segunda-feira, 30 de maio de 2016

NIGERIA FIRE AT AFRO BEAT KING FELA'S: KALAKUTA REPUBLIC ON FIRE (ENGLISH EDITION) - FUBARA DAVID-WEST & MARI AYI-ABU




Liberdade, democracia, direitos humanos: esses são os valores que definem o mundo moderno. Eles também são cada vez mais consideradas como elementos vitais para o funcionamento de Estados democráticos.


Mesmo Estados não democráticos, como a China, têm dificuldade em desconsiderar os valores fundamentais, e como eles abraçam o comércio internacional e os mercados globais. Muitos Estados africanos também lutam poderosamente, para institucionalizar esses valores. Em muitos aspectos, o problema constante de conflito político, e da desordem que vemos em muitos países africanos se destacam em diferentes graus, falhando na institucionalização da liberdade, da democracia e dos direitos humanos na África. Nós vemos as consequências devastadoras em lugares como o Sudão e Mali, por exemplo. Celebridades chegam a qualquer momento, como Bono do U2 e os atores internacionais, assim como os Estados Unidos e as Nações Unidas na corrida, na ajuda às populações africanas em enfrentar a crise, somos lembrados de que essas histórias são importantes para toda a comunidade internacional. É por isso que aqueles africanos, que defendem esses valores, deve ser reconhecidos e celebrados, da mesma forma que o mundo ocidental comemorou dissidentes na extinta União Soviética.


Estamos todos familiarizados com a história do grande líder Sul Africano, Nelson Mandela e sua luta vitoriosa contra o apartheid. Estamos menos familiarizados com as lutas de quem devemos considerar como os Solzhenitsyns* da África, que estão sempre a um passo de ser esmagados pela política dos despóticos de seus países.

*Menção ao escritor, romancista e historiador Alexander Soljenísin, que publicou diversos livros, nos quais falava sobre a guerra, política, e de como algumas pessoas se sobrepujavam as outras através do poder do Estado. Uma de suas obras mais famosas são relacionadas aos Gulags. Gulags eram os campos de concentração e trabalho forçado na União Soviética, onde Soljenísin passou alguns anos por ter se oposto ao regime de Stálin.

Uma dessas pessoas na Nigéria, foi o falecido Fela Anikulapo-Kuti. Fela era um gigante da cena musical na África. Ele também foi um ativista político, e uma pedra no sapato do despotismo na Nigéria. O músico, que foi celebrado na produção da Broadway de 2009, pelo rapper e megastar Jay-Z, foi em muitos aspectos Solzhenitsyn da Nigéria. Ele também era um amigo meu.

A história aqui apresentada destaca o alto preço que o músico teve que pagar, por se levantar ao despotismo, que apesar de seu estilo de vida colorido também foi relevante. É a história de uma invasão policial-militar na residência do músico, que ele chamou República Kalakuta. Até o final do ataque, o lugar estava em chamas. Fela, e muitos membros de sua banda, a The Africa '70 foram detidos. Seu Santuário África, onde encenou performances regulares na capital nigeriana, em seguida, Lagos foi isolada por soldados.

No entanto, Fela recusou-se a se tornar um dos homens mortos, que o laureado com o Nobel, Wole Soyinka descreveu em seu livro de 1973; "The Man Died". Penso que a sua capacidade de sobreviver e prosperar foi uma prova para a sobrevivência inevitável da sociedade, mesmo quando está sob ataque direto pelo despotismo. Foi também um testemunho do valor profundo das artes como uma linguagem universal de formas, emoção e inteligência.



REVIEW DO FYADUB: 

Se esperar comprar um livro sobre a história musical de Fela Kuti, esse não é o livro, busque pelo Fela: This Bitch of a Life. O livro é muito bem escrito, a narrativa é ótima e mesmo em inglês não é cansativo em momento algum. Se estiver disposto, em pouco menos de uma semana consegue ler o livro todo.

Além do preço ser extremamente atrativo por menos de R$ 9.00. 

Ele narra de forma muito particular - pela visão de Mari Ayi-Abu, os acontecimentos políticos, da postura política de Fela e de quem estava próximo a ele. E de forma detalhada a perseguição do Estado a aqueles que se opunham a ele na época.

Apesar da leitura muito agradável, o livro tem uma formatação muito ruim no Kindle, o que dependendo da sua exigência na formatação do texto, pode não te agradar na leitura das primeiras páginas no visor, e se o assunto não te cativar é possível que abandone a leitura e passe para o próximo livro. A formatação não deprecia a obra do autor e as experiências que ele narra, mas afeta a experiência do leitor.


Nigeria Fire at Afro Beat King Fela's: Kalakuta Republic on Fire (English Edition)
Formato: eBook Kindle
Tamanho do arquivo: 709 KB
Número de páginas: 327 páginas
Editora: Fubara T. David-West (21 de abril de 2014)
Vendido por: Amazon Servicos de Varejo do Brasil Ltda
Idioma: Inglês
ASIN: B00JVA1XDI
Leitura de texto: Habilitado
X-Ray: Não habilitado
Dicas de vocabulário: Habilitado
Configuração de fonte: Habilitado
Avaliação:








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sexta-feira, 27 de maio de 2016

HARRY "MOODISC" MUDIE - NÓS FAZEMOS MÚSICA, NÃO BARULHO!




Harry A. Mudie
Comecemos dizendo o seguinte sobre Harry Mudie, no selo dos discos ele escreve abaixo do título a seguinte frase; "We Make Music, Not Noise"... em tradução livre 'Nós fazemos música, não barulho".


Harry Mudie nasceu em Spanish Town em 1940 na Jamaica, e  nos anos 50 construiu seu primeiro sound system, o 'Mudie Hi-Fi', mas acabou se mudando para a Inglaterra para estudar eletrônica e fotografia por mais de cinco anos. Mudie pode ser considerado um dos produtores mais originais do reggae entre seus contemporâneos. Ele não só participou do início do rocksteady e do reggae como gênero musical, mas de certa forma também expandiu as influencias na música jamaicana, com toques do soul sofisticado e luxuoso americano dos anos 70.


Como produtor, Mudie nunca chegou a ser tão famoso ou reconhecimento como dois de seus maiores contemporâneos; Duke Reid e Clement Dodd, mas pode se dizer que ele é o mais notório e o mais requintado de todos de sua época. Mudie, foi um experimentalista como produtor em estúdio. Foi o primeiro a gravar o grupo rastafari 'Count Ossie and the Mystic Revelation of Rastafari', um dos primeiros músicos jamaicanosa expressar através da música as crenças rastafaris, através do ritmo percussivo afrocentrico da Ordem Nyabingui, no qual Count Ossie participou da fundação nos anos 50. Produziu também o saxofonista Wilton Gaynair, e o foi o primeiro produtor - antes mesmo de Bunny Lee ou da Trojan, lançar produções com cordas (violinos), em suas composições.

"Depois de deixar a escola no final dos anos 50, eu iniciei um sound system junto com Count Ossie. E fomos a um estúdio e acabamos em uma sessão gravando 'Babylon Gone' e 'So Long'. Depois disso eu fui para a Inglaterra." - diz Mudie ao Observer.

No seu retorno da Inglaterra no início dos anos 60, Mudie voltou a produzir e fechou um acordo com a Trojan para distribuir suas produções com exclusividade, o que deu a Trojan a notoriedade de ser um dos primeiros selos a ter produções com acordes de violinos gravados em Londres (e produzidos por Mudie), que permearam diversas outras produções nos anos seguintes. 

Com requintes de soul, grooves e ritmos compassados, Mudie era uma alternativa aos singles lançados pelo Studio One de Coxsone, e tanto que abria as sessões de domingo de Coxsone. Na sua primeira década produzindo, Mudie trabalhou com artistas como John Holt, Dennis Walks, The Ebony Sisters, The Heptones, Lloyd Jones, The Eternals (com participação de Cornell Campbell), e Winston Shand. Ele também trabalhou com em algumas canções com Gregory Isaacs and Peter Tosh.


Dê o play para ouvir a playlist com todas as músicas citadas no texto. 



Mudie, buscando liberdade, acabou lançando o seu selo próprio 'Moodisc', que gravou artistas e músicos como Dennis Walks, G G Grossett, The Ebony Sisters, Lloyd Jones e the Eternals. O primeiro single lançado foi 'Let Me Tell You Boy' por The Ebony Sisters e depois Dennis Walks com 'Drifter' e 'Heart Don't Leap'. Mas apesar da originalidade, Mudie foi extremamente pirateado, principalmente na Inglaterra.

"O principais singles; 'Let Me Tell You Boy' e 'Drifter'. Eles piratearam 'Drifter', 'Let Me Tell You Boy' e 'Run Girl Run', todos esses três foram pirateados na Inglaterra".
"O primeiro Reggae com vocal e cordas é 'Leaving Rome' com Jo Jo Bennet e Mudie's All Stars, 'Ten Steps to Soul' com Jo Jo Bennet e Mudie's All Stars e 'Mudie's Mood' com o Mudie's All Stars. Nós fizemos ele em 2 de Maio de 1970 no Chalk Farm Studios Ltd. na Inglaterra", diz Mudie.

As músicas foram gravadas com participação da orquestra 'Britain's Philharmonic Orchestra'. O sucesso de sua produção inspirou o produtor Tony Ashfield a gravar o álbum 'The Further You Look' e um dos mais populares álbuns de John Holt; '1000 Volts Of Holt'.


I Roy @ Channel One (foto por Syphilia Morgenstierne)
O 'The Mudie's All Star's' incluiam Lennie Hibert, Gladstone Anderson, Tommy McCook, Bobby ELlis, Mikey Chung e Bongo Herman. A Moodisc também lançou e gravou diversos deejays nos anos 70 como I Roy, Big Joe e Nicodemos. Mudie foi um dos primeiros a gravar com I Roy, e foi um dos que incentivaram ele a utilizar o 'Roy' em seu nome, diretamente um comparativo com o 'Originator' U Roy, sendo um dos jovens toasters nos meados dos anos 70. E o que começou rápido, terminou rápido com uma quebra na parceria e nos negócios, por inúmeras razões que uma parceria pode ser desfeita. Mas a colaboração entre os dois deixaram versões memoráveis como "Musical Choice" e versões de "Drifting" e "Let Me Tell You Boy."


Mudie também gravou com esporadicamente com Gregory Isaacs, The Heptones, Joe White, Cornel Campbell, Prince Heron e Bunny Maloney, assim como também produziu músicas com o arranjador de orgão Winston Wright, e crivou o dub como gênero musical gravando em conjunto com Osbourne 'King Tubby's' Ruddock os três álbuns de série intitulados 'The Dub Conference'. Ambos produziram três dos melhore álbuns de dub, utilizando os riddims mais pesados produzidos por Mudie - logico que também utilizando os acordes de violino, e Tubby encabeçando as mixagens - talvez em sua fase mais criativa, com ecos e reverbs usados na forma mais comedida do criador do dub. Nada soa sobrando ou faltando nos três lp's.


Harry Mudie também fundou o 'Scaramouch Garden Amusement Centre' em Spanish Town. Atualmente ele vive na em Miami, na Florida, e é onde está a base de seu selo Moodisc que ele administra junto com seu filho Gerry. Nos últimos anos o selo relançou diversos singles e álbuns de Mudie, incluindo produções com Count Ossie's em suas primeiras gravações,  o álbum de John Holt - Time Is the Master, canções de Dennis Walks, a série The Dub Conference, e diversas compilações.


COMPRAR MOODISC @ FYASHOP


Winston & Rupert - Let Me Tell You Girl (7", RP)
Label:Afro
Cat#: HM-1007-A / HM-7721-B
Media Condition: Very Good Plus (VG+)
 
R$90.00
+ shipping


Horace Andy / Mudie's All Stars* - Keep It Coming Baby / It Coming (7")
Label:Moods International Records
Cat#: HM-1032
Media Condition: Very Good Plus (VG+)
 
R$50.00
+ shipping


Horace Andy - My Love "Serious Thing" (7")
Label:Moods International Records
Cat#: HM-1035
Media Condition: Very Good Plus (VG+)
 
R$50.00
+ shipping


Horace Andy - Mr. Talkative (7")
Label:Moods International Records
Cat#: HM-1031
Media Condition: Very Good Plus (VG+)
 
R$115.00
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John Holt - Stick By Me (Remix) (7", Single, RE)
Label:Moodisc Records
Cat#: HM-1005
Media Condition: Very Good Plus (VG+)
 
R$80.00
+ shipping



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quarta-feira, 25 de maio de 2016

DESMISTIFANCO O VINIL "ORIGINAL PRESS"



Eu ensaio publicar esse artigo já faz alguns anos, difícil dizer há quantos, porque a previa foi escrita antes mesmo do hiato do fyadub entre o final de 2013 e retorno das publicações e da loja no final de 2014. E esse texto precisava de uma revisão extensa e se tornar mais enxuto - antes era um texto com 25 páginas. E precisa de mais links para que se consiga o acesso a mais informações por outros canais relacionados a venda de discos, registro e consulta de matrizes.


O artigo quando foi escrito um primeiro rascunho, era para elucidar os formatos e diversas denominações que um registro fonográfico pode ter, quando relacionado ao lançamento em vinil e outras mídias. O mais complexo de tudo, sempre foi relacionar o preço versus registro, e fazer com que a informação fique clara e objetiva, e essa informação dever ser óbvia para quem compra discos de vinil, e acabar por desmistificar o tal do "original press" como a melhor prensa ou algo relacionado.

Caso alguém lhe tenha dito que o "original press" é melhor que outra prensa, vou te dizer que; quem te disse que "original press" é melhor (ou pior) não sabe e não faz ideia do que está falando, e se sabe não compartilhou a informação de forma completa e objetiva. Para afirmar isso, é necessário um pouco mais de trabalho, que vai além da informação que a cópia de qualidade inferior e de valor inferior se trata de um Repress. Para se afirmar que uma cópia é melhor ou inferior, é necessária que se faça uma análise de espectro sonoro, e que de preferência quem faça essa análise seja um engenheiro de som - obviamente profissional.

Equivalente a qualidade sonora da mídia, é o equipamento usado. Um vinil de 1960, sendo tocado com uma agulha dos anos 60, junto a um pré amplificador valvulado e caixas do mesmo ano, soaram de forma muito diferente se você utilizar uma MK2 com e um pré amplificador transistorizado. Assim como provavelmente o som ficará degradado, se o vinil for masterizado com um equipamento extremamente atual e for utilizado em um equipamento vintage. Algo vai deixar de soar bem, ou não vai soar. Devido a incompatibilidade de transmissão de frequências.

O original press se tornou aparentemente uma etiqueta de grife, que vendedores utilizam para supervalorizar discos e compradores para justificar o valor (algumas vezes absurdo) que é pago no produto (vinil, cd, dvd, etc).


Em muitos casos se fizer um questionamento, de como alguém pode afirmar que um registro fonográfico em vinil é uma prensa original – e aonde consta essa informação, muito provavelmente, grande parte não tem ideia de como responder a esse questionamento, e a mesma pergunta pode valer para quem comprou e não sabe garantir se o que pagou vale realmente o dinheiro investido. "Original Press" foi (e ainda é) o termo, uma espécie de etiqueta de grife, que enriqueceu e ainda enriquece muitos vendedores com a propagação e acesso ao ebay, e já é direcionado também ao discogs com a supervalorização de alguns títulos. E na dúvida, ou incerteza de afirmar, o disco é um first press até ser confirmado pelo detentor da obra ou fabricante do produto que aquele item é um repress.

Um registro pode ter mais de um "original press", e pode ser lançado por mais de um selo, e pode ter uma divergência entre ano de gravação e ano de lançamento, mesmo sendo o mesmo registro fonográfico, e se for tratar nesse aspecto de música jamaicana, a história vai muito além. Se relacionar a pesquisa básica dos títulos que a Trojan lançou na Europa gravado e lançado originalmente na Jamaica por diversos selos. E após cruzar os números de matrix e ISRC. É diversão para muito tempo e descobertas de lançamentos sem licenciamento e pirataria, o que em algum momento foi chamado de Bootleg - você provavelmente conhece uma loja famosa especializada em vinil de reggae nos EUA tem vasta experiência em lançar Bootlegs.

Antes de prosseguir com uma parte mais técnica, a diferença de qualidade sonora entre uma primeira prensagem "original press" de um titulo e a segunda prensagem, só pode ser dita foi degradada com equipamentos e um técnico. A informação de que o produto é um repress, muitas das vezes tem a qualidade igual, e alguns ‘reissues’, chegam a ter qualidades sonora superior - devido a um novo processo de mixagem e masterização. O advento da tecnologia permite que muitas canções dos anos 50 por exemplo, tenham correções de frequência se masterizadas em equipamentos atuais. Nesse caso você pode utilizar o termo Masterizado e Remasterizado, como diversos álbuns são lançados com esses sub-titulos. E óbviamente, ambos são ‘original press’.


O artigo vai ser divido em alguns tópicos, de forma que se faça ser óbvia a necessidade de mais informações além do termo "original press" em um anúncio e de relatividade com as informações do ano de lançamento e o selo impresso, tentando deixar todas as informações as mais objetivas possíveis quanto à razão e a importância do registro e nomenclaturas que existem – e que vierem a existir em sites de vendas de discos.



1. Esse é o CAT# referente ao registro no catálogo do selo ou gravadora.
É por esse número de edição que é possível saber quando ele foi lançado.
A gravadora ou selo, pode relançar o disco com o mesmo CAT# ou, se for
um Reissue, ele pode alterar esse número para diferenciar as edições.

2. Esse é o CAT# para designar qual o lado correto de cada "plate" para
você não ter a surpresa de ouvir o lado B no lado A e vice versa.

3. Esse é o número da Matrix impresso no Run-Out do LP - ou dead-wax. Esse
número dependendo da edição pode mudar. E é uma das principais informações
para definir qual a edição do vinil. Nem todos os discos de vinil tem esse
número, e dependendo da região ou localidade, ele pode mudar, gerando um
novo número e sendo também um "first press" ou "original press."

4. Essa marca é encontrada em diversos discos de vinil. É uma provável marca
do responsável por aquela prensa. E essa pessoa é que cuidou da manufatura
na prensagem do disco. Com o decorrer de novas edições, ele muda ou pode
deixar de ser inserido na matrix.

Matrix

Um número da matriz (matrix number) são códigos alfanuméricos (e em certa ocasião, inclui outros símbolos) estampados ou manuscritos (ou uma combinação dos dois) para a área do sulco do run-out (borda final) de um disco de vinil. Esta é a área que não possui ranhuras entre o fim da trilha sobre o lado de um registro e o selo (rótulo impresso), também conhecida como a área de run-off do sulco, área de end-groove, da área da matrix, ou "dead wax" (cera morta).

Um número da matrix (chamaremos matrix ao invés de matriz, já que é o termo utilizado nos arquivos e demais registros sobre o assunto), é destinado ao uso interno da fábrica de produção do vinil, mas eles também são estudados e documentados por colecionadores de discos, assim como às vezes eles podem fornecer informações úteis sobre a edição do registro.

Há duas partes do número de matrix a ser considerado: o número principal, que normalmente é impresso no selo, bem como, pode ter informação extra que pode incluir um corte ou carimbo com relevo. O número de matrix pode referir-se a qualquer um destes elementos, ou de todos eles combinados. A área de inscrição também pode conter códigos de registro da planta ou logotipos, ou as iniciais ou assinatura do engenheiro da prensa dos discos, e datas de prensagem ou de direitos autorais, entre outras coisas.


O número da matrix impresso no rótulo não deve ser confundido com o número de catálogo (CAT#) - mas as vezes pode substituí-lo, mas é geralmente o mais destacado independente da prensa, e será tipicamente o mesmo número de ambos os lados do disco - as vezes seguido por um 'A' ou 'B' no selo impresso. Os números da matrix serão diferentes em cada lado, e às vezes são impressos de cabeça para baixo na borda do selo para impedir de serem confundidos com o número de catálogo do selo ou gravadora.

A finalidade desse número principal é para atribuir um número de representação para a prensa, e para assegurar que cada lado recebe o selo impresso apropriado, comparando visualmente o número no selo para o número inscrito.

A parte mais importante da informação extra é geralmente o número da prensa, que é um sufixo para o número principal. Por exemplo, o número de matriz 12345 é visto em um selo, e a área do sulco do run-out revela o número 12345-3, o que indica que este é o terceiro corte fabricado daquela prensa. Não é incomum encontrar registros de um número de prensagem diferente em cada lado.

Os lados são reprensados por várias razões. As prensas só podem ser usadas para fazer um determinado número de cópias antes de se tornarem desgastadas e inutilizadas, e sendo assim uma nova prensa é necessária. (A partir do início de 1980, já não era necessário novas prensas. Mudanças para dominar métodos de fabricação do disco, incluindo o DMM ou Direct Metal Mastering (Masterização Direta no Metal), e assim foi possível fazer muitas cópias de uma master prensada de forma não destrutiva - mas ainda assim pode haver desgaste, de modo que poderia reprensar por diversas vezes uma matrix, mesmo quando a placa usada para prensar torna-se desgastada.

Essas prensas também podem ser danificadas pelo manuseio. Uma nova prensa pode também ser feita quando existe um problema com a prensa anterior, por exemplo, uma falha técnica ou espaçamento impróprio (a separação visual entre canções). Quando um nova prensa é feita, várias cópias chamadas prensas de teste (as test press) são feitas para os técnicos (e, para um novo registro, o produtor e o artista que realizou a gravação) para rever a prensa, e determinar se ele deve ser aceito ou rejeitado. Se for rejeitado, uma outra prensa deve ser fabricada.


Mais razões para prensas múltiplas: Se um registro é prensado em mais de uma fábrica, como pode ser o caso quando uma versão popular é lançada por uma grande gravadora ou diversos selos, com fábricas em mais de uma um país ou cidade, cada fábrica pode fazer a sua própria matrix para ser utilizada na prensa. Se um registro é lançado a nível internacional, cada país normalmente prensa suas próprias matrix. Se um registro é relançado por uma gravadora ou selo diferente, ou pela mesma gravadora, sob um número de catálogo diferente, o registro normalmente é refeito em uma nova matrix, embora haja ocasiões em que a prensa anterior é reutilizada e um novo número é adicionado para as inscrições na área de run-out, às vezes com o número anterior riscado ou coberto.

Números da matrix são frequentemente citadas como prova de que um registro é uma "primeira prensagem" ou atualmente denominados e famigerados “original press”, embora este termo não seja utilizado de uma forma consistente por colecionadores. Os registros podem ser prensados em vários lotes que são idênticos e portanto, um grupo de lotes deve ser considerado como uma "primeira prensagem".

Collectors por assim dizer, às vezes se referem a uma "segunda prensagem" ou “original press”. Os colecionadores se referem a uma “segunda prensagem” quando ocorre alguma mudança, tal como uma mudança para a seleção ou ordem das músicas em um lado do álbum ou uma não tão grande mudança como um design diferente do selo ou gravadora, ou uma correção de um erro de digitação no texto do selo/etiqueta, ou uma variação menor da capa ou selo, às vezes até com uma informação mínima como uma mudança de endereço da gravadora.

Ou eles podem se referir a um registro como uma "segunda prensagem" também se o número da matrix for alterada, mas o selo, ou capa, e o conteúdo musical são idênticos. Em uma observação importante, uma primeira prensagem poderia ser rejeitada, e uma segunda matrix ou posterior poderia realmente ser a utilizada para a primeira prensagem lançada para o público. Mesmo assim, os registros colecionáveis ​​são muitas vezes questionáveis e identificada como "primeira prensagem" com base apenas no número de matrix marcada como primeira prensagem pelo detentor da obra.


Se um registro é relançado com uma reedição (reissue) com um novo número de catálogo, o número da matrix (e da prensa) provavelmente irá começar em #1 novamente. Portanto, um número de matrix em si não é prova de uma prensagem original ou primeira prensagem, então uma pesquisa adicional deve ser feita antes de declarar um registro como não sendo uma primeira prensagem ou original press.

A maior importância para colecionadores é onde contém uma diferença audível das matrizes anteriores; na produção, edição final, masterização, etc. Algumas matrizes contem uma gravação diferente, uma mixagem, ou edição (duração de música) comparando com edições e matrizes lançadas junto, anteriores ou posteriores a data de lançamento. Algumas prensagens são feitas para relançar uma música com diferentes letras, ou como um ato de censura.

Mesmo que um registro censurado seja somente distribuído para estações de rádio como uma edição promocional (promo edition), pode haver duas versões do promo: censuradas e não censuradas. Algumas matrizes com conteúdo alterado têm um sufixo “RE”* no final do número da matrix inscrito na prensa, mas isso não significa necessariamente que a edição não “RE" foi lançado para o público.

* Essa sigla "RE" não é um repress e não tem relação com a sigla "RE" utilizada pelo discogs, somente identifica o lançamento de uma edição diferente do registro ou de uma matrix específica para a distribuição promocional. 

Nos casos em que uma versão popular é lançada por uma grande gravadora que usa mais de uma fábrica, assim que as cópias são fabricadas em várias cidades, um código de fábrica na forma de um número, acrônimo, símbolo ou logotipo que pode ser encontrado na área de run-out pode ter importância. Estas são algumas vezes citadas quando os registros colecionáveis ​​são oferecidos para venda. Códigos de fábrica utilizadas pelas grandes gravadoras americanas, como Capitol, Warner Bros, RCA e Mercury têm sido documentados por diversos pesquisadores e audiófilos.




ISRC

O ISRC (International Standard Recording Code) é o sistema de identificação internacional para registros fonográficos e gravações de vídeo. Cada ISRC é um identificador exclusivo e permanente para um registro específico, independente do formato em que ele aparece (CD, arquivo de áudio, etc) ou os detentores dos direitos envolvidos. Apenas um ISRC deve ser emitido para uma faixa, e um ISRC não pode representar mais de uma gravação única.

ISRC's são amplamente utilizados no comércio digital por sites de download e sociedades de gestão coletiva para controle de vendas. Um ISRC também pode ser permanentemente codificado em um produto como a sua impressão digital. A codificação por ISRC fornece os meios para identificar automaticamente gravações para os pagamentos de direitos autorais e royalties.

O IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica) foi designado pela ISO como autoridade de registro para o padrão. O comitê TC46/SC9 é o responsável pelo padrão do ISRC.

O código ISRC tem o comprimento de 12 caracteres, na forma "CC-XXX-YY-NNNNN" (os hifens não fazem parte do código ISRC, sendo utilizados apenas para facilitar a visualização escrita do mesmo). As quatro partes do código são definidas como:


Código
Significado
CC
Corresponde aos dois caracteres relativos ao país de origem, de acordo com a ISO 3166-1 alpha-2.
XXX
Três caracteres alfanuméricos, identificando a organização associada ao código. Tipicamente, o órgão regulador de cada país atribui um código de três letras para cada gravadora.
YY
Correspondem aos últimos dois dígitos do ano de registro (que não correspondem necessariamente ao ano em que a gravação foi feita).
NNNNN
Número único de cinco dígitos identificando uma trilha em particular de uma gravação.


Master [Tape] e Masterização

Esse é o valor agregado real em um disco – seja vinil, cd ou qualquer outra mídia. O registro realizado na master tape, hoje uma metonímia (lembre sempre dessa denominação), de todo o registro original antes da masterização.

Com o advento das fitas magnéticas lá nos anos 50, e novos processos de gravação em duas ou quatro pistas, chamadas de 'multi-track', essas fitas eram duplicadas – processo em inglês chamado de 'dubbed'* (duplicação). Com os processos digitais, a master hoje pode ser em um HD (Hard Disk), um CD, um DVD, e até mesmo numa fita como era popularmente até os anos 90, para ser livremente manipulado. O processo analógico de gravar em fitas ficou mais caro no decorrer dos anos com a popularidade das mídias digitais.

Na master, os instrumentos, vocais, frequências podem ser manipuladas, ou seja, toda a obra registrada pode ser alterada ao bel prazer do produtor ou engenheiro de som antes de ter sua versão final masterizada, e é essa versão finalizada que temos acesso quando adquirimos um disco.

O quero dizer aqui, é que independente da data prensa, o valor agregado a um registro – vinil principalmente, é primordialmente relacionado a master tape e a utilização do material original no disco. Diversas obras, de diversos gêneros musicais tem um valor maior ou menor dependendo da master original ou masterização realizada. Isso vale principalmente para gravações entre os anos 50, 60 e 70. As gravações eram feitas em um canal para a banda e outra para a voz, gradualmente com a tecnologia foi sendo possível aumentar o numero de canais, e tornar o processo de gravação abrangente até os formatos de hoje.


Resumindo, a obra registrada tem mais valor que o plástico da mídia utilizada para o registro. Por isso, a diferenciação de um registro feito, por exemplo em 1965 e masterizado em 1965, e um registro gravado no mesmo ano de 1965 e masterizado em 2015. A musica pode ser a mesma, mas a obra original, após 50 anos pode ter um valor maior agregado pelo registro ser raro ou grande parte das copias não terem condições de uso. E até mesmo discos em situação “poor”, podem ter valor/preço alto devido o registro da prensa ou ISRC estar marcado no run-out do disco. Essas informações servem para pesquisa e registro de acervo e catalogo. E a partir dessa nova masterização, vai ser criada uma nova “first press.”

* Dubbed: é a palavra técnica (tirando toda a parte artística e criativa) que o originou o termo “dub”. Que veio por se tornar gênero musical (metonímia lembra). Foi a partir da técnica de manipulação e inserção de efeitos nas gravações que Osbourne Ruddock se tornou um dos maiores engenheiros de som e produtor na Jamaica, e se tornou conhecido mundialmente por King Tubby. A técnica aplicada por ele, era de duplicar fitas, e criar diversas versões a partir da original. A partir daí é história.



Original Press ou First Press - Primeira Prensa

Se você chegou até aqui, e leu sobre a master tape, o processo de masterização, o ISRC e principalmente sobre a Matrix do vinil, você provavelmente já entendeu que 80% de tudo que é descrito como Original Press, necessariamente não é um Original Press ou First Pressing, e também não se pode afirmar que um produto não é original – a partir daí existem os não licenciados, mas é outro assunto. Em todo caso é preciso se atentar que o termo “false press” até o momento ser inexistente. E provavelmente muito do que é descartado por não ser tão famoso (hype) ou valioso para alguns que se dizem entendidos, não batizaram a mídia como Original Press ou First Press.


Tenha o seguinte em mente quando for adquirir um vinil, se você quer a música ou a edição de um disco em particular. Se for a música, independente de qual edição for e por um preço razoável é possível adquirir o que deseja, variando de estado/qualidade. Agora se é uma edição especifica, a informação "original press" se torna irrelevante.



Como pode notar na imagem acima, o título 'Beat Down Babylon' de Junior Byles, tem diversas versões lançadas.
A primeira "first press" foi lançada pelo selo Upsetter de Lee Perry, posteriormente pelos selos Justice League,
contando com uma versão "White Label/Blank", pelo selo Bullet e pelo selo PamaSupreme, tendo um relançamento
(reissue) no final dos anos 90 e inicio dos anos 2000 pelo selo Orchid. De todas as cópias da lista, apenas duas
são Repress e outras duas Reissues, ambas do selo Upsetter.

O mais importante, em todo caso, é verificar qual a versão numa quantidade de lançamentos de um mesmo título, que
você tem interesse. Já que principalmente no reggae, cada uma das versões tem sua peculiaridade e suas variações
com uma ênfase especifica; nos metais, na percussão, com arranjo de melódica, apenas drum n' bass, etc

Reissue (RE) e Repress (RP)

A denominação 'Reissue' pode ser utilizada quando usada no próprio lançamento, ou se no lançamento daquele registro é descrito como uma reedição do artista, selo, ou de outras fontes oficiais. Ele também pode ser usado quando o conteúdo lançado não é o primeiro lançamento do trabalho - sábido e registrado que é um repress. Este é geralmente independente do formato - um CD pode ser um novo lançamento de um LP. Ele também pode ser independente do país, mas deve se ter em conta que uma obra pode ter o seu lançamento inicial em momentos diferentes, em diferentes países, e de modo em geral não usam a denominação 'Reissue' se houver apenas um curto período de tempo (cerca de menos de 18 meses) entre uma edição (de lançamento) e outra.


Muitas vezes, pode ser denominado 'Reissue' um lançamento de uma reedição (por exemplo, quando adquirir um LP gravado em 1960, mas a capa e vinil forem novos). É totalmente normal usar a denominação 'Reissue', mas se deve ser claro nas notas de descrição e, ou notas de versão. Isso porque a denominação 'Reissue' tem sido usada de forma inadequada – confundindo 'Reissue' com 'Repress'. Lembre-se que as pessoas precisam ser capazes de distinguir uma prensagem da outra, e que devem distinguir o vinil só de olhar para ele, ou se deve utilizar notas para descrever as informações de lançamento, isso é extremamente importante e útil. 'Reissue' não deve ser usado onde o trabalho não aparece em sua forma original, por exemplo, singles que combinam duas músicas em conjunto, ou um CD, que combinam dois álbuns, a menos que a própria gravadora, selo, ou artista use esse termo.

A denominação 'Repress' pode ser utilizada quando usada no próprio lançamento, ou o lançamento é referido como um repress pelo artista, selo, ou de outras fontes oficiais. Você também pode usar denominação 'Repress' quando você indicar uma boa razão - para utiliza-lo, nas notas de lançamento e/ ou ao catalogar uma edição denominada 'Repress'. O 'Repress' deve ser originário a partir do disco matrix original, e o termo é aplicado somente para formatos que são marcados ou prensados ​​visivelmente na mídia, como vinil e CD. A denominação 'Repress' ou reedição podem ser usadas em outras circunstâncias. Para sites de venda on line principalmente, consulte a orientação para o uso correto dessa denominação do produto descrito nos termos do site, ou questione o vendedor antes de realizar a compra. Em algumas (poucas) variáveis os termos/denominação 'Reissue' e 'Repress' podem ser usados ​​juntos.



Abaixo alguns dos sites, que podem serviram como fontes de pesquisa e podem ser úteis para você ter mais informações sobre os assuntos relacionados a esse artigo. Ao final de cada um dos links publicados, você terá mais links de referencia para aprimorar o conhecimento sobre a mídia, o "first press" e produção musical. É um mundo abrangente e cheio de possibilidades para inovação e novos horizontes.

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Sites:
7tt77.co.uk/matrix_numbers.html
discogs.com/help/submission-guidelines-release-format.html
ebay.com/gds/How-to-Identify-Original-Vinyl-Pressings.html 
keithflynn.com/recording-sessions/matrix-numbersmatrixnumbersexplained.html
originalpressing.com/
tunecore.com/guides/basics_of_vinyl
usisrc.org
vinylrecordfair.com/vinyl-record-values/


Wikipedia:
Acetate_disc
Audio_mastering
Direct_metal_mastering
Electrical_transcription
Espectro_sonoro
History_of_multitrack_recording
ISRC
Matrix_number
Record_press
Transcription_disc


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