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segunda-feira, 10 de maio de 2021

MARLON JAMES :: 'BOB MARLEY FOI VISTO POR ALGUNS COMO UM REVOLUCIONÁRIO PERIGOSO'

Cantor de reggae é personagem do livro ‘Breve História de Sete Assassinatos’ do escritor jamaicano

Marlon James

“Meu trabalho é descrever da mesma maneira um tiroteio e um beijo”, diz o escritor jamaicano Marlon James (Kingston, 1970), que vai participar da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2017). James garante que sua obra tem mais de jornalismo que de literatura. Mas não deixa de ser curioso que ele considere seu bisturi narrativo tão frio e preciso quando as 800 páginas de Breve História de Sete Assassinatos, romance ganhador do prêmio Booker e publicado no Brasil pela editora Intrínseca, são um vulcão que cospe frenesi, violência, sensualidade e corrupção. Tem a verve infecciosa e sufocante daquelas histórias do subdesenvolvimento onde a vida não vale nada. Mas é uma verve que também recebe as chibatadas de um escritor obcecado com o rigor documental e a técnica investigativa que herdou de sua mãe, que era detetive.

“Como escritor, tenho a tendência de escrever demais, de usar muitas metáforas. Mas quando falo através das personagens, restrinjo-me de uma maneira que me agrada. Eu gosto quando minha personagem diz sobre um entardecer: ‘Esse entardecer é um tédio’, e não preciso sacar mil epítetos. Nasci em 1970 e esta história é de 1976, minha voz aqui não é relevante e não há nenhum aspecto de mim que se impregne em minha obra. Para isso já tenho meu diário. E acredito que retratar a violência requer muito autocontrole. Basta olhar o Guernica de Picasso”, diz o escritor em uma entrevista ao EL PAÍS.

James ganhou o Booker com seu terceiro romance, depois de John Crow’s Devil (2005) e The Book of Night Women (2009). Demorou quatro anos para lançá-lo e o que se percebe do outro lado é como uma viagem por um arquivo de história oral da Jamaica dos anos 1970 e 1980, que reflete, no uso da linguagem, a estratificação social e a poesia do instinto de sobrevivência.

“A língua pode te incluir ou excluir. Na Jamaica, falar um bom inglês indica que você pertence a uma classe ou outra, mas isso não significa que, se não falar, você é inculto ou idiota. Pode ser enganoso: eu falo um bom inglês e venho da classe média. Não se dão conta de que o inglês não é uma língua a que todos devem aspirar. É uma ferramenta qualquer”, diz quem foi descrito como uma mistura de Quentin Tarantino com William Faulkner.

Com dezenas de personagens, entre elas o próprio Bob Marley, o autor tece uma selva espessa de interesses, desejos e corrupções, um quadro impressionista que requer distância para ver a imagem nítida de um mundo pré-globalizado que já tecia sua teia com duas aranhas irmanadas: a política e o narcotráfico. “Acredito que a esta altura os norte-americanos são os únicos que se surpreenderão com os horrores de sua própria política externa. Ao menos em Cuba e na Jamaica temos isso bastante claro”, diz sobre o duro golpe que atribui à CIA devido a seu papel no Caribe.

Sua prosa é exigente e ele mesmo quis incluir um guia das personagens no início do livro. “Não acredito que os leitores vão seguir adiante de maneira fluida em cada página. Nem deveriam. Há confusão, os personagens se contradizem e a história não se encaixa, mas isso é premeditado. Não há uma autoridade que conte uma história assim. Não estou tentando posicionar nenhuma das vozes como a verdadeira. Os personagens às vezes tiram sarro do leitor”, diz o autor.

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Existe um gancho comercial na figura de Bob Marley. Um recurso fácil em um romance tão complexo? “Por que não? É a pessoa mais famosa da Jamaica e nosso embaixador cultural. E, como embaixador cultural, acho que não está nada mal. Percebi que muita gente não sabia que tinham tentado matá-lo. Através de um ícone podemos conhecer uma boa história. E as pessoas não sabem que, além de cantor, foi um revolucionário que muitos consideraram perigoso”, diz.

Enquanto desenhava essa tapeçaria ultraviolenta, Marlon James lia James Ellroy, Marguerite Duras e Virginia Woolf, que considera indiretamente presentes no livro. Tudo o que diz James parece destinado a dinamitar os rótulos que queiram pôr nele como jamaicano, negro e homossexual que deixou seu país para se instalar nos Estados Unidos, concretamente em Minneapolis.

“Quando saí da Jamaica deixei uma sociedade pacífica. Eu era de classe média. Esta é uma história do oeste de Kingston e, sim, é uma história violenta. Mas pensar que o que aqui retrato é a Jamaica é como pensar que a África é ebola quando só 1% dos africanos têm essa doença. Além disso, a história de que fugi de uma terra turbulenta para vir aos Estados Unidos é falsa, mas só porque há muita violência nos Estados Unidos também”.

Tampouco fugiu da perseguição por ser gay em um país considerado um dos mais homofóbicos do mundo. Na verdade, foi o tédio que o fez partir, conta. Seu conceito de Breve História de Sete Assassinatos é muito relativo. “Para mim é breve, porque daria uma trilogia. Mas foi mais uma brincadeira com aqueles dicionários concisos de Oxford que tinham três volumes. E a vida das personagens é breve. Das que começam o livro, apenas duas sobrevivem as 200 primeiras páginas”.

Por isso, o leitor que terminou o livro arrebatado e exausto se surpreende com a resposta de James quando se pergunta se ele se considera otimista: “Tenho certa fé no ser humano. Meus livros nunca acabam mal. É uma reconexão depois de uma desconexão. Este é o terceiro romance que termino com uma voz feminina. Talvez elas devessem dominar o mundo”.


O QUE HÁ POR TRÁS DO MITO BOB MARLEY

Quarenta anos depois de sua morte, o músico continua sendo a figura central do reggae e da Jamaica


Sabemos que Bob Marley (1945-1981) ainda se destaca entre as estrelas mais rentáveis. Sua colocação na parada de sucessos dos falecidos comercialmente ativos se explica por uma fama genuinamente global e pela atração de seu merchandising: qualquer produto que leve seu nome e sua imagem é vendável (e isso inclui de roupas a uma marca de maconha). Tudo o que gira ao redor de Bob Marley é desmesurado, incluindo sua biografia: por volta de 500 livros.

E ainda assim boa parte de sua lenda se baseia em fábulas e mal-entendidos. O que faz sentido no caso da Jamaica, onde —segundo o ditado local— “não encontrarão fatos, e sim versões” (entenda-se como uma alusão a uma das tantas invenções das gravadoras locais, que multiplicavam as versões de canções de sucesso, frequentemente a partir de uma mesma gravação). Geralmente, o que nos é contado de Marley requer correção e esclarecimento. Sua própria existência costuma ser representada como uma metáfora do colonialismo: um equívoco é dizer que seu pai era um oficial britânico branco que engravidou uma garota local. Mas, na verdade, Norval Marley era jamaicano de nascimento. Um engenheiro militarizado durante a II Guerra Mundial. Diziam ainda que Cedella Booker não foi uma mãe modelo, que não teria tomado conta o suficiente do garoto. Mas ela e o filho levaram uma vida dura. Antes de se casar com um norte-americano, manteve uma relação complicada com o pai de Bunny Wailer, futuro colega de seu filho no grupo The Wailers.

Bob precisava de todos os apoios possíveis. Na cruel hierarquia da época, sua pele era uma complicação: era chamado de “o menino alemão” e “o pequeno amarelo”. É impossível imaginar hoje a pobreza que Bob Marley conheceu. Sua viúva, Rita, lembra de dias em que precisava esconder sua nudez, enquanto a única roupa que tinha secava. E falamos de alguém que tinha certa reputação como músico. Uma ideia de seu desespero: emigrou aos Estados Unidos e trabalhou em fábricas da DuPont e Chrysler. A possibilidade de ser convocado para combater no Vietnã fez com que voltasse ao Caribe.

A indústria musical jamaicana tratou tão indignamente os The Wailers quanto o restante de seus artistas: foram enganados até mesmo por personagens hoje santificados, como o produtor Lee Perry. Em troca, tiveram inúmeras oportunidades de gravar, refletindo a desaceleração do ska ao rock steady e ao reggae. Uma coletânea não exaustiva, The complete Bob Marley & The Wailers 1967-1972, abarca 11 discos compactos, e isso porque termina antes de seu contrato com a Island Records.

Bob Marley diante de sua casa em Kingston, onde foi baleado em 1976. DAVID BURNETT

Abandonados em Londres por seu último “descobridor”, o vocalista texano Johnny Nash, os The Wailers se abrigaram sob a proteção de Chris Blackwell, inglês branco criado na Jamaica. Ainda que os puristas prefiram os crus discos anteriores, o fundador da Island concebeu a enorme audácia de encaminhar o grupo ao mercado contracultural, acrescentando sintetizador e guitarra rock às sessões jamaicanas. Não pechinchou em orçamentos e conseguiu álbuns brilhantes, lindamente encartados. Também é verdade que Blackwell rompeu os The Wailers, originalmente um trio vocal ao estilo dos The Impressions, para lançar Bob como solista. Uma jogada realizada com a cumplicidade de Marley, que se calou quando convenceram Bunny Wailer que deviam tocar no circuito gay norte-americano (à época um tabu entre os rastafáris) e que não acalmou o ego do terceiro membro, o sulfuroso Peter Tosh.

Também é exagero o mito de que Bob Marley era um Che Guevara de cabelo rastafári. Apesar das músicas de cunho social, por suas crenças, abominava a política, e só seu privilégio o fez mediar o confronto homicida entre os principais partidos da ilha, o JLP e o PNP; de fato, manifestava certa simpatia pelo direitista Edward Seaga [primeiro-ministro da Jamaica entre 1980 e 1989], que pelo menos mostrava sensibilidade musical. Sofreu um misterioso atentado, base do celebrado romance Breve história de sete assassinatos, de Marlon James.

Além de alguns gestos para a posteridade, Marley não era militante do black power. Pretendia se estabelecer como estrela internacional e, para isso, colaborava com executivos de gravadoras, publicitários, jornalistas brancos. Ele foi pessoalmente responsável por fazer com que muitos jornalistas de visita à Jamaica passassem ilesos no que, apesar do verniz turístico, era um país de (perdão) Terceiro Mundo, com um venenoso clima racial e uma violência brutal. Ainda está por ser feito o retrato de Marley como homem de negócios em escala jamaicana, empenhado em controlar os meios de produção com o Tuff Gong, estúdio e gravadora. Procurava ganhar o público negro, o que explica suas custosas aproximações à África e a humildade de tocar como abertura de grupos em certa decadência, como o Sly & the Family Stone e o The Commodores.

Sua prudência empresarial não foi suficiente quando ficou doente. Os preconceitos rastafári (contra a medicina tradicional) impediam que ele procurasse tratamentos sensatos para o melanoma, ainda que por fim tenha optado por duvidosas terapias alternativas. Os sábios locais davam conselhos inúteis: somente as mulheres que o cercavam se atreveram a cortar seus dreadlocks que o impediam de dormir quando estava doente. Os mesmos mentores o dissuadiram de fazer testamento, apesar de deixar várias mulheres, pelo menos 11 filhos e uma confusão contratual. Exércitos de advogados consumiram milhões de dólares em batalhas judiciais entre supostos herdeiros, administradores de seu legado e antigos sócios que almejavam uma fatia do bolo. Poucos ficaram contentes.





segunda-feira, 5 de abril de 2021

A HISTÓRIA DEFINITIVA DE BOB MARLEY E A LES PAUL SPECIAL

BOB MARLEY (1979). MICHAEL OCHS ARCHIVES / GETTY IMAGES.

Por volta do início de maio de 1973, Bob Marley entrou na Top Gear, uma loja de música desleixada na Denmark Street, uma pequena RUA secundária no centro de Londres cheia de escritórios e empresas de negócios da música. A Top Gear, conhecida por seu estoque de bons equipamentos de segunda mão, costumava receber guitarristas famosos e não tão famosos. Keith Richards, por exemplo, aparecia ocasionalmente e saía com algumas peças usadas como um ressonador National, um corpo sólido Rickenbacker antigo e uma Les Paul Custom, entre outros.

Bob Marley examinou as paredes e puxou uma Gibson Les Special de corte único incomum. A Top Gear comprou a guitarra de Dan Armstrong, um reparador de guitarras americano residente no Reino Unido na época. Dan tinha adicionado marcadores de escala em bloco no lugar dos pontos originais, modificado o acabamento e amarrado o cabeçote. Marc Bolan havia devolvido a guitarra recentemente: ele mudou de ideia e a transformou em uma Les Paul com humbuckers (captadores).

Bob comprou a Special e começou a usá-lo para os shows dos Wailers na Inglaterra até o final de maio de 73. Ele continuaria a tocá-la como seu palco principal e seria a guitarra de estúdio pelo resto de sua carreira - mas não sem mais algumas modificações ao longo do tempo.

Bob Marley & The Wailers - "Burnin' And Lootin'" (Ao vivo no The Rainbow 4 de Junho de 1977)

Bob e a banda estavam de volta à Grã-Bretanha no final de 73, e sua Les Paul sofreu um acidente. Sid Bishop era o empresário da Top Gear e havia vendido a guitarra para Bob originalmente. "Ele voltou com ela e disse: 'Olha o que eu fiz.'" A Les Paul havia caído de um suporte de guitarra e o impacto empurrou a chave seletora de captação de volta para o corpo, junto com um tamanho razoável pedaço de madeira. Sid olhou para a guitarra e se virou para seu dono. "Eu disse: 'Oh, seu garoto bobo, Bob'."

Mark Moffatt também trabalhava na Top Gear na época e diz que Bob teve sorte de o cabeçote não ter quebrado. "Normalmente é a primeira coisa que acontece em uma queda como essa. Ele nos disse que não podia deixar o violão porque eles tinham shows", lembra Mark, "então poderíamos fazer alguma coisa para mantê-lo em movimento?"

Bob foi levado à sala dos fundos do Top Gear, onde Roger Giffin trabalhou nos reparos. Stan Smith era assistente de vendas, mas às vezes ajudava Roger. "Bob apareceu na porta da sala de reparos", lembra Stan. "Ele ficou bastante angustiado com os danos em sua guitarra, mas Roger e eu sugerimos colocar uma placa maior na parte frontal da guitarra e uma arruela mais fina por dentro, e com sorte teríamos espaço suficiente para reinstalar o anel de segurança e tudo mais ficaria bem novamente."

Bob gostou da ideia. "Cortamos um grande círculo de um pedaço sobressalente de plástico creme espesso de uma Les Paul Standard demos uma raspadinha, e abrimos um buraco nela", diz Stan. "Suponho que usamos um pedaço de sucata para proteger o interior. Então, reinstalamos o interruptor e testamos a guitarra para ter certeza de que tudo estava funcionando. Tive uma breve noção de que aqui estava eu, sentada tocando a guitarra de Bob - com ele ao meu lado. Mas ele realmente era um homem muito bom."

Sid se lembra de ter devolvido a guitarra ao dono. "Eu disse: 'Aqui está - e você não fará isso de novo.' Bob estava nas nuvens." Este reparo supostamente temporário, visível como uma placa de interruptor distintamente maior do que o normal, permaneceu no lugar pelos próximos anos e, em algum ponto, uma ponte Tune-o-matic e um arremate foram adicionados no lugar da ponte original de uma peça única da guitarra. Bob Marley & The Wailers teve maior sucesso, e a Special continuou a servir bem a Bob em seu papel como seu principal instrumento elétrico.

Bob Marley - "Want More" (Ao vivo no Tower Theater na Pensilvania, 1976)

Avancemos para a primavera de 1978, e Roger Mayer voou de sua casa na Inglaterra para a Jamaica para encontrar Bob Marley. Roger é mais conhecido por seu trabalho com Jimi Hendrix, famoso por fazer pedais de efeitos como o Octavia, que Jimi usava tão bem. A viagem de Roger para conhecer Bob, na época do show One Love em abril de 1978, veio através de uma conexão com o novo guitarrista dos Wailers, Junior Marvin, com quem Roger vinha trabalhando em seu material solo.

Roger perguntou a Bob o que ele gostaria que ele fizesse. "Ele me disse o quanto gostava de Jimi Hendrix", lembra Roger, "e então disse: 'Você pode me ajudar a soar internacional?' Eu disse com certeza." O que ele quis dizer com isso? "Todos podiam ver o potencial da banda. Mas eles não tinham um som internacional - não ia seguir viagem. Sempre ia soar como uma banda caribenha muito boa e esfarrapada, sabe? Eu disse a eles, basicamente , que seus instrumentos estavam desafinados."

O primeiro trabalho de Roger, portanto, foi examinar todas as guitarras e dar-lhes as revisões necessárias e configurações adequadas. O armazenamento da umidade da Jamaica e os shows regulares certamente não melhoraram o estado dos instrumentos dos Wailers. Roger diz que trabalhou primeiro na Les Paul de Bob, renovando os afinadores e alguns dos potes, verificando o relevo do braço e a entonação da ponte, dando à guitarra um refret (novas marcações no braço da guitarra) completo e corrigindo e melhorando de maneira geral a forma de tocar.

"Isso tudo melhorou a sustentação da guitarra de Bob e a manteve perfeitamente afinada", lembra Roger. “Fiz o mesmo com o resto de suas guitarras e disse a eles para usarem um afinador eletrônico, com todos afinando com um afinador. Então, pela primeira vez, no One Love, a banda soava afinada. Os caras estavam chegando para Bob, depois, dizendo que não podiam acreditar na diferença na forma como a banda soava, que eles nunca o ouviram soar tão bem."

Les Paul Special de Marley, em sua casa oficial
num museu na Jamaica. Foto por Pat Foley, 2002. 
Mais tarde, em 1978, Bob perguntou a Roger se ele poderia fazer algo para sua Les Paul que ninguém mais tinha, para que qualquer pessoa que olhasse soubesse que era a guitarra de Bob Marley. Roger criou uma nova placa de chave seletora para substituir o reparo "temporário" feito no Top Gear cerca de cinco anos antes. "Eu sugeri uma placa elíptica de alumínio anodizado rígido sob o interruptor, que seria como um terceiro olho olhando para fora da guitarra", disse Roger. Certamente era diferente.

Bob gostou da ideia. "Então, mantive a posição, mas modifiquei a placa", conclui Roger, "o que também a tornou muito mais resistente. E também melhorou um pouco a blindagem, tendo aquele pedaço extra de metal ao seu redor." Roger adicionou um pickguard de alumínio para substituir o original, e o novo visual estava no lugar, atendendo ao pedido de uma guitarra instantaneamente identificável. A Les Paul Special permaneceria assim até a morte prematura de Bob, três anos depois.

Quando a Custom Shop da Gibson anunciou uma edição limitada de Bob Marley Les Paul Special em 2002, o comunicado à imprensa disse que ele foi criado por meio de "pesquisa meticulosa e detalhamento usando a Les Paul Special original de Bob". Pat Foley era o diretor de Relações de Entretenimento da Gibson na época, e ele foi à Jamaica para verificar aquela guitarra original. Pat era o homem certo para o trabalho, um fã de Marley que visitou a Jamaica pela primeira vez como um adolescente curioso e que mais tarde passou cinco anos morando na ilha caribenha de Montserrat.

A viagem começou bem e melhorou. “Rita Marley pediu que sua assistente viesse me encontrar no aeroporto”, lembra Pat, “e foi uma loucura, porque quando Rita Marley está esperando por você, eles simplesmente pulam a alfândega. 'Estou aqui para ver Rita.' Ah, e você acabou de passar por lá. Tivemos uma ótima semana lá. Rita nos levou ao que hoje é o museu Bob Marley, uma casa grande e velha em que Bob havia morado, com o museu na verdade nos fundos. Então, fui para dar uma olhada e ver como estava."

Um close na Les Paul Special de Bob marley, foto por Pat Foley, 2002.

No centro da sala estava a exibição das estrelas no que parecia uma caixa de vidro. A Special desgastada pela estrada estava completa com sua encadernação de cabeçote não padrão, placas de corpo de alumínio e marcadores de bloco, e Pat se preparou para tirar fotos e fazer diagramas e modelos de todas as suas peculiaridades e desgastes, pronto para levar de volta ao time de customização da Gibson. Mas primeiro ele precisava pegar a guitarra.

Rita voltou enquanto eu olhava para a guitarra em seu estojo”, lembra Pat. "Eu disse: 'Posso ter acesso a ela?' Ela disse que é claro e que pediria a alguém para abrir para mim. Então, estou pensando que um cara vai sair com uma chave e outras coisas. Mas o cara se aproxima e apenas levanta a tampa de acrílico - apenas levanta, pousa e me entrega o violão. Devo ter mostrado minha surpresa, porque Rita disse: 'Ah, acho que ninguém iria pegar'. Bem, você sabe, eu não acho que as pessoas às vezes percebam o valor dessas coisas. Elas apenas as veem como uma ferramenta ou algo assim. O valor intrínseco da guitarra de Bob simplesmente como uma Les Paul Special muito modificada não seria tudo tão ótimo assim, porque é estranho. Mas é Les Paul Special de Bob Marley. O que muda tudo."

De volta à Custom Shop, o trabalho começou na edição limitada de 200 réplicas, vendidas pela primeira vez em 2002 e apresentando um acabamento Cherry Aged por Tom Murphy e incorporando todas as esquisitices modificadas e anos de uso registrados por Pat. Cada uma vinha com uma vitrine pendurada na parede que tinha um logotipo da Gibson, a assinatura de Bob e um logotipo do Leão de Judá, aparentemente indicando que esse objeto era voltado para os fãs de Marley, em vez de, digamos, guitarristas de reggae iniciantes.


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sexta-feira, 5 de março de 2021

A VOVÓ DE 1,20M QUE GOVERNA O REGGAE


Patricia Chin e a VP Records estão por trás de mil sucessos jamaicanos - dos Wailers a Sean Paul e muito mais.

A elegantemente vestida, a bisavó de 1,2 m de altura pode não ter sido facilmente identificada como um magnata da música para os insiders da indústria que participaram do American Association of Independent Music Awards no Highline Ballroom de Manhattan naquele dia do verão de 2015. Então Patricia Chin, co-fundadora da gravadora de reggae VP Records, subiu ao palco para receber o prêmio pelo conjunto de sua obra, a primeira mulher a fazê-lo. “Olhando para o público esta noite, imagino que muitos de vocês podem estar se perguntando, 'quem é essa senhora chinesa com esse grande sotaque jamaicano, e o que é VP Records?'” Disse a Srta. Pat, (como ela é afetuosamente conhecida) em seu discurso de aceitação, sob aplausos estrondosos. “Em grande parte, a história da VP Records é sobre uma mulher que trabalha nos bastidores e sua jornada nos últimos 50 anos na indústria da música reggae.

A gravadora VP Records, está estabelecida no Queens, em Nova York, desde1979, com escritórios adicionais em Kingston, Londres, Miami, Rio de Janeiro e Tóquio, e é a maior gravadora independente, distribuidora e editora mundial de música reggae e dancehall, controlando mais de 25.000 títulos de músicas. Em seu próximo livro de memórias lustroso de mesa de café, 'Miss Pat: My Reggae Music Journey', Miss Pat conta a história de VP, que está inextricavelmente está ligada ao desenvolvimento da indústria fonográfica da Jamaica e ao nascimento do ska, rocksteady e reggae. Miss Pat oferece anedotas históricas sobre sessões de gravação com Bob Marley e Lee “Scratch” Perry, quando ambos buscavam fortunas maiores. Os elogios à Srta. Pat são encontrados por toda parte, incluindo um do padrinho do hip-hop DJ Kool Herc, que diz: “O que Berry Gordy foi para a Motown, Patricia Chin é para a VP Records e a indústria do reggae.

Miss Pat e Bunny Wailer

Nas passagens mais convincentes do livro, Miss Pat corajosamente detalha os maiores desafios de sua vida: a morte de seu filho pequeno; fugir da política explosiva da Jamaica na década de 1970, lutando para se adaptar a outra sociedade; desafiando as atitudes sexistas e racistas que ela encontrou como uma mulher não-branca que trabalhava no negócio da música na cidade de Nova York; aprendendo sobre o alcoolismo para ajudar seu marido em apuros, o co-fundador da VP Records, Vincent “Randy” Chin, que faleceu em 2003; lidando com o assassinato não resolvido de seu neto, VP A&R Joel Chin, em 2011. “O processo de escrever meu livro foi libertador”, disse a Srta. Pat ao The Daily Beast em uma entrevista no início de dezembro via Zoom. “Eu queria que meu livro fosse verdadeiro, divertido e interessante, então não poderia deixar de lado detalhes pessoais, quero que as pessoas me conheçam melhor, em vez de me ver como apenas uma pessoa da música.

A matriarca do reggae, agora com 83 anos, nasceu Dorothy Patricia Williams em 20 de setembro de 1937; seus avós maternos e paternos migraram para a Jamaica, respectivamente, da China e da Índia, em busca de uma vida melhor. “Era difícil sobreviver de onde eles vieram, então eles se arriscaram na Jamaica”, lembra a Srta. Pat, que foi criada em uma casa de um cômodo na comunidade de Greenwich Farm de Kingston. “Apesar da falta de conforto material, nunca houve tempo para reclamações. Minha mãe compartilhou histórias sobre seus pais lojistas trabalhadores e os truques inovadores que eles usaram para fazer negócios com seus clientes, apesar da barreira do idioma”, escreve ela. O pai da senhorita Pat queria que ela trabalhasse em um banco, mas, inspirada por sua ídolo, Madre Teresa, ela estudou enfermagem na Universidade de Kingston das Índias Ocidentais. Herdando o espírito rebelde de sua mãe, a Srta. Pat saboreava a liberdade de viver no campus, onde era frequentemente visitada por um jovem bonito, Vincent Chin, para desaprovação de seu pai. “Conhecido por faltar à escola e fumar maconha, Vincent era o típico menino mau, o tipo de pretendente que nenhum pai queria para sua filha”, escreve a Srta. Pat. “Para piorar, ele já tinha um filho (Clive) que era um bebê. Meu pai viu meu pretendente pelo que ele era: problemas.

Em 15 de março de 1957, a Srta. Pat, então com 19 anos, deixou a escola e se casou com Vincent, duas semanas antes de dar à luz seu filho, Gregory. Ele morreu de meningite em seu primeiro aniversário. “Para o bem do meu bem-estar”, escreveu a Srta. Pat, “nunca me disseram onde meu filho foi enterrado”. 

Vincent conseguiu um emprego, instalando jukeboxes em toda a ilha com novos discos de 7 polegadas; Miss Pat acreditava que os discos mais antigos poderiam ser vendidos diretamente ao público. Em 1959, eles abriram uma loja em uma pequena mercearia vendendo os discos usados. Eles chamaram sua empresa de Randy’s Record Mart, em homenagem a Randy Wood, proprietário da WHIN AM, uma estação de jazz, R&B e música country no Tennessee que Vincent ouvia fielmente em seu rádio de ondas curtas. Em 1961, Vincent e Miss Pat mudaram-se para um espaço de 2,5 x 3 metros dentro de um restaurante chinês localizado na 17 North Parade, uma área movimentada do centro de Kingston, próximo a uma rota central de ônibus; eles montaram uma pequena caixa de som do lado de fora, tocando música, o que atraiu clientes. As vendas aumentaram e com um empréstimo do pai da Srta. Pat, o casal acabou comprando o restaurante chinês e o prédio. Pouco depois, Vincent e Pat adquiriram o prédio ao lado e começaram a construir um estúdio de gravação.

Miss Pat e Lee 'Scratch' Perry

A abertura do Studio 17 no andar de cima do Randy’s Record Mart coincidiu com o desenvolvimento da primeira forma de música popular da Jamaica, o ska, o que levou a uma proliferação de gravações que o Studio 17 ajudou a acelerar. “Naquela época, não havia um estúdio onde se pudesse terminar o trabalho do início ao fim. Você tinha que ir a um lugar para fazer a gravação, outro para fazer a masterização. Com cada vez mais artistas e produtores surgindo, e com os estúdios existentes cobrando altas taxas, projetamos o estúdio para ser uma produção full house para que pudéssemos ser completamente independentes”, escreve a Srta. Pat, que executaria as prensagens de teste das gravações na sua loja para avaliar o interesse dos clientes e, em seguida, escolher quais músicas eles iriam prensar em massa para venda.

Vincent Chin começou a produzir seus próprios discos, e um de seus maiores sucessos chegou em 1962, o ano da independência da Jamaica da Inglaterra. “Independent Jamaica”, que não incorporava o ska beat indígena da ilha, era um calipso cantado por Lord Creator, nascido em Trinidad e residente em Kingston; no entanto, tornou-se um hino para o otimismo da nova nação, lançado pelo selo Creative Calypso de Randy.


Miss Pat abasteceu a loja com pelo menos um disco de cada artista que conhecia e pediu a aspirantes a artistas e produtores que deixassem seus discos em consignação, o que acabou por se tonarem como bases para a divisão de atacado de Randy. Os amantes da música corriam ao Randy para ouvir os últimos discos, enquanto os produtores procuravam os cantores e músicos que frequentariam um beco adjacente chamado Idler's Rest ("o epicentro não oficial da música jamaicana", diz a Srta. Pat) para gravar faixas no Studio 17. Muitos ícones de música jamaicana gravava lá, incluindo os cantores Gregory Isaacs, Dennis Brown e Alton Ellis, os trios de harmonia The Wailers e The Maytals e o seminal ska outfit, The Skatalites.

Vários álbuns de reggae de raiz clássicos foram gravados no Studio 17, incluindo o The Wailers 'Soul Rebel', 'Marcus Garvey' do Burning Spear, 'Equal Rights' de Peter Tosh e a estreia do mestre melódico Augustus Pablo com o álbum 'This Is Augustus Pablo', este último produzido pelo colega de escola de Pablo, filho de Vincent; o produtor Clive Chin.



Clive também produziu o (ainda) influente single de Pablo, "Java" e o primeiro sucesso internacional do Studio 17, "Fattie Bum-Bum" de Carl Malcolm, que alcançou a oitava posição na parada de singles do Reino Unido. O falecido cantor americano Johnny Nash, supostamente o primeiro não jamaicano a gravar rocksteady / reggae na ilha, ficou tão impressionado com o Studio 17 que reservou as instalações por três meses consecutivos. Miss Pat atribui o sucesso do Studio 17 à personalidade amável de Vincent. “Ele amava a todos, independentemente de quão pobres fossem; muitos músicos nem mesmo tinham sapatos nos pés, mas Vincent os levava para o estúdio, os encorajava. Tudo era experimentação, ainda não tínhamos uma cultura reggae, tudo começou desde então”, comenta Miss Pat.



Devido à escalada da violência política na Jamaica ao longo da década de 1970, Vincent e Pat migraram para os EUA “Naquela época (sob o governo socialista do primeiro-ministro Michael Manley), se você fosse dono de uma empresa, tinha um pouco mais de dinheiro do que os outros e com a agitação e tumultos acontecendo, nos sentimos muito desconfortáveis ​​e preocupados com a segurança de nossos filhos”, reconheceu a Srta. Pat. Eles escolheram a cidade de Nova York porque o irmão de Vincent estava morando no Brooklyn, onde estabeleceu a Chin Randy’s Records. Vincent e seus filhos Clive e Christopher pousaram no aeroporto JFK da cidade de Nova York no verão de 1977. A senhorita Pat permaneceu em Kingston com seus dois filhos mais novos, Vincent (conhecido como Randy) Jr. e Angela; eles se juntaram à família na cidade de Nova York no ano seguinte.

Vincent e Pat começaram seu novo empreendimento alugando uma pequena loja perto dos trilhos elevados do trem ao longo da Queens, na Jamaica Avenue, de onde forneceriam discos de reggae para alguns estabelecimentos. Quando o governo jamaicano começou a restringir as exportações, Vincent e Pat começaram a prensar seus próprios discos em Nova York; com o aumento das vendas, eles compraram um prédio na 170-21 Jamaica Ave em 1979 de outro proprietário de uma empresa de discos por atacado, Sam Kleinholt. Os Chins batizaram sua loja de atacado / varejo de reggae de VP Records, as iniciais dos primeiros nomes de Vincent e Pat. Eles contrataram a secretária de Kleinholt, Rhoda Bernstein, que trabalhou com a VP por 15 anos, até sua morte. “Ela foi uma dádiva de Deus”, escreve a srta. Pat, “ela nos ensinou tudo que achava que nos ajudaria a nos adaptar; dizer que ela facilitou nossa transição para a vida em Nova York é um eufemismo”.

"Anos depois, percebi que não poderia comprar lá porque éramos de uma cultura diferente, havia uma barreira de cor, ele queria me colocar em outra área onde eu ficaria mais 'confortável'." - Miss Pat

Nem todos os nova-iorquinos foram tão acolhedores. A senhorita Pat se lembra de querer comprar uma casa na (então) comunidade predominantemente branca de Jamaica Estates, a cerca de três quilômetros da VP Records; seu corretor de imóveis a desencorajou, sem explicação. “Anos depois, percebi que não poderia comprar lá porque éramos de uma cultura diferente, havia uma barreira de cor”, ela observa, “ele queria me colocar em outra área onde eu ficaria mais 'confortável'”. Pat também se lembrou de casos em que os clientes VP ligaram para a loja, a colocaram na linha e pediram para falar com um homem. “Eles pensavam que eu não conhecia a música”, ela relembrou. “Trabalhei duro em minhas habilidades; tínhamos tanta música saindo todos os dias, eu tinha que saber o nome do disco, o cantor, o produtor, a riddim de cada faixa; Eu era como uma enciclopédia, sabia tudo sobre música”.

Miss Pat e Sean Paul

À medida que a VP Records cresceu e se tornou um próspero balcão único, cobrindo todas as facetas da música jamaicana, em 1990 os Chins compraram dois grandes armazéns, um na Jamaica Queens, o outro em Miami. À medida que a década avançava, o dancehall e o reggae jamaicano explodia em popularidade com várias das superestrelas do gênero (incluindo Shabba Ranks, Super Cat) assinando com grandes gravadoras e impactando um mercado americano mais amplo. A VP distribuiu os discos desses artistas por anos, então sua familiaridade com a música tornou-se um recurso indispensável para as gravadoras majors na promoção do apelo ao dancehall. O próximo passo dos Chins foi estabelecer o selo VP Records em 1993, no mesmo ano em que lançaram sua série de compilação anual de reggae / dancehall de maior sucesso, Reggae Gold.

O lançamento de 1999 da VP Records, "Who Am I", de Beenie Man, foi um single de ouro certificado. Triunfos ainda maiores chegaram com Sean Paul, que assinou com o vice-presidente Joel Chin, filho de Clive, em 2000. O vice-presidente fez uma parceria com a Atlantic Records, impulsionada pelo grande sucesso de Sean, "Gimme The Light". O álbum de dupla platina de Sean, Dutty Rock, ganhou um Grammy de Melhor Álbum de Reggae. “Esse foi o momento em que respiramos fundo e percebemos, como nós, jamaicanos, diríamos, 'não é uma piada'”, escreve a Srta. Pat.



Vincent, no entanto, não se inspirou no dancehall; ele ficou deprimido e estava, de acordo com a Srta. Pat, "encerrando mentalmente o negócio". Ele lutou contra o alcoolismo, que incluiu várias estadias na reabilitação. A Srta. Pat escreve que o excesso de bebida de Vincent estava ligado a "um espírito perturbado", que ela relacionava desde a infância dele e "ao casamento mestiço de seus pais. O pai de Vincent era proeminente na comunidade sino-jamaicana, mas ele não interagia com sua esposa negra dentro dessa comunidade. Acredito que esse preconceito tácito fez com que meu marido desenvolvesse um profundo sentimento de insegurança, ressentimento e tristeza.

Miss Pat se lembra de sua mãe passando por um dilema semelhante, porque seus pais desaprovavam o casamento de sua filha com um homem indiano. “Meus avós fizeram as pazes com meu pai e minha mãe, mas demorou 12 anos porque, há 100 anos, casar fora da sua cultura (chinesa) era proibido. Mas meus pais estavam apaixonados e sobreviveram a todas as barreiras.” O pai da Srta. Pat também era alcoólatra e sua mãe tentava esconder isso de Pat e de seus irmãos, assim como a Srta. Pat protegeu seus filhos da verdade. “Não ser honesta com meus filhos é um dos meus maiores arrependimentos, é a única coisa que eu faria de forma diferente, se tivesse a chance”, revela a Srta. Pat.

Randy, filho de Vincent e Pat, presidente do VP, desistiu de sua carreira de sucesso na aeronáutica para ingressar na empresa da família em 1995; Christopher é o CEO da empresa e Angela administra o armazém / centro de distribuição da Flórida. Clive trabalhou intermitentemente com o vice-presidente, mas também realizou vários projetos independentes. Em dezembro de 2014, ele entrou com uma ação contra a VP pedindo US $ 3 milhões, alegando que a empresa licenciou músicas que ele escreveu e gravou no Studio 17 sem sua permissão; esse processo foi resolvido discretamente.

"Por uma noite, o reggae assumiu um marco icônico americano. Se eu não sabia antes disso, que tudo era possível, naquele momento eu sabia." - Miss Pat

Além do prêmio no Highline Ballroom, um dos momentos de maior orgulho de Miss Pat foi o show do 25º aniversário da VP Records no Radio City Music Hall de Manhattan em 2004, encabeçado por várias participações dos associados à empresa ao longo dos anos, incluindo Beenie Man, Shaggy e Beres Hammond. “Essa foi a primeira vez que vi meu nome em luzes e com todas as pessoas fazendo fila para entrar, fiquei muito feliz. Por uma noite, o reggae assumiu um marco icônico americano. Se eu não sabia antes que tudo era possível, eu sabia então”, escreve ela. Em 2007, a VP Records adquiriu seu principal concorrente, a Greensleeves Records do Reino Unido, e seu catálogo de 12.000 canções, para se tornar a maior empresa independente de reggae do mundo. Esse status imponente é o resultado final da jornada notável e ainda contínua da Srta. Pat. “Demorou um pouco para que isso acontecesse”, ela escreve. “Quando você constrói algo do zero, as lembranças de vender discos em sua loja de 8' x 10' nunca saem de você.


terça-feira, 2 de março de 2021

LISTA COM 14 FILMES ESSENCIAIS SOBRE REGGAE PARA ASSISTIR


PEGUE O RITMO DA ILHA VIRTUALMENTE COM ESTES CLÁSSICOS JAMAICANOS


Apesar do Mês do Reggae 2021 ser mantido em servidores e sites de streaming devido à pandemia global, a longa e histórica cultura do reggae da Jamaica continua no cinema.

O tema do país, "Come Ketch de Riddim Virtually", apresentado pelo Ministério da Cultura, Gênero, Entretenimento e Esporte, dá aos nativos, residentes e estrangeiros a chance de celebrar suas raízes e educar as massas também.

A Jamaica é mundialmente conhecida como a meca do Reggae do mundo, um destino imperdível de viagens e turismo e lar de alguns dos restaurantes mais saborosos do hemisfério ocidental. Com o foco do Reggae Month 2021 em “edutainment” (entretenimento educacional), apresentamos 14 filmes que vão além da visão da Jamaica como simplesmente um lugar para se afastar e centralizar as contribuições que os jamaicanos deram ao mundo.

1. The Upsetter: The Life and Music of Lee Scratch Perry (2008)

Um olhar icônico sobre uma das influências mais vitais na música de Bob Marley, The Clash e The Beastie Boys - 'The Upsetter' deve ser adicionado à lista de qualquer verdadeiro cinéfilo. Narrado pelo vencedor do Oscar Benicio Del Toro, este filme narra o arquiteto inovador por trás do estúdio The Black Ark e o pioneiro da música dub. 'The Upsetter' irá prender os espectadores ao mostrar o nascimento e o crescimento do reggae.

Com: Lee “Scratch” Perry, Bob Marley, Peter Tosh
Direção: Ethan Higbee & Adam Bhala Lough


2. The Harder They Come (1972)

Um clássico do cinema jamaicano, se é que algum dia existiu, dizem que 'The Harder They Come' “trouxe o reggae para o mundo”. Seria difícil argumentar contra isso quando você tem um personagem tão cativante como Jimmy Cliff. Os belos visuais capturados por Perry Henzell e os cineastas Peter Jessop, David McDonald e Franklyn St. Juste alcançaram aclamação internacional, tornando este um dos filmes mais importantes do Caribe que você deve assistir com seus entes queridos..

Com: Jimmy Cliff
Direção: Perry Henzell


3. Sprinter (2018)

Um drama esportivo que espelha a vida do ícone olímpico Usain Bolt, Sprinter gira em torno de um atleta passando por problemas familiares. Dale Elliott interpreta Akeem Sharp, um adolescente sobrecarregado por um pai instável e um irmão mais velho rebelde, que espera que o atletismo o reúna com sua mãe. Um filme angustiante que tem Will Smith e Jada Pinkett Smith como produtores executivos, este filme também ganhou os prêmios de Melhor Narrativa e Prêmio do Público no American Black Film Festival 2018.

Com: Usain Bolt, Lorraine Touissant, David Alan Grier
Direção: Storm Saulter


4. The Story of Lovers Rock (2011)

Se você tem amado a série Small Axe de Steve McQueen, então já sabe o quanto Lovers Rock significa para os raggas e para os Rastas. O gênero loversrock é um som exclusivamente negro britânico, e The Story of Lovers Rock é contada por aqueles que viveram e desenvolveram esses lendários choques sonoros. Com Dennis Bovell, Janet Kay e outros transportando-nos de volta ao final dos anos 70 e 80, somos testemunhas de distúrbios, tensão racial e preconceitos que pouco poderiam fazer para silenciar os sistemas de som desses grandes criadores de culturais.

Com: Dennis Bovell, Paulette Harris-German, Janet Kay 
Direção: Menelik Shabazz


5. Made in Jamaica (2006)

O documentário de Jérôme Laperrousaz sobre a música da Jamaica mergulha abaixo da superfície para dar uma olhada sem filtros em alguns dos artistas mais dinâmicos de reggae e dancehall do país. Made in Jamaica foi um grande sucesso quando chegou ao Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2006, já que as performances ao vivo e contos confessionais de Capleton, Brick e Lace, e outros músicos, tornaram este filme aclamado pela crítica pelos motivos certos. Se você nunca esteve no centro de Kingston, Made in Jamaica oferece um passeio como nunca antes.

Com: Capleton, Brick and Lace, Stephen “Cat” Coore
Direção: Jérôme Laperrousaz


6. Klash (1995)

As flores devem ser dadas a Giancarlo Esposito e Jasmine Guy por sua aventura no mundo do gangsterismo jamaicano e da cultura dancehall. O longa-metragem de Bill Parker de 1995 é frequentemente esquecido em muitas listas, mas há um atrevimento em Klash, refletido na atuação da dupla como um fotógrafo americano (Esposito) e um gangster em um vestido (Guy). O filme também apresenta performances de lendas do reggae, Ninja Man, Mad Cobra e Shabba Ranks. Apesar do sotaque chaka-chaka de Jasmine Guy, este é um lugar para assistir para quem gosta de boas vibrações na tela.

Com: Giancarlo Esposito, Jasmine Guy
Direção: Bill Parker

7. Champion Sound (2010)

Dos anos 1950 aos 1990, o sistema de som tem sido o começo e o fim de tudo quando se trata do crescimento da música reggae em qualquer lugar do planeta. No Champion Sound de 2010, o documentário mostra o início da cultura do sistema de som no Reino Unido. Apresentando algumas das melhores músicas de todos os tempos e entrevistas inovadoras com pioneiros como JB International, Jad Baddis, El Paso e outros, Champion Sound é contada pelos fundadores para as gerações de controladores de som que chegaram desde então.

Com: Count Spinner, King Baggy HI FI, Black Crusader
Direção: The Heritage Lottery Fund


8. Rockers (1978)

Originalmente planejado para ser um documentário, o estilo e sons de Rockers floresceram em um longa-metragem e mostraram a cultura do reggae em seu auge. Leroy “Horsemouth” Wallace estava autenticamente ele mesmo na frente da câmera de Theodoros Bafaloukos e capturou muitos momentos importantes em tempo real. Desde a gravação de Kiddus I de "Graduation In Zion" até levar o público para os corredores sagrados do Harry J Studios, onde artistas de reggae como Bob Marley prensam os discos de dub, Rockers é ótimo e deve estar no topo de sua lista de filmes sobre reggae e a Jamaica.

Com: Leroy “Horsemouth” Wallace, Monica Craig, Richard “Dirty Harry” Hall
Direção: Theodoros Bafaloukos


9. Marley (2012)

Conter a vida e a carreira musical de Bob Marley no celulóide é um deleite raro, dada a história do maestro e o impacto na música mundial. Feito com o apoio da família Marley, este documentário de Kevin Macdonald apresenta momentos raros e íntimos que tornaram Marley querido por uma legião de amantes da música e da cannabis. Lindamente fotografado e preenchido até a borda com joias do conhecimento, Marley é o relato definitivo do ícone global jamaicano, com um mergulho imersivo em suas raízes e música atemporal.

Com: Bob Marley, Ziggy Marley, Rita Marley
Direção: Kevin Macdonald


10. Holding On To Jah (2011)

O que é uma celebração do Mês do Reggae sem um projeto sobre a Cultura Rastafari? Holding On To Jah é um olhar fascinante sobre a origem do reggae e como o Rasta impactou o gênero. Em alinhamento com Marley, o projeto dirigido por Roger Landon Hall é importante por si só, principalmente graças à cor e aos comentários de uma série de Rastas bem conhecidos. Holding On To Jah é um filme imperdível para quem quer cavar abaixo da superfície e aprender tudo que puder sobre o rastafarianismo.

Com: Prince Allah, Lascelle “Wiss” Bulgin, Watty Burnett
Direção: Roger Landon Hall


11. The Mighty Quinn (1989)

É hora de voltar ao IMDb de Denzel Washington e celebrar alguns de seus filmes menos conhecidos? Eu digo sim. Filmado na Jamaica por Carl Schnekel, The Mighty Quinn foi o primeiro longa de Washington (antes de Glory) e o encontrou como chefe de polícia investigando o assassinato de um milionário. A foto é uma grande chance de ver a jovem estrela antes de sua grande virada e desfrutar de uma emocionante história sobre a intriga da ilha.

Com: Denzel Washington, Sheryl Lee Ralph, Robert Townsend
Direção: Carl Schnekel


12. Beats of the Heart: Roots Rock Reggae (1977)

Esta escolha examina o papel central que o reggae - também conhecido como world music (?)- teve na vida dos sul-africanos negros durante o regime opressor do apartheid. Chris Austin e Jeremy Marre capturam os elementos, os artistas e os eventos que levaram a um documentário de cair o queixo chamado Beats of the Heart. Desde estar na sala quando Paul Simon põe os olhos em Ladysmith Black Mambazo até ouvir The Abyssinians impressionar a multidão com sua música - Beats of the Heart não é para dormir.

Com: Abafana, The Mahotella Queens, Johnny Clegg
Direção: Chris Austin, Jeremy Marre


13. Stepping Razor: Red X (1992)

A trágica história de Peter Tosh e os eventos daquela noite de outono em 1987 ainda são comentados na tradição da ilha jamaicana. Tosh, um membro central da banda Wailers, agora estabelecido como um artista solo de sucesso é homenageado por amigos e familiares que lamentam seu assassinato durante uma invasão da sua casa. Nicholas Campbell captura a emoção crua em Stepping Razor: Red X, explorando a vida, profecias e ativismo político do falecido grande herói folk jamaicano. Assista a este para aprender os pensamentos íntimos de Tosh por meio de vídeos raros de shows e entrevistas com amigos íntimos e associados.

Com: Peter Tosh, Andrea Davis, Edward “Bigs” Allen
Direção: Nicholas Campbell


14. Dancehall Queen (1997)

Enérgico, emotivo e indicativo de uma arte enraizada na cultura dancehall, o filme de Rick Elgood e Don Letts foi incomum e encantador de uma forma envolvente. Audrey Reid estrela como Marcia, uma vendedora de rua e mãe solteira que se torna uma Dancehall Queen (Rainha do Dancehall), e coloca seus inimigos um contra o outro. Recebeu distribuição limitada nos cinemas quando foi lançado em 1997, mas desde então os principais festivais de cinema e o amor da comunidade preta transformaram o filme em um clássico cult. Um filme divertido que oferece uma trilha sonora ótima e uma viagem por alguns dos pontos turísticos cintilantes da vibrante ilha.

Com: Audrey Reid, Carl Davis, Paul Campbell
Direção: Rick Elgood, Don Letts


Outros filmes sobre reggae que faltaram na lista e que você pode buscar que recomendamos ao máximo (só clicar nos títulso abaixo para assistir):



domingo, 28 de fevereiro de 2021

FYASHOP :: QUEIMANDO ESTOQUE - DISCOS (VG) :: 2021-02

Furacão 2000 - Anos 1970

Já que o lojinha nova está no ar e quase finalizada; https://www.fyashop.com.br, no mês de Janeiro de 2021, foi programada a retirada de diversos títulos do catálogo do discogs (https://www.discogs.com/seller/fyashop/profile).  Desde o ano passado diversos títulos do estoque antigo do lojinha foram vendidos a preço de custo ou abaixo do valor de revenda de muitos outras  lojas e vendedores, muitos estão sendo vendidos hoje a preços mais em conta do que no exterior. Essa é a última chamada para um lote de mais de 60 (sessenta) títulos pelo preço de R$ 70,00, todos em condição VG. Todos ficam disponíveis a venda até 15.03.2021 ou até durar o estoque. 

Destaques para: U Brown, King Tubby, Triston Palma, Jimmie Shandell, Hopeton Lindo, Jah Thomas, John Holt, Jimmy London, Dillinger, Ruddy Thomas, Horace Andy, Roy Shirley, Michigan & Smiley, Big Joe, Big Youth, Max Romeo, Pinchers, Rita Marley, Bob Marley, Eric Donaldson, Zap Pow, Tinga Stewart. 

Todos os títulos em até 6x sem juros.

Frete grátis nas compras acima de R$ 250,00

Quer entrar em contato; use a página https://fyashop.com.br/index.php?route=information/contact, ou https://www.facebook.com/fyadub.fyashop para mensagem inbox, ou whatsapp 11 99984.4213, ou e mail contato@fyashop.com.br

Todos os títulos por R$ 70,00 + Frete* ou frete grátis nas compras acima de R$ 250,00

  1. Lord Funny - Soul Chick / Florie (7")
  2. Dobbie Dobson* / Joncunoo - Endlessly / Abeng (7")
  3. Jimmy Cliff - Wild World (7", Single)
  4. Carlton*, Leroy* - Not Responsible / Psalms Of Dub (7", Single)
  5. U. Brown* - Please Doctor (7")
  6. Larry Marshall / King Tubby's* - Can't You Understand / Locks Of Dub (7", Single)
  7. Triston Palma* - Good Looking (7")
  8. Honey Boy - Guitar Man (7")
  9. The Richards Brothers* - Pip Peep Festival (7")
  10. Jennifer Joy - Unexpected Meracle (7")
  11. Jimmie Shandel - Snake In The Grass (7")
  12. Sugar Black - Because Of You (7")
  13. Gene* And T.T.* - Miss Grace (7")
  14. Tyrone Taylor - Beautiful Eyes (7", Single)
  15. Mix Flour & Sugar / GG's All Stars* - Screw The Cock Tight / Dub Part Two (7", Single)
  16. Hopeton Lindo - Side Walk Traveller (7")
  17. Marcia Griffiths - Stepping Out Of Babylon (7")
  18. Jah Thomas - Midnight Rock (7")
  19. John Holt - Satisfaction (7")
  20. Scott English - Brandy (7", Single)
  21. Dandy Livingstone - Think About That (7", Single, 4-P)
  22. Jimmy London - Hip - Hip - Hurray (7")
  23. The Merrymen - Bum Bum / Barnabas (7")
  24. The Jamaicans - Are You Sure (7")
  25. Dillinger - Loving Pauper / Dubbing Pauper (7")
  26. Ruddy Thomas - Mama Say (7", Single)
  27. Tyrone Taylor / Willie Lindo - Send A Letter / Drop Me Line (7")
  28. Starlites* / G.G. All Stars* - Hold My Hand (7", Single)
  29. The Old Timers (3) - Quadrille Beat (7")
  30. Veronica Adams - Keep It In The Family (7", Single)
  31. Horace Andy - I May Never See My Baby (7")
  32. Roy Shirley - The Mighty Roy Shirley Part I (7")
  33. Commander Shad - Trailer Load A Gun (7")
  34. Michigan & Smiley - Reggae Ska (7")
  35. A. Martin* - You Came Late (7")
  36. The Fabulous 5 Inc.* - Chirpy Chirpy Cheep Cheep / Tropical Chief (7")
  37. Danny Jackson (3) - Jherri Curl (7")
  38. Big Joe - The General (7")
  39. Adinah Edwards* / Apostolic Singers - Wonderful Friend / I Love Jesus (7")
  40. Big Youth / The Ark Angel - The Upful One / Perseverance (7")
  41. Max Romeo - Nobody's Child (7")
  42. Teddy Brown (3) - Rose Garden (7")
  43. Danny Ray (2) - I Can't Get Used To Losing You (7", Single)
  44. John Holt - Help Me Make It Through The Night (7", Single, Pus)
  45. John Holt - I'll Take A Melody / Peace And Love (7", Single)
  46. Gable Hall School Choir - Reggae Christmas (7", Single, Mono, 4-P)
  47. Teddy Brown (3) - Walk The World Away (7", Single, Sol)
  48. Greyhound (4) - Black And White (7", Single, Sol)
  49. Monsoon (8) - Hot Honolulu Night / Come Back Jane (7", 4-P)
  50. Horace Faith - Black Pearl (7", Single, Sol)
  51. Jimmy Cliff - Wonderful World, Beautiful People (7", Single)
  52. Lovindeer* - Bakkle (7")
  53. Rita Marley - That's The Way (7")
  54. Bob Marley* - Blackman Redemption (7")
  55. Gloria Jones* - Marry Me (7")
  56. Pinchers - Gummy Gummy (7")
  57. Screwdriver (2) - Marcia Free Paper Bunn (7")
  58. Eric Donaldson - Land Of My Birth (7")
  59. Zap-Pow* - Sweet Lovin' Love (7")
  60. Tinga Stewart - Oh, But If (I Could Do My Life Again) (7")
  61. The Merrymen Feat Emile Straker - You Sweeten Me/It's All Over (7", Single)
  62. The Merrymen - Archie / Girl Next Door (7")
Leia mais sobre a qualidade/ estado do vinil VG no link; https://www.fyadub.com.br/2014/12/como-avaliar-qualidadeestado-do-vinil.html

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