sexta-feira, 6 de maio de 2016

ABC DO QUILOMBISMO - ABDIAS DO NASCIMENTO


Na trajetória histórica que esquematizamos nestas páginas, o quilombismo tem nos fornecido várias lições. Tentaremos resumi-las num ABC fundamental que nos ensina que:

a) Autoritarismo de quase 500 anos já é bastante. Não podemos, não devemos e não queremos tolerá-lo por mais tempo. Sabemos de experiência própria que uma das práticas desse autoritarismo é o desrespeito brutal da polícia às famílias negras. Toda a sorte de arbitrariedade policial se acha fixada nas batidas que ela faz rotineiramente para manter aterrorizada e desmoralizada a comunidade afro-brasileira. Assim fica confirmada, diante dos olhos dos próprios negros, sua condição de impotência e inferioridade, já que são incapazes até mesmo de se autodefenderem ou de proteger sua família e os membros de sua respectiva comunidade. Trata-se de um estado de humilhação permanente.



b) Banto denomina-se um povo ao qual pertenceram os primeiros africanos escravizados que vieram para o Brasil de países que hoje se chamam Angola, Congo, Zaire, Moçambique e outros. Foram os bantos os primeiros quilombolas a enfrentar em terras brasileiras o poder militar do branco escravizador.

c) Cuidar em organizar a nossa luta por nós mesmos é um imperativo da nossa sobrevivência como um povo. Devemos por isso ter muito cuidado ao fazer alianças com outras forças políticas, sejam as ditas revolucionárias, reformistas, radicais, progressistas ou liberais. Toda e qualquer aliança deve obedecer a um interesse tático ou estratégico, e o negro precisa obrigatoriamente ter poder de decisão, a fim de não permitir que a comunidade negra seja manipulada por interesses de causas alheias à sua própria.


d) Devemos ampliar sempre a nossa frente de luta, tendo em vista: 1) os objetivos mais distantes da transformação radical das estruturas sócio-econômicas e culturais da sociedade brasileira; 2) os interesses táticos imediatos. Nestes últimos se inclui o voto do analfabeto e a anistia aos prisioneiros políticos negros. Os prisioneiros políticos negros são aqueles que são maliciosamente fichados pela polícia como desocupados, vadios, malandros, marginais, e cujos lares são freqüentemente invadidos. 

e) Ewe ou gêge, povo africano de Gana, Togo e Daomé (Benin); milhões de ewes foram escravizados no Brasil. Eles são parte do nosso povo e da nossa cultura afro-brasileira.

Ejetar o supremacismo branco do nosso meio é um dever de todo democrata. Devemos ter sempre presente que o racismo, isto é, supremacismo branco, preconceito de cor e discriminação racial, compõem o fator raça, a primeira contradição para a população de origem africana na sociedade brasileira. (Aviso aos intrigantes, aos maliciosos, aos apressados em julgar: o vocábulo raça, no sentido aqui empregado, se define somente em termos de história e cultura, e não em pureza biológica).


f) Formar os quadros do quilombismo é tão importante quanto a mobilização e a organização da comunidade negra.

g) Garantir ao povo trabalhador negro o seu lugar na hierarquia de Poder e Decisão, mantendo a sua integridade etno-cultural, é a motivação básica do quilombismo.

h) Humilhados que fomos e somos todos os negro-africanos, com todos devemos manter íntimo contato. Também com organizações africanas independentes, tanto da diáspora como do continente. São importantes e necessárias as relações com órgãos e instituições internacionais de Direitos Humanos, tais como a ONU e a UNESCO, de onde poderemos receber apoio em casos de repressão. Nunca esquecer que sempre estivemos sob a violência da oligarquia latifundiária, industrial-financeira ou militar.

i) Infalível como um fenômeno da natureza será a perseguição do poder branco ao quilombismo. Está na lógica inflexível do racismo brasileiro jamais permitir qualquer movimento libertário dos negros majoritários. Nossa existência física é uma realidade que jamais pôde ser obliterada, nem mesmo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao manipular os dados censitários, nos quais erradicou o fator racial e de cor dos cômputos demográficos. E quanto a nosso peso político? Simplesmente não existe. Desde a proclamação da República, a exclusão do voto ao analfabeto significa na prática a exclusão da população negra do processo político do país.


j) Jamais as organizações políticas dos afro-brasileiros deverão permitir o acesso aos brancos não-quilombistas a posições com autoridade para obstruir a ação ou influenciar as tomadas de posição teóricas e práticas em face da luta.

k) Kimbundo, língua do povo banto, veio para o Brasil com os escravos procedentes da África meridional. Essa língua exerceu notável influência sobre o português falado neste país.

l) Livrar o Brasil da industrialização artificial, tipo "milagre econômico", está nas metas do quilombismo. Neste esquema de industrialização, o negro é explorado a um tempo pelo capitalista industrial e pela classe trabalhadora classificada ou "qualificada". Como trabalhador "desqualificado" ou sem classe, ele é duplamente vítima: da raça (branca) e da classe (trabalhadora "qualificada" e/ou burguesia de qualquer raça). O quilombismo advoga para o Brasil um conhecimento científico e técnico que possibilite a genuína industrialização que represente um novo avanço de autonomia nacional. O quilombismo não aceita que se entregue a nossa reserva mineral e a nossa economia às corporações monopolistas internacionais, porém tampouco defende os interesses de uma burguesia nacional. O negro-africano foi o primeiro e o principal artífice da formação econômica do País e a riqueza nacional pertence a ele e a todo o povo brasileiro que a produz.

m) Mancha branca é o que significa a imposição miscigenadora do branco, implícita na ideologia do branqueamento, na política imigratória, no mito da "democracia racial". Tudo não passa de racionalização do supremacismo branco e do estupro histórico e atual que se pratica contra a mulher negra.


n) Nada de mais confusões: se no Brasil efetivamente houvesse igualdade de tratamento, de oportunidades, de respeito, de poder político e econômico; se o encontro entre pessoas de raças diferentes ocorresse espontâneo e livre da pressão do poder e prestígio sócio-econômico do branco; se não houvesse outros condicionamentos repressivos de caráter moral, estético e cultural, a miscigenação seria um acontecimento positivo, capaz de enriquecer o brasileiro, a sociedade, a cultura e a humanidade das pessoas.

o) Obstar o ensinamento e a prática genocidas do supremacismo branco é um fator substantivo do quilombismo.

p) Poder quilombista quer dizer: a Raça Negra no Poder. Os descendentes de africanos somam a maioria da nossa população. Portanto, o Poder Negro será um poder democrático. (Reitero aqui a advertência aos intrigantes, aos maliciosos, aos ignorantes, aos racistas: neste livro a palavra raça tem exclusiva acepção histórico-cultural. Raça biologicamente pura não existe e nunca existiu).

q) Quebrar a eficácia de certos slogans que atravessam a nossa ação contra o racismo, como aquele da luta única de todos os trabalhadores, de todo o povo ou de todos os oprimidos, é um dever do quilombista. Os privilégios raciais do branco em detrimento do negro constituem uma ideologia que vem desde o mundo antigo. A pregação da luta "única" ou "unida" não passa de outra face do desprezo que nos votam, já que não respeitam a nossa identidade e nem a especificidade do nosso problema e do nosso esforço em resolvê-lo.


r) Raça: acreditamos que todos os seres humanos pertencem à mesma espécie. Para o quilombismo, raça significa um grupo humano que possui, relativamente, idênticas características somáticas, resultantes de um complexo de fatores históricos e ambientais. Tanto a aparência física, como igualmente os traços psicológicos, de personalidade, de caráter e emotividade, sofrem a influência daquele complexo de fatores onde se somam e se complementam a genética, a sociedade, a cultura, o meio geográfico, a história. O cruzamento de diferentes grupos raciais, ou de pessoas de identidade racial diversas, está na linha dos mais legítimos interesses de sobrevivência da espécie humana.

Racismo: é a crença na inerente superioridade de uma raça sobre outra. Tal superioridade é concebida tanto no aspecto biológico, como na dimensão psico-sócio-cultural. Esta é a dimensão usualmente negligenciada ou omitida nas definições tradicionais do racismo. A elaboração teórico-científica produzida pela cultura branco-européia justificando a escravização e a inferiorização dos povos africanos constitui o exemplo eminente do racismo sem precedentes na história da humanidade.

Racismo é a primeira contradição social no caminho do negro. A esta se juntam outras, como a contradição de classes e de sexo.

s) Swahili é uma língua de origem banta, influenciada por outros idiomas, especialmente o árabe. Atualmente, o swahili é falado por mais de 20 milhões de africanos da Tanzânia, do Quênia, de Uganda, do Burundi, do Zaire, e de outros países. Os afro-brasileiros necessitam aprendê-la com urgência.
Slogan do poder público e da sociedade dominante, no Brasil, condenando reiterada e indignadamente o racismo, se tornou um recurso eficaz encobrindo a operação racista e discriminatória sistemática, de um lado, e de outro lado servindo como uma arma apontada contra nós com a finalidade de atemorizar-nos, amortecendo ou impedindo que um movimento coeso do povo afro-brasileiro obtenha a sua total libertação.


t) Todo negro ou mulato (afro-brasileiro) que aceita a "democracia racial" como uma realidade, e a miscigenação na forma vigente como positiva, está traindo a si mesmo, e se considerando um ser inferior.

u) Unanimidade é algo impossível no campo social e político. Não devemos perder o nosso tempo e a nossa energia com as críticas vindas de fora do movimento quilombista. Temos de nos preocupar e criticar a nós próprios e às nossas organizações, no sentido de ampliar a nossa consciência negra e quilombista rumo ao objetivo final: a ascensão do povo afro-brasileiro ao Poder.

v) Vênia é o que não precisamos pedir às classes dominantes para reconquistarmos os frutos do trabalho realizado pelos nossos ancestrais africanos no Brasil. Nem devemos aceitar ou assumir certas definições, "científicas" ou não, que pretendem situar o comunalismo africano e o ujamaaísmo como simples formas arcaicas de organização econômica e/ou social. Esta é outra arrogância de fundo eurocentrista que implicitamente nega às instituições nascidas na realidade histórica da África a capacidade intrínseca de desenvolvimento autônomo relativo. Nega a tais instituições a possibilidade de progresso e atualização, admitindo que a ocupação colonizadora do Continente Africano pelos europeus determinasse o concomitante desaparecimento dos valores, princípios e instituições africanas. Estas corporificariam formas não-dinâmicas, exclusivamente quietistas e imobilizadas. Tal visão petrificada da África e de suas culturas é uma ficção puramente cerebral. O quilombismo pretende resgatar dessa definição negativista o sentido de organização sócio-econômica concebido para servir à existência humana; organização que existiu na África e que os africanos escravizados trouxeram e praticaram no Brasil. A sociedade brasileira contemporânea pode se beneficiar com o projeto do quilombismo, uma alternativa nacional que se oferece em substituição ao sistema desumano do capitalismo.


x) Xingar não basta. Precisamos é de mobilização e de organização da gente negra, e de uma luta enérgica, sem pausa e sem descanso, contra as destituições que nos atingem. Até que ponto vamos assistir impotentes à cruel exterminação dos nossos irmãos e irmãs afro-brasileiros, principalmente das crianças negras deste país?

y) Yorubás (Nagô) somos também em nossa africanidade brasileira. Os iorubás são parte integrante do nosso povo, da nossa cultura, da nossa religião, da nossa luta e do nosso futuro.

z) Zumbi: fundador do quilombismo.


Propostas de ação para o Governo Brasileiro

O programa de ação quilombista incorpora, devidamente atualizadas, as seguintes propostas apresentadas por este autor ao Colóquio do 2º Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas (Festac), realizado em Lagos, Nigéria, em 1977 (ver Nascimento, Abdias, O Brasil na Mira do Pan-Africanismo, Salvador: CEAO/ EdUFBA, 2002). Naquela ocasião, o autor propôs ao Colóquio recomendar que o Governo Brasileiro

1) permita e estimule a livre e aberta discussão dos problemas dos descendentes de africanos no país; e que encoraje e financie pesquisas sobre a posição econômica, social e cultural ocupada pelos afro-brasileiros dentro da sociedade brasileira, em todos os níveis;

2) localize e publique documentos e outros fatos e informações possivelmente existentes em arquivos privados, cartórios, arquivos de câmara municipal de velhas cidades do interior, referentes ao tráfico negreiro, à escravidão e à abolição; em resumo, qualquer dado que possa ajudar a esclarecer e aprofundar a compreensão da experiência do africano escravizado e de seus descendentes;


3) inclua quesitos sobre raça ou etnia em todos os futuros censos demográficos; que em toda informação que dito governo divulgue, tanto para consumo doméstico como internacional a respeito da composição demográfica do país, não se omita o aspecto da origem racial / étnica;

4) inclua um ativo e compulsório currículo sobre a história e as culturas dos povos africanos, tanto aqueles do continente como os da diáspora; tal currículo deve abranger todos os níveis do sistema educativo: elementar, médio e superior;

5) tome medidas ativas para promover o ensino e o uso prático de línguas africanas, especialmente as línguas ki-swahili e iorubá; o mesmo em relação aos sistemas religiosos africanos e seus fundamentos artísticos; que o dito governo promova válidos programas de intercâmbio cultural com as nações africanas;

6) estude e formule compensações aos afro-brasileiros pelos séculos de escravização criminosa e decênios de discriminação racial depois da abolição; para esse fim deverá drenar recursos financeiros e outros, compulsoriamente originados da Agricultura, do Comércio e da Indústria, setores que historicamente têm sido beneficiados com a exploração do povo negro. Tais recursos constituirão um fundo destinado à construção de moradias, que satisfaçam às exigências da condição humana, em substituição às atuais habitações segregadas onde vive a maioria dos afro-brasileiros: favelas, cortiços, mocambos, porões, cabeças-de-porco, e assim por diante. O fundo sustentaria também a distribuição de terras no interior do país para os negros engajados na produção agropecuária;

7) remova os objetos da arte afro-brasileira assim como os de sentido ritual encontrados hoje em instituições de polícia, de psiquiatria, história e etnografia; e que o dito governo estabeleça museus de arte com finalidade dinâmica e pedagógica de valorização e respeito devidos à cultura afro-brasileira; de preferência, tais museus se localizariam nos estados com significativa população negra, tais como Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, Rio Grande do Sul;


8) conceda efetivo apoio, material e financeiro, à existentes e futuras associações afro-brasileiras com finalidade de pesquisa, informação e divulgação nos setores de educação, arte, cultura e posição sócio-econômica da população afro-brasileira.
9) tome medidas rigorosas e apropriadas ao efetivo cumprimento da lei Afonso Arinos, fazendo cessar o papel burlesco que tem desempenhado até agora;

10) tome ativas providências, ajuste as realidades do país, para que de nenhuma forma se permita ou possibilite a discriminação racial ou de cor no emprego, garantindo a igualdade de oportunidade que atualmente inexiste entre brancos, negros e outras nuanças étnicas.

11) exerça seu poder através de uma justa política de redistribuição da renda, tornando impraticável que, por causa da profunda desigualdade econômica imperante, o afro-brasileiro seja discriminado, embora sutil e indiretamente, em qualquer nível do sistema educativo, seja o elementar, o médio ou o universitário.

12) estimule ativamente o ingresso de negros no Instituto Rio Branco, órgão de formação de diplomatas pertencente ao Ministério de Relações Exteriores.

13) nomeie negros para o cargo de embaixador e diplomata para as Nações Unidas e junto aos Governos de outros países do mundo.

14) estimule a formação de negros como oficiais superiores das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) com promoções no serviço ativo até os postos de general, almirante, brigadeiro e marechal.


15) nomeie negros para os altos escalões do Governo Federal em seus vários ministérios e outras repartições do Executivo, incluindo órgãos superiores como o Conselho Federal de Cultura, o Conselho Federal de Educação, o Conselho de Segurança Nacional, o Tribunal de Contas.

16) estimule e encoraja a formação e o desenvolvimento de uma liderança política negra, representando os interesses específicos da população afro-brasileira no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, nas Assembléias Legislativas Estaduais e nas Câmaras Municipais; que o dito Governo nomeie negros para os cargos de juizes estaduais e federais, inclusive para o Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal Eleitoral, Superior Tribunal Militar, Superior Tribunal do Trabalho e o Tribunal Federal de Recursos.

17) concretize sua tão proclamada "amizade" com a África independente e sua tão freqüentemente manifestada posição anticolonialista, dando efetivo apoio diplomático e material aos legítimos movimentos de libertação nacional de Zimbabwe, Namíbia e África do Sul.

Alguns princípios e propósitos do quilombismo

1. O Quilombismo é um movimento político dos negros brasileiros, objetivando a implantação de um Estado Nacional Quilombista, inspirado no modelo da República dos Palmares, no século XVI, e em outros quilombos que existiram e existem no País.

2. O Estado Nacional Quilombista tem sua base numa sociedade livre, justa, igualitária e soberana. O igualitarismo democrática quilombista é compreendido no tocante a sexo, sociedade, religião, política, justiça, educação, cultura, condição racial, situação econômica, enfim, todas as expressões da vida em sociedade. O mesmo igualitarismo se aplica a todos os níveis do Poder e de instituições públicas e privadas.


3. A finalidade básica do Estado Nacional Quilombista é a de promover a felicidade do ser humano. Para atingir sua finalidade, o quilombismo acredita numa economia de base comunitário-cooperativista no setor da produção, da distribuição e da divisão dos resultados do trabalho coletivo.

4. O quilombismo considera a terra uma propriedade nacional de uso coletivo. As fábricas e outras instalações industriais, assim como todos os bens e instrumentos de produção, da mesma forma que a terra, são de propriedade e uso coletivo da sociedade. Os trabalhadores rurais ou camponeses trabalham a terra e são eles próprios os dirigentes das instituições agropecuárias. Os operários da indústria e os trabalhadores de modo geral são os produtores dos objetos industriais e os únicos responsáveis pela orientação e gerência de suas respectivas unidades de produção.

5. No quilombismo o trabalho é um direito e uma obrigação social, e os trabalhadores, que criam a riqueza agrícola e industrial da sociedade quilombista, são os únicos donos do produto do seu trabalho.

6. A criança negra tem sido a vítima predileta e indefesa da miséria material e moral imposta à comunidade afro-brasileira. Por isso, ela constitui a preocupação urgente e prioritária do quilombismo. Atendimento pré-natal, amparo à maternidade, creches, alimentação adequada, moradia higiênica e humana, são alguns dos itens relacionados à criança negra que figuram no programa de ação do movimento quilombista.

7. A educação e o ensino em todos os graus - elementar, médio e superior - serão completamente gratuitos e abertos sem distinção a todos os membros da sociedade quilombista. A história da África, das culturas, das civilizações e das artes africanas terão um lugar eminente nos currículos escolares. Criar uma Universidade Afro-Brasileira é uma necessidade dentro do programa quilombista.


8. Visando o quilombismo a fundação de uma sociedade criativa, ele procurará estimular todas as potencialidades do ser humano e sua plena realização. Combater o embrutecimento causado pelo hábito, pela miséria, pela mecanização da existência e pela burocratização das relações humanas e sociais, é um ponto fundamental. As artes em geral ocuparão um espaço básico no sistema educativo e no contexto das atividades sociais.

9. No quilombismo não haverá religiões e religiões populares, isto é, religião da elite e religiões do povo. Todas as religiões merecem igual tratamento de respeito e de garantias de culto.

10. O Estado quilombista proíbe a existência de um aparato burocrático estatal que perturbe ou interfira com a mobilidade vertical das classes trabalhadoras e marginalizadas em relação direta com os dirigentes. Na relação dialética dos membros da sociedade com as suas instituições repousa o sentido progressista e dinâmico do quilombismo.

11. A revolução quilombista é fundamentalmente anti-racista, anticapitalista, antilatifundiária, antiimperialista e antineocolonialista.

12. Em todos os órgãos do Poder do Estado Quilombista - Legislativo, Executivo e Judiciário - a metade dos cargos de confiança, dos cargos eletivos, ou dos cargos por nomeação, deverão, por imperativo constitucional, ser ocupados por mulheres. O mesmo se aplica a todo e qualquer setor ou instituição de serviço público.

13. O quilombismo considera a transformação das relações de produção, e da sociedade de modo geral, por meios não-violentos e democráticos, uma via possível.


14. É matéria urgente para o quilombismo a organização de uma instituição econômico-financeira em moldes cooperativos, capaz de assegurar a manutenção e a expansão da luta quilombista a salvo das interferências controladoras do paternalismo ou das pressões do Poder econômico.

15. O quilombismo essencialmente é um defensor da existência humana e, como tal, ele se coloca contra a poluição ecológica e favorece todas as formas de melhoramento ambiental que possam assegurar uma vida saudável para as crianças, as mulheres e os homens, os animais, as criaturas do mar, as plantas, as selvas, as pedras e todas as manifestações da natureza.

16. O Brasil é signatário da Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1965. No sentido de cooperar para a concretização de objetivos tão elevados e generosos, e tendo em vista o artigo 9, números 1 e 2 da referida Convenção, o quilombismo contribuirá para a pesquisa e a elaboração de um relatório ou dossiê bianual, abrangendo todos os fatos relativos à discriminação racial ocorridos no País, a fim de auxiliar os trabalhos do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial das Nações Unidas.





Trecho do livro O Quilombismo, 2ª ed. (Brasília/Rio: Fundação Cultural Palmares/ OR Editor, 2002), págs. 278-290.


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quarta-feira, 4 de maio de 2016

RASCLAAT - ENTRE OS CEGOS, SURDOS E MUDOS DA IGNORÂNCIA



Eu nos últimos tempos tenho extremo receio em publicar certos textos, como os artigos do 'Rasclaat', que era periódico até meados de 2011, então já lhe aviso... Se só gosta de música ou textos relacionados a música, pule para outra matéria. Hoje, com tudo que anda acontecendo é difícil ficar inerte a tudo e a todos. O blog ou site (ou qualquer nome infeliz que dê a um canal como esse), deixou no decorrer do seu retorno um lado mais protestante, que devo dizer, infelizmente no Brasil ter postura é forma de desrespeito a ignorância alheia.

Acredito, piamente que o Brasileiro é condicionado a ser braçal. Ele é educado e condicionado culturalmente a ser braçal e laboral, de forma pragmática. Um dos maiores valores familiares é o acordar as 06h e chegar as 20h. Qualquer tipo de trabalho, que fuja a duas figuras preponderantes - autoridade e subordinado ou de forma simples; empregado e patrão, é ser dito ou achincalhado de vagabundo. Que na expressão popular, vagabundo deixou de ser alguém que não gosta de trabalhar, para ser alguém que não tem valor.


Falo isso de mente e coração muito abertos, e sem pudor algum de dizer que é uma forma genérica, e há exceções nesse pragmatismo cultural. E se você não se enquadra, nessa braçalidade e laboralidade... Parabéns, discuta, escreva, publique ou compartilhe algo relacionado que faça mais pessoas abrirem sua terceira visão, seus pensamentos e ideias, que façam entenderem o quão grave nossos problemas são, e o quão estão enraizados nos valores (ou falta deles) familiares e culturais do nosso país. 

A intelectualidade, por sua grande maioria, é menosprezada já por definição histórica na escola, principalmente por uma visão deturpada do que é boa ou má educação - bom aluno é o que decora, mal aluno é o que não se adapta ou não se condiciona a imposição. Essa condição é definida a pertencer aos mais abastados. Ou seja, patrão mandou, você age. O professor falou, você acata. A policia chegou, você obedece - até porque o único papel da polícia é resguardar os interesses do Estado (seja federal, estadual ou municipal). A graduação praticada aqui não é educação, jamais foi, e é o modelo de ensino mais falho que existe, porque se fosse bom, não precisava do FIES... Todos estudariam em faculdade pública ou teriam condições de pagar pelo ensino privado. E provavelmente não teriam eleito políticos através da democracia = voto, que desviassem dinheiro da educação para outras áreas de interesse próprio egocêntrico.

Mas, um dia em uma aula qualquer de história lhe disseram que vivemos em uma democracia, e isso basta. Mas nenhum professor (que eu conheça) jamais citou e ensinou o que o genocídio indígena e africano causou aqui, e não disse nada para ninguém na sala se sentir culpado ou em choque. E lhe disseram que você é livre para concordar com o que a cartilha do professor diz, e afirmar que o que está ali está certo, até ai você pode ter certeza que vive em uma democracia. Na discordância, sanções serão aplicadas a sua pessoa, ao passo de perder direitos, dinheiro, ou cargo.


Atualmente, a Presidente Dilma (ou presidenta como ela prefere), passa pelos crivos dos valores (ou a falta deles como disse) e cultura brasileira. Já na primeira candidatura dela, já dizia que ela mais me parecia uma criatura de laboratório com fins de substituição de seu mestre Lula. E me dê os parabéns, porque estou certo. Mas, no decorrer já de uma década e meia, o PMDB se tornou um algoz de Dilma, que aparentemente é uma obra inacabada do Dr. Frankestein, o duvidoso Lula. Uma observação, não usarei termos como PMDBostas, PSDBestas ou PTralhas nesse texto, e essa será a única vez.

"...e devemos sempre deixar bem claro que nenhum de nós, brasileiros, é contra o roubo. Somos apenas contra ser roubados." - Millor Fernandes (A Bíblia do Caos - Novo Evangelho)

Pois bem, chegamos ao fundo do tacho num governo - na crise existencial brasileira (dita econômica e política por alguns estudiosos) acho que ainda não é metade do abismo. E isso é mostra da face majoritária do povo brasileiro, já que os políticos eleitos são escolhidos pelo povo em sua maioria, e esse político o representa por no mínimo quatro anos, apesar de que alguns ali que estão há mais tempo na cadeira, do que muitos brasileiros tem de vida. E essa é a definição que eu aceito como democracia; um sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas. Poder concedido pelo povo por meio de representação pelo voto. E a partir desse ponto, o poder de certo e errado, bom e ruim, bonito e feio, é determinado por esses eleitos.

Um outro lado, é que existe um imenso resquício da ditadura no Brasil. Muitos vivem os preceitos básicos ditatoriais que eu vivi, e vejo muitos praticando essa ditadura do lar em coisas simples; por exemplo na educação dos filhos, onde responder, questionar, não concordar, expor, opinar, ou qualquer demonstração de insatisfação é visto como uma ofensa a quem quer que seja. Repito eu vivi isso, e boa parte dessa geração dos dias de hoje, aparentemente é tão ditadora quanto as que praticaram o golpe dos anos 60.


Dependendo do quão alto seja a obsessividade por uma ideia/conceito, independente de qualquer razão, fato ou qualquer coisa do tipo, alguém pode dizer que o céu e é azul, mas se a outra parte estiver com interesses em jogo, e para que não seja dado o tal 'golpe' a pessoa ter de afirmar que o céu é rosa, não adianta quão científico, quão forte seja a prova, essa pessoa por questões pragmáticas e culturais vai dizer que o céu é rosa e ponto, e você o enxerga azul é porque é oposição, e consequentemente vai dar o golpe.

Essa presidente, que considero ser medíocre e incompetente no cargo, foi traída pelos valores cancerígenos, onde na traição vale chute baixo, dedo no olho e puxar o cabelo. E como bons brasileiros, que mudam de ideia após os 14 meses do segundo tempo (quis dizer mandato), ela é vitima do descompromisso que não é ensinado na escola, mas é dispensado a reveria entre uma parcela de políticos e de cidadãos comuns, justamente pelos valores e cultura.
Minha única visão e concordância sobre essa mulher, é que ela não deveria ter sido eleita. Concordo quando ouço que um governo ruim, ou má gestão não é motivo para interromper um mandato eleito. Mas algo por trás, dessa democracia - que considero fajuta e nada me leva a crer que se relaciona com liberdade, e somente está atrelada ao voto, que somente é dado pelo mesmo motivo que conluio, ou base de governo, como políticos insistem em chamar.


A presidente, ameaçada de perder seu cargo, na singela opinião desse que escreve, acompanha e lê muito, sai pela falta dos mesmos (três) motivos que alguém é eleito, contratado ou promovido a um cargo; grau relativo de intimidade e amizade - ou a falta delas (pior câncer da gestão seja pública ou privada é o padrão fisiologico imposto - determinante do que é relativamente bonito ou feio) e pelo nepostismo; pelo interesse maligno - de tirar proveito de algo ou alguém por tempo indeterminado; e pelo dinheiro em espécie. Ou seja, continuamos na mesma, mesmo depois das "diretas já." É a maioria pagando pelo interesse da minoria. 

No quesito interesse, eu divido em dois; os interesses próprios egocêntricas e os interesses comuns. Um exemplo de interesse próprio egocêntrico é a máfia da cultura, com os editais, muitos querem, poucos tem acesso, e a massa com paga a fanfarra de pão e circo com qualidade duvidosa. Nenhum edital é aprovado por qualidade do trabalho proposto, mas pelo câncer já citado grau relativo de intimidade e amizade. O outro interesse é o comum, aquele que faz bem a todos as partes interessadas ganham; quem produz, o governo e quem consome.

Outro ponto é a competência duvidosa da presidente, que é de uma relatividade sem proporção (lembre do inicio do texto sobre intelectualidade desvalorizada), e essa competência é algo raso em muitos cargos de gestão. O fato do pedido de impeachment (palavra francesa para impedimento), são as tais pedaladas fiscais*. Se você sabe só um pouquinho sobre balanço de caixa, vai ser fácil entender que a maior lambança que pode ser feita em balanço fiscal, em qualquer caixa, é essa tal "pedalada."

* A "pedalada fiscal" foi o nome dado à prática do Tesouro Nacional de atrasar de forma proposital o repasse de dinheiro para bancos (públicos e também privados) e autarquias, como o INSS. O objetivo do Tesouro e do Ministério da Fazenda era melhorar artificialmente as contas federais.

Agora a causa. A causa é que acabou o dinheiro. Finito, findou-se, acabou-se, fodeu-se. Esse governo é um governo que confundiu a palavra "investir" com "gastar", e o PT gasta bem. E é impossível gastar com as ações sociais, as ações culturais - vide a deturpação da Lei Rouanete e todos os editais em governos e municípios, prejudiciais a diversos investimentos privados em cultura (seja ela qual for), além de torrar o dinheiro nas agências regulamentadoras para pagar todo o cabide de empregos que o conluio do PT e PMDB fizeram no governo - são muitas siglas para citar, e infelizmente não vai sobrar dinheiro para pagar as contas. Não existe matemático, nem mesmo do gabarito de Newton e Liebniz, que  poderiam explicar como se pagar as contas gastando mais do que se arrecada.

Ao que propor solução para essa lambança toda e ganhar meu voto, e mostre uma forma de realizar de fato, que penso ser um mínimo razoável para aquilo que um político que se propõe que e somente e simplesmente a representatividade pelo voto: Redução de impostos (em média 50% do preço de tudo são impostos), com essa redução aumentamos a produtividade e competitividade com o exterior; Redução dos juros (usura), que faz o governo se endividar e só quem lucra são os bancos; Controle do câmbio, que tudo que consumimos é cotado em dólar; farinha, combustível, eletrônicos, automóveis, etc.; Olhar para o norte do país, e ao menos minimizar o impacto da seca. Simples não é?... Utópico também.

Eu não voto há 20 anos, e somente vou votar em quem apresentar uma proposta que seja do meu interesse comum, não para privilegiar determinado grupo, ou etnia, ou religião, ou que faça conluio para vantagem própria, e por isso PSDB, PT e PMDB são frutos da mesma moeda, a diferença é que um está no poder há uma década e meia e o outro há 40 anos.  Veja as citações abaixo; ambos dizem a mesma coisa, e qual a diferença? Um é um intelectual o outro um boçal, mas ambos tiveram o mesmo interesse no poder. Álias, todos seguem a mesma cartilha de canalhice e mentira no poder.

"Se os amigos pode se tornar inimigos, os inimigos podem se tornar amigos." - Graduação Asiática - Ensinamentos dos 31 Mestres - Cap. 14

FHC, Dilma, Lula, Sarney, Collor e o Mosca
"Um pensamento ativo é aquele que, baseado em princípios fundamentais constantes, é capaz de reinterpretar a realidade face às mudanças cotidianas de um mundo em ação." - Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso

"Eu não mudei ideologicamente. A vida é que muda. A cabeça tem esse formato justamente para as ideias poderem circular." - Ex-Presidente Lula (2003)*


Bom, eu estou longe dos discursos dos  Lobões e do Ticos SantaCruzes, e da ideologia metamórfica de quem não pega trem nem ônibus, e aliás "nóis é pobre," - apelo para o discurso muito usado quando alguém me chama ainda hoje pra tocar e não quer pagar cachê ou ter desconto em discos. E nessa correlação, em determinado ponto, num almoço me perguntaram; "Mas você já saiu as ruas?"... Mas que c@#@&%, eu desafio você que foi a Paulista, contra ou a favor desse governo medíocre, utilizar o trem da CPTM que sai de Rio Grande da Serra, e pegar ele na estação Santo André (SP) até o Brás as 07h da manhã. São 40 minutos de espera para conseguir entrar em um vagão e ser espremido, ou seja, ainda quer falar de sair as ruas protesto. Trabalhar nessas condições é um protesto. Mulheres reclamarem do assédio é um protesto. E essas condições sub-humanas impostas, sejam pelo PMDB, PT ou PSDB, fazem o povo nas metrópoles e no norte do país sofrerem. Infelizmente não são todos que podem regar protestos entre uma Heiniken ou Stella Artrois na frente da FIESP. "Nóis é pobre" lembra?.. E trabalhamos amanhã (enquanto tivermos emprego).

E o engraçado, ou trágico, é que nós somos um dos países que mais consomem celular na face da terra, e não temos uma marca nacional de aparelho celular. Nós somos um dos países que mais abrigam fábricas automotivas no mundo, e não temos um carro nacional. O cúmulo da burocracia na abertura de uma empresa e tanto, que chega a ser uma missão impossível sustentar um negócio com tanta carga tributária, somada a tarefa inumana de se fechar um negócio nesse país, há não ser pela falência. Mas enquanto isso, somos o país onde todos os principais canais de comunicação pertencem (ainda hoje) a poucas famílias e subfiliadas, mesmo sendo contra a Constituição.


Antes, dizia que deveríamos nos livrar da mentalidade escrava, que deveríamos mudar as concepções de servidão alienada, e deixarmos de nos contentar com as migalhas que caem da mesa da babilônia. Hoje, mudei o raciocínio, e digo que precisamos mudar a mentalidade escravagista da grande massa; banir da nossa educação familiar a soberba imposta de quem come mal, vive mal, estuda mal e trata mal as pessoas - o típico Domingos Jorge Velho; abolir a mentalidade da superioridade europeia (nós não somos europeus), acabar com o melindre de quem se ofende ao se discordar ou ser apontado, das relações e conluio maléficos, e realmente aprimorar a relação de compromisso e responsabilidade - principalmente no "combinado não sai caro". Essas posturas impregnadas do subconsciente em nada melhoraram a nossa vida no decorrer dos últimos 50 anos.

Alguns ainda flutuam na espiritualidade nula, em fábulas com alusão a um céu e um inferno, outros estão tão desinteressados devido ao pingo de dinheiro que  a máquina do sistema faz na sua conta bancária, e ainda dizem #naovaitergolpe. Eu digo que não há golpe, o Supremo diz que é válida a posição, e você poderia ter pedido o impedimento da Presidente, assim como eu, é um direito garantido ao cidadão comum na Constituição de 1988 - Parte 1. Nesse descambo político e fiscal, só se deixa expoente crise de interessados em permanecer ou tomar de assalto o poder.


Nessa Constituição (que 99% das  pessoas que conheço nunca a leram) - até porque é de uma linguagem e complexidade sem precedentes. Além de considerar que essa Constituição dever ser a Parte 1 de uma trilogia; Parte 1 - Direito, Parte 2 - Deveres, e a Parte 3 - Capítulo Final. Não há como ter equilíbrio só com direitos, sem se ter noção de deveres. E o nosso nesse momento, é buscar alternativas a curto e médio prazo para limpar o lixo despejado no nosso futuro. Depende sempre mais de nós mesmos, porque não adianta um povo corruptível, ou suscetível a corrupção reclamar de um sistema corrupto. Porque acredito que todo mundo tem um preço, mas tem quem se vende por bem menos do que se imagina; um seguro desemprego, um bolsa família, um edital... quem sabe né!


Que Allah tenha misericórdia de todos nós. Paz a todos!


* “Nunca antes na história deste país”, de Marcelo Tas, Editora Panda Books.


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segunda-feira, 2 de maio de 2016

REMIXOLOGY: TRACING THE DUB DIASPORA (REVERB) - PAUL SULLIVAN



Em "Remixology: Tracing the Dub Diaspora (Reverb)", o autor Paul Sullivan explora a evolução do Dub; a linha de frente das versões reggae. O Dub é colocado como um conjunto de estratégias e técnicas do de estúdio, junto os primórdios dos formatos da música popular que transformou a ideia do lado de dentro de uma música ser externado, e (o dub) continua longe de ser completamente explorado. Com uma pegada única no (gênero) dance, eletrônica e música popular, o dub fez nascer as noções do remix e das reinterpretações. Preprando o palco para a música do século vinte e um. 


O livro explora as origens do dub nos anos 70 em Kingston, na Jamaica. E traça a evolução do gênero, junto com a atitude presente nos dias de hoje na música. Fazendo paradas em cidades onde (o dub) teve mais impacto; Londres, Berlim, Toronto, Kingston, Briston, Nova Iorque. Sullivan faz um estudo de diversos gêneros, do pos-punk ao dub-techno, do jungle ao onipresente dubstep. No decorrer do livro ele fala com diversos músicos internacionais convidados, como DJs e iluminados do mundo do dub incluindo Scientist, Adrian Sherwood, Channel One, U Roy, Clive Chin, Dennis Bovell, Shut Up And Dance, DJ Spooky, Francois Kevorkian, Mala e Roots Manuva.


O livro amplia e elúcida a respeito de diversos seguimentos paralelos, incluindo a evolução do MC, o nascimento da cultura dos sistemas  de som e a história recente da diáspora jamaicana pós-guerra (II Guerra Mundial). Um dos poucos livros a serem escritos especificamente sobre dub e sua influência global, Remixology é também um dos primeiros a olhar para a relação específica entre dub e o conceito que atravessa todas as disciplinas criativas pós-modernas de hoje: o Remix.


Sobre o Autor:

Paul Sullivan reside em Berlim, é escritor e fotógrafo. Tem trabalhos publicados no "The Guardian", no "The Telegraph", e no "National Geographic." Ele é autor de diversos livros incluindo "Waking Up in Iceland" e "Sullivan's Music Trivia."


REVIEW DO FYADUB:

Se pensa em adquirir o livro pelo título acreditando que vai ler a história do Dub na Jamaica e como ele migrou para a Europa, passou um pouco longe. O livro é ótimo, sem nenhuma dúvida, muito bem escrito e organizado. Ele não sofre com idas e vindas para explicar algo, a continuidade das informações, dos relatos com o número de participantes no livro são verdadeiras pérolas da cultura e da música.

Ele não se concentra em King Tubby, Jammy e Scientist, ele abre espaço para produtores renomados, e outros menos conhecidos mas com trabalhos de grande criatividade e devem ser respeitados. O Dub, como gênero musical é quase que uma pincelada no livro todo, aqui o Dub é considerado técnica de estúdio e ferramenta de criação. São transcritos diversos diálogos de diversos produtores, engenheiros de som de reggae, techno, dubstep, jungle, hip hop (de UK), e todos são apresentados de forma com o objetivo de dizer quais os elementos do Dub aparecem em suas produções, e o ponto de vista de cada sobre a evolução do Dub desde os anos 70 até agora. 

A linguagem é retilínea, mas não é um livro didático que vai dizer como você vai fazer Dub. Agora posso dizer que se seu inglês não estiver afiado, um bom dicionário ao lado faz diferença, mas se já tem um inglês mediano ou avançado, vai ter uma leitura muito tranquila. O livro é muito bem escrito, e a revisão de texto dele é ótima, e não vai precisar se preocupar com o patois. Livro extremamente valioso para quem gosta de música e não se reprimiu somente a um ou dois gêneros musicais.



Remixology: Tracing the Dub Diaspora (Reverb)
Formato: eBook Kindle
Tamanho do arquivo: 1478 KB
Número de páginas: 224 páginas
Editora: Reaktion Books (14 de maio de 2014)
Vendido por: Amazon Servicos de Varejo do Brasil Ltda
Idioma: Inglês
ASIN: B00KD8YZX2
Leitura de texto: Habilitado
X-Ray: Não habilitado
Dicas de vocabulário: Não habilitado
Configuração de fonte: Não habilitado

Remixology: Tracing the Dub Diaspora (Reverb)
Capa comum: 263 páginas
Editora: Reaktion Books (15 de abril de 2014)
Idioma: Inglês
ISBN-10: 1780231997
ISBN-13: 978-1780231990
Dimensões do produto: 15,2 x 2,3 x 21 cm
Peso do produto: 381 g
Avaliação:




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