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quarta-feira, 4 de maio de 2016

RASCLAAT - ENTRE OS CEGOS, SURDOS E MUDOS DA IGNORÂNCIA



Eu nos últimos tempos tenho extremo receio em publicar certos textos, como os artigos do 'Rasclaat', que era periódico até meados de 2011, então já lhe aviso... Se só gosta de música ou textos relacionados a música, pule para outra matéria. Hoje, com tudo que anda acontecendo é difícil ficar inerte a tudo e a todos. O blog ou site (ou qualquer nome infeliz que dê a um canal como esse), deixou no decorrer do seu retorno um lado mais protestante, que devo dizer, infelizmente no Brasil ter postura é forma de desrespeito a ignorância alheia.

Acredito, piamente que o Brasileiro é condicionado a ser braçal. Ele é educado e condicionado culturalmente a ser braçal e laboral, de forma pragmática. Um dos maiores valores familiares é o acordar as 06h e chegar as 20h. Qualquer tipo de trabalho, que fuja a duas figuras preponderantes - autoridade e subordinado ou de forma simples; empregado e patrão, é ser dito ou achincalhado de vagabundo. Que na expressão popular, vagabundo deixou de ser alguém que não gosta de trabalhar, para ser alguém que não tem valor.


Falo isso de mente e coração muito abertos, e sem pudor algum de dizer que é uma forma genérica, e há exceções nesse pragmatismo cultural. E se você não se enquadra, nessa braçalidade e laboralidade... Parabéns, discuta, escreva, publique ou compartilhe algo relacionado que faça mais pessoas abrirem sua terceira visão, seus pensamentos e ideias, que façam entenderem o quão grave nossos problemas são, e o quão estão enraizados nos valores (ou falta deles) familiares e culturais do nosso país. 

A intelectualidade, por sua grande maioria, é menosprezada já por definição histórica na escola, principalmente por uma visão deturpada do que é boa ou má educação - bom aluno é o que decora, mal aluno é o que não se adapta ou não se condiciona a imposição. Essa condição é definida a pertencer aos mais abastados. Ou seja, patrão mandou, você age. O professor falou, você acata. A policia chegou, você obedece - até porque o único papel da polícia é resguardar os interesses do Estado (seja federal, estadual ou municipal). A graduação praticada aqui não é educação, jamais foi, e é o modelo de ensino mais falho que existe, porque se fosse bom, não precisava do FIES... Todos estudariam em faculdade pública ou teriam condições de pagar pelo ensino privado. E provavelmente não teriam eleito políticos através da democracia = voto, que desviassem dinheiro da educação para outras áreas de interesse próprio egocêntrico.

Mas, um dia em uma aula qualquer de história lhe disseram que vivemos em uma democracia, e isso basta. Mas nenhum professor (que eu conheça) jamais citou e ensinou o que o genocídio indígena e africano causou aqui, e não disse nada para ninguém na sala se sentir culpado ou em choque. E lhe disseram que você é livre para concordar com o que a cartilha do professor diz, e afirmar que o que está ali está certo, até ai você pode ter certeza que vive em uma democracia. Na discordância, sanções serão aplicadas a sua pessoa, ao passo de perder direitos, dinheiro, ou cargo.


Atualmente, a Presidente Dilma (ou presidenta como ela prefere), passa pelos crivos dos valores (ou a falta deles como disse) e cultura brasileira. Já na primeira candidatura dela, já dizia que ela mais me parecia uma criatura de laboratório com fins de substituição de seu mestre Lula. E me dê os parabéns, porque estou certo. Mas, no decorrer já de uma década e meia, o PMDB se tornou um algoz de Dilma, que aparentemente é uma obra inacabada do Dr. Frankestein, o duvidoso Lula. Uma observação, não usarei termos como PMDBostas, PSDBestas ou PTralhas nesse texto, e essa será a única vez.

"...e devemos sempre deixar bem claro que nenhum de nós, brasileiros, é contra o roubo. Somos apenas contra ser roubados." - Millor Fernandes (A Bíblia do Caos - Novo Evangelho)

Pois bem, chegamos ao fundo do tacho num governo - na crise existencial brasileira (dita econômica e política por alguns estudiosos) acho que ainda não é metade do abismo. E isso é mostra da face majoritária do povo brasileiro, já que os políticos eleitos são escolhidos pelo povo em sua maioria, e esse político o representa por no mínimo quatro anos, apesar de que alguns ali que estão há mais tempo na cadeira, do que muitos brasileiros tem de vida. E essa é a definição que eu aceito como democracia; um sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas. Poder concedido pelo povo por meio de representação pelo voto. E a partir desse ponto, o poder de certo e errado, bom e ruim, bonito e feio, é determinado por esses eleitos.

Um outro lado, é que existe um imenso resquício da ditadura no Brasil. Muitos vivem os preceitos básicos ditatoriais que eu vivi, e vejo muitos praticando essa ditadura do lar em coisas simples; por exemplo na educação dos filhos, onde responder, questionar, não concordar, expor, opinar, ou qualquer demonstração de insatisfação é visto como uma ofensa a quem quer que seja. Repito eu vivi isso, e boa parte dessa geração dos dias de hoje, aparentemente é tão ditadora quanto as que praticaram o golpe dos anos 60.


Dependendo do quão alto seja a obsessividade por uma ideia/conceito, independente de qualquer razão, fato ou qualquer coisa do tipo, alguém pode dizer que o céu e é azul, mas se a outra parte estiver com interesses em jogo, e para que não seja dado o tal 'golpe' a pessoa ter de afirmar que o céu é rosa, não adianta quão científico, quão forte seja a prova, essa pessoa por questões pragmáticas e culturais vai dizer que o céu é rosa e ponto, e você o enxerga azul é porque é oposição, e consequentemente vai dar o golpe.

Essa presidente, que considero ser medíocre e incompetente no cargo, foi traída pelos valores cancerígenos, onde na traição vale chute baixo, dedo no olho e puxar o cabelo. E como bons brasileiros, que mudam de ideia após os 14 meses do segundo tempo (quis dizer mandato), ela é vitima do descompromisso que não é ensinado na escola, mas é dispensado a reveria entre uma parcela de políticos e de cidadãos comuns, justamente pelos valores e cultura.
Minha única visão e concordância sobre essa mulher, é que ela não deveria ter sido eleita. Concordo quando ouço que um governo ruim, ou má gestão não é motivo para interromper um mandato eleito. Mas algo por trás, dessa democracia - que considero fajuta e nada me leva a crer que se relaciona com liberdade, e somente está atrelada ao voto, que somente é dado pelo mesmo motivo que conluio, ou base de governo, como políticos insistem em chamar.


A presidente, ameaçada de perder seu cargo, na singela opinião desse que escreve, acompanha e lê muito, sai pela falta dos mesmos (três) motivos que alguém é eleito, contratado ou promovido a um cargo; grau relativo de intimidade e amizade - ou a falta delas (pior câncer da gestão seja pública ou privada é o padrão fisiologico imposto - determinante do que é relativamente bonito ou feio) e pelo nepostismo; pelo interesse maligno - de tirar proveito de algo ou alguém por tempo indeterminado; e pelo dinheiro em espécie. Ou seja, continuamos na mesma, mesmo depois das "diretas já." É a maioria pagando pelo interesse da minoria. 

No quesito interesse, eu divido em dois; os interesses próprios egocêntricas e os interesses comuns. Um exemplo de interesse próprio egocêntrico é a máfia da cultura, com os editais, muitos querem, poucos tem acesso, e a massa com paga a fanfarra de pão e circo com qualidade duvidosa. Nenhum edital é aprovado por qualidade do trabalho proposto, mas pelo câncer já citado grau relativo de intimidade e amizade. O outro interesse é o comum, aquele que faz bem a todos as partes interessadas ganham; quem produz, o governo e quem consome.

Outro ponto é a competência duvidosa da presidente, que é de uma relatividade sem proporção (lembre do inicio do texto sobre intelectualidade desvalorizada), e essa competência é algo raso em muitos cargos de gestão. O fato do pedido de impeachment (palavra francesa para impedimento), são as tais pedaladas fiscais*. Se você sabe só um pouquinho sobre balanço de caixa, vai ser fácil entender que a maior lambança que pode ser feita em balanço fiscal, em qualquer caixa, é essa tal "pedalada."

* A "pedalada fiscal" foi o nome dado à prática do Tesouro Nacional de atrasar de forma proposital o repasse de dinheiro para bancos (públicos e também privados) e autarquias, como o INSS. O objetivo do Tesouro e do Ministério da Fazenda era melhorar artificialmente as contas federais.

Agora a causa. A causa é que acabou o dinheiro. Finito, findou-se, acabou-se, fodeu-se. Esse governo é um governo que confundiu a palavra "investir" com "gastar", e o PT gasta bem. E é impossível gastar com as ações sociais, as ações culturais - vide a deturpação da Lei Rouanete e todos os editais em governos e municípios, prejudiciais a diversos investimentos privados em cultura (seja ela qual for), além de torrar o dinheiro nas agências regulamentadoras para pagar todo o cabide de empregos que o conluio do PT e PMDB fizeram no governo - são muitas siglas para citar, e infelizmente não vai sobrar dinheiro para pagar as contas. Não existe matemático, nem mesmo do gabarito de Newton e Liebniz, que  poderiam explicar como se pagar as contas gastando mais do que se arrecada.

Ao que propor solução para essa lambança toda e ganhar meu voto, e mostre uma forma de realizar de fato, que penso ser um mínimo razoável para aquilo que um político que se propõe que e somente e simplesmente a representatividade pelo voto: Redução de impostos (em média 50% do preço de tudo são impostos), com essa redução aumentamos a produtividade e competitividade com o exterior; Redução dos juros (usura), que faz o governo se endividar e só quem lucra são os bancos; Controle do câmbio, que tudo que consumimos é cotado em dólar; farinha, combustível, eletrônicos, automóveis, etc.; Olhar para o norte do país, e ao menos minimizar o impacto da seca. Simples não é?... Utópico também.

Eu não voto há 20 anos, e somente vou votar em quem apresentar uma proposta que seja do meu interesse comum, não para privilegiar determinado grupo, ou etnia, ou religião, ou que faça conluio para vantagem própria, e por isso PSDB, PT e PMDB são frutos da mesma moeda, a diferença é que um está no poder há uma década e meia e o outro há 40 anos.  Veja as citações abaixo; ambos dizem a mesma coisa, e qual a diferença? Um é um intelectual o outro um boçal, mas ambos tiveram o mesmo interesse no poder. Álias, todos seguem a mesma cartilha de canalhice e mentira no poder.

"Se os amigos pode se tornar inimigos, os inimigos podem se tornar amigos." - Graduação Asiática - Ensinamentos dos 31 Mestres - Cap. 14

FHC, Dilma, Lula, Sarney, Collor e o Mosca
"Um pensamento ativo é aquele que, baseado em princípios fundamentais constantes, é capaz de reinterpretar a realidade face às mudanças cotidianas de um mundo em ação." - Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso

"Eu não mudei ideologicamente. A vida é que muda. A cabeça tem esse formato justamente para as ideias poderem circular." - Ex-Presidente Lula (2003)*


Bom, eu estou longe dos discursos dos  Lobões e do Ticos SantaCruzes, e da ideologia metamórfica de quem não pega trem nem ônibus, e aliás "nóis é pobre," - apelo para o discurso muito usado quando alguém me chama ainda hoje pra tocar e não quer pagar cachê ou ter desconto em discos. E nessa correlação, em determinado ponto, num almoço me perguntaram; "Mas você já saiu as ruas?"... Mas que c@#@&%, eu desafio você que foi a Paulista, contra ou a favor desse governo medíocre, utilizar o trem da CPTM que sai de Rio Grande da Serra, e pegar ele na estação Santo André (SP) até o Brás as 07h da manhã. São 40 minutos de espera para conseguir entrar em um vagão e ser espremido, ou seja, ainda quer falar de sair as ruas protesto. Trabalhar nessas condições é um protesto. Mulheres reclamarem do assédio é um protesto. E essas condições sub-humanas impostas, sejam pelo PMDB, PT ou PSDB, fazem o povo nas metrópoles e no norte do país sofrerem. Infelizmente não são todos que podem regar protestos entre uma Heiniken ou Stella Artrois na frente da FIESP. "Nóis é pobre" lembra?.. E trabalhamos amanhã (enquanto tivermos emprego).

E o engraçado, ou trágico, é que nós somos um dos países que mais consomem celular na face da terra, e não temos uma marca nacional de aparelho celular. Nós somos um dos países que mais abrigam fábricas automotivas no mundo, e não temos um carro nacional. O cúmulo da burocracia na abertura de uma empresa e tanto, que chega a ser uma missão impossível sustentar um negócio com tanta carga tributária, somada a tarefa inumana de se fechar um negócio nesse país, há não ser pela falência. Mas enquanto isso, somos o país onde todos os principais canais de comunicação pertencem (ainda hoje) a poucas famílias e subfiliadas, mesmo sendo contra a Constituição.


Antes, dizia que deveríamos nos livrar da mentalidade escrava, que deveríamos mudar as concepções de servidão alienada, e deixarmos de nos contentar com as migalhas que caem da mesa da babilônia. Hoje, mudei o raciocínio, e digo que precisamos mudar a mentalidade escravagista da grande massa; banir da nossa educação familiar a soberba imposta de quem come mal, vive mal, estuda mal e trata mal as pessoas - o típico Domingos Jorge Velho; abolir a mentalidade da superioridade europeia (nós não somos europeus), acabar com o melindre de quem se ofende ao se discordar ou ser apontado, das relações e conluio maléficos, e realmente aprimorar a relação de compromisso e responsabilidade - principalmente no "combinado não sai caro". Essas posturas impregnadas do subconsciente em nada melhoraram a nossa vida no decorrer dos últimos 50 anos.

Alguns ainda flutuam na espiritualidade nula, em fábulas com alusão a um céu e um inferno, outros estão tão desinteressados devido ao pingo de dinheiro que  a máquina do sistema faz na sua conta bancária, e ainda dizem #naovaitergolpe. Eu digo que não há golpe, o Supremo diz que é válida a posição, e você poderia ter pedido o impedimento da Presidente, assim como eu, é um direito garantido ao cidadão comum na Constituição de 1988 - Parte 1. Nesse descambo político e fiscal, só se deixa expoente crise de interessados em permanecer ou tomar de assalto o poder.


Nessa Constituição (que 99% das  pessoas que conheço nunca a leram) - até porque é de uma linguagem e complexidade sem precedentes. Além de considerar que essa Constituição dever ser a Parte 1 de uma trilogia; Parte 1 - Direito, Parte 2 - Deveres, e a Parte 3 - Capítulo Final. Não há como ter equilíbrio só com direitos, sem se ter noção de deveres. E o nosso nesse momento, é buscar alternativas a curto e médio prazo para limpar o lixo despejado no nosso futuro. Depende sempre mais de nós mesmos, porque não adianta um povo corruptível, ou suscetível a corrupção reclamar de um sistema corrupto. Porque acredito que todo mundo tem um preço, mas tem quem se vende por bem menos do que se imagina; um seguro desemprego, um bolsa família, um edital... quem sabe né!


Que Allah tenha misericórdia de todos nós. Paz a todos!


* “Nunca antes na história deste país”, de Marcelo Tas, Editora Panda Books.


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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A SERVIDÃO MODERNA [DOCUMENTÁRIO]

A Servidão Moderna

"De la Servitude Moderne"
(França - Colômbia, 2009, 52min - Direção: Jean-François Brient)

A servidão moderna é uma escravidão voluntária, consentida pela multidão de escravos que se arrastam pela face da terra. Eles mesmos compram as mercadorias que os escravizam cada vez mais.

Eles mesmos procuram um trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado, se demonstram estar suficientemente domados. Eles mesmos escolhem os mestres a quem deverão servir. Para que esta tragédia absurda possa ter lugar, foi necessário tirar desta classe a consciência de sua exploração e de sua alienação. Aí está a estranha modernidade da nossa época.

Contrariamente aos escravos da antigüidade, aos servos da Idade média e aos operários das primeiras revoluções industriais, estamos hoje em dia frente a uma classe totalmente escravizada, só que não sabe, ou melhor, não quer saber.

Eles ignoram o que deveria ser a única e legítima reação dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que se planejou para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça.





segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

QUEBRANDO O TABU [DOCUMENTÁRIO]

"Quebrando o Tabu" fuma, mas não traga...
Por Cynara Menezes - http://www.cartacapital.com.br/politica/quebrando-o-tabu-fuma-mas-nao-traga/

Terry Southern, um dos grandes nomes da contracultura norte-americana, tem um conto intitulado “Red-Dirt Marijuana”, que li traduzido em espanhol como “La Rica Marihuana”, uma espécie de “modo de usar” da maconha em formato de ficção. Como um “Huckleberry Finn” de Mark Twain em versão “ervoafetiva”, Southern narra a história da amizade entre um garoto branco e seu amigo mais velho, negro, empregado da fazenda onde ambos vivem.

Impressionado ao ver algumas vacas meio sonolentas largadas pelo pasto, o guri ouve do rapaz: “Sinal de que deve ter erva por perto”. De fato, os amigos descobrem alguns pés de maconha nas proximidades, logo colhidos pelo negro, que coloca a planta para secar e depois começa a separá-la em dois montes diferentes. O garoto pergunta: “Por que você está fazendo isso?” E ele: “Essa daqui é a maconha fraca, que posso fumar para trabalhar o dia inteiro, de sol a sol, sem me cansar. E esta aqui é a maconha forte, para fumar no domingo, quando não quero nem saber de trabalho”.

É uma história que diz muito sobre as diferentes formas de usar maconha. Há pessoas que conseguem inclusive fumar e trabalhar; e há outras que preferem utilizar a erva só nas horas de folga, para não misturar trabalho com estados alterados de consciência. Há quem fume cotidianamente; e há quem fume ocasionalmente. Este tipo de percepção sobre a droga não costuma aparecer em pesquisas sobre a maconha para não dar destaque ao fato de que a maioria dos “maconheiros” fuma baseados com “fins recreativos”. Existem estudos indicando que 95% dos usuários da maconha sejam recreativos.

O principal problema do filme “Quebrando o Tabu”, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendendo a descriminalização da maconha, é justamente ignorar o uso recreativo. A premissa do documentário dirigido por Fernando Grostein, irmão de Luciano Huck, é que o usuário não pode ser preso porque é um doente, não um criminoso. A certa altura do filme, FHC diz: “Uma pessoa que fuma maconha de manhã cedo tem sérios problemas psicológicos”. Será mesmo? Eu própria conheço gente que fuma antes de trabalhar e não aparenta ter problema algum. Se você prestar atenção, verá algumas vezes pessoas fumando baseado no trânsito a caminho do trabalho. É mais comum do que se imagina.

FHC diz que tem estudado o tema da maconha, mas não parece ter muita idéia do que está falando. Ele confessa, bem no comecinho do documentário, que errou em sua política de drogas quando foi presidente. Em seguida, aparece Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, também admitindo que errou. Pena, porém, que a honestidade intelectual do filme acabe aí. No afã de demonstrar que o tucano é um globetrotter que circula com desenvoltura entre celebridades, o documentário prioriza depoimentos de ex-presidentes como os americanos Clinton e Jimmy Carter, o colombiano César Gaviria e o mexicano Ernesto Zedillo, além do escritor Paulo Coelho e do galã de Hollywood Gael García Bernal.

Só aparece um depoimento de usuário de maconha, um rapazola que fala das dificuldades de se comprar a erva enquanto enrola um baseado. Há outros depoimentos de viciados e ex-viciados em heroína, droga que o próprio filme faz questão de destacar que tem um poder de adicção mil vezes maior do que a maconha. Ora, se uma das intenções do documentário é descolar o uso da erva do vício em outras drogas, por que aproximar um usuário do outro? O heroinômano cabe no modelo “doente”, que precisa de tratamento e não de cadeia. O maconheiro, não.

Faltou ao filme de FHC um depoimento honesto como o da atriz Maria Alice Vergueiro no ótimo curta “Tapa na Pantera”, de Esmir Filho: “Fumo todos os dias há 30 anos e nunca viciei”. Faltaram usuários dizendo que fumam porque querem relaxar ou simplesmente porque gostam de fumar. Uma defesa sincera da descriminalização da maconha passa, sim, pelo fato de que irá reduzir a violência, como defende o filme de FHC. Mas é preciso falar que a maconha precisa ser descriminalizada também porque é uma planta e pode ser cultivada em casa, porque tem finalidades terapêuticas que precisam ser aproveitadas e pesquisadas, e porque está comprovado cientificamente que é menos nociva para a saúde do que o álcool e o tabaco, que são liberados.

Assim como fez o chapa de FHC, Bill Clinton, “Quebrando o tabu” fuma maconha, mas não traga. Sua defesa da descriminalização é superficial e é desonesto intelectualmente ao ignorar o usuário recreativo de maconha. Não adianta vir com a desculpa de que este seria um caminho mais curto para a descriminalização –tipo o acusado que assina uma confissão para ter uma pena menor. Não. Chamar os que fumam cannabis de doentes é tão equivocado quanto dizê-los criminosos. E o que o debate sobre a descriminalização da maconha no Brasil menos precisa é de hipocrisia.


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Escolhi postar a critica da Cynara Menezes, menos acida que a minha, que num breve parágrafo, resumo o documentário como a maior propaganda política que vi nos últimos anos... ao invés de 1 hora de duração, são 01h20min numa tentativa exacerbada de adquirir o voto do usuário de maconha numa sintaxe onde ele não é o foco, e sim a política em volta do usuário que faz o voto do mesmo ser promissor. A classe trabalhadora do "Lulismo", foi remodelada para uma Classe Usuária de Drogas - principalmente a maconha pelos tucanos de FHC. - RAS [fyadub]






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