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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

QUEBRANDO O TABU [DOCUMENTÁRIO]

"Quebrando o Tabu" fuma, mas não traga...
Por Cynara Menezes - http://www.cartacapital.com.br/politica/quebrando-o-tabu-fuma-mas-nao-traga/

Terry Southern, um dos grandes nomes da contracultura norte-americana, tem um conto intitulado “Red-Dirt Marijuana”, que li traduzido em espanhol como “La Rica Marihuana”, uma espécie de “modo de usar” da maconha em formato de ficção. Como um “Huckleberry Finn” de Mark Twain em versão “ervoafetiva”, Southern narra a história da amizade entre um garoto branco e seu amigo mais velho, negro, empregado da fazenda onde ambos vivem.

Impressionado ao ver algumas vacas meio sonolentas largadas pelo pasto, o guri ouve do rapaz: “Sinal de que deve ter erva por perto”. De fato, os amigos descobrem alguns pés de maconha nas proximidades, logo colhidos pelo negro, que coloca a planta para secar e depois começa a separá-la em dois montes diferentes. O garoto pergunta: “Por que você está fazendo isso?” E ele: “Essa daqui é a maconha fraca, que posso fumar para trabalhar o dia inteiro, de sol a sol, sem me cansar. E esta aqui é a maconha forte, para fumar no domingo, quando não quero nem saber de trabalho”.

É uma história que diz muito sobre as diferentes formas de usar maconha. Há pessoas que conseguem inclusive fumar e trabalhar; e há outras que preferem utilizar a erva só nas horas de folga, para não misturar trabalho com estados alterados de consciência. Há quem fume cotidianamente; e há quem fume ocasionalmente. Este tipo de percepção sobre a droga não costuma aparecer em pesquisas sobre a maconha para não dar destaque ao fato de que a maioria dos “maconheiros” fuma baseados com “fins recreativos”. Existem estudos indicando que 95% dos usuários da maconha sejam recreativos.

O principal problema do filme “Quebrando o Tabu”, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendendo a descriminalização da maconha, é justamente ignorar o uso recreativo. A premissa do documentário dirigido por Fernando Grostein, irmão de Luciano Huck, é que o usuário não pode ser preso porque é um doente, não um criminoso. A certa altura do filme, FHC diz: “Uma pessoa que fuma maconha de manhã cedo tem sérios problemas psicológicos”. Será mesmo? Eu própria conheço gente que fuma antes de trabalhar e não aparenta ter problema algum. Se você prestar atenção, verá algumas vezes pessoas fumando baseado no trânsito a caminho do trabalho. É mais comum do que se imagina.

FHC diz que tem estudado o tema da maconha, mas não parece ter muita idéia do que está falando. Ele confessa, bem no comecinho do documentário, que errou em sua política de drogas quando foi presidente. Em seguida, aparece Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, também admitindo que errou. Pena, porém, que a honestidade intelectual do filme acabe aí. No afã de demonstrar que o tucano é um globetrotter que circula com desenvoltura entre celebridades, o documentário prioriza depoimentos de ex-presidentes como os americanos Clinton e Jimmy Carter, o colombiano César Gaviria e o mexicano Ernesto Zedillo, além do escritor Paulo Coelho e do galã de Hollywood Gael García Bernal.

Só aparece um depoimento de usuário de maconha, um rapazola que fala das dificuldades de se comprar a erva enquanto enrola um baseado. Há outros depoimentos de viciados e ex-viciados em heroína, droga que o próprio filme faz questão de destacar que tem um poder de adicção mil vezes maior do que a maconha. Ora, se uma das intenções do documentário é descolar o uso da erva do vício em outras drogas, por que aproximar um usuário do outro? O heroinômano cabe no modelo “doente”, que precisa de tratamento e não de cadeia. O maconheiro, não.

Faltou ao filme de FHC um depoimento honesto como o da atriz Maria Alice Vergueiro no ótimo curta “Tapa na Pantera”, de Esmir Filho: “Fumo todos os dias há 30 anos e nunca viciei”. Faltaram usuários dizendo que fumam porque querem relaxar ou simplesmente porque gostam de fumar. Uma defesa sincera da descriminalização da maconha passa, sim, pelo fato de que irá reduzir a violência, como defende o filme de FHC. Mas é preciso falar que a maconha precisa ser descriminalizada também porque é uma planta e pode ser cultivada em casa, porque tem finalidades terapêuticas que precisam ser aproveitadas e pesquisadas, e porque está comprovado cientificamente que é menos nociva para a saúde do que o álcool e o tabaco, que são liberados.

Assim como fez o chapa de FHC, Bill Clinton, “Quebrando o tabu” fuma maconha, mas não traga. Sua defesa da descriminalização é superficial e é desonesto intelectualmente ao ignorar o usuário recreativo de maconha. Não adianta vir com a desculpa de que este seria um caminho mais curto para a descriminalização –tipo o acusado que assina uma confissão para ter uma pena menor. Não. Chamar os que fumam cannabis de doentes é tão equivocado quanto dizê-los criminosos. E o que o debate sobre a descriminalização da maconha no Brasil menos precisa é de hipocrisia.


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Escolhi postar a critica da Cynara Menezes, menos acida que a minha, que num breve parágrafo, resumo o documentário como a maior propaganda política que vi nos últimos anos... ao invés de 1 hora de duração, são 01h20min numa tentativa exacerbada de adquirir o voto do usuário de maconha numa sintaxe onde ele não é o foco, e sim a política em volta do usuário que faz o voto do mesmo ser promissor. A classe trabalhadora do "Lulismo", foi remodelada para uma Classe Usuária de Drogas - principalmente a maconha pelos tucanos de FHC. - RAS [fyadub]






segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A EXCLUSÃO DOS EXCLUÍDOS - POR GILBERTO YOSHINAGA

O alarido teve início na quinta-feira passada, quando uma entrevista do jornal O Estado de São Paulo com o presidente da Fundação Padre Anchieta, o economista João Sayad, tornou pública sua decisão de extinguir da grade da TV Cultura o programa “Manos e Minas”, único da TV aberta brasileira dedicado à cultura hip-hop. Deflagrada a bomba, a reação dos admiradores do programa foi imediata. Durante toda a tarde, no Twitter, a expressão “#salveomanoseminas” figurou no trending topics brasileiro.

O repúdio ao fim do programa televisivo semanal, que neste sábado vai ao ar pela última vez após pouco mais de dois anos no ar, se espalhou com velocidade para além do microblog. Mais do que uma massa de internautas indignados, a mobilização ganhou a adesão de diversos artistas, simpatizantes da cultura de rua e jornalistas, como Pedro Alexandre Sanches (colaborador da CartaCapital) e Gilberto Dimenstein. Numa iniciativa inédita, os principais sites voltados para o hip-hop, como Central Hip-Hop, Per Raps, Coletivo e Noiz, se uniram para organizar uma reivindicação conjunta. Protestos verbais ecoaram e abaixo-assinados tomaram corpo em shows, eventos e saraus do gênero, realizados por todo o Brasil.

Cinco dias depois do fim do “Manos e Minas” ser anunciado, na terça-feira o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) usou a tribuna do Senado para manifestar seu apoio à continuidade do programa. Num discurso em que comparou a importância da poesia de Mano Brown, dos Racionais MCs, à de Patativa do Assaré, “para compreendermos hoje as aspirações dos jovens das periferias das grandes cidades”, Suplicy fez um apelo para que Sayad repense sua decisão e mantenha o programa de hip-hop na grade da TV Cultura. “Parece-me que essa é uma decisão que merece ser reconsiderada”, emendou o senador, que também leu no Senado uma carta de protesto encaminhada por representantes do hip-hop brasileiro.

Um dia antes, Suplicy havia solicitado uma reunião com o presidente da Fundação Padre Anchieta para debater a situação da emissora, que também anunciou a retirada, de sua programação, dos programas “Login” e “Vitrine” (este, sob a alegação de que haverá uma “reformulação”). Também há rumores de uma possível demissão em massa. Fala-se em um corte de até 80% dos cerca de 1,8 mil funcionários, o que, até o momento, é negado por Sayad – que já afirmou ter a intenção de enxugar a folha de pagamento, argumentando que é preciso reduzir os gastos da emissora. O pedido da reunião, feito por Suplicy, foi respondido com um e-mail seco e curto, em que Sayad diz nada ter contra o hip-hop mas não responde se receberá o senador.

A discussão, no entanto, já preocupa o Ministério da Cultura, principalmente pela maneira como a decisão unilateral chegou a público, sem qualquer diálogo com as partes envolvidas. Funcionários ligados ao programa souberam de seu fim através da imprensa.

A decisão repentina de retirá-lo do ar sugere que não houve planejamento, já que o convite para alguns artistas que tinham apresentações agendadas no programa teve de ser desfeito, constrangendo a equipe de produção e frustrando músicos. Na próxima semana, representantes do hip-hop deverão se reunir com o secretário-executivo Alfredo Manevy, o secretário do audiovisual Newton Guimarães Cannito e o secretário da identidade e da diversidade cultural Américo José Córdula Teixeira, a fim de analisar o caso e buscar uma alternativa para que o hip-hop continue com um programa em TV aberta.

“Sempre encarei o ‘Manos e Minas’ como um trabalho e uma missão: mostrar a periferia que o Datena não mostra”, lamenta o escritor e cineasta Alessandro Buzo, que desde a estreia do programa apresentou o quadro “Buzão Circular Periférico”, tendo feito reportagens que mostraram peculiaridades culturais de quase 50 bairros de periferia. “Não vou chorar e muito menos cuspir no prato em que comi. Só acho uma grande injustiça. Primeiro, porque o programa dá bastante repercussão e rende mais Ibope que muitos da casa. Segundo, porque era o único a retratar a periferia de forma inteligente na TV aberta ou fechada, o único programa que abria espaço pro hip-hop.”

A TV Cultura informou que renovará sua grade de programação, razão pela qual esta e outras produções serão interrompidas. “Outros programas serão desenvolvidos para atender, com a qualidade desejada, ao variado público da emissora. Cumpre acrescentar que a equipe envolvida na citada produção deverá ser realocada para as novas produções”, assegura a emissora. Não foi explicado o critério utilizado para a escolha dos programas que deixam a grade.

Ironicamente, diz o site da Fundação Padre Anchieta: “Nossa produção estará sempre comprometida com a veracidade, trabalhando no sentido de universalizar o direito à informação e à comunicação (…), buscando novas linguagens e formatos, em favor da solidariedade, da democracia e da paz, para assim expressar a diversidade brasileira, socializando a produção do conhecimento e fortalecendo a causa da televisão pública”.


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E no dia 26/08 acontece um especial na festa Seleta Coletiva produzida pelo musico Daniel Ganjaman no Studio SP lutando contra o fim do programa Manos e Minas, no evento a discotecagem vai ficar por cota dos Dj's Erick Jay e Nyack, vai rolar Instituto com os mc's Funk Buia, Kamau, Emicida e Max B.O.

Mais informações só visualizar no flyer ao lado.

Bless Up!

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