segunda-feira, 26 de abril de 2021

PORQUE O FORMATO E O BITRATE DA MÚSICA NÃO IMPORTAM

Entenda o porque o formato (MP3, FLAC, WAV) e o bitrate (192kbps, 256kbps, 320kbps, 1444kbps) não importam se a masterização for ruim.


Ao que parece, estamos entrando em um tempo em que a alta definição nas músicas que escutamos está passando a ficar mais importante, seja para que as houve (audiófilos e melômanos) ou para quem as produz (artistas da música, gravadoras, engenheiros de som). Um exemplo disso é que mesmo com toda a sua popularidade, o Spotify resolveu anunciar uma assinatura para as pessoas escutarem músicas lossless com a qualidade de CDs (44,1Khz/16-bit), onde na teoria não há perdas. Entretanto, as pessoas estão confundindo arquivos de áudio de alta definição, os ditos Hi-Res (entenda o que são aqui), com músicas bem gravadas, mixadas e masterizadas (entenda as etapas da criação de uma faixa musical aqui).

Atenção: O único cenário em que arquivos com alta resolução e formatos de áudio sem perda são uma vantagem é durante o processo de gravação, edição de takes, mixagem e masterização da música. Pois dessa forma, fica mais fácil para o engenheiro de som manipular o arquivo de forma mais livre. Lembrando que, o meio onde será gravado os arquivos de áudio, poderá influenciar na qualidade de som reproduzida como, por exemplo, o CD e suas variantes, o Vinil (LP), a fita cassete (popularmente chamada de fita K7), o streaming de música, entre outros.

Porque você não deve necessariamente baixar músicas em FLAC, WAV ou DSD

Não há vantagem alguma na grande maioria das vezes ouvir músicas em FLAC, WAV ou DSD, pelo menos em sistemas de áudio em que se utiliza fones de ouvido. Já foi provado através de testes cegos onde havia arquivos em MP3 com bitrate de 320kbps, FLAC e WAV, onde pouquíssimas pessoas conseguiram acertar e quase inexistente dizer com exatidão qual era o formato de todas as faixas (separando lossless e o formato com perdas, o MP3).

Mesmo que se faça uma excelente gravação, mixagem e masterização, o Hi-Res áudio não trará para o ouvinte diferenças audíveis quando utilizado como transdutor, um fone de ouvido. Em alguns casos, em sistemas bem acertados de caixas de som, é possível distinguir a diferença. Ou seja, será que vale realmente a pena escolher formatos de áudio?

Porque o bitrate da música pode não importar

Não há dúvidas de que um bitrate abaixo de 192kbps possa soar ruim, com ruídos e distorções. Porém, não é ele que de fato vai trazer a verdadeira qualidade de áudio para a música. Se a gravação, mixagem e masterização for ruim, de nada irá adiantar um bitrate de, por exemplo, 1411kbps (bitrate de um CD que pode ser encontrado em arquivos FLAC ou WAV).

Um exemplo do que foi dito acima foi a experiência de um teste cego que tive, onde ouvi uma música em MP3 com bitrate de 128kbps e pensei que era pelo menos 192kbps. O motivo disso foi a excelente gravação, mixagem e masterização da faixa analisada. Ou seja, uma música que teve uma criação de qualidade soará de maneira mais agradável na grande maioria dos casos, mesmo com qualidade ruim, comparado a uma faixa mal gravada em MP3 320kbps.

A importância da masterização de uma música

Depois de gravado e mixado determinado álbum, a única coisa que se pode fazer para proporcionar uma boa qualidade de som para o ouvinte é a masterização de uma música. O processo de masterização é a parte onde é feita a transferência do áudio processado pelo engenheiro de mixagem para um dispositivo de armazenamento chamado master, a partir do qual serão feitas todas as cópias para diferentes tipos de mídias. A masterização tem a função de analisar o produto final gerado em diversos tipos de equipamentos como, por exemplo, fones de ouvido, caixas de som, smartphones, computadores, nos mais diversos ambientes. Para adequar a música a uma gama mais geral de dispositivos, é aplicado a equalização e, em alguns casos, compressor e widening, por exemplo.

Talvez você não saiba, mas há diferentes masterizações de um mesmo álbum, onde poderá haver uma diferença considerável na qualidade de áudio. Geralmente a masterização original (a primeira feita após a gravação e mixagem) costuma ser a que possui melhor qualidade e costuma ter um bom dynamic range (DR). O DR, também chamado de intervalo dinâmico, é a diferença entre os maiores e menores níveis de decibel em uma música. Essa mesma distância entre níveis de decibel diz também a profundidade de bits, onde, por exemplo, 96db equivale a 16bits e 144db equivale a 24bits (saiba o que é a profundidade de bits no áudio aqui).

Imagem ilustrativa mostrando o que é o Dynamic Range (DR

Geralmente, quanto maior o nível de DR de uma música, melhor será a sua qualidade. Quando se tem um DR baixo, quer dizer que a música é praticamente uma massa única que toca no mesmo volume sempre, podendo ocultar diversos sons no meio da gravação, ou seja, possui uma definição baixa. Para conferir quais são as melhores masterizações, com um bom dynamic range, você pode utilizar programas que mostram as informações sobre a música como, por exemplo, o dbpoweramp ou pode acessar o site Loudness-War, um site com um banco de dados com diversos registros das várias versões de masterização dos álbuns.

Direferentes Dynamic Range (DR) de um mesmo álbum que foi masterizado posteriormente.

Conclusão

O que fará a maior diferença na qualidade de uma música não é quantos bits (16-bits, 24-bits), taxa de amostragem (saiba o que é aqui), bitrate (320kbps, 1411kbps) ou formato do arquivo (entenda mais a fundo aqui). A primeira coisa que você tem que se atentar para obter um álbum ou música em boa qualidade é identificar qual é a melhor masterização feita do álbum que você está em busca, além de obtê-lo de uma fonte confiável, pois há casos em que pessoas fornecem informações falsas sobre o arquivo, fazendo com que algo ruim se passe por excelente.


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