segunda-feira, 23 de maio de 2016

ASWAD FEAT. DENNIS BROWN, DAMIAN MARLEY & NAS - PROMISED LAND [TRADUÇÃO]




Comprar Dennis Brown & Damian Jr Gong* feat. Nas - Promise Land (7") @ fyashop
Você tem instrumentais clássicos preferidos?... Se preferir pode chamar de riddim, não tem problema. Pois eu tenho alguns clássicos preferidos. E o instrumental 'Promised Land' ou 'Love Fire' como ficou conhecido é um dos meus. Este esta listado dentre um dos meus dez instrumentais preferidos essenciais de reggae, que devem (não obrigatoriamente) ser tocados em algum momento em uma festa que seja dita de reggae. Se estiver curioso, na minha listinha tem alguns outros como; 'Chanting' que me remete aos dias de 'Turbulence Inna Babylon'* junto com o Planeta Dub e Zulusoljah, e mesmo eu tendo o disco e tocando junto com o Roberto e Zé Luiz na época, eu esperava o riddim ser tocado por eles, que para mim é parte da identidade da dupla e era parte da identidade da festa quando eles tocavam essa música. Além desses, outros como 'Warrior Charge' também do Aswad, 'Shaka The Great', 'Babylon Too Rough'.. e por ae vai. Mas vamos falar especificamente de 'Promised Land'.

* 'Turbulence Inna Babylon' era uma festa que acontecia no Susi In Dub em São Paulo periodicamente as sextas feiras com Zulusoljah, Planeta Dub e Ras e convidados entre 2006 e 2007.

A versão original foi composta pela banda Aswad (que traduzido significa preto em árabe). A banda originalmente formada em 1975 por Brinsley 'Chaka B' Forde (vocal e guitarra), Angus 'Drummie Zeb' Gaye (vocal e bateria) - e é o único membro original na banda atualmente, Donald 'Dee' Griffiths (vocal e guitarra), George 'Ras' Oban (baixista) e Courtney 'Khaki' Hemmings (tecladista). Um dos momentos mais marcantes no inicio da banda foi ter sido a banda de gravação do álbum ao vivo de Burning Spear, gravado em 1977 no Rainbow Theatre.

Em 1980, Brinsley Forde foi o principal personagem no filme cult 'Babylon'. O filme, que é um misto de retrato social e musical da época numa Londres, que assim como resto do mundo, estava passando por diversas mudanças políticas e sociais. No filme, que mostra muito da cultura dos sound systems em Londres; Dreadhead (um dos personagens do filme), visita um empresário chamado Fat Larry que possuiu uma música exclusiva em acetato, que ele espera comprar para que seu sound system Ital Lion derrote - só em filme mesmo, o poderoso JAH Shaka - que também participa do filme. Fat Larry vende a música a música 'Warrior Charge'... e o restante você fica sabendo vendo o filme.


'Babylon' é um retrato da juventude negra na época, muito diferente da que era retratada nos tabloides britânicos. Esses jovens negros, que não eram traficantes, estupradores e nem assaltantes. Eram jovens comuns com desejo de sobrevivência, sonhos e medos. E a diferenciação sempre foi, o que em qualquer gueto no mundo é, o escape da válvula de pressão, fazer música e tocar discos, com um pouco de equipamento comprado com muito suor e um pouco de equipamento construido com as próprias mãos. Esses momentos em festas são os que dão energia para lutar contra a pobreza, desilusão e a opressão aleatória que emerge da sociedade.

Em 1981, a banda lançou dois álbuns; 'Aswad Showcase' - que incluía 'Warrior Charge' e o álbum 'New Chapter'. Obviamente o primeiro acabou tendo vantagem por conter músicas do filme 'Babylon', e 'New Chapter' acabou sendo um coadjuvante. Ambos os álbuns já mostravam um Aswad mais experimental, já mesclando o reggae com banda com sintetizadores e elementos eletrônicos - e nessa época 'Sleng Teng' nem existia na cabeça de King Jammy. Nessa experimentação do Aswad, um dos pontos principais era um arranjador e trombonista, remanescente da era de ouro do Ska, do Rocksteady e do Reggae chamado Vin Gordon. Foi Vin Gordon que fez os principais arranjos de metais das músicas do Aswad, em ambos álbuns.


Em 'New Chapter', foi lançada a música 'Love Fire'. Que não foi lá muito tocada e sendo discreta mesmo com o potencial do instrumental. Difícil ver o álbum ou a música em alguma lista de discos ou músicas essenciais - e também tem um preço bem em conta. Em 1982, foi lançado 'A New Chapter Of Dub' - obviamente de versões dub de 'New Chapter', onde se destacam duas músicas; 'Dub Fire' e 'Guetto In The Sky'. 'A New Chapter Of Dub' trazia uma produção um pouco diferente de grande parte dos discos de versões dub da época. Os delays e ecos eram utilizados como parte dos arranjos e não como meros efeitos, ou uma forma de preencher o vazio em determinados momentos em cada música. E obviamente 'Dub Fire' acabou por vir fazer parte das seleções de JAH Shaka, que já havia trabalhado com Brinsley Forde em 'Babylon', e posteriormente produziria um disco junto com a banda em 1985; 'Jah Shaka Meets Aswad ‎– In Addis Ababa Studio'.

Já a versão definitiva do instrumental de Aswad, tocada e arrebatada pelos efeitos de sirene e vocais de Jah Shaka em suas sessões lúdicas, teve seu vocal e batismo na voz de Dennis Brown - que estava residindo em Londres na época, rebatizando a música de 'Promised Land'. Nessa fase, Dennis Brown vivia um de seus melhores momentos e mais prolíficos depois de algumas derrapadas e desencontros com produtores. Existem rumores de que 'Promised Land' é um dupblate, que acabou por se tornar um hit exponencial por Brown ter gostado muito da música finalizada, e pela letra ser um dos hinos da repatriação e da diáspora africana pregada por Marcus Garvey, o que ele já estava convicto naquele momento. A música originalmente foi lançada pelo selo próprio de Dennis Brown;  'Yvonne's Special' na Jamaica. 'Yvonne's Special' é uma homenagem a sua esposa, que se chamava Yvonne. E na Europa o single foi lançado pelo selo 'Simba', ambos em formatos 7inch e 12inch. Pelo selo 'Simba', além da versão vocal & dub, ainda contém mais duas versões do instrumental no lado b.


No decorrer dos anos 90 e 2000 - e adiante, diversas versões com o instrumental de 'Love Fire/Promised Land' foram lançadas. Inúmeras versões que simplesmente faziam um reboot <<< palavra nova para uma nova versão de um riddim, e outras que eram produzidas com timbres digitais, para todos os estilos e gostos dos seletores e dj's, e que fizeram a minha alegria ao ouvir o instrumental com um novo vocal e um novo estilo. 

Em 2010 eu aguardava ansioso por um álbum especifico; 'Distant Relatives' de Nasir Jones aka Nas e Damian 'Jr. Gong' Marley. Os dois se encontram em 2005 gravando 'Road To Zion' para o álbum 'Welcome to Jamrock' de Damian, o que acabou servindo de prelúdio para 'Distant Relatives'. A combinação deu muito certo, e mesmo que a diferença temporal de 'Road To Zion' para o álbum 'Distant Relatives' seja de cinco anos, os timbres estão todo ali.

 
'Distant Relatives' provavelmente foi o álbum que eu mais gostei naquele ano - e vendi tanto quanto pude aqui no Brasil, mas infelizmente acabou não ocorrendo a possibilidade de dar conta da demanda. A produção do álbum é primorosa - e letras que agradam mais que café expresso esse que lhes escreve, e eu só tenho elogios para todo o álbum, que mistura o reggae e o hip hop, e conhecimento anciente. Coisa rara de achar algo que agrade tanto quanto o álbum 'Distant Relatives'. Leia aqui a resenha publicada na época do lançamento do álbum: Distant Relatives - Nas & Damian Marley @ Fyashop
Dentre as músicas do álbum, está a versão de 'Promised Land'. O instrumental é bem próximo do arranjo original - mudando um pouco o arranjo de baixo, e na voz de Dennis Brown o refrão, no vídeo a introdução é de Dennis Brown falando sobre a África e literalmente de leve tirando um sarro da cara de Roger Stephens. A introdução é uma entrevista dada ao jornalista, radialista e escritor Roger Stephens em 1982, para o documentário 'Deep Roots' do Channel 4. 

Como 'Distant Relatives' tem um foco e uma direção lírica afrocêntrica, a música original de Aswad e Dennis Brown, casou perfeitamente com o álbum, que é muito bem pensado, tendo começo, meio e fim. E a letra de Nas e Damian, complementam as ideias e o lirismo sobre repatriação de Dennis Brown, a fé Rastafari de Damian e o afrocêntrismo da Nação o Islam no qual Nas conhece muito bem, e que permeia todas as letras do álbum.


Dennis Brown & Damian Jr Gong* feat. Nas - Promise Land (7")
Label:Rude Bwoy Records (2)
Cat#: RB-01
Media Condition: Mint (M)






ASWAD FEAT. DENNIS BROWN, DAMIAN MARLEY & NAS  - PROMISED LAND




Now I and I say greetings in the name of the mighty king
Agora Eu e Eu digo saudações em nome do Poderoso Rei
And I and I say played by the King love is all I bring
E Eu e Eu digo tocando pelo Rei, amor é tudo que eu trago
And I and I say Africa is I and I responsibility dreadlocks
E Eu e Eu digo Africa m
Yes, huh
Yes, huh



To the Promise Land
Para a Terra Prometida
Going to the Promise Land
Indo para a Terra Prometida
Yes, the Promise Land, o gosh now
Yes, a Terra Prometida, agora o Deus
To the Promise Land, yeah
Para a Terra Prometida, yeah



Imagine Ghana like California with Sunset Boulevard
Imagine Gana como a California com a Sunset Boulevard
Johannesburg would be Miami, Somalia like New York
Joanesburgo seria Miami, Somalia como Nova Iorque
With the most pretty light, the nuffest pretty car
Com as luzes mais bonitas, o carro mais bonito e potente
Ever New Year the African Times Square lock-off
Todo ano novo o Times Square Africano vai ser fechado



Imagine Lagos like Las Vegas, the ballers dem a ball
Imagine Lagos como Las Vegas, os ostentadores vão ostentar
Angola like Atlanta, a pure plane take off
Angola como Atlanta, um avião vai decolar
Bush Gardens inna Mali, Chicago inna Chad
Bush Gardens lá em Mali, Chicago lá em Chad
Magic Kingdom inna Egypt, Philadelphia like Sudan
Magic Kingdom no Egito, Filadelfia como o Sudão



The Congo like Colorado, Fort Knox inna Gabon
O Congo como o Colorado, Fort Konx lá em Gabon
People living in Morocco like the state of Oregon
Pessoas vivendo no Marrócos como no estado do Oregon
Algeria warmer than Arizona, bring your sun lotion
Algeria é tão quente quanto o Arizona, traga seu bronzeador
Early morning class of Yoga on the beach in Senegal
De manhã logo cedo aula de Yoga na praia no Senegal



Ethiopia the capitol of fi di Congression
Etiópia é a capital do Congresso
A deh so I belong, a deh di the king come from
E lá que eu pertenço, e de lá que o Rei vem
I can see us all in limos, Jaguars and B'mos
Eu vejo todos nós em limosines, Jaguar's e BMW'ss



Riding on the King's Highway
Rodando na Rodovia do Rei
To the Promise Land
Para a Terra Prometida
Going to the Promise Land
Indo para a Terra Prometida



O, Gosh
O, Deus
Yeah, the Promise Land
Yeah, a Terra Prometida
Yeah, the Promise Land
Yeah, a Terra Prometida
Oh
Oh



Promised Land, I picture Porsches, Basquiat portraits
Terra Prometida, eu retrato Porsches, retratos de Basquiat
Pinky rings realistic princesses
Aneizinhos reais em princesas
Heiresses bunch a kings and queens
Herdeiras de varios reis e rainhas
Plus I picture fortunes for kids out in Port-Au-Prince
Além disso, eu imagino fortuna para as crianças em Porto Principe
Powerless, they not allowed to fit but not about to slip
Impotentes, eles não tem permissão pra se ajustas mas não podem deslizar



Vision Promised Land with fashion like
Visualize a Terra Prometida com a moda tipo
Madison Ave, Manhattan, Saks 5th Ave and Rodeo
Avenida Madson, Manhattan, Saks na 5a Avenidade e Rodeo



Relaxing popping labels, Promise Land no fables
Etiquetas famosas relaxantes, Terra Prometida não tem fábulas
This where the truth's told, use them two holes
Essa é a verdade contada, use seus dois buracos
Above your nose to see the proof yo
Acima do nariz para ver a prova yo



Imagine a contraption that could take us back
Imagina uma contracepção que pudesse nos levar de volta
When the world was run by black men
Quando o mundo era governado pelo homem negro
Back to the future, anything can happen
De volta para o futuro, tudo pode acontecer
If these are the last days and 100-foot waves come crashing down
Se esses forem os últimos dias e ondas de 100 pés vierem desabar



I get some hash and pounds
Eu tenho um pouco de haxixe e algumas libras
Pass around the bud then watch the flood
Passar o baseado e assistir a inundação
Can't stop apocalypse
Não podem impedir o apocalipse
My synopsis is catastrophic
Minha sinopse é catástrofica



If satellites is causing earthquakes
Se satélties estão causando terremotos
Will we survive it?
Nós vamos sobreviver?
Honestly man it's the sign of the times
Homem honesto é o sinal dos tempos
And the times at hand
E os tempos estão na mão



There's a lot of work to be done, o gosh
Existe muito trabalho a ser feito, o Deus
In the Promised Land
Na terra Prometida



Going to the Promise Land
Indo para a Terra Prometida
O gosh
O Deus
Take me to the Promise Land
Me leve para a Terra Prometida



The Promise Land
A Terra Prometida
Oh, the Promise Land
Oh, a Terra Prometida
The Promise Land, oh, oh, yeah
A Terra Prometida, oh, oh, yeah



There's plenty of land for you and I
Tem um monte de terrar para você e eu
Buy and buy
Comprar e comprar
Lots of food to share for everyone
Muita comida para compartilhar para todos
No time for segregation
Não há tempo para segregar








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sexta-feira, 20 de maio de 2016

VOCÊ SABE PARA QUE SERVE O MINISTÉRIO DA CULTURA?




... Michel Temer.
A extinção do Ministério da Cultura por Michel Temer causou celeuma na internet e na rouanetosfera. Alguém sabe para que ele servia?

O Ministério da Cultura brasileiro foi criado em 15 de março de 1985 por José Sarney. Aqui se encerram nossos argumentos a favor de sua extinção. Repetindo: criado. por. José. Sarney.

Segundo a Wikipedia, “foi responsável pelas letras, artes, folclore e outras formas de expressão da cultura nacional e pelo patrimônio histórico, arqueológico, artístico e cultural do Brasil.” Pergunte-se a si mesmo sobre o que você conhece de letras, arte, folclore e (perca um bom tempo nessa daqui) “outras formas de expressão da cultura nacional” antes de 1985 e o que conhece depois de 1985.


Os grandes escritores da nação (contando com José Sarney, é claro). Os grandes artistas. As expressões do folclore (pode ser num gráfico ou Power Point comparando Saci Pererê com Bonde do Tigrão). As “outras formas de expressão da cultura”. Bom, aqui temos um adendo após a decisiva argumentação profunda sobre o destino do Ministério da Cultura. Não tem Gleisi Hoffmann ou Lindbergh Farias para dizer que não há argumentos.

A decisão do presidente Michel Temer de extingui-lo, amalgamando-o ao Ministério da Educação, causou fuzarca, sobretudo, óbvio, entre aqueles que recebiam dinheiro do Ministério. Não é exatamente uma notícia: qualquer coisa feita por Michel Temer será criticada por petistas (indicar ministros, falar de programas sociais, falar de Lava Jato, falar, respirar etc).

A confusão é que os endinheirados em questão confundem Ministério da Cultura com Cultura, crendo que a supressão do primeiro causará a extinção da segunda. Sobretudo: confundem o seu próprio trabalho com “a cultura nacional”. Com “arte”. Com algo necessário ao país, sem o qual estaremos todos fazendo uga-uga, não entendendo de nada (ainda mais de política, ao qual ficou reduzida a cultura brasileira com o ministério).

... Dilma Rousseff.
Vide declarações de “artistas e produtores” que O Globo entrevistou sobre a fusão. Digno de nota: todos os entrevistados são petistas. Alguém está surpreso? Será que vai demorar muito para acabar com o Ministério do Jornalismo que dá verbas a quem lhes puxa o saco? É a chamada rouanetosfera. Artistas que, sem o poder do Estado de arrancar o dinheiro de qualquer um para transferir para seus bolsos, já teriam virado empacotadores de supermercado.


Augusto de Campos: “É puro retrocesso. Mas não esperava outra coisa de um governo (…) resultante de um impeachment sem fundamento jurídico, e orientado por mentalidades conservadoras e retrógradas.”

É, portanto, mandatório para receber verbas do Ministério da Cultura ter um posicionamento político esquerdista, revolucionário e stalinóide.

José de Abreu mostrou suas preocupações culturais, este grande artista: “Solicitei ao governo francês um visto. Me deram um especial de residência chamado Competência e Talento com direito a trabalhar lá. Talvez por isso a Cultura na França movimente sete vezes mais dinheiro que a indústria automobilística.” Como o Brasil vai sobreviver sem isso?

Um tal de Sérgio de Carvalho, diretor teatral e “pesquisador” (nunca se entende bem o que essas pessoas fazem para justificar nosso dinheiro sendo transferido para suas contas bancárias) é hardcore em rouanetês e saca o manual de palavrório oco da Escola de Frankfurt:

“A extinção do Ministério é a confirmação simbólica do próprio golpe: uma manipulação da letra da constituição para reforçar o mando do capital sobre a vida dos que trabalham. SignIfica a imposição de critérios econômicos, lógica do evento, eficácia de fluxo financeiros, anulação da história, e combate policial ao direito a imaginar um mundo além da forma-mercadoria.”

Não viver pelo capital é viver pela subsistência, usando todo o dinheiro sem poupá-lo para formar um capital. Sem capital, não haverá o que tomar das pessoas para financiar o Ministério da Cultura. Mas apenas com esse tipo de verborréia se ganha aplausos “culturais” no Brasil.


Apenas alguém divorciado da realidade pode acreditar que o Estado é capaz de anular critérios econômicos e “lógica do evento” em produções culturais, ou ir contra a “eficácia de fluxos financeiros” (pedaladas da Dilma à parte, ou o ministério tem isso, ou vira um buraco negro de dinheiro, o que parece ser o desejo real do tal diretor).

... Luis Inácio Lula da Silva.
O melhor é a “anulação da história” (risos) e o “combate policial ao direito a imaginar um mundo além da forma-mercadoria” (gargalhadas), logorréia que não significa absolutamente nada, mas o fez parecer absolutamente profundo para quem fica embasbacado diante de qualquer Jean Paul Sartre, Judith Butler ou István Mészáros falando sobre nada com palavras tudo por aí.

Já Cacá Diegues, cineasta cuja maior obra é Tieta do Agreste, dá uma viajada mais light no reino da rouanetosfera:

“Simplificando, a educação prepara as pessoas para o mundo real, enquanto a cultura estimula a inventar outros mundos. Botar as duas coisas juntas, como se fossem uma coisa só, é um retrocesso acadêmico, uma incompreensão do mundo moderno e do futuro. Um retrocesso.”

A educação clássica prepara para o mundo real, mas trabalha justamente o imaginário. Uma das maiores obras de crítica literária que é crítica ao modo esquerdista de reduzir a cultura a uma “imaginação” ou alguma irrealidade é, justamente, A Imaginação Liberal (em sentido americano, ou seja: esquerdista), de Lionel Trilling.


São ensaios justamente sobre a falta de “imaginação moral”, ou seja, de uma imaginação em roteiros, livros, peças etc capaz de criar situações em que o maniqueísmo bobo da política, das tribos, clubes e agremiações fáceis não seja a tônica dominante. Nem sempre o certo e o errado são tão claramente discerníveis – pense-se na Antígona, lutando entre uma justiça terrena civil e a justiça universal dos deuses. Pense-se em Hamlet, ou na solidez de justiça, mas manca de realidade de um Dom Quixote.

É de se perguntar se Cacá Diegues e outros aboletados no Ministério da Cultura de fato expandiram nossa imaginação desde 1985 ou se, pelo contrário, nos fizeram crer que algo fora do Ministério da Cultura seja “uma incompreensão do mundo moderno e do futuro”.

Uma dica: quase todos disseram se tratar de um “retrocesso”. Os “artistas e produtores” não parecem muito criativos com seu vocabulário. Antes fosse: estávamos muito melhor antes de 1985. Não se tem notícia de ter um Machado de Assis, um Graciliano Ramos, um Guimarães Rosa graças ao Ministério da Cultura. Tivemos, é claro, uma tentativa de Cláudia Leitte de lançar seu livro, mas desistiu após ser “humilhada”. Chico Buarque já traduziu o seu para o coreano via Lei Rouanet sem humilhação alguma.


De fato, a definição de Cacá Diegues está “simplificando”. Bastante. O que chamamos de “cultura” são, na verdade, elementos culturais, tradutores da cultura de um povo para ele próprio e o mundo. A cultura verdadeira sempre tem algo de universal. Shakespeare ou Goethe, São Tomás de Aquino ou Yasunari Kawabata não exigem a participação e filiação em seus grupos para nos tocarem em algo.



... Fernando Henrique Cardoso.
Ministério da Cultura, Cultura de Ministério

Cultura vem do latim cultus, indicando a idéia de cultivo, de terra (como em “cultura de uvas”). Algo local, próprio de um determinado povo, mas cujo valor transcende fronteiras. A cultura da solicitude inglesa, da hospitalidade árabe, do ordenamento alemão, da oralidade judaica, do tradicionalismo japonês ou do jeitinho brasileiro são traduzidas em obras de arte, na língua, na literatura, em bens culturais de valor transcendente.

Nenhuma delas foi criada por um “ministério”. O máximo que estes podem fazer é patrocinar algum artista que possa transmitir tal cultura em sua arte. É a figura do mecenas, frequente desde a Antiguidade – Mecenas era um conselheiro do imperador Augusto. Em diversos momentos da humanidade, várias figuras fizeram as vezes do mecenato, do financiamento de artistas, da burguesia aos tiranos.

E é onde reside o problema: nunca um financiador de arte irá cuidar da “cultura” de maneira geral e irrestrita, qualquer produção cultural, e sobretudo as de qualidade, conceito subjetivo por definição. Os liberais chamam isto de “conhecimento difuso”, que não está e não pode estar nunca em um único agente; não é, portanto, por birra ou cabeça-durice, mas por pessimismo que liberais desacreditam no Estado como melhor agente.

... Itamar Franco.
Se o Estado e os governantes que o controlam não irão patrocinar todas as artes, irão naturalmente tirar da livre competição do mercado e alçar à proteção da verba garantida aquelas com quais eles concordam. O Ministério da Cultura de Dilma Rousseff iria patrocinar um show de death metal ou de Chico Buarque? O Ministério da Cultura de José Sarney iria patrocinar um livro de Millôr Fernandes, que o chamava por Sir Ney, ou uma tradução para o caldeu de seu Maribondos de Fogo?


A mera existência de um financiador com poder de monopólio implica uma forma de censura. Não se trata de proibição, mas de financiamento massivo a qualquer concorrente. Alguém pode ficar feliz com Lula e Dilma patrocinando livros de Chico Buarque, filmes de José de Abreu, peças de teatro de petistas enfiando o dedo no ás-de-copas de outros petistas. E se o próximo presidente for um “homofóbico” de direita, e estas pessoas, ao invés de buscar o financiamento difuso de empresas que concorrem entre si, dependerem da aprovação de seus acólitos para uma peça com beijo gay? Quer censura mais fácil do que esta, que é aplaudida pelos censurados?

Não à toa, de Nero a Adolf Hitler, a coisa mais comum do poder político é se cercar de artistas bajuladores (a grande diferença é que outrora eram talentosos, como o poeta Konstantin Simonov, protegido por Stalin, como conta Orlando Figes em Sussuros: A vida privada na Rússia de Stalin).

Se ao invés de financiarem projetos segundo seus interesses, permitindo que artistas em busca de recursos procurem empresas diversas (tecnologia semelhante à maravilha que é a Bolsa de Valores, que permite que pessoas inventivas sem dinheiro lucrem com endinheirados sem idéias empreendedoras), a produção cultural estiver no Estado tomando impostos, desestimulando empresas a financiar o que já financiam por obrigação (a Lei Rouanet e sua renúncia fiscal não permite, senão, uma renúncia de impostos, já por si obrigatórios), quem controla a produção cultural é quem controla o Estado. O resultado se vê ao nosso redor.


... Fernando Collor de Mello.
Somos o único país do mundo sem uma literatura que espelhe a realidade. Sem músicos de nota, senão aqueles que ignoram completamente a jogatina política. Nossa maior arte plástica hoje são os desenhinhos de Romero Britto. E os artistas, claro, são todos favoráveis ao partido no governo até há pouco. Sem ele, parece que morrerão de fome.

Para piorar, a arte estatal via Ministério da Cultura só pode, por natureza, copiar a produção artística vigente – não há como financiar um Homero, Mahler, Victor Hugo ou M. C. Escher se não se vê nenhum deles por aí. Só se pode financiar a bandinha emo, o axézeiro que toca na festa da filha do governador da Bahia, o grafiteiro preferido do Fernando Haddad, a peça de teatro com mérito de ter algum ator da Globo xingando o Bolsonaro e o capitalismo para ser hype.

Pior: tem a obrigação de financiar o pior deles, do contrário sua existência também é posta em xeque – por que “promoveria” a cultura, se fora das monarquias, tem apenas a opinião pública medindo tudo por quantidade de público, e não qualidade da obra, para servir de régua? Como estaria “promovendo” algo já promovido?

Basta ver os projetos mais bizarros aprovados pela Lei Rouanet, como elencou o site Spotniks: vai do DVD de MC Guimê (meio milhão) aos R$ 4 milhões para uma turnê de Luan Santana e R$ 1 milhão para turnê de Detonautas, além do imperdível Brizola: tempos de luta, com exposição (!) “Um brasileiro chamado Brizola”. Será que permitiriam uma contrária ao governo? Nossa cultura foi salva pelo ministério?


... José Sarney.
É muito bonitinho confundir a si próprio com a própria “cultura nacional” só por ter um trabalho economicamente improdutivo (nem fale de escrever na internet) e falar que, sem Ministério da Cultura, não haverá cultura. O fato é que não haverá mamata. Só isso. A cultura sempre respirou melhor com mecenas difusos e só denegriu com um partido que confunde a si próprio com o Estado, pedalada com justiça social, fazer cocô em público com manifestação, enfiar o dedo no oritimbó com performance, Tico Santa Cruz com música e por aí vai.

Perguntar para que serve o ministério da Cultura para os incultos que dele recebiam verba e obter 1% da profundidade acima é esperar que um ganso aprenda a rosnar enquanto chupa cana plantando bananeira. O que seria uma peça cultural de muito mais valor do que eles produzem.


Por Flavio Morgenstern - Artigo original publicado @ http://sensoincomum.org/2016/05/13/voce-sabe-para-que-serve-o-ministerio-da-cultura/


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quarta-feira, 18 de maio de 2016

JACKPOT RECORDS @ FYASHOP



Alguns até podem dizer que não, mas Bunny Lee é uma das figuras chaves na evolução do gênero musical que conhecemos como Reggae. Dentro do seu extenso currículo, Bunny Lee exerceu o papel do produtor musical nos principais estúdios da Jamaica, e teve ao seu lado os principais músicos e engenheiros de som ao seu lado, principalmente no decorrer dos anos 60 e 70.



Talvez o maior mérito de Bunny Lee, seja ser o responsável por dar abertura e liberdade criativa, o permeou toda a obra do produtor, e principalmente por aquilo que ele lançava. Diferente de muitos outros produtores, que traziam para si todo o processo criativo, Bunny Lee tirava proveito da capacidade criativa e de inovação de todos que trabalhavam para ele. Talvez, a descoberta mais notória e o investimento que mais lhe deu retorno tenha sido com Osbourne Ruddock, que ficou mais conhecido como King Tubby, e Lee visionário investiu nas técnicas desenvolvidas por quem viria a se tornar o pai da produção não-linear moderna... o Dub.


Durante os anos 70 de Bunny 'Striker' Lee se proliferaram pela ilha e pela Europa, e ele criou um número razoável de diferentes selos para colocar a venda tudo aquilo que ele produzia. Dos selos mais importantes de Bunny Lee na época, foram Attack, Justice e Jackpot.


"Eu tenho diversos selos. "Lee's" foi meu primeiro selo... eu tinha alguns "white labels" (títulos sem selo), e então eu lancei o "Lee's", com apóstrofe. Nos anos 70 muitas das musicas foram lançadas pelo Jackpot... você sabe que ele foi desenhado na Jamaica.

Eu tinha selos que algumas vezes não me lembrava até vê-los! Algumas vezes vezes você criava um selo no calor do momento. Você me entende? Naquela época tínhamos muitos selos "blanks" também... Os discos "blanks" eram legais, mas as pessoas queriam saber o nome do artista, então tínhamos os "backgrounds" onde podíamos imprimir o nome. Era mais fácil. Você podia colocar o nome no Jackpot ou no Aggrovators porque naquela época você precisa fazer tudo rápido! A gráfica começava a fazer eles e todo mundo do selos olhava da mesma forma mas com nomes diferentes. Isso significava que que qualquer um poderia fazer seu próprio selo mas tinha que lançar o vinil rápido.

Yeah Man... Eu tinha Jackpot, Justice, Agro, Gas... Unity foi um selo que iniciei com a Pama... com a Pama Supreme... Eu tinha vários. Attack e Jackpot ao lado da Trojan... O selo Jackpot começou comigo e com Lee Gopthal, junto com o selo Big Shot para lançar as produções em UK." - Bunny 'Striker' Lee


Bunny Lee sempre trabalhou e foi muito próximo de King Tubby, que construiu seu primeiro sound system em 1957, mas Tubby sentiu que as coisas mudariam de rumo quando Ewart 'U Roy' Beckford foi seu deejay em 1968. Tubby poucos depois comprou uma mesa de dois canais junto de equipamentos de gravação, que ele instalou junto com sua prensa de acetatos, e tornou o que viria a ser um home studio, no quarto de sua casa onde guardava seus discos de jazz em Dromilly Avenue. Quando Byron Lee deu um upgrade no Studio B no notório Dynamic Sounds, adquirindo uma mesa de dezesseis canais em 1972, Bunny Lee fez um acordo junto com Tubby para adquirir a antiga mesa de quatro canais do estúdio. Junto do pacote, veio o console MCI que Tubby usaria para criar grande parte do que viria a ser o catálogo de Bunny Lee, e de diversos outros músicos, o restante é história. 




Twinkle Brothers - Too Late (7")
Label:Jackpot (2)
Cat#: none
Media Condition: Very Good Plus (VG+)

R$75.00
+ shipping


Dr. Alimantado - I Kill The Barber / Natty Dread Conquer The Barber (7")
Label:Jackpot (2)
Cat#: none
Media Condition: Very Good (VG)

R$115.00
+ shipping


Cornell Campbell - Jah Jah A Go Beat Them (7")
Label:Jackpot (2)
Cat#: none
Media Condition: Good (G)
Cracked. Side A have a skip. Side B plays EX.

R$55.00
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Dillenger* / Agrovators* - The Best Time (7", Single)
Label:Jackpot (2)
Cat#: none
Media Condition: Very Good Plus (VG+)

R$75.00
+ shipping


Dennis Brown - Stick By Me (7")
Label:Jackpot (2)
Cat#: CS 023
Media Condition: Near Mint (NM or M-)
Have a sticker on label.

R$30.00
+ shipping


Derrick Morgan - Still Around (7")
Label:Jackpot (2)
Cat#: none
Media Condition: Good Plus (G+)
Original Press, with some marks on label and some noise.

R$55.00
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