terça-feira, 14 de agosto de 2012

A ORIGEM DO DINHEIRO É A PALAVRA


A PALAVRA foi a primeira forma de moeda que surgiu entre os homens. Ela circulava nas primeiras comunidades que instituíram a propriedade privada. Essa moeda, que seria para muitos inimaginável nos dias de hoje, era uma espécie primitiva de obrigação promissória. Ao invés de uma nota promissória, ela seria um protótipo verbal, que veio a substituir o escambo naturalmente. A palavra foi o primeiro salto para uma evolução do comércio e por conseguinte dos conceitos de sociedade e propriedade privada.

Através da palavra, um sujeito poderia *emitir* uma obrigação promissória para o seu real credor. Por exemplo, João emitia sua palavra a um criador de ovelhas e adquiria alguns desses animais, prometendo em troca tantas de suas galinhas que ele viria a criar. O pagamento dessa promessa chama-se redenção. O promissor se obrigava a redimir sua palavra com sua própria produção, e o credor abria mão de sua propriedade (ovelhas) por acreditar na habilidade de João de produzir as galinhas e, portanto, redimir sua palavra. Esta obrigação promissória representaria o compromisso de João de produzir tantas galinhas e entregá-las futuramente ao credor. O acordo, ou contrato, seria selado somente através da palavra e da confiança, sem nenhum registro mais formal.

O real credor, por sua vez, poderia passar essa promessa adiante, con-fiando que aquela obrigação promissória seria cumprida, redimida, para assim adquirir a produção de outros credores que aceitassem as galinhas do promissor original, e não as ovelhas do credor original. Os sujeitos dessa economia, necessitavam cumprir com suas palavras, pois, do contrário, perderiam crédito perante a comunidade. Dessa forma, a palavra constituía sua função de moeda, pois permitia trocas entre produtores através do crédito.

O compromisso poderia ser registrado, caso fosse necessário, com o auxilio de testemunhas, que confeririam validade e uma forma primitiva de evidência aos contratos. Elas poderiam ser usadas em espécies de tribunais locais para confimar a emissão da obrigação promissória e seus acordos intrínsicos, bem como a celebração entre as duas partes: o credor e o promissor.

Evidência de direito a riquezas é uma das características mais essenciais que o dinheiro assumiu desde que passou a ser registrado de forma mais consistente ou física. Um tablete feito de barro ou argila poderia servir para tal fim, o que constituiria uma forma de notação. É dessa passagem entre a oralidade para a escrita, que nasce o conceito de nota promissória. A notação fortalece e sedimenta a evidência do direito do credor, bem como a promessa obrigatória do promissor.

A partir desse momento, o dinheiro ou a moeda, começa a revelar seu princípio fundamental: o de constituir uma proteção aos direitos do credor de haver uma porção de igual valor a de que abriu mão em troca de uma obrigação promissória. A proteção se dá pelo fato da promessa estar registrada e apontar ao seu emissor, permitindo assim, que o credor possa fazer uso dessa moeda da forma que desejar. A obrigação promissória recebida em troca de sua produção, evidencia que o credor tem o direito a retirar do somatório de riquezas produzidas por uma sociedade, porções de igual valor à nota que carrega, desde que a sociedade acredite na redimibilidade da promessa do emissor original.

A origem das expressões “dou-te a minha palavra” e “promessa é dívida” devem, portanto, ter origem nessa relação primitiva de comércio. A quebra da moral presumida em um acordo verbal, ou a não liquidação de dívidas, fariam com que o promissor oral perdesse o crédito, não mais gozasse da confiança de seus pares. A expressão inglesa “my word is my bond” também pode ter uma origem no fato da palavra poder funcionar como moeda, visto que, bonds se referem a títulos de dívida.

Contratos tem uma natureza executável, mas, se o indivíduo que não redimisse sua palavra era executado na antigüidade, é outra história. O Código de Hamurabi, rei da Babilônia, indica que essa opção era recorrente. Os registros mais antigos de notações promissórias foram encontrados na Mesopotâmia, e datam de 2.000 AC.
Tablete de notação usado na antiga mesopotâmia
para registrar uma obrigação promissória
entre um promissor e um credor. 
Por conta de seu estado frágil, suscetível a abusos, problemas relacionados a ausência de evidências, o que cria um espaço para a quebra voluntária de compromisso, a palavra, apesar de ter funcionado como moeda e de ter facilitado o comércio entre os homens, saiu de cena para dar lugar a nota promissória. Em todo mundo, até hoje, o dinheiro continua sendo uma notação promissória.

Há milênios, vivemos sob uma ofuscação da natureza de nossa moeda e dos métodos de criação de dinheiro. A imposição de moedas vinculadas a commodities, ou matérias primas, como ouro e prata, nascem de uma exploração de nosso direito universal de emitir obrigações promissórias a nossos reais credores (aqueles que abrem mão de propriedade). Bancos surgiram por imposição de moedas que viriam a ofuscar essa característica intrínsica do dinheiro, permitindo que banqueiros, ou cambistas, se interpusessem em nossos negócios, confiscando para si todo o dinheiro criado e colocado em circulação. Bancos não abrem mão de propriedade comensurável às dívidas que falsificam para si. E esta é a razão principal do fim inevitável dessa prática absurda e letal.

E esse é um entendimento que se faz absolutamente vital nos dias de hoje. O blog Economia Perfeita abordará, em posts futuros, de forma mais detalhada, os motivos desse conhecimento ser tão necessário em meio à mais uma crise econômica mundial. Aqui, será divulgada a Mathematically Perfected Economy, ou Economia Matematicamente Aperfeiçoada, que é a nossa única arma e única fonte de princípios econômicos irrefutáveis. A MPE nos fornece conhecimentos necessários para evoluirmos como espécie, pois sem uma economia justa, não podemos. Nós, que advogamos a MPE, refutamos todas as mentiras econômicas amplamente propagadas por mídias e círculos de pseudo economistas, provando que as palavras destes não valem nada.

A redenção da palavra como cumprimento de uma obrigação, em respeito ao direito daquele que acreditou, ou o resgate da produção prometida, seria o final de um ciclo vital para o bem estar entre os homens. A própria etimologia da palavra “pagar” é “pacificar” (uma dívida). Se os homens tivessem conseguido manter a imutabilidade de suas palavras, ou de suas moedas, principalmente, e se suas obrigações promissórias referentes tivessem sempre sido cumpridas, estaríamos anos luz dessa civilização caótica, que finge ser próspera. Palavras, de fato, deveriam valer mais que ouro.






 

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