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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A HISTORIA DO RAGGA NACIONAL :: POR XANDÃO CRUZ




Nos primórdios dos anos oitenta em SP, Black Panthers era o grupo de rap do Crânio, Peter Muhammad e outros manos que tinham uma consciência sobre negritude e já faziam hip hop ragga. Peter também já traduzia livros sobre cultura Ras Tafari e divulgava os “five percenters” que e uma cultura muito divulgada nos bairros dos pretos dos Estados Unidos que louvam o Profeta Muhammad e Ras Tafari. Peter também gravou vários raggas com os grupos M.R.N, A Firma, Michael e outros.


Pepeu do famoso “P” de Pepeu também teve sua contribuição no rap-reggae,em parceria com Toninho Crespo (guitarrista e vocalista da banda Jualê que já tocou muito com Racionais Mcs), gravou a música “reggae e movimento” no disco “Rasta” onde defendia que o rap e o reggae são irmãos, nesse tempo já se ouvia Nomad, banda de SP que misturava ragga com outros ritmos e tinha o front man Rica que fazia os vocais toasters, com o sucesso “4 letras” estourada nas rádios da época. Do Rio Grande do Sul a banda Defalla liderada pelo produtor Edu K (conhecidíssimo por produções com Pavilhão 9, MRN, Chico Science e outros) fazia rock com rap e ragga, inclusive raggamuffin em instrumental de dancehall… isso em 1990.

Nesse tempo participando do rap, gravando se envolvendo e defendendo o ragga; Toaster Eddie ou Ragga Eddie ou Eddie Man, já fazia seu som em Curitiba, já viajou pra fora do Brasil fazendo ragga, e ate teve musica no CD da novela Malhação, o hit “Punnani Ta” esta entre o reggaeton e o ragga e fala das garotas, Eddie e um dos precursores e esta na ativa ate hoje.

Walking Lions grava o disco “Vitrine” onde participam Elementos da Terra e Rappin Hood numa música bem rap-reggae, mais tarde regravada por Rappin Hood em seu primeiro disco pela trama com participação de Funk Buia. Infelizmente e felizmente tivemos o Skank de BH que fazia reggae/dancehall original, com vocais melódicos e raggamuffins, após vários anos de sucesso nessa linha mudaram a roupagem total para rock londrino (Oásis, Verve, etc.)... que pena.






Nesse tempo já se ouvia as participações de jamaicanos como Lady Patra, Shabba Ranks gravidando com os cariocas do Cidade Negra, precursora em reggae/dancehall no Brasil. Em seu disco de estreia o Planet Hemp também veio com vários vocais ragga e do Planet Hemp nasce Gustavo Black Alien, conhecido por todos por suas inúmeras participações ragga com Reggae B (banda de Bi Ribeiro/Paralamas do Sucesso), Sabotagem, Marcelinho da Lua, Herbert Vianna e outros.


Houve uma época em SP que rap internacional dos anos 80, raggamuffin e hip hop reggae americano tocava muito nos bailes, e quem gostava eram as meninas e os ‘largatixas”, manos de periferias que usavam calça boca de sino, cabeça raspada, óculos na testa, e faziam vários passinhos no palco e pista, eram a bola da vez nas festas com seus bonzinhos escritos sempre “alguma coisa” boys, exemplo: sensuais boys, gueto boys e por aí foi, foi aí que o ragga foi associado a “largatixas”, todos na época falavam que ragga era coisa de “largatixas’ e vários DJs da época que hoje são obrigados a tocar ragga, discriminavam o ritmo.

Nessa época explodia o Grupo Kaya, Elementos da Terra e Família Abadá que faziam raggamufin legitimo, dançante, pop, pista e o escambau, e tinham dançarinas e dançarinos que encantavam os ouvidos da mulherada por onde passavam.

Parceiro do grupo Kaya (cujo integrante Marco Singer, esta na ativa ate hoje), já fazendo seus raggas na época Ras Flaminio era do grupo Quarto Poder, que mais tarde daria origem aos grupos Positivos e Família 7Velas, hoje com o nome de Sambatuh prepara o lançamento de seu disco solo (após participações em vários Cds da Família 7 Velas, Kafofo Records, Stereodubz, etc).




Também vindo dessa família Hemp, a banda O RAPPA sempre tem em seus vocais o ragga cantado por Marcelo Falcao, dessa cena toda carioca de Hemp family a banda de B.Negao na época Bernardão o Erótico do Funk Fuckers, misturava rock com miami bass, hardcore e ragga,  e o ragga era cantado por Jimmy Luv, primeiro a gravar em instrumentais jamaicanas (riddims) no Brasil e conhecido por suas inúmeras produções e bandeira do ragga nacional, Jimmy Luv ja lancou mais de 10 cds na linha ragga entre participações, já escreveu matéria sobre ragga para varias revistas, coletâneas nacionais e gringas, mix tapes, dubplates, e foi respondível pelo conhecimento, popularidade e ascensão de vários nomes do ragga nacional hoje no brasil.

Em SP também fazendo rap ragga o Afrodimpacto lança no álbum Consciência Black 3 a musica “Hurap Huragga”, influenciando uma leva de mc's do rap a partirem para a mistura ou para o ragga mesmo, Xandão sai do grupo com o DJ Vito (idealizador da festa Flavor e proprietário da loja Pavilhão Records) e formam o Afro Rude produzidos por Munhoz (do extinto Ascendência Mista, produtor e mc do Contra Fluxo, produtor do Mamelo Sound System) e Mr.Venon (Marcelo D2 e Projeto Manada), e varios outros, levantam a bandeira do hip hop reggae junto com o grupo Enganjaduz (grupo de Jimmy Luv na epoca), falando de cultura rastafari com shows empolgantes e muita vibração positiva.

Alexandre Cruz (atualmente do clã Reviravolta Mafia), ex-Afrodimpacto, Afro Rude, 18 Kilates, Diamantee, Variuz, Banka Terror, Enganjaduz, 7velas Crew), conhecido por Xandão ou Medrado esteve sempre ativo fortificando o hip hop e o ragga no Brasil através de incentivo com outros cantores, fanzines, colaborações em revistas, radio web e coletâneas. Fundador junto com Jimmy Luv da familia 7 Velas, Xandão já gravou ragga no primeiro cd da banda de ska Sapo Banjo em varias musicas, também com RPW, Dantas (no clipe da musica Na pista esta no youtube), e atualmente prepara uma radio aqui para o Radar Urbano voltado para isso e grava seus dubplates pelo mundo afora.




Dessa leva nasce Arcanjo Ras (Dom Dada Clan e Echo Sound System), (ex- Premonição, Afrodimpacto , Enganjaduz, Menthafora, Variuz e 7Velas Crew) um dos melhores cantores de ragga da atualidade já com dois discos lançados e inúmeras participações, Arcanjo é influencia e é bastante copiado por muitos, ativo na cena ragga, faz parceria com Mista Pumpkillah.

(Don dada Clan e ex Mentes Alienadas), (profundo pesquisador de ragga nacional), que esta divulgando seu disco lançado todo voltado para o ragga, Pump também e hoje um grande defensor do estilo dancehall no Brasil ao lado de sua esposa Poetiza (ex Grupo Poetizas), que já participou do programa Astros(mesmo programa que participou sua amiga e cantora Dani Black), cantando ragga, e tem em seu show uma dancehall queen (dançarina de ragga).


Jota-mano que veio do rap da zona oeste (Subúrbio Z/O era o nome do grupo), dono de uma levada muito nervosa que infelizmente parou de cantar ragga, lançou um disco com produção de Jimmy Luv, com participações de Arcanjo Ras e Alexandre Cruz, e participava de todos os shows da Família 7 Velas e 7Velas Crew, o seu “hit” nas ruas era o hilário relato de uma garota que não gostava muito de tomar banho e um reggae serio da saudosa musica ‘Todos Irmãos”.

Um pouco antes de acabar a Familia 7velas (Jimmy Luv, Xandão, Arcanjo, Junior Dread (ex-banda Reggae Style), Fex (ex-Filosofia de Rua, atual Reviravolta Mafia e Lito Atalaya), Lei Di Daí (ex-CNB), Sambatuh, Jota (ex Subúrbio Z/O), Miss Ivy, Alê Boxe e Buyaka San), a cena recebia de presente a bela Miss Ivy, que ja tem seu promo lançado e ja participou do programa Astros também, em seu show Miss Ivy traz a dançarina Tainá Bijou (pioneira em dançar ragga).

Vinda da banda Camarão na Brasa, SP tem a honra de ter em sua cidade a garota rude do gueto vinda da zona leste de SP Lei Di Dai, cantora de reggae/dancehall com seu disco já lançado que coleciona elogios por onde passa, hoje esta em turnê pela Europa divulgando sua musica.




Hoje no Brasil temos a banda Q.G Imperial uma banda exclusiva de dancehall (vide Profecy (Capleton) e Fya House (Sizzla Kalonji)), que toca com vários cantores do brasil(formada por Lucas Alemão - teclados, Jah Fyah Elijah - bateria, Daniel Kulcha Man - guitarra e Rafael Dum dum - contra-baixo) e ate com alguns de fora, alem de promoverem festas fortificando a cena por onde passam.

A banda tem membros que já foram de outras bandas como o Terceira Visão, liderada por Simba Amlak, cantor da Guiana Inglesa vindo do coletivo Rastafari Congo-Nyah, que junto com Lyson Fya (também vindo da Guiana), cantam reggae/dancehall em inglês defendendo a cultura Bobo Ashanti.

Fya Dub e um coletivo musical liderado por Ras Wellington que movimenta festas e divulgações pela internet.

No Rio de Janeiro temos os produtores do Digital Dubs: MPC (que já participou da banda de Marcelo Yuka ex-O RAPPA, atual F.U.R.T.O), Nelson (ex-O RAPPA), Kuque (um dos melhores d.js de ragga que já vi) e Cristiano Dub Master, que já lançaram varias coletâneas com cantores de ragga como (Jeru Banto (Rj) e Victor Bhing I (já com Cd lançado), e já viajaram pelo mundo mostrando nosso som,atualmente estão trabalhando com o cantor Dada Yute (ex-Leões de Israel), que canta em inglês e português e esta aparecendo muito na mídia agora, divulgando o reggae/dancehall com suas letras Bobo Ashantis (trindade da cultura Ras Tafari fundada por Prince Emmanuel), com produção de Gusta (Echo Sound System).


Dada Yute já viajou para Jamaica duas vezes onde teve contato com produtores e cantores da cena divulgados no momento pela MTV brasil.

Echo sound system e um trio formado por produtores e DJs voltados ao reggae; Veiga, Gusta e Pedrinho Dubstrong,t em em seu cast cantores como Dada Yute, Arcanjo Ras, Jimmy Luv e Funk Buya (grupo Z'Afrika Brasil), que também mistura rap com ragga, assim como Pentágono (Time do Loko), e ja trabalharam em suas mixtapes, já lançadas com Junior Dread e Sambatuh.

Do lado leste de SP temos Dom Fyah que produz e canta ragga, na Paraíba temos Sacal que produz, canta ragga e também faz parte do Don Dada Clan, alem de ser uma das revelações da cena, na Bahia temos o Ministério Publico Sound System que faz barulho por onde passa e tem vários cantores que estão com eles, Russo e um deles e tem um estilo muito bom de cantar. Em Goiânia temos o Lethal e o povo do Ragga Rural, em todo o Brasil temos cantores defendendo o ragga temos produtores e cantores em Minas Gerais como Pow Mx e Leal Sound que produzem cantam e fortificam a cena.

Lord C Lectah - o mano toca ragga, e muito… Vindo da Alemanha pro Brasil alguns anos atrás, Lord já e conhecido por suas “pedradas”, com sua “bengalinha” e altura (o homi é alto heim), faz uma discotecagem original, além de ter feito a mixturagga a primeira mixtape de Arcanjo Ras.


Chars ao centro com Planeta Dub
DJ Chars Chars e um veterano DJ profundo conhecedor do dub, que já lançou fanzines e vários cds, além de ser ex membro do 7velas. Chars promove festas e tem um set nacional em sua discotecagem bem alternativo e diversificado.

De alguns veteranos acima citados temos suas crias, Buyaka San é o filho querido de tudo isso e já tem 3 cds lançados e varias participações dentro e fora do pais, além de sua versatilidade, esta sempre em constante atividade da cena.

Outro ragga man filho querido é Flai Thunda de Sao Paulo (conhecido também por Muskitu e Soundbwoykillah), que movimenta a cena fortificando e apoiando em tudo que ela precisa alem de gravar com todos os veteranos exaltando a cultura Rastafari nos modernos riddims (do inglês Rhythm que significa Ritmo) do dancehall.

Ledread e um mano que faz vários flyers (circulares de festa) de ragga, produz também suas instrumentais da Kafofo Records, e já lançou a coletânea virtual jungle ragga com vários da cena, já produziu vários sons de cantores inclusive do Hughetu da zona leste de SP.

Alien Man - ex Mentes Alienadas onde cantava com Pump Killa,Alien e cantor de ragga em Rio Preto interior de sp,onde promove festas,movimenta a cena e faz parcerias com todos os cantores do estilo.


Jah Fabah, Jah Walla e Michel Irie, são cantores de reggae/dancehall que tem o foco na cultura rasta em suas letras, O Fogo Pega e Selassie I No Topo, fazem parte do Negus Ambessa Sound e com seu lap top lotado de riddims, onde passam fazem barulho, já tem cds na internet e somam nessa correria.

Stereodubs, produtor que faz varias para o rap nacional e atualmente produz ragga, lançou sua coletânea de ragga só com a nata, e esta preparando um álbum com todos eles.



De Curitiba temos o Mocambo, grupo de hip hop ragga que tem ate vinil, promovem festas, lançam músicas e são ativos na cena.

Do sul temos o produtor Ghetto I, que também e cantor, lança suas coletâneas pela I Vibez Records, lançando vários nomes conhecidos ou não da cena.

No ragga temos vários todos os estilos e no Brasil um dos principais defensores do ragga que fala de promiscuidade, prostituição e mulher certa/errada é o Sandro Black (RJ / ex Enganjaduz), que faz seu som voltado para isso, e já tem seu cd lançado defendendo o estilo slackness (estilo de ragga que fala de relações, sexo, etc)

Em Curitiba temos o Lion Kulcha Sound do cantor francês K-Namam (residente no Brasil),que faz seu ragga e movimenta a cena com festas e coletâneas virtuais.


Coletâneas virtuais de ragga e uma boa pedida para divulgação,o Jungle Reef idealizado por Raphael B (RJ). Já esta indo pra terceira edição e traz vários cantores,assim como a Ragga Brasil de Ragga Demente (DF), Meia Noite Riddim, Fya Bum e ragga nacional de Jimmy Luv, que já tiveram edições lançadas pela loja Jhonny B.Good que lança vários nomes do reggae/dancehall no Brasil.

Vindo da Guiana Inglesa junto com Simba Amlak no coletivo Rasta Congo Nyah: Lyson Fyah faz seu som reggae/dancehall em inglês e participa da cena cantando e gravando como os demais no seu estilo “conscious’ em mensagens fortes.

Mas sem festa não da pra cantar né? Entao em SP já tivemos as festas Ragga Bum idealizada pelo povo da griffe Crespo Sim e Ellen Miras, Ragga Jam idealizada por Jimmy Luv, Ha Ha Ragga pelo Don Dada Clan, e a mais nova Tupinikingston (idealizada por Flai Thunda, Ellen Miras, Buyaka Sam e Dum Dum) que volta e meia voltam em algum local central para o deleite de quem gosta do estilo.

Hoje você ouve em vários bailes black (Black Bom Bom, Pikadilha’s, Sambarylove) vários sons ragga, vários DJs estão tocando o estilo e pondo o povo pra dançar, mas antes e depois de eles tocarem ou não, estaremos levantando a bandeira e fortificando a cada dia que passar.



Essa matéria e dedicada a todos que lutam pelo raggamuffin no Brasil, todos que apoiam a cena e aos fakes, posers, embalistas, modinhas, continuem a divulgação!!!!


Por Alexandre Cruz aka Xandão - Publicado originalmente em 2009 @ http://blogdoalexandrecruz.blogspot.com.br/2009/08/historia-do-ragga-nacional-por.html
Ouça o SoundCloud do Xandão Cruz > https://soundcloud.com/alexandrecruz



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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

INDUBTAVEL - REGGAE DOCUMENTO


O documentário, é de produção independente de William Sernagiotto.

Apesar de já ter um tempo que foi gravado vale muito a pena assistir pela liberalidade que foi dada aos entrevistados e por não ter lá muitos cortes nas idéias. Uma das partes que eu mais gostei foi o final da entrevista do Firebug quando é citado a ausência dos Rastas na cena reggae paulista. Na sequencia da entrevista com o Firebug, Lyson Fire da uma ótima entrevista somada com varias imagens do Congo Nya.

O documentário além das entrevistas de bandas e músicos como já citados acima, Firebug e Lyson Fire, tem também imagens do Congo Nya, entrevistas com Victor Rice, Axl (ex-Skamoondongos), Edu Zambetti (ex-Sapo Banjo), Nelson Meirelles e Digitaldubs, e mais algumas figuras carimbadas dos sound systems. Assiste e depois diz pra gente o que achou.

domingo, 24 de maio de 2009

ENTREVISTA - RAS


Em 2007 concedi uma entrevista para a Dacal, do site REGGAEMOVIMENTO.COM, deem uma lida, comentem e digam o que pensam, se concordam com que foi ditto, e principalmente se não concordam. Boa leitura. Give Thanx!!!


Entrevista com Ras Wellington (FyaDub)

Postado em 31/10/07 por Dacal

A transformação vem através da informação e da movimentação!
"Moviment of Jah People"
"Ras Wellington é produtor e seletor do FyaDub, desenvolve um trabalho de estudo músical e literário sobre quase todos os temas que envolvem a música contemporânea negra, nos guetos do mundo todo, produzindo textos, músicas e eventos."


RM: O que impulsionou a formação e criação do Fya Dub? Em que época e contexto se encontrava o cenário reggae paulista e o que mais os motivou a mergulhar no projeto?

RAS: Salaam Aleykum. Saudações Dacal e a todos do Reggae Movimento.
O FyaDub é culpa da Renata Sacilotto rsrs... ela que fez o site FyaDub. Em meados de 2003, ela queria fazer algum trabalho on line sobre reggae, dub, dancehall... e agora ela está se dedicando mais ao ska e rocksteady. Eu acabei fazendo um textinho rápido sobre dub pra ela por no site e uma galera gostou. O FyaDub com o passar do tempo foi criando um conceito, não se tratando apenas de novidades que são lançadas, mas com um conteúdo mais informativo. Nessa, acabei escrevendo mais algumas coisas para o site e chegou nos moldes que ele está hoje.

Particularmente, o reggae paulista nunca me agradou, nem o paulista nem de outros estados, com algumas poucas exceções. As bandas brasileiras são muito caricatas, tentam imitar as bandas jamaicanas da década de 70, mas na real imitam muito mal, se preocupam em usar um vestuário ridículo e na maioria das vezes se esquecem da música. Muitas até hoje ainda não se ligaram que já se passaram 30 anos e não é mais daquele jeito, nem na Jamaica. Devido a isso, saem matérias como a da Veja dizendo que o reggae nacional está morto. É o que os tablóides vêem, como todo mundo que enxerga vê. Sempre aparecem bandas de caras que não sabem nem ao menos tocar uma linha de baixo com letras adaptadas do pagode. O negócio é vasculhar, tem muita banda boa que não aparece na mídia.


RM: Fale um pouco de suas referências, os sons que escutou e que acredita que foram importantes para compor quem você é e o que você faz.

RAS: A minha principal referencia quando comecei foi um grupo chamado Black Panters. Eram o Cassius, Cranium que é falecido, e o Mohamad que participou de algumas festas de dub aqui em SP. O Zulu foi quem me apresentou muitas idéias e sons, e também o Fox que hoje está no Leões de Israel. Essas foram as minhas referências quando comecei. Não era uma coisa de apenas tocar uma música, era ter fino trato com a música e buscar entender o que era falado nos sons. O grupo de Hip Hop Poor Righteous Teachers, que era um grupo Islâmico, tinha as idéias muito parecidas com as minhas, então também os tinha como referência. Jeru The Damaja, Black Moon, DAS EFX, Fugees, Da Bush Babees, Mad Lion, Buju Banton, Cutty Ranks, esses foram os artistas que eu ouvia e tinham mais haver comigo. A partir desses eu fui pesquisando as referências deles e aí foi fácil chegar a King Jammy, Bob Digital, Tappa Zukie e por ai vai.


RM: Você como um interessado pesquisador da religiosidade provinda da África, pode nos falar um pouco da base rastafariana e quais são os maiores equívocos que percebe nos "seguidores" da música reggae em relação à fé rastafari, e até mesmo a confusão de uma coisa com a outra.

RAS: O maior equívoco são as traduções e conseqüentemente as interpretações feitas por pessoas formadas em “achologia”, tentam fazer uma mistura do Cristianismo Católico e Evangélico aqui no Brasil com o Rastafari, meio que uma forma de adaptação e inovação e têm uma atitude muito hippie, o que não tem nada haver com o RASTA. Se a pessoa não vive a disciplina e não se dedica a compreender o todo, e acaba escrevendo e dissertando idéias equivocadas para as pessoas, vai haver uma interpretação errada dessas idéias. É como a palavra “RAS”, que aqui se traduziu (erroneamente) como príncipe, devido a SMI Haile Selassie I ser herdeiro do trono etíope e seu nome ser RAS Tafari Makonen. Muitos se preocuparam em traduzir e não buscaram a origem da palavra. RAS é uma palavra árabe, e a transliteração mais próxima é CABEÇA, é uma palavra pra indicar pensamento, e todo mundo é RAS, só que existem pessoas que tem cabeça e que pensam e outras que tem cabeça e que penam, esses deixaram de ser RAS.

A outra conversinha é SMI Selassie I ser um ditador, e que deixava o povo etíope passando fome enquanto alimentava seus leões, tudo papo furado. Ninguém nem sabe ao certo onde leu isso, e nem qual foi à fonte de informação. Fato é que tem que se ficar com um pé atrás quanto a esses comentários, quando se sabe que a história, principalmente a dos negros, foi escrita por europeus – depois de tantas atrocidades como a inquisição, a colonização de praticamente toda a África, esses caras ainda escrevem contra Selassie por lutar contra Mussolini, e que foi um tirano por não deixar a Etiópia ser invadida e colonizada. Após os discursos em Genebra na ONU, aí sim foi-se observar o que se passa quanto a essa invasões, só que demorou muito. Hoje ainda existem conseqüências graves quanto ao fingir que não se vê, a última foi a guerra estúpida entre Líbano e Israel, que a ONU até para parar, pensar e agir, já rolou o mar de sangue. Sempre é necessário buscar mais informações e saber onde estão certos equívocos na história, quem escreveu, de onde leu, quem ensinou e no que se baseou para escrever. E também pensar qual a intenção, e o que cada um ganha divulgando e fazendo uma proliferação dessas informações.

Outra equivoco é achar que todo mundo que faz reggae, é RASTA, e todo mundo que ouve reggae têm que se converter ao “ismo”, essa é a palavra que mais cabe nesse sentido. Reggae é música, uma trilha sonora de fundo para o RASTA falar aquilo que ele quer falar, mas oRASTA pode usar o Nyabingui, o Hip Hop, o Drum n Bass, qualquer ritmo. Por isso o rasta é Palavra, Som e Poder, tudo depende de qual mensagem cada um quer passar com a sua música. Somente não se deve impor a ninguém o que cada um deve ser, não é todo mundo que quer ser RASTA e viver numa Teocrácia, alias muitas pessoas eu noto ter aversão ao RASTA devido a muita gente que não sabe nada sobre o RASTA acabar falando uma ladainha que em duas palavras dá pra se ligar que buscou alguma informação no Google e a primeira página que apareceu foi lida. Ser RASTA está muito além de ouvir reggae, é uma disciplina diária.


RM: Qual a perspectiva futura que vê na cena reggae brasileira? Quais os prós e contras de determinados trabalhos que impulsionam a cena de forma mais "midiática", representando acena nacional como um todo, na sua opinião?

RAS: Seria uma hipocrisia dizer que um músico não quer sua música tocando na rádio, na sound system ou fazer um clip, quem disser que não quer que sua música chegue ao maior número de pessoas possível, está no trabalho errado. Infelizmente a música independente no Brasil é falida, fora os bwoys que aparecem e dizem; “eu faço por prazer”, o cara que diz isso tem que fazer no quintal de casa, tocar no quarto, não ir buscar uma casa, fazer uma merda de festa e algumas vezes até fechar as portas para outras pessoas que trabalham com entretenimento, a saída é profissionalizar mesmo.

A falta de produtores (produtores = pessoas que fazem produto) competentes e a sobra de Vampiros, acaba deixando uma lacuna na cena, porque o artista independente, escreve,compõe, grava, produz, divulga, etc.. tudo sozinho, e acaba não tendo grana nem tempo para dirigir para onde vai mandar ou mostrar o seu trabalho. Não vai ter tempo de fazer nada direito na verdade, é muito trabalho às vezes para 1 ou 2 pessoas fazerem tudo ao mesmo tempo. A mídia quer produto, música para vender, tanto faz se é o Edu Ribeiro ou o Armandinho, pode ser até o “Jão” do boteco, se for vendável a mídia abraça.
Hoje, alguns músicos já estão sendo mais flexíveis, e direcionam o trabalho. O público existe, só é cada músico saber qual tipo de público quer atingir, pode se gravar em dancehall, roots, um hip hop, quanto mais versátil for o músico melhor, vai atingir cada vez mais pessoas, após isso é ter paciência, divulgar nos canais que dêem oportunidade e sempre dar continuidade, estar no lugar certo, na hora certa, e ter um pouco de sorte sempre.


RM: O formato de sound system no Brasil ainda é uma coisa nova, no entanto já começam a se roliferar em varias regiões do país. Qual a importância e principal função e responsabilidade de uma sound na sua opinião? Cite algumas como referência.

RAS: Os sistemas de som que tocam apenas reggae são novos, aqui no Brasil deve ter uns 5 anos ou pouco mais no máximo, mas esse formato de equipes de som já existe aqui em SP há 30 anos, vide ai equipes de som como Chic Show, Zimbabwe, Black Mad, Dinamite em SP, no rio o Furacão 2000, e ainda tem as Radiolas no Maranhão. Se for ver o sistema de som em si (independente da música), essas equipes existem há décadas. Eu lembro quando ia às festas nostalgia, que tocavam samba rock, funk e soul, e os dj’s tocavam no meio Upsetters, Dave & Ansel Collins, Desmond Dekker, Jimmy Cliff, usavam o reggae com uma influência forte de funk, só que não eram equipes que tocavam apenas reggae.

O papel do sound system é levar a música para as pessoas. Um grande problema aqui é a língua, as pessoas não entendem muito que é dito nas músicas. O english patois é difícil, e demora um pouco pra compreender, complicado absorver tudo. A visão de que todo reggae dos anos 70, o considerado roots é de louvor e o dancehall é música de festa pra punnany é uma coisa que está mudando. Tem muito reggae dos anos 70 que o cantor só canta, é um profissional de entretenimento apenas, e tem muito dancehall consciente, as produções inglesas estão cada vez melhores e com assuntos cada vez mais atuais, falando de coisas do cotidiano e do que está acontecendo hoje, e muito som bom nacional também está sendo feito. O papel e a importância do sound system, quem define é o seletor, que vai ter o trabalho desde de o momento que compra um disco, ou chamar alguém pra falar no microfone, pode ser uma mensagem que valha a pena ser ouvida ou pode cantar, ficar rindo, falando besteira, quem defini isso é o próprio seletor.

Com um maior número de sounds systems crescendo, vai ser mais fácil para cada pessoa decidir aonde quer ir e o que quer ouvir. Eu particularmente detesto mc de sound system que pega no microfone pra falar besteira, se não tem o que falar melhor é ficar quieto. Tem uma galera que eu espero que logo estabeleça uma residência em algum lugar como o Planeta Dub do Roberto e o Zé Luis, o Planeta Dub é uma das duplas (se não a única) das mais conscientes em SP com um discurso sério e mandam muito fogo, e têm uma seleta finíssima também, o Lucas Corpo Santo com os “obscure tunes” dele, eu penso que deveriam com certeza tocar muito mais. Tem também trabalhos estruturados como o 7velas, Digitaldubs, Urcâsonica, o Dubversão. Agora, fora esses, existem vários outros trabalhos que não aparecem quase e se ficar citando todos que chegam pra gente da um livro. Existe muita gente com ótimos projetos no Brasil, só que alguns caras tem uma mentalidade que se mais um chega, vai tomar um espaço ou embaçar o brilho, deve ser insegurança, medo ou qualquer coisa do tipo por parte alguns, mas isso esta mudando, quanto mais gente estiver trabalhando, mais oportunidade cada um vai ter de mostrar ao que veio realmente.


RM: Você além de desenvolver o trabalho de pesquisa e conteúdo do FYA DUB é também selector e elabora excelentes produções com alguns toasters. Fale um pouco deste trabalho, das referencias, e de seus parceiros de missão.

RAS: O Zulu é meu bredah há 15 anos, então já é considerado da família mesmo, quando surgiu a oportunidade e ele me chamou pra trabalhar com ele no Turbulence Inna Babylon, junto com o Planeta Dub, topei na hora. O Zulu por mais que as pessoas não saibam, ou porque não é divulgado, é um das pessoas mais importantes no underground paulista. Ele esta com um play saindo do forno junto com o Buia e o trabalho é ótimo, fez uma música com participação do Sambatuh que é um dos melhores sons reggae que eu ouvi produzidos aqui no Brasil.

O Sambatuh é meu breddah e agora também é meu vizinho, tenho muito respeito por ele, esses dias estávamos conversando e falei que tinha ido uma vez numa festa do Grupo Kaya em 1994 se não me engano, e disse que tinha visto um toaster cantando em inglês na festa, e não é que era o Sambatuh, quem diria que depois de 12 anos estaríamos juntos na caminhada. O Sambatuh hoje para mim é o mais completo MC para o tipo de trabalho que quero fazer, e temos afinidade na forma de pensar, ele canta em português e em inglês, canta em riddims de dancehall, roots, stepper, em cima de hip hop. Essa é a cara do FyaDub, flexibilidade e versatilidade, é trabalhar com entretenimento passando idéias que valem a pena serem ouvidas. No site o slogan é “Música, Cultura e Informação”, nas festas poderíamos dizer facilmente que é “Lazer, Entretenimento e Vibração”.

O Simbá, eu conheci no Congo Nya há alguns anos, nas reuniões que aconteciam no Bom Retiro, tocamos juntos no Susi algumas vezes e convidei ele pra ir tocar junto comigo em Santo André. O Simbá tem uma fluência vocal que está no grau de qualquer artista do mainstream do dancehall, e já está compondo em português, logo logo dá pra ver o trabalho do Third I Vision, que é a banda dele lançado, já está finalizando o disco e um documentário junto com o Zulu e a Olldg Filmes. Tem o 2ban também, que mora em Londres, ele meio que produz igual o Sizzla, toda semana ele manda umas 4 ou 5 músicas diferentes, e compõe letras muito inteligentes, faz uma música militante, que é o tipo de música que eu mais gosto, o trabalho dele em Londres, o “Smash Mouth Education” é um trabalho como o do FyaDub aqui no Brasil, é meio que uma linha de produção, pode-se dizer que os projetos já são co-irmãos. Produzimos música, textos, festas, etc. E em breve lançamos mais algumas músicas com os mc’s daqui e com mais um mc de Londres além do 2ban.


RM: Cite os 5 sons que não faltam em suas seleções

RAS: Essa me apertou sem me pegar!!! Difícil escolher só 5. Mas hoje são esses:
Iration Steppas – Whats Wrong – Iration Steppas hoje é uma das sounds que eu particularmente mais gosto e o riddim de Whats Wrong é realmente um dos melhores dos melhores que já ouvi.
Chuck Star – Arise – Esse aí é Shaka Selection, conscious dancehall. Sendo seleta do Shaka, nem precisa comentar muito, é Sound killer. Quem conseguir achar vale a pena.
Culture Freeman – King David Style – Produção do Busch Chemist com uma levada rub a dub do Culture Freeman, a escaleta muito boa, riddim maravilhoso.
Sizzla – Hard Ground – O instrumental é uma sugada geral do Black Uhuru da música “Leaving To Zion”, e a letra é ótima também. É uma das minhas preferidas do Sizzla.
Dillinger – Youthman Veteran – Essa é pros jovens veteranos, um Dillinger totalmente diferente das produções dos anos 70. Com produção do Jah Warrior.


RM: Existem duas facetas de noites de reggae muito claras: Eventos com Bandas "roots" e os eventos que priorizam o reggae voltado para as pistas, com as performances de Selectors e Toasters. O que pensa de ambos? Acha que pode correr o risco do reggae se tornar um produto elitizado, que só alcance os que tem poder de compra?

RAS: Eu gosto de banda, só não gosto de som muito lento, dos últimos shows que eu vi de bandas nacionais, QG Imperial acompanha ótimos mc’s e tem a pegada que eu gosto, Third I Vision e Jah I Ras das bandas de reggae roots, são as minhas preferidas e que mais me cativam a ir ver. Agora tem algumas que é impossível ficar mais de 5 minutos ouvindo, falta harmonia, musicalidade e sinceridade no que fazem, é muita encenação e pouco som.

Em uma sound system vai muito dinheiro e tempo, o FyaDub ainda não tem a pretensão de desenvolver uma sound system com caixas e tudo o mais (por enquanto), é muito dinheiro, muito trabalho e se depende de outras pessoas, sozinho não dá pra bancar a estrutura toda; caixas precisam de um lugar pra ficar, transporte, discos, set do dj... demora algum tempo para montar tudo isso. Prefiro hoje investir em produzir músicas, que é tão trabalhoso quanto montar um sound. A questão de elitizar o reggae, já está elitizado, em poucos lugares a música está chegando no gueto realmente, e ainda bem que está chegando. O DUB é uma música elitizada hoje porque quem começou a divulgar isso, não falava a língua do gueto, parece ser hoje um tipo de música intelectualizada, tem que ser um gênio e estudioso para entender o DUB, e isso afasta algumas pessoas da música, e quando na verdade o DUB é uma variação do Reggae, apenas isso, não tem muito que entender não. Diferenças são apenas na forma de expressar o que cada um pensa que o que é a música em si, o que sente e como cada um produz a sua música.

O “reggae farofa” que fala de cachoeira, praia, etc, meio que entra em conflito com a atitude urbana do gueto, verdade também que muita gente gosta desse tipo de música, mas também muita gente está acostumada com o hip hop, com festas dançantes mesmo e gostam de batidas mais pesadas, esse é o público que quero particularmente. Quando essa galera acaba ouvindo um Bounty Killah, Sizzla, Capleton, Anthony B e se diz para o gueto o que eles estão falando - aí está à importância de um mc que fale português dizendo o que eles dizem. Falam a mesma língua que o gueto fala, não interessa se é em Kingston, na CDD ou no Capão, todos fazem uma música militante de protesto, pedindo mudanças, tem o mc também que agita as festas, faz as meninas dançarem, assim é obvio que o gueto vai se identificar e ter um pouco mais de curiosidade, e mudar alguns conceitos quanto ao reggae. Difícil é apenas tentar falar com as pessoas que vivem em extremos pela net, tem que sair de casa e viver, nem todo mundo na periferia têm o acesso a um micro em casa para fazer download de discos e buscar informações. Se for apenas assim, vai sempre ser coisa de playboy metido a intelectual mesmo, achando que manja tudo porque baixou 200 mp3. Música é para todo mundo, não tem essa de ter grana ou não, se o cara é de tal religião ou daquela outra. Se você gosta do som, que aproveite então, não adianta tentar bolar uma matemática mirabolante para explicar o inexplicável.


RM: Fale um pouco das reformulações do Fya Dub e o que o público pode esperar de novidades!

RAS: O site agora vai ser reformulado totalmente, só o conteúdo bruto (textos, releases, entrevistas, etc) vai permanecer e alguns textos terão uma revisão e poucas alterações para ficarem mais claros. Uma rádio on line vai rolar, sem o compromisso de ser semanal ou qualquer coisa do tipo, mas espero fazer pelo menos 2 programas por mês com um convidado, e poder fazer o que não dá pra fazer numa festa, trocar idéias, ler e mails, e ter uma seleta aberta, tocar coisas de outros países sem uma grande visibilidade no reggae, como a França, Lituânia, algumas coisas Africanas, e algumas músicas que acabam não rolando nas festas. E também poder falar e discutir sobre o que é falado nessas músicas, é bom pra todo mundo entender o que está ouvindo, já que numa festa não rola fazer isso. As páginas com artistas irão ter vídeos, vamos ter mais critério também quanto a quem entra no site, vamos ter uma página de links mais fácil de achar o que se está procurando, fazer com que as pessoas naveguem mais facilmente no site.


RM: Qual a nova ordem mundial que percebe estar sendo escrita pela música?

RAS: Infelizmente no Brasil não tem uma militância na música há muitos anos, se tratando de reggae acho que nunca teve. O reggae aqui mesmo teve início em divulgação na mídia em 1979 com o Gilberto Gil cantando “não chores mais” e estagnamos em 1984 com o disco Selvagem dos Paralamas (salvam-se poucas exceções como sempre digo), depois disso, é a mesma praieira até hoje, se essas bandas de quebra-mar ainda fizessem algum trabalho de conscientização ecológica, até diria que estão no caminho certo, mas é sempre a mesma conversa de amor entre homem e mulher, um chororô nas músicas, uma dor de cotovelo que não leva a lugar nenhum, e quando não, é um nóia hiponga falando que fuma na folha de bananeira, tem que tacar FOGO nessa conversinha.

Não dá para falar de amor se não souber por completo o que é amor, não há amor enquanto houver desrespeito. Desrespeito de todas as formas, não há trabalho, não há estudo, não há nada voltado à autogestão e o incentivo a comunidades, e as comunidades culpam pessoas que eles nem ao menos lembram em quem votaram. Já dizia Bob Marley; “um homem faminto é um homem com ódio”, e não faminto só por comida, é faminto de melhoria, de estudo, trabalho, saúde. A música tem um papel importante na militância social e política, a música é uma forma de expor o que passamos, desde a festa até as dificuldades. O artista se torna espelho para as pessoas na comunidade. As comunidades devem tomar como um exemplo a CUFA no Rio de Janeiro, o Ile Aye na Bahia que trabalha há muitos anos, tem de agir com uma movimentação real dentro das comunidades.

Hoje não há mais motivo para se votar em ninguém, porque não há ninguém que mereça ser votado, cada um tem que aprender a trabalhar e a fazer por si e pela comunidade, criar diferentes formas para tentar acabar com problemas sérios de saneamento básico, incentivar a criação de cooperativas para reciclagem dentro das periferias, se educar financeiramente e economicamente fazendo com que o dinheiro gire entre a comunidade, incentivando a Autogestão, descentralizar e tirar todo o poder de decisão do Estado. A comunidade querendo fazer, vai lá e faz. Hoje uma pessoa vai ao armazém do vizinho e pede um kg de feijão para pagar depois, mas se ele se negar a vender dessa forma, essa pessoa vai num Hiper Mercado e paga à vista dando o dinheiro pro gringo, que vai levar esse mesmo dinheiro pra investir fora do país. Essa mentalidade que tem que mudar, e só vai mudar a partir do momento que a comunidade ouvir e se conscientizar que ela tem que trabalhar por ela mesma, aí entra o papel do músico, do artista, que serve como referencia pra muitas pessoas do gueto.


RM: Fale um pouco das produções sonoras que vem por aí...

RAS: O FyaDub está preparando mais músicas e logo mais vai dar pra ouvir algumas coisas em português com Sambatuh, Zulu e Simbá, vai ter também mais sons em parceria com o Smash Mouth Education com 2ban e Paa’tal com qualidade bem melhor do que foi lançado no myspace do Fya. Já estamos desenvolvendo contato também com outros artistas de fora, e vai vir música para todo mundo, dancehall, uk stepper, roots, hip hop, versões nossas para alguns riddims clássicos e outros obscuros, vai ter para todos os gostos, só aguardar.


RM: Deixe uma mensagem para o reggaemovimento...

RAS: Quero agradecer o espaço que o Reggae Movimento está dando para expor tantas idéias, parabéns para o site e por tudo que vem fazendo pelo reggae, divulgando e dando suporte aos artistas e projetos independentes. E dizer que mesmo em estados diferentes estamos linkados. Isso é Unity, mesmo estando longe sempre estar conectados e unidos nas idéias e ações. Nuff Respect!!! Jah Jah Bless Ya.


RM: Valeu Ras, força na caminhada sempre e firme na luta!

Jah Bless!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

FYADUB AO VIVO NO IDCH COM RAS, SAMBATUH, LYSON FIRE E ARCANJO RAS

Abaixo 3 momentos no IDCH na festa ÉCOS que acontece todos os domingos.

Freestyles com Sambatuh, Lyson Fire e Arcanjo RAS sobre riddims de dancehall, new roots e digiroots numa vibração vintage dos anos 80. 

RAS & Lyson Fire

RAS & Sambatuh

RAS & Arcanjo

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ÉCOS NO IDCH TODOS OS DOMINGOS
C/ RAS [FYADUB], JOHNNY [IDCH] + CONVIDADOS
IDCH - Rua Clodomiro Amazonas, 660 - Itaim
R$ 10,00 entrada - enviando e mail para fyadub@yahoo.com.br 

DISQUS NO FYADUB | FYASHOP

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