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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

A HISTÓRIA DE CASSIANO, O GÊNIO ESQUECIDO E ÍCONE DA MÚSICA PRETA BRASILEIRA

Conhecido pelas novas gerações por uma citação na música de Racionais MCs, Cassiano tem um lugar importantíssimo na música brasileira e na consolidação do movimento negro no país

Cassiano tem seu nome marcado na história da música, mas, infelizmente, é pouco conhecido das novas gerações.

Sua qualidade como cantor e compositor o coloca no mesmo nível que Tim Maia, porém, injustamente, com menos holofotes.

Genival Cassiano dos Santos nasceu em um bairro pobre da cidade de Campina Grande, na Paraíba. Quando criança, aprendeu os primeiros acordes de violão com seu pai, amigo íntimo da fera Jackson do Pandeiro.

Ao chegar com a família ao Rio de Janeiro, em meio a um grande processo migratório, Cassiano conseguiu emprego de servente de pedreiro. Nos horários e dias de folga, aproveitava para treinar acordes de violão e bandolim. Durante os anos 60, período em que a música negra, principalmente o soul, passavam a fazer cada vez mais sucesso, o cantor se junta com Hyldon e outros músicos e formam a banda “Bossa Trio” que, mais tarde, se converteria em os “Diagonais”, grupo responsável, junto com Tim Maia, pela difusão da música negra pela região sudeste.

O Síndico havia voltado dos Estados Unidos há pouco tempo e estava na fissura para produzir, encontrou no Brasil Cassiano, que tocava junto com sua banda na noite de São Paulo e Rio de Janeiro. Impressionado com o talento do cantor na guitarra, voz e composição, Tim Maia convida Cassiano para a gravação do primeiro álbum do Síndico, em 1970. Foi nesse disco que Tim inseriu duas composições do cantor Paraibano “Eu amo você” e “Primavera”, sucessos que ajudaram Cassiano a tornar seu nome conhecido e passar para a carreira solo, arrastando muito fãs pelo caminho.

Seu primeiro disco solo foi “Imagem e som”, de 1971. Neste LP, interpretou “Ela mandou esperar” e “Tenho dito”, ambas em parceria com Tim Maia, e ainda, “Primavera”, com Silvio Rochael e “Uma lágrima”. O primeiro lançamento foi um grande sucesso, o que garantiu a segunda gravação, denominada: “Apresentamos o nosso Cassiano” álbum no qual interpretou dez composições de sua autoria, dentre elas, “Cedo ou tarde”, com Suzana, “Me chame atenção”, com Renato Britto e “Castiçal”.

Mas a grande explosão de sucesso viria em 1976, quando lançou o disco com duas de suas músicas mais conhecidas: “A Lua e Eu” e “Coleção”, ambas viraram temas de novela da Globo e marcaram uma geração de fãs da música negra.

O grande sucesso do cantor ajudou a impulsionar o movimento negro no Brasil, o qual se reunia em torno dos bailes organizados em São Paulo e Rio de Janeiro sob a égide da trilha sonora composta por Cassiano.

Porém, com toda a genialidade, o cantor foi acometido por problemas respiratórios e foi submetido à retirada de um dos pulmões, fato que levou ao enfraquecimento de sua voz e, consequente, aposentadoria. Nas décadas de 80 e 90, Cassiano compôs músicas para Alcione e outros cantores famosos, fez pequenas participações em um disco aqui e outro ali.

Nos anos 90, esquecido pela indústria cultural brasileira e pouco lembrado pelas novas gerações, a gravadora Universal retoma a voz do cantor no disco “Velhos camaradas”, de Cassiano, Tim Maia e Hyldon, álbum que reuniu alguns sucessos de cada um dos artistas e fez um estrondoso sucesso de vendas e público.

Atualmente, o cantor continua vivo, mas pouco participa da indústria musical atual. Suas composições são tocadas todos os dias em videokês. Para as novas gerações, ele é lembrado pela citação em uma das músicas dos Racionais “Vida Loka – parte II: “Ouvindo Cassiano, há, os gambé não guenta”.

Na maior parte das vezes, o nome do cantor passa despercebido por entre as batidas do rap do grupo paulista. Percebemos que poucos entenderam que Cassiano foi fundamental para o estabelecimento da música negra no Brasil e, sem ele, certamente teríamos um Racionais muito diferente do que é.

Cassiano é um daqueles gênios que aparecem em nosso país, entretanto, não é lembrado como deveria, nem de acordo com o talento e trajetória que teve.

Aqui guardamos um espaço para seu legado e para sua importância para a música brasileira, principalmente aquelas que tocavam em barracos de comunidades pobres, enquanto o jovem negro penteava seu cabelo no garfo pra dar um rolê na noite de sábado.

Grande Cassiano!


 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A BOSSA NOVA E O MEDO BRANCO

Johnny Alf
Como mecanismos sutis do racismo acabaram apagando a paternidade de Johnny Alf na criação de um dos mais importantes movimentos musicais do país.


Em 6 de julho de 2019 o Brasil se despedia de um de seus maiores artistas: João Gilberto. Nenhuma dúvida sobre o imenso rombo na cultura brasileira, bem como sobre o inegável talento de João como expoente da nossa música. Todos os veículos de comunicação noticiaram que havia morrido "o pai" da bossa nova. Essa paternidade musical ele dividia com o não menos lendário Tom Jobim. Na época, essa referência massiva ao grande João Gilberto como o pai da bossa nova me chamou para uma reflexão mais aprofundada sobre esse momento histórico de nascimento daquele que ainda hoje é um dos movimentos musicais mais importantes deste país – dentro e fora dele, pois a bossa nova é um dos ritmos mais ouvidos no mundo todo.

Nos dicionários, assim como, grosso modo, na biologia, pai é aquele que fecunda um óvulo a ser gestado. Até aqui, tudo bem, quer dizer, mais ou menos.

Acho muito difícil que alguém neste país não tenha ouvido, ao menos uma vez, o canto sussurrado de João Gilberto, bem como a maestria habilidosa dos dedos de Tom Jobim acariciando o piano. O marco midiático da bossa nova foi a composição "Chega de Saudade", de 1958, escrita pela consagrada parceria entre Tom Jobim e Vinicius de Moraes e gravada primeiro pela diva Elizeth Cardoso, e depois por João Gilberto, que fez o violão em ambas as versões. E aí é que temos um problema. Na verdade temos "o" problema, que é mais comum no Brasil do que julgaria nossa emblemática Garota de Ipanema. Por pesquisas pessoais, descobri que quase uma década antes da célebre gravação que daria a paternidade da bossa nova a João Gilberto, essa aclamada e sofisticada sonoridade e formato musical já tinha emergido do piano pelos dedos habilidosos do senhor Alfredo José da Silva, ou Johnny Alf, brilhante pianista, compositor e intérprete. Uma figura histórica que é menos reverenciada do que sua competência e importância exigem, como podemos concluir pelas palavras do jornalista Ruy Castro para a Folha de S. Paulo em 2016: "O Johnny Alf, sem dúvida, foi um grande precursor da bossa nova, na década de 50. É um processo que já vinha desde os anos 40, pelo menos, a bossa nova era apenas uma inovação em cima de uma bossa brasileira que já existia, a conclusão de um processo evolutivo. E o Johnny Alf, assim como o João Donato, já era bastante evoluído dentro desse processo todo, ou seja, ele já era uma bossa nova dez anos antes da bossa nova".

Nascido em 19 de maio de 1920, no Rio de Janeiro, Alfredo José da Silva perdeu o pai, Antonio, militar combatente da revolução de 1932, quando tinha apenas 3 anos de idade, o que obrigou a mãe Inês Marina da Conceição a trabalhar como doméstica para mantê-lo. Na casa onde a mãe trabalhava, teve a preciosa oportunidade de ter uma boa formação escolar e ainda estudar piano e música erudita já aos 9 anos de idade. Sua inclinação pela música popular negra norte-americana, o jazz, sobretudo pelas charmosas canções que adornavam a sonoplastia do cinema da época, o levou a admirar gênios como Nat King Cole e Cole Porter. Em 1949, entrou para o mundo artístico pelas mãos de Dick Farney e, em 1952, conheceu nas noites musicais cariocas aquele que se tornaria um de seus ilustres pupilos, Tom Jobim. Cerca de 1 ano depois, em 1953, gravaria duas canções que marcariam sua contribuição para a MPB: "Céu e mar" e "Rapaz de bem", sendo esta última considerada precursora da bossa nova.

Mas onde está o problema? Está nessa paternidade musical deslocada de Johnny Alf para João Gilberto. Mais precisamente, está nos motivos do deslocamento dessa paternidade: o racismo. Mas não o racismo nu e cru, aquele que mata a luz do dia um George Floyd ou deixa um Miguel cair do nono andar de um prédio. Falo do racismo nas suas formas camufladas, despercebidas e que, por isso, mesmo são letais. Uma das minúcias do racismo é a exclusão sutil ou a morte simbólica, como bem escreveu Abdias Nascimento em O genocídio do Negro Brasileiro, aquela que acaba por convencer a própria pessoa negra de que sua relevância é nula ou sua relevância nas questões mais importantes é limitada.

Alf era negro, homossexual, de origem pobre e introspectivo, apesar de simpático. Em uma reportagem sobre o verdadeiro pai da bossa nova, feita por Nilton Corazza, músico, jornalista e editor da revista digital Teclas & Afins, resgatei uma fala de Alf justificando a sua pouca aderência ao movimento e a pouca repercussão de seu primeiro trabalho oficial, o disco "Rapaz de bem", lançado em 1961, quando a bossa já estava formalizada (e embranquecida): "Isso talvez tenha sido conseqüência de meu temperamento. Sempre estive afastado da patota, porque sou muito desconfiado das pessoas. Os problemas que tive na vida me criaram dificuldades de relacionamento. Em meio de grupinho, nunca estava seguro."

Em reportagem do The New York Times (ago/20), Nelson Valença, que foi seu produtor por mais de 20 anos disse: "Houve um movimento para promover Tom Jobim, que era rico, branco, jovem, bonito. Talvez ele fosse alguém que poderia ofuscar Tom Jobim."

Além desse movimento de promoção midiática que os privilegiados tiveram, existia também o medo branco, que se manifesta na presença de pessoas negras que demonstram autonomia e personalidade independente, pois Johnny insistia em manter sua liberdade musical, experimentando e tentando sempre inovar e não se deixar cair no senso comum das gravadoras da época, que viam na bossa nova a oportunidade de confrontar o rock'n'roll norte-americano que dominava o mercado fonográfico mundial.

É claro que Johnny Alf teve seu talento reconhecido e em sua carreira contabiliza mais de 80 composições gravadas por grandes nomes como Chico Buarque e Roberto Menescal. Mas não como deveria, já que foi a fonte onde beberam todos os músicos brancos da bossa nova, como Carlos Lyra, Sergio Ricardo e Vinicius de Moraes. Para aquele que foi mestre não só do grande Tom Jobim, que o apelidou de "Genialf", mas do próprio João Gilberto, a parte que lhe foi reservada na história da MPB e, principalmente, da bossa nova é ínfima. Podemos afirmar seguramente que se não fosse "Rapaz de Bem" a história da bossa nova talvez não atingisse o respeito internacional que alcançou. Diferentemente do pai branco aclamado pela mídia, João Gilberto, a morte de Johnny Alf em 2010 não foi tão comentada e poucos se lembraram de que se tratava do verdadeiro precursor da Bossa Nova. O plano de fazer desse movimento um marco nas artes musicais do país, embranquecendo o samba e levando ao mundo um Brasil branco, universitário e feliz, distante da realidade dos morros cariocas, perdura até hoje. Se você perguntar ao fã-clube de Beyoncé ou Rihanna sobre a bossa nova, irá ouvir da maioria esmagadora: "É coisa de branco!", mesmo em meio à demanda por representatividade.

Na questão racial brasileira, há lacunas e invisibilidades que não sabemos, mas que sentimos. A paternidade real da bossa nova, por exemplo, é uma delas. Como disseram os Racionais Mc's em "Da ponte pra cá": É Muita treta pra Vinicius de Morais.


sexta-feira, 4 de agosto de 2017

LUIZ MELODIA - RIP




Luiz Melodia morre aos 66 anos no Rio de Janeiro

O cantor carioca, compositor de sucessos como "Magrelinha" e "Pérola Negra", lutava contra um câncer de medula e não resistiu ao tratamento


O cantor e compositor carioca Luiz Carlos dos Santos, conhecido como Luiz Melodia, morreu na madrugada desta sexta-feira (4), aos 66 anos, em decorrência de um câncer na medula óssea.

O compostor de clássicos da MPB como “Pérola Negra” e “Magrelinha” lutava contra a doença desde julho do ano passado e, neste ano, ficou três meses internado no hospital Quinta D’Or, no Rio de Janeiro.

Ele chegou a fazer um transplante de medula óssea e resistiu ao procedimento, mas não estava respondendo bem à quimioterapia. Nessa quinta-feira (3), seu estado de saúde piorou e o músico não resistiu.

O diretor do Clube do Samba do Rio, Didu Nogueira, confirmou a morte de Melodia em sua página no Facebook. “Enquanto o céu vai se enfeitando, a gente vai se f*** por aqui”, escreveu. Na postagem ele lembrou como conheceu o artista, em 1987, em um show na extinta boate Tiger na Barra da Tijuca.

"Se a gente falasse menos Talvez compreendesse mais Teatro, boate, cinema Qualquer prazer não satisfaz Palavra figura de espanto, quanto Na terra tento descansar Mas o tudo que se tem Não representa nada Tá na cara Que o jovem tem seu automóvel O tudo que se tem Não representa tudo O puro conteúdo é consideração Quem não vê! Não goza de consideração Quem não vê! Então sai a consideração Quem não vê Não goza de considera" Luiz Melodia - Congênito FYADUB | FYASHOP Contato: fyadub@yahoo.com.br Cel/Whatsapp: 55 11 99984.4213 @ Blogspot http://fyadub.blogspot.com.br @ Discogs: http://www.discogs.com/seller/fyashop/profile @ Facebook: https://www.facebook.com/fyadub.fyashop @ YouTube: http://www.youtube.com/fyadub @ Mixcloud: http://www.mixcloud.com/fyadub @ Soundcloud: http://www.soundcloud.com/fyadub @ Twitter: http://www.twitter.com.br/fyadub @ MercadoLivre: http://lista.mercadolivre.com.br/_CustId_44458595 >>> entre em contato para shows e eventos. #fyadub #fyashop #discogs #vinyl #vinil #recordshop #reggae #originalpress #dancehall #7inch #10inch #12inch #lp #roots #ska #rocksteady #earlyreggae #stepper #digikiller #dub #jazz #hiphop #fyadub13anos #fyashop10anos #luizmelodia #congênito #musicapretabrasileira
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Vida e Sucesso

Luiz Melodia nasceu em 7 de janeiro de 1951 no Morro do Estácio, comunidade na qual homenageou durante toda sua carreira musical, com composições como “Estácio Holly Estácio” e “Estácio eu e você”.

Filho único de Oswaldo e Eurídice, Melodia foi descoberto pelos poetas Torquato Neto e Wally Salomão. Wally sugeriu que Gal Costa gravasse “Pérola negra” em seu álbum “Gal a todo vapor”, de 1972, emplacando de vez a carreira do compositor, que era reconhecido pela ousadia de se enveredar pelo samba, choro, rock, forró, soul e o blues em um único trabalho.


Em 2014, Luiz Melodia lançou o 14º e último álbum de sua carreira, o “Zerima”.

Por Clara Cerioni - Artigo original publicado @ http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/luiz-melodia-morre-aos-66-anos-no-rio-de-janeiro-diz-site/


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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

"ELE ERA DA CASA REAL DA ETIÓPIA" - A OBRA DE JORGE BEN E O FLUXO DE IDEIAS E INFLUÊNCIAS NOS DOIS LADOS DO ATLÂNTICO NEGRO


Jorge Benjor é um dos artistas com uma das carreiras mais longevas da chamada MPB, pois seu primeiro álbum foi lançado em 1963 e até presente o momento este cantor e compositor continua em atividade. Jorge é bastante conhecido por canções alegres e positivas, como País Tropical, ou composições de temática lírico amorosa como Chove Chuva. Entretanto, menos conhecidas em seu cancioneiro são as canções em que aciona uma identidade negra orgulhosa calcada em uma ancestralidade africana.

Em 1976, Jorge Ben 2 lança África-Brasil, um de seus mais famosos álbuns. Não por acaso fazem parte deste trabalho canções como Cavaleiro do Cavalo Imaculado, Xica da Silva, Ponta de lança africano (Umbabarauma) e a canção-título do Long Play. 3

Em 2010, uma nova versão de Umbabarauma 4 é lançada, desta vez em parceria com artistas mais jovens como Mano Brown, Céu e Thalma de Freitas. Junto com a canção os produtores lançam um documentário contando o percurso desta regravação. Neste, Jorge explica a razão de ter dado este nome ao álbum:

“Eu participei de um festival na Argélia e (...) participei várias vezes de festival da juventude e eu ficava assim intrigado porque eu era o único músico brasileiro a ser chamado num festival de música africana. Eles falavam que gostavam do meu estilo de tocar, do suingue da música, da maneira de tocar o violão e a guitarra, porque era tudo percussivo e eu era convidado por isso e eu quis fazer essa homenagem... Esse disco”. 5


Pelas matérias de jornais e revistas da época, não foi possível localizar uma referência a este festival que Jorge menciona antes de 1976, quando lançou o álbum. Entretanto há sim referência a uma apresentação de Jorge na Argélia em 1985. É possível que tenha se apresentado antes de 1976 neste país como também é possível que se trate de um “deslocamento de memória”, ou seja, que o artista deslocou no tempo os acontecimentos num processo muito comum as memórias coletivas e individuais. Como nos lembra Alessandro Portelli, ao analisarmos as narrativas que os sujeitos constroem para si, é preciso atentar para o fato de que nem sempre nos deparamos com “o que a pessoa de fato fez, mas o que ela queria fazer e o que ela pensava estar fazendo”(PORTELLI: 1991,06). Tais relatos são muito mais subjetivos do que fáticos, o que não é um problema metodológico. O que importa neste caso não é data exata em que Jorge de fato foi à África, mas sim a sua intenção de fazê-lo. 6 O jornal O Globo em 1985 noticiou o recebimento de um telex do embaixador Leite Ribeiro, da Argélia: É com grande alegria que levo a você meu depoimento entusiasmado sobre o grande sucesso de Jorge Ben e da Banda do Zé pretinho no Festival da Juventude. Conhecido pelos especiais (...) de televisão e por seus discos, que com frequência são vistos e ouvidos na Argélia, aquele bom artista brasileiro (...) conseguiu conquistar este público, com sua primeira apresentação ao vivo, concorrendo com isso, para afirmar ainda mais a boa imagem do Brasil. 7

Em todo caso, há uma notícia de 12/03/1974 do Jornal O Globo que indica que o artista ganhou de presente da gravadora, por conta dos seus seus 10 anos de carreira, uma viagem ao continente africano, mais especificamente à Etiópia “para conhecer seus parentes”. 8 Visitar a terra de sua mãe é algo que sempre esteve no horizonte deste artista. Em 1970, Jorge Ben já dizia que pretendia viajar para “pesquisar” ritmos etíopes. 9 Esta ancestralidade africana, etíope, aparece em diversas de suas composições como em Criola, onde Jorge diz sua mãe é “filha de nobres africanos”. Izabel Guillén aponta como os ancestrais são importantes na construção da identidade dos sujeitos negros, como são exemplos a serem seguidos nas lutas cotidianas, no combate ao racismo e na busca por uma sociedade mais justa para negros e negras (GUILLEN: 2013, 01-02). O nome que este cantor e compositor escolheu usar em sua carreira artística também evidencia esta intenção de reverenciar seus ancestrais: Jorge Ben é a inversão do nome de seu avô etíope, Ben Jorge, como declarou em 1963 à Revista do Rádio. 10 Nesta mesma ocasião é questionado sobre seu estilo musical e mais uma vez se remete as suas origens: “Dizem que se chama ‘afro-bossa-nova’”. 11



Em entrevista a revista Trip em 2009, Ben fala sobre sua família:

"Minha ascendência por parte de mãe é etíope. Agora, por parte de meu pai, é uma mistura de europeus. A família toda dele é branquinha, minha vó era branca, dizem que era austríaca. Meu pai era moreno, nasceu no Brasil já misturado. O resto da família é tudo claro, e eu sou mesclado porque misturou com minha mãe, a África." 12

Jorge, neste caso, está aludindo à formação miscigenada do povo brasileiro para construir uma determinada auto representação. Embora esta ideia de miscigenação do africano, do europeu e do indígena ressoe em Jorge Ben e ele a acione eventualmente, A narrativa que permeia suas canções de maneira mais forte é a da sua identidade negra. Alessandro Portelli nos ajuda a pensar sobre as definições de mito. Para ele o mito não seria:

(...) necessariamente uma história falsa ou inventada: é, isso sim, uma história que se torna significativa na medida em que amplia o significado de um acontecimento individual (factual ou não), transformando-o na formalização simbólica e narrativa de auto representações partilhadas por uma cultura (PORTELLI: 1991, 120-121)

Assim o fato de o artista afirmar ser descendente de africanos e de europeus está em consonância com esta representação mítica coletiva brasileira. Esta narrativa construída pelo cantor de modo algum é falsa, entretanto é bastante significativa. A ancestralidade africana, essa ideia de “Mãe África”, é evocada constantemente pelo artista e ressoa de modo mais forte em suas composições. Segundo entrevista do ano de 1995 a TV Cultura, Jorge declarou ter tido contato direto com essa herança musical:

Eu queria falar disso também... Por parte da minha mãe... Muito, muito... Porque eu ouvi muito, muita música etíope, cantos etíopes através da minha mãe, com batuques dos parentes. Eu era menino, criança, eu ouvia um som, eles falavam numa língua que eu não entendia e o batuque e isso foi misturando tudo. 13


É importante assinalar que quando se refere à Etiópia, a terra de sua mãe, Jorge está se referindo a um país com características únicas naquele continente. Este Estado foi o único país africano a rechaçar com sucesso o ataque de uma nação europeia em finais do século XIX. Naquele contexto, em que as ideias imperialistas vigoravam, os Estados do “velho mundo” se lançaram ao continente africano em busca de territórios onde pudessem ter um mercado consumidor exclusivo e ao mesmo tempo garantir o fornecimento de matérias primas. Desta forma, em um contexto onde o “continente negro” encontrava-se “loteado” entre países como França, Inglaterra, Bélgica, entre outros, a Etiópia conseguiu resistir e vencer uma invasão italiana ao seu território. Além disso, o povo etíope se orgulha de ser detentor de tradições milenares: os soberanos etíopes descenderiam do Rei Salomão e da Rainha de Sabah. Desta união teria nascido Menelik, o primeiro imperador etíope. 


A primeira guerra ítalo-etíope aconteceu em 1896. A vitória dos abissínios, nome pelo qual também é conhecido aquele povo, sobre os italianos se deu na batalha de Adua, quando 100 mil soldados africanos venceram os 16 mil invasores, sagrando o “negus” (imperador) Menelik II vencedor e chamando a atenção do mundo para o Império Negro. É sucedido por seu neto Ilyasu V, entretanto este é deposto por um conselho de nobres por conta da suspeita de ter se convertido ao islamismo. Assume como imperatriz Zewditu, filha de Menelik II e como regente, o Rás (príncipe) Tafari, em 1917, o esposo de outra das filhas do imperador falecido. Com o falecimento da imperatriz em 1930, Rás Tafari assume como Haile Selassie (“O poder da divina trindade”), cujos títulos eram Sua Majestade Imperial, Imperador Haile Selassie, Eleito de Deus, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judá. O “Negus Tafari” buscou dar continuidade a obra de Menelik II de afirmar a Etiópia como uma grande nação (LOPES: 2006, 319, 435 e 559). 14


No Brasil, e não só, a Etiópia era uma importante referência positiva para os sujeitos negros, pois foi o único país africano não envolvido no tráfico europeu de escravos e que em um primeiro momento venceu o colonialismo. Em São Paulo, um dos mais antigos órgãos da imprensa negra paulista foi O Menelick, fundado em 1915, cujo nome era uma homenagem ao imperador etíope que antecedeu Tafari Makonen (LOPES: 2006,345). Este último é também um importante modelo para os sujeitos negros da Diáspora. De acordo com os ideais do panafricanismo, formulados pelo jamaicano Marcus Garvey, o povo da Etiópia era considerado um povo eleito por Deus, por conta desta crença de que descendem da Rainha de Sabá, cuja ascendência remete à Cam e, portanto, ao Noé bíblico. 15 O garveysmo, por volta de 1925, profetizava o surgimento de um messias na Etiópia que viria a salvar todo o povo negro. Seus seguidores associaram esta figura a Haile Selassie quando este subiu ao trono em 1930. Destas associações e rearticulações do garveysmo e dos princípios da Igreja Ortodoxa Etíope surgiu o rastafarianismo, uma doutrina filosófico-religiosa cujo principal personagem é o Ras Tafari. 


Por conta da constante reverência que Jorge presta a sua ascendência Etíope, eventualmente Jorge é caracterizado por jornalistas, críticos e pelo público como “herdeiro direto da música africana”. 16 Em outro caso chegou a ser classificado como descendente da “família real da Etiópia”, uma caracterização anedótica feita pelo rapper Mano Brown:

Fazia muito baile na nossa casa lá. Baile e samba. E no baile e no samba ouvia-se e tocava Jorge Ben. Tinha uma lenda [entre seus familiares] que ele era um príncipe. ‘Não, ele é filho de um príncipe. Alguma coisa ele é’ [diziam] (...) ‘Ele é um príncipe Etíope’. Tinha gente que achava que ele era da família real da Etiópia. 17

Selassie também é tema de uma canção de Jorge em que se refere à terra de sua mãe. Nesta composição o imperador é caracterizado como “Leão de Judá” e descendente da rainha de Sabá. 18


Neste fluxo de idas e vindas do Atlântico Negro (GILROY: 2001) é necessário lembrar também do Caribe. Após a visita de Haile Selassie à Jamaica em 1966 cresce o rastafarianismo naquela ilha. Tal doutrina influenciou fortemente o grupo The Waillers, do qual fazia parte Bob Marley. Este cantor jamaicano musicou quase que literalmente um discurso de Selassie a ONU em 1968 na canção War (1976), onde critica o colonialismo e o racismo: “Until the philosophy which hold one race/ Superior and another inferior/ Is finally and permanently discredited and abandoned/ Everywhere is war, me say war”. 19

Bob Marley influenciou outros artistas negros ao redor do mundo, incluindo Gilberto Gil que no final dos anos 1970 começou a introduzir algumas influências de Reggae em sua estética sonora.

As guerras de libertação nos países africanos e a luta contra o apartheid da África do Sul também ecoaram na obra de Tim Maia que em 1976 gravou a canção Rodésia: Em Guiné-Bissau/ Não está legal/ Muito menos na Rodésia/ África do Sul/ Pegue o sangue azul/ Mande para as cucuias/ Só assim vão ver/ Que o preto é bom/Mas é valente também (...). 20 Maia cantou não só a África que “chega” no Brasil, mas o Brasil que “vai” à África.

Um pouco antes do álbum em que Rodésia foi lançada, o cantor Sebastião Rodrigues Maia lançou dois álbuns na chamada “fase racional”. Neste período, o artista era adepto da doutrina filosófico-religiosa “cultura racional”. No seu álbum Racional vol.2, o artista comemorava a difusão desta doutrina nos países africanos lusófonos: “Eu vim aqui para lhe dizer/ Eu vim aqui para lhe dizer/ Que eles agora estão /Numa relax/ Numa tranquila/ Numa boa (...) / Lendo os livros da Cultura Racional/Guiné Bissau/ Moçambique e Angola”. Interessante notar que após esta fase racional, Maia “desperta” para a situação dos países africanos e se “contradiz”: “Em Guiné Bissau/Não está legal”. 21


Retomando a análise do álbum África-Brasil, as referências ao “continente negro” aparecem também nas composições Cavaleiro do Cavalo Imaculado, onde São Jorge é alçado ao posto de “príncipe” de toda África; na canção que dá nome ao LP, onde se remete a ideia de realeza africana contando a história de uma princesa africana que foi vendida no Brasil como escrava e anunciando a chegada de Zumbi como um Deus redentor; e Ponta de lança africano (Umbabarauma). Sobre a última, Jorge declarou no documentário de 2010 de onde veio à inspiração para esta canção:

Morei na França. Ficava entre França e Inglaterra. Eu e meu primeiro grupo, o Admiral Jorge V, e foi a primeira vez que vi esse jogador, negro, Umbabarauma. (...) E o ponta de lança é porque ele jogava com a Camisa 10. 22


Poderia ser dito de maneira simplista que o fato de Jorge Ben ser descendente de Etíopes enseja nesta evocação de uma ancestralidade africana. Entretanto, o mais indicado seria dizer que este indivíduo escolhe reverenciar e valorizar suas heranças africanas. Mesmo dizendo que tem também ancestrais europeus, o artista pouco fala sobre isso. Escolhe, por exemplo, ao morar na Europa e assistir as disputas entre times europeus, homenagear o jogador africano em vez de quaisquer outros jogadores, que certamente em sua maioria eram europeus. Esta evocação é um ponto determinante na elaboração da sua identidade enquanto sujeito negro. E este processo não é isolado, pois diversos outros artistas no Brasil e no mundo, neste período fazem esta evocação. A África foi, é e continua sendo usada como um “banco de dados” (SANSONE: 2002) de forma criativa e é uma força central para a cultura produzida por sujeitos negros ao redor do mundo.

Cabem aqui algumas considerações sobre identidade. Para Ulpiano Menezes identidade deriva do radical grego idios que faz referência a “si próprio”, “privado” (MENEZES: 1993, 208). Assim, a identidade enseja “semelhanças consigo mesmo”, sendo mais um processo de reconhecimento que de conhecimento. Segundo Frederick Barth, para que exista a semelhança é necessário que exista a diferença e por isto a identidade é dada pelo contraste (BARTH apud MENEZES: 1993, 209). É importante também demarcar que a identidade não é algo estático, pelo contrário, é dinâmico. Está sempre em transformação, como nos lembra Stuart Hall: a identidade cultural deve ser pensada como uma “produção” que nunca se completa, que está sempre em construção(HALL: 1996, 68). E que se constrói a partir de referenciais coletivos, baseadas na história comum e nos padrões de cultura partilhados. Esta operação de busca do passado ou de o “redescobrir”, em geral tende a ter um quadro referencial pouco refratário a mudanças, desta forma sujeitos como Jorge Ben tendem a buscar o passado grandioso do Império Etíope. E também a louvar modelos idealizados do que seriam os africanos, como a construção que Jorge faz de Zumbi ou até mesmo do ligeiramente africanizado São Jorge, caracterizado como “Leão do Império/Príncipe de toda África”.


Ainda segundo Hall, as identidades não são uma simples operação de “recuperar o passado” a fim de garantir uma percepção do grupo acerca de si mesmo, mas, sobretudo, são os nomes que o indivíduo ou o grupo dão as posições que tomam frente às narrativas do passado (HALL: 1996, 68). Este passado vai sendo reconstruído atendendo as necessidades do presente, assim quando Jorge reverencia e valoriza a sua ascendência etíope, é uma posição política de afirmar a sua identidade com um sujeito negro orgulhoso de um passado nobre e valoroso.

Retomando a questão do quadro de referenciais fixos, proposto por Hall, grosso modo, se construiu uma visão de as culturas negras de origem africana, tem algumas características comuns. Por exemplo, o músico negro Paulinho da Viola em entrevista ao Pasquim em 1970, ressalta que a música negra teria como características o ritmo e o improviso. Por isso Jorge Ben aciona esta ideia quando tenta explicar o porquê foi convidado a se apresentar na Argélia. Porque seu violão é “rítmico”, “percussivo”, diz o artista. Sua caracterização de Zumbi é também informada pela visão idealizada do que seria o homem africano ou afrodescendente: guerreiro, bravo. A África cantada por este artista é também uma idealização. É a Etiópia de sua mãe e de Haile Selassie. Uma terra de nobreza. É importante notar que diferente de Tim Maia ou de Bob Marley, Ben não costumava articular imagens das guerras contra o colonialismo ou das guerras civis. Esta construção é eminentemente política como toda identidade o é. E seus objetivos são a valorização de uma estética e de uma autoestima negras.


Citações:

Alexandre Reis - Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Bolsista CAPES.
2 Até 1984, este músico usava o nome artístico Jorge Ben. E pretendo usar este nome por conta do recorte da dissertação. Eu quero ver quando Zumbi chegar: política, identidade e relações raciais na obra de Jorge Ben (1963-1976). O trabalho atual é uma versão adaptada do capítulo IV da referida dissertação.
3 África-Brasil. 1976. Philips.
4 Parte da letra da canção: Umbabarauma homem-gol (...) /Umbabarauma homem-gol/Joga bola, joga bola Corocondô/ (...) Essa é a história de Umbabarauma/ Um ponta de lance africano/ Um ponta de lance decidido/ Umbabarauma.
5 UMBABARAUMA: o documentário. Direção: Felipe Briso. NSW. 2010(15 min). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Ryz0FLoMXbo. Consulta em 02 de novembro de 2013.
6 “Tel us not just what people did, but what they wanted to do, what they believe they are doing, and they now they did”. Tradução livre minha. Preferi usar a expressão “deslocamento de memória” a “ucronia” que o autor usa especificamente para casos em que a memória muda o sentido original do fato ocorrido. No caso de Jorge só mudou a data e não o sentido. PORTELLI. 1991. Pg. 50.
7 O Globo. Segundo caderno. Pg. 06. 1985.
8 O Globo. 13/03/1974. Segundo Caderno. Pg.06.
9 Revista Veja nº 70. 07/01/1970. Pg. 65.
10 Revista do Rádio. Ed. 732. 1963.
11 Revista do Rádio. Ed. 732. 1963.
12 Revista Trip nº 183. 2009. Disponível em http://revistatrip.uol.com.br/revista/183/paginas-negras/o-homempatropi.
html. Consulta em 02 de maio de 2013.
13 Entrevista de Jorge Ben Jor no Programa Roda Viva (18/12/1995). TV Cultura.
14 Folha de S. Paulo. 24/05/1971. Pg. 02; O Globo. Caderno: “Em todo Globo”. Pg. 01.
15 Marcus Garvey pregava também o retorno da diáspora e, por conseguinte, voltar à África chegando a fundar uma companhia marítima para este fim. Até hoje alguns dos pilares do rastafarianismo são o culto a Selassie e volta à terra dos ancestrais. LOPES, Nei. 2006. Pg. 295.
16 Jornal do Brasil.30/081969. Primeiro caderno. Pg. 02.
17 Provavelmente este “mito“ se originou no fato de Jorge homenagear sua mãe dizendo que ela seria filha denobres africanos na canção Criola (1969). UMBABARAUMA – o documentário... Op. cit. 2010.
18 Não vou aprofundar essa análise porque esta canção é dos anos 1990.
19 “Até que a filosofia que sustenta uma raça/ Superior e outra inferior/ Seja finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada /Haverá guerra, eu digo guerra/”. Tradução livre minha.
20 Rodésia do álbum Tim Maia. Polydor Records. 1976.
21 Do álbum Racional. Vol. 2. Seroma. 1976.
22 Umbabarauma: o documentário. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=Ryz0FLoMXbo. Consulta em 24 de fevereiro de 2014.


Bibliografia:

BARTH, Frederick. Los grupos étnicos y sus fronteras México: Fondo de 1968. Cultura Econômica apud Ulpiano. A problemática da identidade cultural nos museus: de objetivo (de ação) a objeto (de conhecimento). Anais do Museu Paulista. SP, USP, n.1, 1993. p.p. 207-222

GILROY, Paul. O atlântico negro. Rio de Janeiro, Editora 34. 2001.

GUILLÉN, Izabel. Ancestralidade e oralidade nos movimentos negros de Pernambuco. Comunicação apresentada no XXVII Simpósio Nacional de História. Julho de 2013. Disponível em http://snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364666404_ARQUIVO_Ancestralidadeeoralidadeanpuh.pdf. Consulta em 06 de novembro de 2013.

HALL, Stuart. Identidade Cultural e Diáspora. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n.24, p.68-75, 1996.

LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora africana. São Paulo. Selo Negro. 2006.

MENESES, Ulpiano. A problemática da identidade cultural nos museus: de objetivo (de ação) a objeto (de conhecimento). Anais do Museu Paulista. SP, USP, n.1, 1993. p.p. 207-222

PORTELLI, Alessandro. “The best garbage man in town: life and times of Valtero Pepollono, worker” In: The death of Luigi Trastulli and others stories: form and meaning in oral history. 

Albany: State University of New York Press. 1991.

SANSONE, Lívio. Da África ao Afro: uso e abuso da África entre os intelectuais e na cultura popular brasileira durante o século XX. Revista Afro-Ásia n°27(2002).
Leia também: “EU QUERO VER QUANDO ZUMBI CHEGAR” - Negritude, política e relações raciais na obra de Jorge Ben (1963-1976).



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