domingo, 8 de abril de 2012

OPERAÇÃO MARÉ VERMELHA DA RECEITA FEDERAL

Compartilhando a informação com os clientes do fyashop e amigos que fazem importação de discos ou o que quer que seja. 

A Receita Federal intensificou a fiscalização nos produtos importados, aparentemente eles abrem cada caixa buscando filtrar exatamente o que está sendo importado e evitar valores fraudulentos. 

Pois bem, em agosto de 2010 o Governo Lula (o mais escandaloso e corrupto desse país) disse que para o crescimento seriam liberadas importações para uso pessoal como câmeras fotográficas, celulares e relógios, etc... >>> leia http://www.senado.gov.br/portaldoservidor/jornal/jornal117/utilidade_publica_free.aspx

A ação obviamente foi pensada para a Copa, já que com a abertura do mercado e a valorização do real, o número de viagens e a importação de produtos cresceria absurdamente - não podemos para o progresso não é? 

Pois bem, a decisão durou pouco mais que um ano e meio, o Governo Dilma no final do mês passado, no dia 19/03/2012 colocou em ação a operação Maré Vermelha, que faz o pente fino em todas as importações e tributações dos produtos, verificando detalhadamente o conteúdo de cada embalagem.

Agora, "querida" Presidenta Dilma, é fácil diminuir a importação do país, não é necessário criar recessão, aumentar para 60% as taxas sobre carros importados, pente fino em encomendas, todas essas ações que tentam acabar com o livre mercado e privar o cidadão de buscar melhores preços e condições de compra - sem falar na qualidade, já que praticamente tudo fora custa metade ou bem menos do que aqui no nosso querido Brasil. 

Basta a senhorita, ao invés de taxar absurdamente todos os produtos nacionais para pagar sua dívida interna e externa - devido a usura aplicada pelos bancos, basta reduzir os impostos e seus gastos. 

Recebemos como descendentes de escravos que somos, mas pagamos impostos como se fossemos suíços. 

Brasil, país bom de acabar em imposto e juros.


Maré Vermelha: Receita anuncia maior operação contra fraudes aduaneiras da história
A Receita Federal deflagrou dia 19/03 a maior operação contra fraudes no comercio exterior da história. A Operação Maré Vermelha anunciada pelo secretário Carlos Alberto Barreto no porto do Rio de Janeiro vai aumentar o rigor nas operações de comércio exterior em razão do do volume crescente de importações e o consequente aumento do crescimento do comércio desleal, que inclui a prática de fraudes como o subfaturamento, a triangulação e a utilização de falsa classificação fiscal que resultam em situações predatórias ao setor produtivo nacional. Para Barreto “a Operação Maré Vermelha é dinâmica e poderá incorporar outros setores da administração pública.”

Para viabilizar o maior controle aduaneiro a Receita anunciou a inclusão de novos parâmetros para as operações de importação de mercadorias e setores considerados de interesse para a economia nacional, em especial, bens de consumo não duráveis, tais como vestuário, calçados, brinquedos, eletroeletrônicos, bolsas, artigos de plástico, artigos de toucador, dentre outros.

De acordo com a Receita os resultados esperados com a operação são o aumento da presença fiscal e da percepção de risco para os fraudadores, assim como o aumento de retenções e apreensões de mercadorias, o aumento do recolhimento de tributos e multas e a redução das operações danosas ao setor produtivo nacional.

Cerad - Durante o anúncio da operação o secretário Carlos Alberto Barreto comunicou a inauguração do Centro Nacional de Gerenciamento de Risco – Cerad, unidade especial da Receita situada na cidade do Rio de Janeiro, que coordenará os processos de inteligência e análise de risco operacional das atividades de fiscalização aduaneira em todo o país. Para o secretário “o Cerad tem estrutura pequena mas contará com alta tecnologia e trabalho em rede com todo o país.”

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sexta-feira, 6 de abril de 2012

ORIGEM PAGÃ DA SEMANA SANTA



Introdução

Jesus representa o elo comum entre as duas religiões com maior quantidade de adeptos no mundo, o Cristianismo e o Islamismo. O seguinte estudo da mensagem de Jesus e sua pessoa se baseiam neste vinculo. É nosso desejo que através deste estudo, tanto muçulmanos como cristãos entendam melhor o significado de Jesus e a importância de sua mensagem.

No entanto, para que possamos identificar com precisão a verdadeira mensagem de Jesus, temos que manter um ponto de vista objetivo ao decorrer da investigação. Não devemos deixar que as emoções ofusquem nossa visão e termine nos cegando da verdade. Devemos prestar atenção a todos os temas de maneira racional e separar a verdade da mentira – com ajuda do Todo Poderoso.

Quando vemos a quantidade de falsas religiões e crenças desviadas que existem no mundo e o empenho com que seus seguidores sustentam essas crenças, se torna evidente que essas pessoas não podem encontrar a verdade devido o seu compromisso cego com essas crenças. Seu obstinado apego normalmente não está baseado em um entendimento intelectual dos ensinamentos, mas sim em poderosas influências culturais e emocionais. Dado que foram criados em uma família ou sociedade em particular, agarrando-se assim firmemente as crenças dessa sociedade, crendo que esta contém a verdade.

A única maneira em que podemos encontrar a verdade sobre qualquer coisa é encará-la de maneira lógica e sistemática. Primeiro, devemos pesar as evidências e depois julgá-la mediante a inteligência que Deus nos deu. No mundo material, a inteligência é fundamentalmente o que distingue os humanos dos animais, os quais agem meramente por instinto. Depois de determinar qual é a verdade objetiva, devemos nos comprometer com ela emocionalmente. Sim, há lugar para o compromisso emocional, mas este deve vir depois de uma compreensão racional de todos os assuntos. O compromisso emocional é essencial, dado que é evidência de um verdadeiro entendimento. Quando alguém entende plena e corretamente a realidade do assunto, está preparado mentalmente e espiritualmente para sustentar com força essa realidade.

No Islam é proibido celebrar qualquer festividade ou acontecimento que tenha origens pagãs o que no tenham uma evidência nos textos das fontes do Islam: O Alcorão e a Sunnah.

Disse Allah [significado em português]: “E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Allah. Ora, eles nem o mataram nem o crucificaram mais isto lhes foi simulado. E, por certo, discrepam a seu respeito estão em duvida acerca disso. Ele não tem ciencia alguma disso, senão conjeturas que seguem. E não o mataram seguramente”. [Surah An-Nissa’ 4: 157]. Ao comparar este versículo do Sagrado Alcorão com as diferentes celebrações realizadas durante a Semana Santa, em especial as da Igreja Católica, o muçulmano e o sincero buscador da verdade, não podem senão desconfiar e questionar a autenticidade destes atos. Um argumento comum apresentado por aqueles que apóiam estas tradições disfarçadas em formas de culto, é que estas não têm relação alguma com o paganismo e que elas estão sustentadas pela Bíblia e a tradição cristã. Também alegam que os muçulmanos e os críticos, ao não acreditarem na autenticidade absoluta da Bíblia, carecem de autoridade para defender os seus argumentos.

É neste sentido que achamos conveniente reproduzir a opinião dos seguidores do cristianismo e da Bíblia que se opõe e debatem por sua vez, com evidências históricas e escrituras consideradas válidas pela tradição judaico-cristã sobre celebração da Semana Santa.



Páscoa, Quaresma, Jejum e Abstinência

Na língua portuguesa, a palavra “Feira” anexa no dia da semana tem sua origem na Idade Média devido à liturgia católico-romana a qual se chamava“Feria”. O domingo é derivado do latim “dies Dominica”, dia do Senhor, considerado o último da semana para os cristãos. Ou seja, o sétimo, quando Deus descansou da criação do mundo. Era no dia da missa [domingo] que havia maior aglomeração de pessoas e, por isso, os agricultores se reuniam em torno da igreja para vender seus produtos - o primeiro dia de feira. O dia seguinte, consequentemente, era o segundo, a segunda-feira. E daí por diante até chegar o sábado, cuja origem é o termo hebraico “shabbatt”. Por iniciativa de Marinho de Dume, que denominava os dias da semana da Páscoa com dias santos em que não se deveria trabalhar, originando os nomes litúrgicos. E“feira” ficou sendo o nome dos outros dias. Essa é a origem dos nomes dos dias da semana no Português.

Mas se olhamos antes dessa mudança na época do português arcaico, vemos que a palavra usada antes da troca era “Venúsia”. Portugal foi o único país do mundo que adotou os dias da semana derivados quase “ipsis literis” do Latim eclesiástico. Os nomes antigos dos dias da semana, dados por outros povos não foram seguidos na língua portuguesa, última das línguas romanas a se formar. Apenas algumas comunidades no século VI, do atual território português, e que falavam um português arcaico, usaram nomes de origem pagã e tais nomenclaturas não chegaram a constituir a língua portuguesa de fato.

A palavra “Venúsia” [Friday em inglês] deriva do nome “Freija” [saxão], a qual era conhecida como deusa do amor, da beleza e da fertilidade pelos antigos pagãos [Fausset, pág. 232, artigo “Fish”]. Seu símbolo de fertilidade era o peixe, considerado sagrado por essa deusa. O peixe era conhecido como o símbolo da fertilidade desde a antiguidade. Da mesma forma também entre os antigos babilônios, os persas, os fenícios, chineses e outros [Dicionário de símbolos]. A própria palavra “Peixe” deriva da palavra “Dag” [hebraico], que significa aumento da fecundação [Fausset, pág. 232]. A razão pela qual o peixe foi usado como símbolo da fertilidade é pelo simples fato de que o peixe tem um alto índice de reprodução. O bacalhau, por exemplo, põe em média nove mil ovos, e outras espécies inclusive colocam de dez mil e até um milhão de ovos por ano. Por esta razão, o peixe tem sido símbolo da fertilidade e foi associado pelos romanos com Freyja, a deusa da fertilidade, cujo dia comemorativo era na sexta-feira. Daí vem à palavra inglesa “Friday”, que significa “Venúsia” no português arcaico e “Sexta-feira” nos dias de hoje; assim começamos a ver o significado das sextas-feiras e dos Peixes.

A deusa da fertilidade era chamada de “Venus” pelos gregos. Sendo deste nome derivado às conhecidas palavras “venérea” de “doença venérea” [Fausset, pág. 232]. A sexta-feira [venúsia no português arcaico] era considerada como seu dia sagrado [Fausset, artigo “Peixe”], porque se acreditava que o planeta Vênus reinava sobre a primeira hora deste dia e por isto era chamado “Dies Veneris” [dia de Vênus]. E para um maior esclarecimento, o peixe era considerado a oferenda consagrada a ela[Fausset, pág. 205]. Vênus e Freyja eram originalmente a mesma deusa e ambas provinham da original deusa-mãe da Babilônia. O peixe era considerado consagrado a Astaroth, o nome sobre o qual os israelitas utilizavam para adorar a deusa pagã [Fausset, pág. 205]. No Egito antigo, Isis era frequentemente representada com um peixe na cabeça.


A Páscoa Pagã

A palavra “Páscoa” aparece na Bíblia. A origem da palavra é “Pascha”[Hebraico “Pessash”; Grego “Páscha”], a festa prescrita por Jeová [Levitico 23: 27-44] como Sábado de Expiação em memória a saída do povo de Israel do Egito. Nas regiões Nórdicas, assim como também na América Latina, oDomingo de Páscoa é celebrado com vários costumes que provém da Babilônia, tais como o de pintar ovos de diferentes cores, estes são escondidos para que as crianças os achem para comê-los. Mas de onde provém este costume? O ovo era um símbolo sagrado usado pelos babilônios! Eles acreditavam em uma velha fábula sobre um ovo enorme que acreditava-se ter caído do céu no Rio Eufrates. Deste maravilhoso ovo – de acordo com essa historia – foi concedida a deusa Astarte. Por isto, o símbolo do ovo chegou a ser associado a esta deusa [no idioma inglês se usa “Easter” para Páscoa] [Fausset, pág. 105]. Da Babilônia – a mãe das falsas religiões – a humanidade se encheu destas crenças e toda a terra recebeu a influência da idéia do ovo místico; por isto encontramos o ovo sendo um símbolo sagrado para muitas nações:

  • Os antigos druidas carregavam um ovo como emblema sagrado de sua fé idólatra [Fausset, pág. 108].
  • A procissão de Ceres, em Roma, era precedida por um ovo [Enciclopédia das Religiões, de J.G. Forlong, volume: 2 - pág: 13].
  • Na religião de mistérios de Baco se consagrava um ovo como parte na cerimônia festiva. Na China, até hoje, continua-se usando ovos coloridos em seu festival sagrado.
  • No Japão, um velho costume consiste em colorir os ovos sagrados de forma muito brilhante. No Norte da Europa, em tempos pagãos, os ovos eram usados como um símbolo da deusa Astarte [Easter - que significa Páscoa em inglês].
  • Entre os egípcios, o ovo é associado ao sol – “o ovo dourado” – [idem, pág: 12]. Seus ovos coloridos eram usados como oferenda de sacrifício durante as festas de Astarte [Crenças Egípcias e pensamentos modernos, de James Bonwick, pág: 24].
  • No Brasil encontramos também a colomba pascal, o coelho, a compra de roupas novas e o ovo, porém a partir do Séc. XVIII surgiu o ovo de chocolate na Páscoa, em substituição aos ovos duros e pintados que eram escondidos nas ruas e nos jardins para serem caçados.


Na Enciclopédia Britânica diz: “O ovo, como um símbolo de fertilidade e de renovação da vida, provém dos antigos egípcios e persas, que também tinham por costume colori-los e comer-los durante seu festival de primavera”. [pág: 859, artigo “Easter”].

Da mesma forma, neste caso, foi feita a analogia que da mesma forma que um pintinho sai do ovo, Cristo saiu da tumba! Desta maneira os líderes da igreja disseram a seu povo que o ovo era um símbolo da ressurreição de Cristo. O papa Paulo V decretou uma oração em conexão com o ovo:“Abençoado, oh Senhor, te pedimos, que esta tua criação de “Ovos” seja o sustento para teus servos, comemo-los em memória de nosso Senhor Jesus Cristo”. [As Duas Babilônias, pág: 110].


A Páscoa Pagã

Outro costume da Páscoa é a celebração do culto “ao amanhecer”. A opinião comum é que este ato em honra de Cristo é porque ele ressuscitou na manhã do Domingo de Páscoa “ao sair do sol”. Porém já temos visto que a ressurreição de Cristo não ocorreu ao amanhecer, já que estava escuro quando Maria Madalena chegou ao sepulcro no primeiro dia da semana “No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro” [João 20: 1]. Ao contrário, havia um tipo de culto pagão ao amanhecer conectado com a “adoração ao sol”.

No Antigo Testamento, o povo escolhido por Deus foi levado prisioneiro para a Babilônia devido sua mescla de paganismo e o culto ao sol. Deus lhes mostrou isto através de Ezequiel. “Então levou-me para o lado de dentro do Templo de Javé, e junto à entrada do Templo de Javé, entre a entrada do santuário e o altar, estavam vinte e cinco homens, de costas para o Templo de Javé, virados para Nascente a adorar o Sol”. [Ezequiel 8: 16]. Aqui vemos o povo que havia conhecido a Deus, permitiu esta mescla de culto solar entrasse e corrompesse seu culto ao verdadeiro Deus.

Os rituais relacionados com o amanhecer – de uma forma ou doutra – eram conhecidos em inúmeras nações. Os que construíram a Esfinge no Egito, o fizeram para que cuidasse do nascimento do sol que nasce do lado Oriente. Do monte Fuji-Yama [Japão] as pessoas rezam voltadas para o Oriente. Os peregrinos oram a seu sol nascente, enquanto escalam os lados da montanha… “Às vezes, podem-se ver centenas de peregrinos do Shinto [Xintoísmo] com suas túnicas brancas, saindo com suas sombrinhas cantando ao sol nascente” [A História do Culto Mundial, pág: 330]. E os “mitraistas”[1], pagãos de Roma, se reuniam ao amanhecer em homenagem de seu deus solar.

Voltando ao capítulo 8, versículo 17 de Ezequiel, quando o profeta viu 25 homens olhando para o Oriente ao amanhecer, não se importavam muito que seu costume estivesse misturado com outro culto. Mas devido a isto, Deus disse a Ezequiel: “Ele disse-me: Estás a ver, criatura humana? E a casa de Judá acha pouco praticar todas estas abominações que aqui fazem! Eles ainda enchem o país de violência, provocando a minha ira. E aí estão eles a aproximar o raminho do nariz”.

Este ritual de colocar algo mal cheiroso no nariz das pessoas era também relacionado com o amanhecer do sol no Oriente. Este era um ritual idólatra de colocar um ramo no nariz ao amanhecer, enquanto cantavam hinos ao sol nascente [Fausset, pág: 304]. Existe algum indicativo de que estes atos foram conduzidos durante a “Primavera”? Sim, existe! Na verdade, o mesmo Nome de “Easter” [Páscoa em inglês] vem da deusa da “Primavera”. Desta palavra saxônica temos em palavra “Leste”, que é o lugar onde nasce o sol.

Em Ezequiel 8: 14 lemos: “Depois levou-me até à entrada da porta do Templo de Javé, que dá para o Norte, onde estavam mulheres sentadas, a chorar pelo deus Tamuz”. E logo nos versículos seguintes, Ezequiel viu os ritos ao sol. De modo que inclusive as pessoas que conheciam a Deus, estavam misturadas com a religião da Babilônia, lamentando com Ishtar [2], a “mãe”, o deusTamuz [3] morto, seu filho. Isto fazia parte do festival de primavera [o renascimento da nova vida da vegetação, etc.], representando assim, a vinda do deus Tamuz desde o fundo da terra. E juntamente conectando com estas festividades primaveris, estavam os ritos nos quais homens olhavam [contemplavam] para o Leste, ao sol nascente. A Enciclopédia Britânica diz:“O Cristianismo incorporou em sua celebração da grande festa cristã muitos dos rituais e costumes pagãos do festival de primavera idólatra” [volume: 7, pág: 859, artigo: “Easter”].

A evidência é clara: o presente costume da Semana Santa não é cristão. Seus costumes são simplesmente uma mescla de paganismo com cristandade. Alguns acreditam que podemos tomar estes costumes e usá-los para honrar a Cristo. Apesar de tudo isso, a maioria dos cristãos se lembra de Cristo durante esta época? Embora os pagãos adorassem o sol voltados para o Leste, não podem os cultos da Páscoa ao amanhecer ser em homenagem a ressurreição de Cristo? Acaso não ressuscitou realmente o Senhor no domingo pela manhã? E apesar do ovo ser usado pelos pagãos, não podemos continuar com seu uso para simbolizar a grande rocha redonda que estava na frente do tumulo? Em outras palavras, muitos acreditam que podemos pegar todas estas idéias e crenças pagãs e ao invés de colocá-las em pratica com os deuses falsos, elas devem ser usadas em forma de glorificação a Cristo.

À primeira vista, parece ser um bom raciocínio, mas esta idéia de adicionar costumes pagãos ao culto cristão está absolutamente condenada pela Bíblia! Aqui está o que nela se menciona: “… presta atenção a ti mesmo! Não te deixes seduzir; não imites essas nações, depois de elas terem sido eliminadas diante de ti. Toma cuidado em não procurar os seus deuses, dizendo: “Como é que estas nações adoravam os seus deuses? Vou fazer a mesma coisa!”. Não procedas dessa maneira para com Javé teu Deus, porque elas faziam aos seus deuses tudo o que é abominação para Javé, tudo o que Ele detesta. Essas nações chegaram até a queimar os próprios filhos e filhas aos seus deuses! Cuidai de pôr em prática tudo o que vos ordeno, sem nada acrescentar ou tirar”. [Deuteronômio 12: 30-31 e 13: 1]. Está claro então, nosso Deus não quer que acrescentemos nem que retiremos nada de seu culto além daquilo que Ele mesmo estabeleceu. Ele não quer que usemos costumes e rituais que os pagãos usaram, mesmo que argumentemos que isso seja em Sua honra.


[1] s.m. (Mitra, np+ismo) Culto de Mitra, divindade solar persa, um dos gênios do masdeísmo (zoroastrismo).

[2] Ishtar é a deusa dos acádios ou Nammu, dos antecessores sumérios, cognata da deusa Asterote dos filisteus, de Isis dos egípcios, Inanna dos sumérios e da Astarte dos gregos. Mais tarde esta deusa foi assumida também na Mitologia Nórdica como Easter – a deusa da fertilidade e da primavera.

[3] Tamuz ou Tammuz, é o nome de um mês hebraico, porém quando citado na Bíblia, se não que, é o nome da divindade homônima, o deus da primavera e florescimento, que segundo a mitologia babilônica, reinava durante os três meses da primavera.

A Quaresma

Tendo adotado o festival pagão da primavera do Ishtar ou Páscoa na Igreja, naturalmente foi adotado também o antigo costume do “jejum” que precede o festival da primavera. Este período de quarenta dias antes da Páscoa é conhecido como “Quaresma”. Em épocas passadas, nestes quarenta dias eram levados através de lamentações, choros, jejum e martírios para o deus Tamuz– a fim de renovar seus favores – para que ele saísse do centro da terra, terminasse o inverno e causasse o início da primavera. De acordo com as antigas lendas, o deus Tamuz tinha quarenta anos quando foi morto por um porco selvagem. Assim que quarenta dias – um para cada ano que viveu na terra – foram escolhidos para “chorar pelo deus Tamuz”. A realização desse período em honra a este deus não era conhecida somente na Babilônia, mas também pelos fenícios, pelos egípcios e por uma época, inclusive entre o povo escolhido por Deus quando caiu em apostasia. “No dia cinco do sexto mês do ano seis, estava eu sentado em casa, com os anciãos de Judá sentados na minha presença, quando sobre mim pousou a mão do Senhor Javé. Tive nesse momento uma visão: era uma figura com aparência de homem. Daquilo que seria a sua cintura para baixo, parecia fogo; e da cintura para cima, algo que parecia um brilho faiscante. Ele estendeu uma espécie de mão e pegou-me pelos cabelos. O espírito transportou-me entre o céu e a terra e, em visões divinas, levou-me a Jerusalém, até ao lado de dentro da porta que dá para o Norte, lá onde estava a imagem que tanto provocava o ciúme. Eis que lá estava a glória do Deus de Israel, tal como eu tinha visto no vale. Ele disse-me: “Criatura humana, olha para o lado Norte”. Olhei na direção do Norte, e lá estava, ao Norte da porta, à entrada, o altar do ídolo que provoca ciúme. Então Javé disse-me: “Criatura humana, vês o que eles fazem? As abominações que cometem aqui para Me afastar do meu santuário? E ainda verás abominações mais monstruosas”. Depois levou-me até à porta de entrada, e eu vi que havia um furo na parede. Ele disse-me: “Criatura humana, abre um buraco na parede”. Abri um buraco na parede e vi uma porta. Ele disse-me: «Entra para veres as abominações que eles aqui praticam”. Entrei e vi imagens de toda a espécie de répteis e animais nojentos, todos os ídolos imundos da casa de Israel gravados nas quatro paredes. Havia também setenta homens, anciãos da casa de Israel. Jezonias, filho de Safã, era um deles. Estavam todos de pé, de frente para aquelas coisas, cada um com o turíbulo na mão queimando incenso. Subia uma nuvem perfumada. Ele disse-me: “Estás a ver, criatura humana, o que os anciãos da casa de Israel fazem às escondidas? Cada um tem um oratório cheio de imagens, pois dizem: “Javé não nos vê; Ele já abandonou o país”. Então Ele falou mais uma vez comigo: “Irás vê-los fazer abominações ainda piores”. Depois levou-me até à entrada da porta do Templo de Javé, que dá para o Norte, onde estavam mulheres sentadas, a chorar pelo deus Tamuz. Ele disse-me: “Viste, criatura humana? Pois verás abominações piores que estas!”. Então levou-me para o lado de dentro do Templo de Javé, e junto à entrada do Templo de Javé, entre a entrada do santuário e o altar, estavam vinte e cinco homens, de costas para o Templo de Javé, virados para Nascente a adorar o Sol. Ele disse-me: “Estás a ver, criatura humana? E a casa de Judá acha pouco praticar todas estas abominações que aqui fazem! Eles ainda enchem o país de violência, provocando a minha ira. E aí estão eles a aproximar o raminho do nariz. Por isso Eu também vou agir com ira. Não terei compaixão nem pouparei ninguém. Então eles invocarão aos gritos, mas Eu não lhes darei ouvidos”. [Ezequiel, capitulo 8].

Quarenta dias de abstinência ou Quaresma era conhecido e praticado pelos adoradores do demônio no Curdistão, pelos que herdaram o costume da primavera de seus mestres, os babilônios [As Duas Babilônias, pág:104]. Este costume era conhecido também entre os pagãos mexicanos, os quais costumavam fazer “jejum de quarenta dias em homenagem ao sol” [Indagações mexicanas, pág: 404, vol:1, Humboldt]. “Entre os pagãos – disse Hislop – esta Quaresma parece ter sido indispensável antes do grande festival anual em memória da morte e ressurreição do deus Tamuz”. [As Duas Babilônias, pág: 105].

Quando o paganismo e o cristianismo foram mesclados, pouco a pouco aQuaresma pagã foi unida à igreja que a praticava. Era alegado que isso servia para honrar a Cristo e não aos deuses pagãos. Durante o século 7, o papa instituiu oficialmente a Quaresma, chamando-a “Festa Sagrada” e sacramento [tornando oficial] ela ao povo, instituindo o ato de não comer carne durante este período.

Naturalmente, as pessoas que não entendem o mistério contido em tudo isto, pensam que o período da Quaresma e os dias de “abstenção” são de origem cristã. A verdade é que a Bíblia e a história antiga ensinam o contrário.

Observação:

Antes de entrarmos no texto, devemos entender que a maioria destas estórias, mitologias e criações pagãs se deram no velho mundo, mais tarde em decorrência da expansão marítima, surgiu à colonização e exploração de novas terras, a procura de novas rotas de comércio, o trafico de escravos, etc.; dessa forma, estes tais rituais pagãos se espalharam pelo mundo através destas pessoas, onde em muitos casos, foi através da imposição de sua cultura e costumes sobre os povos subjugados. Sendo assim, o foco de toda essa pesquisa esta situado geograficamente no velho mundo, mais particularmente na Europa [hemisfério norte].


A Páscoa Católica

Vamos dar uma olhada na Páscoa. O que significa o termo Páscoa por si só? Não é um nome cristão, mas sim de origem Caldeia[1]. Páscoa é nada mais do que Astarte, um dos títulos de Bêlit, a rainha dos céus, cujo nome foi dado pelo povo de Nínive, foi, evidentemente, idêntico ao novo uso comum na cidade. Esse nome, encontrado por Layard nos monumentos assírios, éISHTAR [Layard Nínive and Babylon, pág. 629]. O culto de Baal e Astarte foi muito recentemente introduzido na Grã-Bretanha, ta como os Druidas, “os sacerdotes das árvores”. Muitos imaginaram que o culto Druida foi originalmente introduzido pelos Fenícios, que, séculos antes da era cristã, negociaram as minas de estanho de Cornwall. Mas os traços inequívocos de sua adoração são encontrados em regiões das ilhas Britânicas, onde osFenícios jamais entraram, e que deixou marcas indeléveis em todos os lugares de forte vínculo, que deve ter ocorrido na mente da recente Grã-Bretanha. De Baal, o 1 de maio ainda é chamado Beltane no Almanaque[Edinburgh Oliver & Boyd's Almanac, 1860]; e ainda conservamos costumes que persistem até hoje, o que prova quanto ao culto de Baal e Moloch [já que ambos os títulos correspondem ao mesmo deus] tem sido praticado na região nordeste do arquipélago britânico.Se Baal era adorado dessa forma na Grã-Bretanha não é difícil acreditar que sua esposa Astarte era também adorado por nossos antepassados, e que deAstarte, cujo nome em Nínive era Ishtar, as solenidades religiosas da forma como é praticada atualmente são chamados pelo nome da Easter [Páscoa], neste mês nosso ancestrais pagãos chamava, a Páscoa de – Monath. A abstinência de quarenta dias da Quaresma foi diretamente retirado dos adoradores da deusa babilônica. Tal como a Quaresma de 40 dias, “na primavera do ano” [outono na América Latina], é feito ainda pelos Yeziris ou adoradores do demônio do Curdistão [Layard’s Niniveh and Babylon, pág: 93], que herdaram de seus primeiros mestres, os babilônios. Tal Quaresma era mantida por culturas pagãs mexicanas, pois desta forma podemos ler emHumboldt [Mexican Research, volume 1, pág: 404], onde ele fala sobre essa prática mexicana: “Três dias após o equinócio da primavera, inicia um jejum solene em honra ao sol”. Tal Quaresma era realizada no Egito, como visto emWilkingson’s Egyptians Antiquities, volume 1, pág: 278. Nesta Quaresma de 40 dias somos informados por Landseer’s Sabean Researches, pág: 212. Era mantido expressamente em comemoração de Adonis ou Osiris o grande deus mediador ao mesmo tempo a violação de Prosérpina [correspondente na Grécia a Perséfone], parece ter sido comemorado de forma semelhante, porque Julius Firmicus nos informa, uma vez que “40 dias”, o “Gemido de Prosérpina”, continuou [De errore, pág. 70] e Arnóbio de Sica aprendemos que o jejum que os pagãos realizavam, chamado “Castus” ou o jejum“Sagrado”, era realizado pelos Cristãos em sua época, acreditava ter sido essencialmente uma imitação de um longo jejum de Ceres, quando, por muitos dias, ela decididamente se recusava comer por “Excesso de Magoa”[Violentia Mœroris] [Arnobius, Adversus Gentes, lib. ver pág: 403]. Isto é devido à perda de sua filha Prosérpina, quando foi levada por Plutão, o deus do inferno. Como as histórias de Baco, ou Adonis e Prosérpina, embora inicialmente distintas, foram feitas para unir e se encaixar, para que Bacofosse chamado Liber e sua esposa Ariadne, Libera [que foi um dos nomes de Prosérpina, segundo Smith's Classical Dictionary, “Liber and Libera”, pág: 381] [Olvid, Fasti, lib. 3. l. 512, volume 3, pág: 184]. É altamente provável que o jejum da Quaresma foi realizada depois em referencia a ambos, entre os pagãos esta Quaresma parece ter sido uma preliminar indispensável para a grande festa anual que comemora a morte e ressurreição de Tamuz, sendo esta celebrada alternadamente entre lágrimas e alegria. Em muitos países foi consideravelmente após o festival Cristão sendo realizada na Palestina eAssíria em junho, sendo chamado de “Mês de Tamuz” no Egito em meados de maio e na Grã-Bretanha dentro do mês de abril. Para conciliar os pagãos ao Cristianismo nominal, prosseguindo com sua habitual política, tomou medidas para obter que as festas pagãs e Cristãs se unissem através de uma adaptação complicada, foi encontrado dificuldade em conseguir que paganismo e o Cristianismo em geral já mergulhados na idolatria como em muitas outras coisas, porém através de um habilidoso ajuste no calendário eles apertaram as mãos. O instrumento no cumprimento dessa união foi o“abade Dionísio, o pequeno [525 E.C.[2]]”, a quem devemos, como os cronologistas modernos têm demonstrado que a data da era cristã ou o nascimento de Cristo foi transferida quatro anos após o nascimento.

Quando a adoração de Astarte estava em ascensão, foram tomadas medidas para conseguir a Quaresma Caldea completa de seis semanas ou quarenta dias, e tornou-se imperativa dentro de todo o império romano ocidental. O caminho para isto estava preparado pelo Conselho em Aurélia na época do papa Hormisdas, o bispo de Roma, por volta do ano de 519, que decretou que a Quaresma deveria ser solenemente realizada antes da Páscoa.[1] A Caldeia era uma região no sul da Mesopotâmia, principalmente na margem oriental do rio Eufrates, mas muitas vezes o termo é usado para se referir a toda a planície mesopotâmica. O nome provém do latim Chaldaeus, e este do grego Χαλδαῖος, à sua vez do acádio kaldû. O nome em Hebraico éכשדים Kaśdîm.
[1] A Caldeia era uma região no sul da Mesopotâmia, principalmente na margem oriental do rio Eufrates, mas muitas vezes o termo é usado para se referir a toda a planície mesopotâmica. O nome provém do latim Chaldaeus, e este do grego Χαλδαῖος, à sua vez do acádio kaldû. O nome em Hebraico éכשדים Kaśdîm.

[2] Era Cristã.

Tal é a historia da Páscoa. As praticas populares que, todavia acontecem no período de seu longo tempo de celebração confirmam o testemunho da história, a qual descreve atribuem uma origem babilônica. Os bolos quentes logo após a Cruz da Sexta-Feira Santa e os Ovos de Páscoa no Domingo de Páscoa figuram nos ritos Caldeos tal como fazem. A origem dos Ovos de Páscoa é evidentemente claro. Os antigos Druidas tomaram o Ovo como um símbolo sagrado de sua ordem [Davies’s Druids pág: 208]. Na seita dosmistérios de Baco tão celebrado em Atenas, uma parte da cerimônia noturna consistia na consagração de um Ovo. Nas fabulas Hindus celebram seu Ovo mundano de cor dourada [Col. Kennedy, pág: 223]. No Japão as pessoas fazem seu Ovo sagrado de cor bronze [Coleman pág: 340]. Na China, os Ovos pintados são usados em festivais sagrados ainda hoje. Em épocas antigas os Ovos eram usados em rituais religiosos dos egípcios e gregos sendo colocados com propósito místico em seus templos [Wilkingson, vol: 3, pág: 20]. O nomehebraico para ovo é Baitz [ביצה] para masculino, e Baitizan [בֵּיצָה] para o feminino, pois essa palavra possui os dois gêneros. Na região de Caldéia eFenícia o ovo era chamado de Baith ou Baitha, sendo nesses idiomas a forma usual da pronuncia da palavra casa. [A palavra comum “Beth” - “Casa” na Bíblia sem uso de pontuação é “Baith” como pode ser visto com o nome de“Bethel” em Genesis capitulo 35, versículo 1 a 8, onde no versículo 7 é chamado de “El-Betel”]. O ovo flutuando sobre as águas contendo o mundo, era a “casa” flutuando dobre as águas do Dilúvio com os elementos de um novo mundo em sua base. A Igreja Romana adotou este ovo místico deAstarte e o consagrou como um símbolo da ressurreição de Cristo. Uma forma de oração era sempre citada para ser usado em relação a ela, o papa Paulo Vensinava esta oração do Ovo de Páscoa [Scottish Guardian, Abril 1844].

Além do ovo místico, havia outros símbolos da páscoa. A rainha deusa da Babilônia com a romã em sua mão é frequentemente representada nas medalhas antigas na casa de Rimon [Ramman ou Rimmon - Remon na Bíblia ver, II Reis cap: 5, vers: 18] na qual adorava o rei de Damasco – o mestre deNaamã -era uma imagem do templo onde era adorado Rimom ou Astarte a deusa com a romã.

A romã é uma fruta que esta cheia de sementes, sendo usada supostamente como um símbolo na forma de vasilha, a qual as sementes da nova criação eram dentro delas preservadas, pois o mundo tinha de ser semeado por um homem com um animal após a desolação do Dilúvio.

O papado inspira o mesmo sentimento com relação à rainha do céu romano e guia dos devotos ao ver o pecado de Eva

O papado sugeriu o mesmo sentimento em relação à rainha do céu romana e guia para os devotos ao ver o pecado de Eva, sugestão advinda da mesma luz proveniente do paganismo. No ritual da missa, a tarefa mais solene no missal romano é dita seguinte expressão sobre o pecado de nossos primeiros pais citadas nesta apóstrofe: “O Beata, culpa, quoe talem meruisti redemptorem”,“Ó Bendita culpa, a qual fez prcurar o Redentor”. A idéia contida nessas palavras é puramente pagã. Como Roma ama os mesmos sentimentos do paganismo, adotou os mesmos símbolos no seu devido tempo e oportunidade. Como naquele país e na maioria dos países europeus não havia nenhuma romã, algo deveria ser feito para que continuasse a pratica dessa superstição. Então, em vez da romã, foi usada a maça, e assim os papistas da Escócia juntam suas maças e ovos na Páscoa, da mesma forma quando o bispo Gillisde Edimburgo através da vangloriosa cerimônia de lavar os pés de doze irlandeses na Páscoa, e logo ao concluis presenteava cada um deles com dois ovos e uma maça.

Agora, o uso de maça como o representante do fruto da árvore proibida noÉden como vemos, não é uma invenção moderna; essa invenção tem suas origens nos tempos da antiguidade clássica. Os jardins dos Herespidos no ocidente eram admitidos por todos os que estudaram o assunto, o equivalente ao paraíso do Éden no Oriente. Hércules, uma forma de Messias pagão, e não o primitivo, mas o Hércules grego [Herakles] em estado de infelicidade matou e humilhou a serpente, o ser invejoso que corrompeu a humanidade. Aqui, Deus e o Diabo são o mesmo mudando de lugares. Jeová [Javé] proibiu o homem de comer da árvore do conhecimento simbolizado pela serpente e sustentada com um ser maligno enquanto emancipava o homem do jugo deJeová [Javé] e lhe deu o fruto da árvore proibida. Em outras palavras, sob o nome de Hércules [Herakles], é celebrado como o bom e gracioso libertador da raça humana, eis aqui está o mistério da iniquidade. Hoje tudo o que está envolvido no “Maça” sagrada da Páscoa.


A Páscoa Católica

Pasha em latim, Pasja [Πάσχα] no grego, principal celebração anual da igreja Cristã, celebrando a crucificação de Jesus no terceiro dia depois da Crucificação. As origens da Páscoa data do começo do Cristianismo, é provavelmente a pratica Cristã mais antiga depois do Sábado [originalmente praticado o sábado e logo depois o domingo]; o Shabat consequentemente veio a ser praticado como celebração semanal da Ressurreição. O nomeEaster em inglês tem origem incerta; o sacerdote Anglo-Saxão venerava Bedano século 8, que é derivando da deusa Anglo-saxônica Eostra. No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraicoPessach [פסח]. Os espanhóis chamam de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.


O fim da Páscoa

Os Cristãos Ocidentais celebram a Páscoa no primeiro Domingo depois da lua cheia [lua pascal] que acontece um pouco depois do equinócio primaveril [em 21 de março]. Se a lua pascal, que é calculada a partir de um sistema numérico áureo e dias, por acaso não coincidir necessariamente com a lua cheia astronômica, que acontece em um Domingo, o dia da Páscoa será noDomingo seguinte. A Páscoa, portanto, pode cair entre 22 de março e 25 de abril. Esta regra foi fixada depois de muita controvérsia e incerteza, que perdurou em diversos ramos da igreja até o século 8.Na Igreja Ortodoxa Oriental, no entanto, um calculo ligeiramente diferente é feito, com o resultado que a Páscoa Ortodoxa, embora às vezes coincida com a ocidental, pode cair um, quatro ou cindo dias depois.No século 20, possibilidade de uma data fixa para a Páscoa tem sido discutida e apoiada entre alguns Cristãos; a adoção dependeria do acordo sendo obtido através de diversas igrejas. O segundo Domingo de abril foi a data proposta.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

RACISMO E DOMINAÇÃO PSÍQUICA EM FRANTZ FANON Por Thiago C. Sapede

Racismo e Dominação Psíquica em Frantz Fanon
Artigo publicado originalmente em Sankofa, Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana

Ano IV, Nº 8, Dezembro/2011

Dossiê – II Seminário Sankofa

“Descolonização e Racismo: atualidade e crítica”

“Racismo e dominação Psíquica em Frantz Fanon”


Thiago C. Sapede[1]

Este trabalho pretende explorar as ideias do psiquiatra Frantz Fanon sobre o colonialismo, focando-se na esfera psicológica da dominação colonial. Este autor enxerga o racismo como elemento central, operador psíquico da dualidade entre colono e colonizador, branco e negro, no colonialismo. Esse sistema profundo e complexo será observado como alicerce fundamental para a empreitada colonial e a manutenção da dominação europeia sobre “outros” povos. Esta discussão será importante para compreensão do racismo como elemento fundante do processo histórico de construção do ocidente.

Frantz Fanon nasceu em 1925, na ilha da Martinica, colônia francesa desde o século XVII. Era uma ilha povoada majoritariamente por descendentes de africanos escravizados. Aos dezoito anos, Fanon alistou-se no exército francês durante a segunda guerra mundial, lutando no norte da África. Após o fim da guerra, partiu para a França, buscando estudar medicina em Lyon. Fanon recebeu diversas influências intelectuais em sua temporada na França. Dialogou intensamente com o movimento da Negritude, sobretudo com seu conterrâneo Aimé Cesaire e o senegalês S. Senghor. Sua interlocução com Jean-Paul Sartre foi também relevante. Recebeu influência decisiva teórica da psicanálise, muito em voga na França no período, com os seminários de Jacques Lacan. Logo após formar-se em psiquiatria foi trabalhar na Argélia, onde se tornou importante ativista na luta de libertação argelina.

Seus trabalhos fundamentais foram “Pele Negra, Máscaras Brancas”, de 1952 - que escreveu inicialmente como tese para habilitar-se em psiquiatria, mas foi recusado -, e “Os condenados da Terra” de 1961[2]. Abordarei aqui uma das facetas do trabalho de Fanon sobre o colonialismo: a esfera psicológica, dando ênfase à questão do racismo. “Pele Negra, Mascaras Brancas” será nossa principal fonte, pois dialoga mais intensamente com os objetivos desta pesquisa.

Tratarei inicialmente da conceituação de Fanon do termo racismo, feita através do debate com outro psiquiatra estudioso das relações coloniais, Octave Manonni.

Manonni abordou o racismo colonial como uma atitude de indivíduos ou classes específicas. Estudando o caso da África do sul, afirmou que o proletariado branco (que competia por trabalho com africanos diariamente) assumia uma postura muito mais racista do que a elite colonial. Defendeu assim a possibilidade de existirem diversos “graus” de racismo, dependendo do tipo de exploração e da cultura local. Em Manonni, o “racismo” aparece numa concepção mais elástica e superficial, vinculado às atitudes discriminatórias que nascem da “cultura” de uma classe social ou de um povo. O tipo de exploração colonial, para ele, portanto, difere dos outros tipos de exploração. Assim como o racismo colonial não se equivale a outras formas de racismo[3].

A partir das críticas às ideias deste autor, Fanon coloca-se num polo oposto. Para ele, o proletariado branco da África do Sul é racista não por uma especificidade cotidiana ou cultural, mas pelo fato do racismo existir como elemento estrutural na sociedade sul-africana. Tratar-se-ia de uma estrutura muito profunda, que envolve as esferas econômica, social e psicológica. Dentro dessa concepção, uma sociedade que é racista é racista por inteiro, não dependendo dos setores sociais ou culturais nos quais a discriminação emergirá com mais evidência. As atitudes de discriminação diretas são apenas sintomas de um sistema muito mais profundo.

Para Fanon, portanto, aqueles que assumem uma atitude discriminatória não são necessariamente mais racistas do que àqueles que assumem o papel de cumplices passivos dessas ações. A discriminação direta seria apenas a “ponta do iceberg”.

Essas idéias apresentada por Fanon como contraponto a Manonni, não foram inéditas quando apresentadas. Ele recebeu influência significativa das discussões sobre o racismo feitas por Sartre, que tratou profundamente do antissemitismo europeu em Reflexões sobre o racismo. Afinal, Sartre já trazia, ali, a noção de racismo como fato estrutural da sociedade. Veremos que a novidade em Fanon será levar esta tese sartriana para o campo psicológico e para a sociedade colonial. 

O autor, após desmontar as ideias de Manonni, apresenta seu ponto de partida, bastante incisivo: “Dizíamos a pouco que a África do Sul tem uma estrutura racista. Agora vamos mais longe, dizendo que a Europa tem uma estrutura racista”[4].

Apoia esta afirmação no fato do europeu ter no inconsciente da coletividadeo que chama de “complexo de autoridade”. Ou seja, a ideia de si mesmo como um tipo superior de homem.

Fanon diz:

“Há na Martinica duzentos brancos que se julgam superiores a trezentos mil elementos de cor. Na África do Sul devem existir dois milhões de brancos para aproximadamente treze milhões de nativos, e nunca passou pela cabeça de nenhum nativo sentir-se superior a nenhum branco.”[5]

Através do complexo de autoridade, justifica-se a sujeição de outros grupos humanos, nascendo também a necessidade de classificação e hierarquização dos mesmos em “raças” ou etnias. A partir desta demanda, segundo Fanon, é criada a idéia do “negro”, pela dicotomia com o branco. Afirma que: “Precisamos ter a coragem de dizer: é o racista que cria o inferiorizado”.[6]

Apesar de Fanon não tratar dessa invenção do negro na temporalidade histórica, ele parece abordá-la no contexto da colonização da era industrial. Sabemos, porém,que desde finais do século XV, nos primeiros contatos de portugueses com populações africanas na costa atlântica, os europeus já se referiam aos africanos como pretos ou negros. A questão central é que esta “marca” não ocupava a posição central, que ganhoua partir do século XIX.

A expansão européia do início da época moderna tinha na raiz de seu discurso de legitimidade a salvação das almas e a expansão da fé. Nesta argumentação era Deus o legítimo senhor de todas as terras do mundo e responsável por todas as almas. A Igreja e o papa eram os legítimos representantes de Deus. Por isso, a eles cabia decidir o futuro dos gentios e hereges do Novo Mundo. A tutela dessas almas foi oferecida às monarquias ibéricas, que, explorando seus corpos, lhes ofereceriam a vida eterna.

Após uma época de intensas mudanças históricas e culturais, o homem europeu supôs-se racional. Os estados tornaram-se laicos, e a civilização passou a ocupar o valor máximo em lugar da salvação. A hierarquia entre as sociedades, que tinha como critério o plano divino, passou ao próprio corpo e à cultura. Nesse movimento, o europeu se desvinculou de Deus e se tornou ele próprio um semi-deus entre os homens.

Voltando à Fanon, notamos que a partir da relação de sujeição dos colonizados aos colonos europeus estabelece-se o que o autor chama de um duplo narcisismo. Neste, o “branco está preso em sua branquitude e o negro está preso em sua negritude”[7]. A representação de si dentro dessas categorias se constrói na relação de oposição ao outro. Ou seja, para Fanon, dentro desse sistema, resta apenas uma alternativa ao colonizado que deseja se valorizar: ocupar o lugar do outro, pois só o outro pode ser completo. O negro deve tentar sob todo custo tornar-se branco[8]. 

Essa negação de si coloca o colonizado numa posição neurótica, num confronto psíquico contra si próprio e como consequência nasce nele um “complexo de inferioridade”. É justamente deste complexo que o colonialismo europeu se apropria e deste se alimenta. 

O “complexo de inferioridade” do colonizado começa, para Fanon, na infância, uma vez que há uma divergência profunda entre o universo infantil das referências familiares e o universo público, marcado pela dominação e tutela europeia.

Para uma criança européia, que sai do ambiente doméstico para o público, há uma coerência entre a as figuras do universo familiar (alicerces da psiquê) e os símbolos coletivos e nacionais. As referências coletivas, para o branco, falam sobre sua família, seus pais e sobre ele próprio. O mesmo não ocorre com o colonizado, como nos diz Fanon:“Uma criança negra, normal, tendo crescido no seio de uma família normal, ficará anormal ao menor contato com o mundo branco.” [9]

Há três elementos essenciais para o sistema de referências do inconsciente da coletividade[10] que criam essa cisão. O primeiro deles é a Nação, que se manifesta através de um conjunto de símbolos: heróis nacionais, a história nacional, o exército, o líder político, entre outras. Estes são, segundo Fanon, figuras associadas à paternidade. Para a criança negra martinicana, impõem-se referências européias, incoerentes com as de seu inconsciente. Além disso, os colonos são aqueles que têm prestígio social, poder e riqueza, reproduzindo cotidianamente a superioridade do branco.

Por último, Fanon aborda outro elemento decisivo no universo de referências infantis e juvenis, que em sua época eram as Revistas ilustradas. Este material ocupava o papel que hoje ocupam os programas de TV, animações e os videogames. Sobre as quais afirma:

“Em toda a sociedade, em toda coletividade, existe e deve existir um canal, uma porta de saída pela qual as energias acumuladas, sob forma de agressividade, possam ser liberadas. (...)É isso que tendem os jogos para crianças (...)e de modo mais geral as revistas ilustradas para os jovens ,-cada tipo de sociedade exigindo, naturalmente, uma forma de catarse determinada.

As histórias de Tarzan, dos exploradores de doze anos, de Mickey e todos os jornais ilustrados tendem a um verdadeiro desafogo da agressividade coletiva. São jornais escritos pelos brancos e destinados às crianças brancas. Ora, o drama está justamente aí. Nas Antilhas-e outras colônias- os mesmo periódicos ilustrados são consumidos pelos jovens nativos. E o Lobo, o Diabo, o Gênio do mal, o Mal, o Selvagem são sempre representados por um preto ou um índio. E como sempre há identificação com o vencedor, o menino negro torna-se (em suas fantasias) o explorador, aventureiro, missionário ´que corre o risco de ser comido pelos pretos malvados tanto como o menino branco.” [11]



Vemos, portanto, que o universo de referências de uma criança negra, num ambiente colonial não o enxerga. E, quando o faz, sua imagem é inferiorizada ou negativa. As consequências psíquicas dessa ruptura são significativas, como nos mostra Fanon:

“Qual é nossa proposição? Simplesmente esta: quando os negros abordam o mundo branco, há uma certa ação sensibilizante. Se a estrutura psíquica se revela frágil, tem-se um desmoronamento do ego. O negro cessa de se comportar como indivíduo acional. O sentido de sua ação estará no Outro(sob forma do branco), pois só o Outro pode valorizá-lo”[12].

Voltemos à interlocução que Fanon estabelece com Sartre num aspecto importante da operação do sistema racista: a construção dos estereótipos.

Sobre a inferiorização do judeu, Sartre afirmou:

“O judeu é um homem que os outros consideram judeu: eis a verdade simples de onde deve se partir: é o anti-semita que faz o judeu” [13]. 

Após expor a interessante construção sobre a questão judaica na mentalidade européia, feita através do trabalho de Sartre, Fanon busca compreender a construção dos estereótipos sobre o negro, afirmando:

“Tem-se medo do judeu por causa do seu potencial apropriador. ´Eles estão por toda a parte, infestam os bancos, bolsas, o governo. Reinam sobre tudo. Em pouco tempo o país lhes pertencerá. (...)’Quanto aos negros...... eles têm a potência sexual. Pensem bem, com a liberdade que tem em plena selva! Parece que se deitam em qualquer lugar e qualquer momento. Eles são genitais.” [14] 



Nesta formulação apresentada de modo provocativo, por Fanon, ambos judeus e negros ameaçam a sociedade europeia branca; o judeu representa o perigo intelectual e o negro o perigo biológico. Basta observar-se os paralelos estabelecidos pela mentalidade racista europeia, associando Judeus e Negros a diferentes espécies animais: estratégia muito eficaz de rebaixamento de seu status de humanidade. O judeu foi chamado de Rato: animal sorrateiro, esperto, que se escondem nos porões para roubar; um mal quase invisível. O negro por sua vez foi associado ao macaco, animal fisicamente forte e ágil, podendo ser potente, violento e brutal, como suposto no caso dos gorilas.

A conceituação pela mentalidade européia da inferiorização do negro terá como critério fundante, como vimos, a vinculação direta entre o negro e a potência sexual, corpórea e biológica. Constrói-se desta forma uma categoria de ser humano menos “civilizados” na medida em que, ao contrário dos europeus, são reféns dos impulsos: impulsos de agressividade, impulsos musculares e sobretudo impulsos sexuais.

O autor observa mais profundamente as atitudes discriminatórias do europeu ao negro por essa perspectiva. Fanon chama esta discriminação de “negrofobia”. Devemos lembrar que o termo “racismo”, comumente é usado como sinônimo de discriminação, aqui é muito mais amplo, significando: sistema que opera em toda a sociedade. 

Para Fanon, a atitude discriminatória da mulher branca em relação ao negro (sobretudo o homem negro) seria provocada por uma inquietação sexual, uma relação dupla de fobia e desejo. Por serem as negrófobas, em geral, mulheres sexualmente frustradas, atribuem ao homem negro poderes sexuais capazes de superar suas mazelas. A simples presença do negro, para estas mulheres, produz um sentimento fóbico, e a atitude violenta é uma resposta repressora ao seu desejo[15].

Para homens negrófobos, por sua vez, Fanon apresenta duas possibilidades interessantes. Na primeira, o negro representaria um terrível concorrente para o branco, por acreditarem ele ser dono de uma potência que nunca poderiam atingir. Daí causando um sentimento de inferioridade. O inseguro ou impotente sente-se ameaçado diante da potência e virilidade que atribui ao outro. Há uma segunda possibilidade, na qual o branco discrimina o negro, pois diante dele evidencia-se seu recalque sexual. Ou seja, age com violência contra um objeto de desejo como negação da própria homossexualidade não-aceita. Baseado nessas hipóteses, Fanon cunha o termo “vingança sexual” que, para ele, gera a perseguição aos negros:

“O linchamento do negro não seria uma vingança sexual? Sabemos tudo o que as sevícias, as torturas, os muros, comportam de sexual. Basta ler Marquês de Sade para nos convencermos. ..A superioridade do negro é real? Todo mundo sabe que não. Mas o importante não é isso. O pensamento pré-lógico do fóbico decidiu que é assim” [16]

A vinculação estereotípica do negro ao corpo deriva do “complexo de autoridade” europeu, pelo qual afirma a racionalidade como valor maior humano. O colonizador se auto-constrói como ser racionalmente superior aos outros. Desta forma depositam no Outros atributos corporais regidas pelo instinto: como a agilidade, a força, potência e sensualidade, numa dupla estratégia de desumanização do outro e super-humanização de si. 

Em “Os condenados da terra” Fanon tratou de maneira mais concreta das relações de dominação no seio da colonização, apresentando a montagem das estruturas de dominação sociedade colonial para além da esfera psíquica. No ambiente colonial o nativo encontra-se confinado e restrito. O espaço físico a ser ocupado pelo colonizado é restrito e determinado, e deve se dar por moldes metropolitanos, regido pelas elites coloniais.

Na cidade colonial, o lugar do colonizado são os guetos e periferias, bairros sujos e mal estruturados. Enquanto isto, o colono tem acesso à cidade central e moderna, na qual circula sem restrição. A polícia e o exército metropolitano, detendo o monopólio da força, são essenciais para assegurar a demarcação desses espaços[17].

Fanon vê como consequência dessa restrição forçada uma repressão de energias musculares. O colonizado, constantemente vigiado, torna-se na relação com o colono muscularmente restrito, seus movimentos são atentamente observados. A energia muscular, porém, terá vazão por outras vias, como aponta Fanon:

“Esse é o mundo colonial. O indígena é um ser confinado(...)a primeira coisa que o indígena aprende é ficar no seu lugar ,a não passar dos limites. É por isso que os sonhos do indígena são sonhos musculares, sonhos de ação, sonhos agressivos. Durante a colonização, o colonizado não para de libertar-se entre as nove horas da noite e a seis da manhã. ”[18]

Além dos sonhos, objeto essencial ao acesso do inconsciente pelos psicanalistas, Fanon aponta para explosões musculares desproporcionais como forma de vazão dessa energia reprimida. A dança, a sexualidade e a possessão, os esportes, entre outros, tornam-se veículos fundamentais de liberação energética. A violência, porém, torna-se para Fanon a via por excelência de descarga energética. Essas explosões de violência se darão sobre tudo longe da vigilância dos colonos, ou seja, entre os próprios colonizados. Esse fenômeno é chamado pelo autor de “autodestruição” do colonizado, que causará violência endêmica nos bairros periféricos.

Desta maneira, o colonizado acaba inevitavelmente reafirmando os estereótipos raciais cunhados pelos colonos. Ele se torna corporal, violento e explosivo, alimentando assim o sistema racista que o desumaniza.

Observamos na obra de Fanon, principalmente em “Pela Negra, Máscaras brancas” um tom muito direto e as vezes quase individual se dirigindo ao colonizado. Em diversas sentenças “o negro” aparece como o sujeito gramatical, agente em relação aos termos de sua exclusão. Fanon, como bom Lacaniano, não utiliza a linguagem de maneira arbitraria. Esta atitude é coerente com a ideia do autor de que o negro deve ser responsabilizado pelas consequências mentais da exclusão colonial.

Não se trata, obviamente, de culpá-lo pelas consequências psicológicas de sua exclusão, mas trata-se de mostrar ao excluído que os “termos” produzidos por esse sistema lhe pertencem.

Não por acaso, para Lacan, os sujeitos psíquicos devem ser sempre responsáveis. Os fatores sócio-políticos e culturais que produzem consequências psíquicas podem ser externos aos sujeitos, mas nunca externos ao indivíduo. Em outras palavras, na medida em que um sistema de injustiças é internalizado por sua “vítima”, ele se torna parte dela e só pode ser terapeuticamente tratado se vinculado pela ação do sujeito[19].

O indivíduo, portanto, para a psicanálise, só pode superar uma questão (patológica, por exemplo) que está em si, na medida em que se responsabiliza por ela. Um paciente, ao ser tratado como “não sujeito” passa a ser tutelado e alienado, tornando-se sempre dependente, sem possibilidades de emancipação.

Em outras palavras, para a retórica fanoniana, o indivíduo negro não deve assumir a posição de vítima diante daquilo que o vitimiza, e sim de sujeito.

Vejamos mais claramente essa ideia nas palavras do autor:

“(...) fazendo apelo à humanidade, ao sentimento de dignidade, ao amor, à caridade, seria fácil provar ou forçar a admissão de que o negro é igual ao branco. Mas nosso objetivo é outro. O que nós queremos é ajudar o negro a se libertar do arsenal de complexos germinados no seio da situação colonial.”[20]

As obras de Fanon não têm, evidentemente, apenas pretensões terapêuticas. Seus livros não são direcionados somente a psicanalistas que trabalharam com a saúde mental do negro; tampouco são obras de auto-ajuda. Fanon pretende, ao contrário, que através da tomada de consciência do complexo de inferioridade, nasça um potencial pela reivindicação e pela superação do sistema colonial e racista.

O método psicanalítico, em Fanon, é ferramenta para a libertação. Através dele se recusa uma descolonização pela tutela européia ou pela burguesia nacional europeizada. Aqui, a “responsabilização” e lutados próprios colonizados são a única via para uma verdadeira emancipação.

Como vimos, Frantz Fanon , através de sua obra seminal, apresenta o racismo como sistema complexo que cumpriu duplamente os papeis de motor e combustível da expansão europeia e do colonialismo. Sua obra escancara a profundidade das raízes racistas na construção da sociedade ocidental e nos mostra que não há alternativas efetivas para solução dessa questão que não sejam em si também profundas e radicais.


[1]Mestrando em História Social pela FFLCH-USP, pesquisa intitulada “Catolicismo e Poder Político no Reino do Congo. Século XVIII” orientando da Profa. Dra. Marina de Mello e Souza. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Membro do Núcleo de Estudos de África, Colonialidade e Cultura Política (NEACP-DH-USP).


[2]Fanon, Frantz. Pele Negra, Mascaras Brancas. Salvador, Edufba, 2008. E Fanon, Frantz. Os condenados da Terra. Juíz de Fora. Editora Ufjf. 2010.


[3]Fanon, Frantz. Op. Cit, 2008, p 85.


[4] Fanon, Frantz. Op. Cit, 2008, p 89.


[5] Fanon, Frantz. Op. Cit, 2008, p 90.


[6] Fanon, Frantz. Op. Cit, 2008, p 90.


[7] Fanon, Frantz. Op. Cit, 2008, p 27-30.


[8] Fanon. Op. Cit, 2008, p 94.


[9] Fanon. Op. Cit, 2008, p 94.


[10] Fanon parece utilizar o termo “inconsciente da coletividade” como alternativa à “inconsciente coletivo” conceituado por Jung. Pois há divergências entre a abordagem lacaniana de inconsciente individual utilizada por ele e a jungiana de “inconsciente coletivo” inexplorada pelo autor. Compreendermos que Fanon privilegia os aspectos culturais “mentais” da coletividade, em detrimento dos arquétipos que ocupam centralidade na teoria de Jung.


[11] Fanon. Op. Cit, 2008, p 130-131.


[12] Fanon. Op. Cit, 2008, p 136.


[13] Fanon. Op. Cit, 2008, p 130-131.


[14] Fanon. Op. Cit, 2008, p 130-131.


[15]Fanon. Op. Cit., 2008, p 132-140.


[16] Fanon. Op. Cit., 2008, p 139.


[17] Idem, Os condenados da Terra. Juíz de Fora: Editora Ufjf. 2010, p. 50-65.


[18] Idem, Op. Cit. 2010, p. 69.


[19] Lacan, J. – La Science et la vérité, in Écrits, Paris, Edition du Seuil, 1966, p. 858.


[20] Fanon, Op. Cit., 2008.



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