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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

ROOTS: CURTIS MAYFIELD, A ALMA DO SOUL

Curtis Mayfield

Durante o Mês da História Negra, o PAM relembra obras marcantes da música negra americana que estão enredadas na história do país. Hoje, o álbum Roots, de Curtis Mayfield com toda sua elegância e sua lealdade ao Black Power.


Através da nossa voz, o mundo sabe, não há escolha. Estamos implorando para salvar as crianças, os pequenos, que simplesmente não entendem. Dê uma chance a eles. Para criar seus jovens e ajudar a purificar a terra ...” 50 anos atrás com a música“ We Got To Have Peace” do álbum Roots, a mensagem de Curtis Mayfield não poderia ter sido mais clara. Foi uma resposta à então violenta Guerra do Vietnã, que se transformou nas piores cenas de terror. Fiel à sua estética, o ex-vocalista do The Impressions ajustou suas rimas a um ritmo bem equilibrado, com arranjos de cordas, percussão, uma seção de metais chamativa e um baixo oscilante, tudo isso convidando você a dançar para curar o mundo.

Curtis Mayfield: We Got to Have Peace

Homem que se auto realizou (gueto)

Quanto mais alta sua voz ficava, mais profundo se tornava o tom, sem dúvida uma das melhores qualidades do nativo de Chicago. Ele atingiu seu auge no início dos anos 1970, deixando a banda The Impressions e co-fundando o Curtom, um selo classudo onde nosso visionário produtor escolheu fazer com que suas muitas opiniões fossem ouvidas. Ele já havia trilhado esse caminho nos dias de seu trio vocal: "People Get Ready", "Choice of Colors" e, claro, "Keep On Pushing" ... todos hinos não oficiais do movimento pelos direitos civis.

Em 1968, a música "We’re A Winner" do mencionado The Impressions é menos uma canção de oportunidades iguais e de puro orgulho negro. Na Cidade do México, os velocistas levantaram os punhos, um sinal de que uma nova luta estava surgindo para uma comunidade cansada de se curvar. I Black Power estava incendiando as paradas e Curtis Mayfield agora estava do lado dos Panteras Negras, cujas visões políticas estavam mais de acordo com o radicalismo subjacente que ardia no coração do cantor gospel. “Chega de lágrimas, nós choramos e finalmente enxugamos nossos olhos e estamos avançando.” Lendo nas entrelinhas, a intenção já era clara. À medida que ele começou a trabalhar mais com seu próprio nome, criando orquestrações que realçavam sua voz, a política de Mayfield se tornou ainda mais clara.

Curtis Mayfield & The Impressions – Choice Of Colors 

O racismo é um subproduto do capitalismo”, argumentou Fred Hampton, chefe do Partido dos Panteras Negras em Illinois antes de ser assassinado pela polícia armada em 4 de dezembro de 1969. Esta declaração, um convite para superar as divisões do passado, certamente faz sentido quando olhamos para Curtis Mayfield, cuja independência de espírito o levou a promover o autogoverno. Para o músico, crescer em uma cidade onde mais de um ídolo o incentivava a fazer o que queria, ter o controle dos próprios meios de produção era a única garantia de liberdade. “Estávamos todos tentando sobreviver em um negócio administrado por gravadoras que não davam tudo o que você pensava que ganhava”, lembra Mayfield, cujas opiniões foram moldadas pelo Motown de Berry Gordy.


A Voz do Anjo das Trevas

Move On Up” tem tudo a ver com isso - um sucesso que encorajou a juventude negra a assumir seu destino em suas próprias mãos e que colocou nosso Ghetto Child direto no topo das paradas com o álbum solo Curtis, em 1970. Esse sucesso estrondoso - que definiu o pilar do seu tom estético característico - é apenas um dos muitos destaques desta coleção. “We the People Who Are Darker Than Blue” é, sem dúvida, a glória coroada do álbum, com sua introdução ultra elegante e uma pausa de percussão totalmente inusitada. E não podemos esquecer sua mensagem unificadora, onde Mayfield se recusa a deixar sua identidade ser algo que poderia isolá-lo quando, na verdade, poderia ser a solução para enfrentar os maus tratos organizados pelo Estado contra pessoas pretas.


Por mais aberto que fosse sua música, Curtis Mayfield tinha plena consciência de onde ele vinha. Isso é o que mostra o álbum Roots, cuja capa contrasta fortemente com Curtis. Lá longe o céu azul e o tom amarelado das roupas descoladas; agora ele está sentado ao pé de uma árvore com suas raízes entrelaçadas. A imagem reflete a mensagem desse disco - um apelo por uma soul music que se preocupa tanto com o debate e as ideias quanto com a fusão de sons. Basta ouvir “Underground” com sua guitarra descontraída, ecos flutuantes e ritmos latinos. O homem no controle da música estava chefiando um grupo de alquimistas. Impulsionados por andamentos rápidos e baladas profundas, eles exploraram os limites da psique humana com toques de blues poderosos, reminiscentes de Muddy Waters. O fato de este álbum popular e sofisticado ter sido comparado a What’s Goin ’On de Marvin Gaye mostra como ele é bom. E, como Marvin Gaye, a caneta de Curtis Mayfield ficava cada vez mais mordaz à medida que ele era seduzido pelo trabalho de Johnny Pate, um veterano do jazz de Chicago que trocou o baixo pela caneta. O resultado é uma série de discursos que ecoam nossos eventos atuais, como “Beautiful Brother Of Mine”, um hino à sindicalização.

Um ano depois, ele lançou Superfly, um modelo de blaxploitation onde ele dirigiu palavras duras para traficantes de drogas e outros “Pushermans” (aqueles que negociam para comprar sua dose de drogas). Em seguida, voltou ao mundo, talvez o auge e a mais bela das obras de Mayfield. “Right on for the Darkness”, são oito minutos de sulco amargo e pegajoso, apontando o dedo para aqueles que estão no topo que olham para os que estão abaixo deles, uma alegoria mal velada do inferno chamada vida nos Estados Unidos.

Já houve um dia tão claro no coração das trevas?

O álbum Roots, relançado em 2021.




Calendário do LP Roots, 1971

terça-feira, 5 de outubro de 2010

PROJETO VINIL É CULTURA COM DJ HUM



O histórico prédio da Rua Primeiro de Março, 66, no Rio, abriga a partir de 1º de outubro o evento multifacetado "Vinil é Cultura"

Idealizado por um ícone brasileiro do movimento hip-hop, DJ Hum, o Projeto Vinil é cultura irá aglutinar diferentes gerações de DJs e músicos brasileiros, que se inspiraram nos grooves americanos dos anos 1970 aos 90 para criar novas experimentações. Uma exposição com raridades pertencentes ao acervodo DJ Hum vai ocupar o foyer do CCBB, onde também acontecem shows, debates com profissionais do meio musical e workshops de dança. A mesa de debates acontece na sala de cinema.

O paulistano Humberto Martins de Arruda, o DJ Hum, curador da série, pretende mostrar como o vinil popularizou a música das pistas e gerou tendências de moda, comportamento e entretenimento nos últimos 30 anos: “Irei expor parte do meu acervo de capas de LPs e compactos de artistas consagrados e do underground que me influenciaram na arte de discotecar.

O requisitado produtor fonográfico começou sua trajetória tocando em casas noturnas e bailes nas periferias de São Paulo no início da década de 1980. Durante 17 anos fez dupla com o rapper "Thaide" (Thaide & DJ Hum) com quem lançou nove álbuns, é o produtor e idealizador do Coletivo Motirô, com quem criou sucessos como “Senhorita” e “Ela é Sexy” entre outros hinos das casas noturnas do País, e desde 1999 apresenta o programa "Festa do DJ Hum, na Rádio 105 FM/SP.

Essa bagagem o credencia para receber seus convidados especiais, entre DJs, cantores e bandas do Rio e de São Paulo. Nas pickups estarão se alternando o pioneiro do charme carioca, DJ Corello, os DJs Negralha, Sadam, Lula Superflash, Sir Dema e a cantora Nega Gizza. Na pista de dança, no dia 9, o Dj Hum e o Coletivo Motirô recriam para o público a atmosfera dos grandes bailes, recebendo no palco os convidados Gerson King Combo, a cantora Thalma de Freitas e o rapper B. Negão.

Agenda Vinil é Cultura: http://migre.me/1tL8n

Rua Primeiro de Março 66
Centro - RJ - CEP 20010-000

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