faça esse movimento até que ela esteja alinhada (paralela) às linhas do gabarito e continue até duplicar a distância (ou seja, faça o dobro da correção).

Se o sentido for anti-horário, deverá fazer o oposto, retroceder a cápsula.

Agora verifique a situação no ponto mais externo, para o qual deverá mover a posiçãodo gabarito no prato do toca-discos. Se houver falta de paralelismo, girará a cabeçaaté alinhá-la com al linhas do gabarito, sem corrê-la nem para frente nem para trás.

Voltará ao ponto interno e repetirá o procedimento explicado antes, sem mudar o ângulo da cabeça..

No ponto interno, você deverá mudar a posição longitudinal da cápsula no braço sem mudar o ângulo, corrigindo o dobro do necessário.

No externo, girará a cápsula sem avançá-la nem retrocedê-la.

Este vai e vem será repetido algumas vezes, até conseguir que em ambos os pontos acápsula fique paralela às linhas do gabarito. Com braços corretamente instalados, ou com ranhuras de montagem da cápsula suficientemente longos, não deverá haver problemas. Se ambas as condições estiverem ausentes, a única solução é reinstalar corretamente o braço ou, se o erro for pequeno, tentar a seguinte opção: leve a cápsula ao máximo de ajuste nos trilhos no ponto interno e gire a cápsula até obter o paralelismo possívelcom o gabarito. Não será o ideal, porém terá o ponto de menor distorção no interior do disco, onde a distorção própria do disco é maior. Outra forma é tratar de alinhar a cápsula em ambos os pontos mantendo um erro inverso em cada um deles.

Após terminar os dois passos anteriores, ajuste os parafusos da cápsula sem exageros.Apertá-los muito poderá causar deformações no corpo da cápsula ou no braço e favorecer ressonâncias ou criar problemas mais graves. Segure firmemente a cápsula (cuidado com a agulha!!) durante o ajuste final dos parafusos. É comum que ela se mova. Depois de ajustados, verifique novamente o zenit. Há outras formas de se chegar a resultados similares, pois o principio é o mesmo.

Parece muito complicado?

Nem tanto, desde que você leia e releia as explicações até entender os detalhes.

Pôr mãos à obra facilita muito.

Atenção: eu disse: "mãos à obra", e não "na agulha" ! ...

Na figura 10 você pode ver o procedimento sendo realizado no DBP-10 Protractor, neste caso com a agulha no ponto externo. Outros gabaritos são mostrados nas figuras 6, 7 e 8, e os procedimentos nas figuras 5, 9, 10 e 11.

Figura 10: uso do gabarito

Figura 11: Um dos gabaritos Wally em uso. Este gabarito é feito específico para cada marca e modelo de braço. Observe a base espelhada.

O azimuth, ou ângulo vertical da cápsula:

Para evitar que a agulha apóie mais num lado do que no outro do sulco (ver figura 13), ela deve manter um perfeito ângulo vertical quando vista de frente (Figuras 12 e 14).

Para verificar isso, coloque o braço apoiado no disco. Olhando de frente em relação ao braço, poderá ver o alinhamento vertical da cápsula (veja figura 14 e também, 10 e 11). Se ainda não for fácil ver o ângulo, coloque um espelho na frente da cápsula, como nafigura 15.

Alguns braços permitem um ajuste fino deste ângulo. Outros não. Neste caso, se o ângulo for acentuado, pode tentar colocar arruelinhas de distinta grossura no parafuso adequado entre a cápsula e a cabeça, de maneira a girar a cápsula até ficar perpendicular ao disco.

Se o ângulo não for muito marcado, talvez seja melhor deixar como está. De todas as formas, é útil saber que um erro de azimuth prejudicará a separação de canais, fazendo com que a imagem não seja bem centrada ou que o foco seja impreciso. Também é bom saber que, com um multímetro e um pouco de tempo você poderá medir a correção do azimuth (consulte alguns dos sites mencionados no final).


Figura 12: Azimuth

Figura 13: erro de azimuth.
Figura 14: Visualizando rapidamente o azimuth.

Figura 15: Verificando o azimuth com um espelho.

O peso e o anti-skating:

Hora de ajustar o PAA (peso da agulha), agora de verdade.

Você deverá colocar a agulha na cápsula (se for o caso). Se o seu braço tiver controles dePAA e anti-skating , regule-os agora para zero. O skating é a tendência que um braço de toca-discos tem de deslizar no sentido do centro do disco, quando montado numbraço com offset. Esta tendência – de origem friccional - será dependente de:

  • o comprimento do braço (um braço de comprimento infinito teria uma tendência nula a deslizar no disco, pois seus ângulos com os sulcos seriam de 90 graus ao longo do mesmo),
  • o offset da cabeça,
  • o PAA. Quanto maior, maior o skating,
  • a velocidade (portanto, é diferente ao longo do disco),
  • o atrito do contato agulha-sulco (é maior com discos de vinil virgem, como alguns dos melhores LPs modernos),
  • o tipo de agulha (é menor com agulhas cônicas),
  • o tipo de modulação impressa nos sulcos
O resultado é que a pressão sobre a parede interior do sulco será maior que aquela sobre a parede externa. Isso causa erros de traçado da agulha no sulco (diferencia entre canais) e também desalinha o magneto do ponto neutro de repouso entre as peças polares em forma similar a como o faz o PAA, só que no plano horizontal.

Há também alguns outros fatores que influem, e os dispositivos de anti-skating resolvem o problema com valores médios especificados no manual de instalação de cada braço. Normalmente, é ajustado para o mesmo número ajustado do PAA (lido no compensador de skating do braço Em valores absolutos considera-se que deve ser igual a 10% do peso doPAA na maior parte do disco, e de 13% na última faixa interna).

Consultaremos o manual para determinar o valor certo de peso da agulha e usaremos abalança – se tivermos uma – ou então usaremos o procedimento mais usual: a regulagem própria do braço que existe em muitos deles (Figura 18).

Deixando o controle de peso da agulha do braço e o anti-skating zerado, começamos por regular o contrapeso do braço até que este fique totalmente horizontal, "flutuando" quando deixado livre.

Recomendo fazer as manobras iniciais de regulagem do contrapeso com o protetor deagulha colocado. Depois de chegado a um ponto aproximado, descobrimos a agulha eacertamos definitivamente o ponto do contrapeso que mantenha o braço o maishorizontal possível. Colocamos um disco velho na bandeja e o braço suspenso sobre ele.Giramos o controle de PAA (normalmente um botão giratório perto do eixo do braço,figura 18) até a marca do peso indicado para a cápsula em uso. Regulamos o controle de anti-skating de acordo ao peso da agulha ( ( ( (figura 18). Os braços que não possuem controle de regulagem do PAA deverão ser ajustados com pequenos movimentos do contrapeso, até se obter o valor desejado.

Uma observação: não se deixe levar pelo impulso de deixar o peso da agulha menor que o mínimo indicado pelo fabricante, pensando desgastar menos o disco. Isto poderá acarretar danos irreparáveis aos sulcos do disco em muito maior medida do que deixar a agulha mais pesada.

Vemos, na figura 16, o procedimento sendo realizado com a balança Shure, mostrada também na figura 17. Esta balança é altamente recomendável por sua alta precisão, simplicidade e durabilidade (tenho uma há mais de 20 anos) e baixo custo. Você precisará freqüentemente de uma balança, de modo que é um bom investimento. Existem também balanças muito sofisticadas para medir o PAA de diversas marcas, bastante mais caras.

Figura 16: Verificando o peso da agulha com balança (Shure).

Figura 17: Outra vista da balança Shure.
Figura 18: Braço Ittok LV II

Observe os elementos de regulagem do PAA, do anti-skating e o contrapeso do braço.

Se você tiver dúvidas sobre o anti-skating e se seu toca-discos estiver numa posição que lhe permita observar a cápsula de frente, verifique se o eixo da agulha mostra tendência a ficar lateralizado, como se quisesse avançar de lado. Em agulhas de alta compliância isto é evidente quando o anti-skating está errado. Ou, então, use meios eletrônicos ou auditivos para verificá-lo.. Os discos de teste costumam ter faixas de tons constantes gravados em níveis altos e progressivos. Num desses níveis, toda cápsula irá falhar, permitindo-nos ouvir distorção e até simplesmente pulando do sulco. Se você verificar que a distorção se inicia sempre em um dos canais, poderá ajustar o anti-skating até eliminar essa situação de assimetria.

Devemos destacar que, no caso da V15, existem duas maneiras de usá-la (com oestabilizador abaixado ou não) e, portanto, dois ajustes diferentes do peso da agulha: com o estabilizador em uso, deve ser 1.5 g. Sem ele, 1g (0,75 a 1,25 g).


O importante e famoso VTA, ou ângulo vertical do cantilever:

O cantilever tem um ponto de apoio na cápsula (que está acima do nível do disco) e um comprimento definido. Isto faz com que, quando a agulha se movimenta, o ângulo que forma com a superfície do disco mude (ver Fig 20), tanto no sentido horizontal, quanto no vertical. Esta mudança de ângulo (e, portanto, o comprimento do cantilever) deveria, teoricamente, ser igual àquela da cápsula gravadora, a fim de que a forma de apoiar no sulco e extrair as informações nele contidas seja maximizada e a distorção mantida no mínimo. Ademais, e tão importante quanto, o ângulo com que a agulha apóia no disco está previsto pelo fabricante de tal forma que, quando aplicado o PAA correto, o magneto (ou bobina) que está na outra ponta fica exatamente no centro das peças polares das bobinas (ou do magneto). Um peso errado fará com que o magneto saia do ponto correto de trabalho.

A este ângulo formado entre o cantilever e a superfície do disco denomina-se ângulo de traçado vertical ("vertical tracking angle", ou VTA). O ângulo – VTA – usado por quase todas as cabeças gravadoras varia entre 18 e 25 graus, sendo o mais comum de 22 graus.

Se você observar a agulha lateralmente com uma lupa, verá que, no extremo, o cantileverestá curvado de maneira a fazer que – com o devido VTA – a agulha se apóie verticalmente no sulco. A este ângulo (que, às vezes, é confundido com o VTA) entre o eixolongitudinal da agulha e a superfície do disco, denominamos ângulo de apoio da agulha(stylus rake angle, ou SRA) e está mostrado na figura 23 e 24. Ele é medido tendo como referência a vertical (ângulo reto com a superfície do disco). Como podemos ver, em cada modelo de cápsula o VTA e o SRA estão inseparavelmente ligados.

O fabricante da cápsula normalmente facilita as coisas, fazendo com que, quando o VTA (e, conseqüentemente, o SRA) determinado pelo peso da agulha é o correto, a parte superior da cápsula estará paralela à superfície do disco. Se o braço (e, logicamente, a cápsula a ele fixada) não estiver paralelo à superfície do disco, o VTA não seria o previsto. Por isso, regular o VTA é sinônimo de regular o ângulo do braço com a superfície do disco (ver Figuras 19 a 24).



Figura 19A: Braço SME. Observe o paralelismo entre a face superior da cabeça e do braço com respeito à superfície do disco.

Figura 19 B: Instruções de instalação de um braço (SME V). Observe o paralelismo entre o topo da cabeça e a superfície do disco e o ângulo de offset (entre a linha de montagem da cápsula e a linha do braço)
Veremos depois que o ajuste das cápsulas, como tudo na vida, é relativo. Vários outros fatores também influenciam o VTA e, o que mais importa, a sonoridade final. Por exemplo, nem todos os discos têm a mesma espessura. Mas, em principio, façamos com que a cápsula fique paralela ao disco.

Resumindo, o VTA é o ângulo do suporte da agulha com o disco e deveria ser o maisparecido possível com o da cápsula gravadora (ver figuras 23 e 24).

O SRA é o ângulo entre a agulha e o disco e deveria ser zero (ver Figuras 20 e 21).

O VTA pode ser mudado por erro no peso de agulha. Mas, fundamentalmente, o é peloângulo que o braço forma com o disco, que devemos regular. Duas dimensões influem nesse paralelismo: 1) a altura da cápsula e 2) a altura do eixo de rotação do braço (figura 20).

Você não pode mudar a altura da cápsula (salvo se instalar outra de altura diferente, o que termina sendo a causa mais comum de necessidade de regular o VTA). Mas, se for ao outro extremo do braço, o eixo, verá que, mudando a sua altura, poderá mudar a atitude do braço, até que ele fique paralelo à superfície do disco (figura 21). Alguns toca-discos não possuem meios de mudar essa altura - REGA, por exemplo – mas, muitas vezes, é possível colocar arruelas de metal na base do eixo para elevá-lo.

Seja deste modo ou por meio de um controle específico, regulará a altura do eixo do braço para deixá-lo paralelo à superfície do disco quando a agulha estiver nela apoiada com o peso nominal. Apoiará a agulha no disco parado, e o observará lateralmente. Mudará aaltura do braço no seu eixo até que possa considerar o braço paralelo ao disco.Naturalmente, deverá levantar e travar o braço a cada vez para evitar riscos para a agulha. Vemos , na figura 20, um esquema geral.

Figura 20: Ângulos do braço (e, por conseguinte, da cápsula e do VTA/SRA). Vemos três situações distintas: VTA positivo (A), VTA negativo (B) e VTA adequado (C).
Isto é basicamente suficiente para uma regulagem razoavelmente eficaz. Uma régua paralela poderia servir para obter um paralelismo melhor. Também serve traçar linhas paralelas num com cartão ou papelão que será depois apoiado sobre um LP planopara facilitar a visualização do paralelismo da parte superior da cabeça ou da mesma cápsula. Ou, então, gabaritos para esse fim, como o Wally, por exemplo.

Até aqui estamos realizados.

Posteriormente, você poderá experimentar com diferentes ajustes do VTA. Seguramente encontrará diferença na sonoridade. Tenha em conta que, ao mudar o VTA, você estará mudando SRA, que é, de longe, o fator individual mais importante na qualidade de reprodução de um toca-discos. Não insistimos nas infinitas considerações e técnicas que o tema envolve por ele ser, em si mesmo, um tema de artigo.

Para começo, entretanto, estará muito bem assim. Diria inclusive que, uma vez colocada a cápsula e ajustado o peso da agulha, se observar que o braço está quase paralelo ao disco, talvez seja melhor deixar por aí mesmo, até adquirir mais confiança com o sistema.

Figura 21: Ajuste do VTA-SRA. O braço deve ficar inicialmente paralelo à superfície do disco.
Entrando um pouco mais no tema do VTA, observamos que cada cabeça gravadora usa um VTA diferente (ver figura 23). Por outra parte, a espessura de cada disco é também diferente e influi no VTA da sua cápsula. Menciono isto para você saber, de antemão, que não existe um VTA único para cada sistema de braço-cápsula. Se quiser ir aos extremos, deveria mudar o VTA (mediante a altura do pivô) cada vez que troca de marca de disco ou usa discos de espessura diferentes.

Para não entrar em complicações para as quais você terá tempo de sobra no resto de sua vida, o mais recomendável seria deixar o VTA regulado com um disco de espessura média, e, em caso de dúvida, deixar o eixo do braço algo mais baixo (um milímetro, por exemplo) e não ao contrário. A isto se chama VTA negativo, e costuma ser menos prejudicial para o som que o contrário (Ver figura 20).

Você poderá suspeitar que VTA precisa ser diminuído (abaixando o eixo do braço) se observar médios duros, agudos brilhantes demais, transientes ásperos e baixos "finos" de pouca extensão, sem corpo, e poucos detalhes de baixo nível e pouca micro-dinâmica. OVTA estará negativo e precisará ser aumentado (elevando o eixo do braço) quando verificar o oposto: som apagado e amortecido, extensão de agudos prejudicada, baixos congestos e sem definição, transientes opacos e lentos e, em geral, uniformização da sonoridade. Não esqueça que todos os ajustes influem mutuamente, e, às vezes, mudar um deles torna aconselhável revisar os outros. Por exemplo, o PAA insuficiente pode simular VTA positivo e vice-versa.

Figura 22: Ângulo de oscilação do cantilever. Quando aplicado um peso à agulha, o cantilever irá se posicionar num ponto do arco descrito, determinando o VTA. Como pode ver, o peso influirá no VTA em forma direta.

Figura 23: Geometria da agulha e o cantilever. Como pode ser visto, o eixo da agulha e ocantilever estão unidos solidamente, de modo que, quando muda o VTA, muda também o SRA. Na prática, este último é medido com referência à vertical (perpendicular à superfície do disco).
Na realidade, quando você ajusta o VTA, o principal efeito é o de ajustar o SRA, cujo efeito sobre a sonoridade é muito maior que o do VTA. Esta geometria deveria ser idêntica à da cabeça gravadora.

Figura 24: SRA: ângulo vertical entre o eixo da agulha e a perpendicular à superfície do disco.

O final: revisando tudo.

Depois de terminar toda esta cerimônia – que, você verá, é muito agradável e criativa – é muito útil revisar todos os parâmetros novamente. É possível que algo tenha se desajustado no caminho.

Não seja obsessivo demais.

O ajuste básico relatado dará a você 90% do que é possível obter de uma cápsula.

Agora, pare com tudo, guarde as ferramentas num lugar adequado e junte o último que precisa: uma escova anti-estática e, eventualmente, uma máquina para lavar discosou, pelo menos, uma escova e líquido limpa-discos .


O início:

Ahhh! Os LPs !!...Já estava me esquecendo...

Links interessantes:

Da Linn, montagem de cápsula:
Áudio: diversos:

Ajuste de cápsulas:


Accesórios para ajuste:
HiFi News Test-Record:

Steve "Dude" Rochlins free Cartridge Alignment Protractor:


Origem das figuras:

Se você quiser montar rapidamente sua cápsula, deixando para depois qualquer ajuste mais apurado, faça o seguinte (por sua conta e risco): (supõe-se que o seu braço possui regulador de peso e de anti-skating)

Verifique que o toca-discos esteja horizontal.

Mantenha a agulha coberta com seu protetor (se a cápsula incluir um) ou fora da cápsula e protegida (se for cambiável). Tenha presente em todo momento a necessidade de proteger a agulha contra qualquer traumatismo.

Aparafuse a cápsula na cabeça.

Conectar os cabinhos mantendo a coerência de cores.

Coloque a agulha ou retire o protetor e coloque um LP "sacrificável" no prato.

Ajuste o regulador de peso da agulha do braço para zero. Ajuste o anti-skating para nulo. Ajuste a posição do contrapeso do braço para que este fique horizontal quando liberado. Ajuste o regulador de peso para o valor determinado no manual da cápsula. Ajuste o regulador de anti-skating para o mesmo valor do peso.

Verifique se o braço fica paralelo à superfície do disco. (Se estiver muito fora de paralelismo, sugiro parar por aí e dedicar um tempo a ajustar o VTA Siga as instruções do manual do braço ou as contidas neste artigo).

Toque um LP. Se houver muita distorção ou se a agulha pular de sulco, pare imediatamente e siga as instruções do artigo, ou consulte um expert em instalações de sua confiança.


sábado, 28 de janeiro de 2012

DJ'S DE VERDADE OU DE MENTIRA!!!

Hoje dando uma olhada na maior parte dos posts das mais de 5000 pessoas aqui no FB, dentre os 100 convites diários para festas mais da metade dos posts de atualizações se referem aos tais “fake dj’s”, particularmente a manifestação num tom sarcástico é interessante,  mas só temos tais “fake dj’s”.

São tantos posts nos últimos dias falando do Jesus Luz e da tal Luiza (que eu não sei de onde surgiu), que se torna maçante e de uma publicidade desprovida. Obviamente, é preciso sim ter uma mudança de atitude quanto a profissão e o papel que o DJ ocupa hoje dentro da musica, tão importante quanto ao do MC.

E essa principal mudança de atitude na verdade, deve prover de nós mesmos, será que você que publicou uma foto do “sou contra fake dj’s” lembrou de publicar algo ligado a um DJ que admira? Uma festa, uma mixtape, ou algo relacionado ao mundo do DJ como por exemplo o pessoal que valoriza vinil e a cultura abrangente que faz parte do trabalho e da vida de um DJ.

Muito se fala em valorização e sobre a banalização da profissão que acontece ano a ano. Pois bem valorização não é ganhar mais dinheiro, realmente as propostas que acontecem hoje são indecentes – praticamente um estupro na profissão, mas é um circulo vicioso onde a acaba justamente na ponta, que é o DJ.

Para uma pessoa se valorizar, ela não precisa ganhar um certo montante de dinheiro, ou cobrar mais caro, a valorização esta muito mais ligado ao respeito do que ao dinheiro. Ao dinheiro está ligado o custo, que é um outro aspecto. Conversando com meu amigo Jeff Boto (Dubatak) conversando sobre esse tema, se aponta algo que hoje é real, praticamente ninguém vive da profissão de ser DJ, uns dizem que fazem por amor, outros por hobby, outros não cobram por serem DJ’s enfim e sim pela presença em um evento.

Entre 1998 e 2002 ganhava 8x mais do hoje me é proposto para tocar, hoje o cachê proposto é relativamente o de quando eu estava aprendendo no início da década de 90 quando tinha lá uns 50 discos no case, mas em contrapartida, nessa época não tínhamos eventos de R$ 3 e R$ 5 reais acontecendo pelo menos duas vezes por semana. Uma matemática óbvia, uma festa com 200 pessoas pagantes a 5 reais, não vai rolar pagar R$ 1000,00 de cachê para quem está tocando, esse valor vai ser dividido entre todos que estão tocando e vai nivelar o ganho – e como lei de mercado, vai nivelar para baixo, fora que a casa também vai querer meter a mão em algum troco da entrada.

Simples, levando em consideração que a maioria das pessoas hoje que se auto intitulam DJ’s ou que fazem eventos tocando discos, não vivem do dinheiro que recebem das festas que fazem, e há não ser que tenham uma mudança de postura quanto e raciocínio de “quanto custa” e “quanto vale” vai se tornar uma situação muito complexa dizer que o DJ não é valorizado, se quem toca reclama mas continua na mesma situação ambígua de tocar por migalha que cai da mesa de dono de casas e promotores de eventos ou realmente é parar de tocar numa constante e somente sair de casa pelo valor financeiro que considera coerente com o que faz em um evento, nesse último caso, o DJ jamais dirá que seu trabalho não é desvalorizado, porque quem decide sair de casa para tocar por um montante ou menos é quem vai tocar.

Volto a dizer, valorizar um trabalho, nada tem haver com cobrar mais caro, valorizar o seu trabalho quer dizer não banalizar seu estudo, pesquisa musical, investimento em discos e equipamento e as vezes todo o staff envolvido para que um DJ faça bem seu set e toda trabalheira que dá organizar uma festa.
Então meus caros amigos e amigas virtuais ou não, parem para pensar em toda a publicidade que estão fazendo, realmente o tiro está saindo pela culatra e só quem tem a ganhar são os “fake dj’s” que estão ai tocando em eventos grandes, com equipamentos de ponta, e os “verdadeiros” dj’s estão lutando para garantir seus trabalhos, continuam pesquisando e garimpando em sebos, os joviais e adeptos as novidades tecnológicas com seus Seratos e Tracktors da vida, e a vida segue num ressentimento de não conseguir ganhar o que um ator ou subcelebridade ganha fazendo 70% as vezes 80% do que um profissional sabe fazer.

Ao público, quando for realmente valorizar o DJ não reclame de pagar 10,00 reais em um evento, de aguardar 10 ou 15 minutos para pagar a comanda e depois de ter dançado, bebido e feito coisas que duvidaria se lembrasse, que a festa foi uma porcaria, estejam presentes nos eventos e cobrem sempre qualidade do cara que está tocando e da casa para ter bons equipamentos, boas caixas de som – nem todo DJ quer ser dono de sound system. Necessaário também cada casa cuidar da acústica adequadamente e que tenham também um cuidado com a sua saúde, ouvir boa musica, não quer dizer que tenha que sair surdo ou perder a audição a cada festa que for com um som acima as vezes de 115db.

Pense reflita, valorize o DJ que você gosta, divulgue o trabalho se sentir vontade e deixe o ressentimento de lado, aos DJ’s se resolvam com o dinheiro, cobrem o que pensam que devem cobrar por seus sets, o máximo que pode acontecer é não contratarem você ou pedir que reduzam seu cachê em determinado momento, a decisão é sua em todos os casos.

Recomendação final, ao ver a imagem ou vídeo de um fake DJ, poste a imagem ou o vídeo de um DJ que você gosta de ir nas festas e ouvir o set, simples assim, bless ya!!!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

21/01/2012 - PENHAROL + CONVIDADOS @ PENHA/SP E FEIRA DE TROCA DE VINIL @ MOGI/SP

Dia 21/01/2012 acontecem em São Paulo dois eventos que fortalecem a música underground e o vinil em si.

O evento dos amigos do Penharol Rap-A-Dub com a proposta (sempre válida) de somar a música e o esporte, tocam na Pista de Skate de Tiquatira na Penha/SP  e chama os convidados Dubalizer  (http://soundcloud.com/dubalizer) e Indigesto (http://www.youtube.com/watch?v=YC586ECtsz8) + Jimmy Luv e Dom Lampa.


No evento do coletivo Selo Sem Sê-lo a proposta é a troca de discos (vinil), com discotecagem aberta, live paint e a entrada é baratinha, só 1 real para fortalecer a Torcida Uniformizada Jovem União de Mogi. 



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