Hoje dando uma olhada na maior
parte dos posts das mais de 5000 pessoas aqui no FB, dentre os 100 convites
diários para festas mais da metade dos posts de atualizações se referem aos
tais “fake dj’s”, particularmente a manifestação num tom sarcástico é interessante, mas só temos tais “fake dj’s”.
São tantos posts nos últimos dias
falando do Jesus Luz e da tal Luiza (que eu não sei de onde surgiu), que se
torna maçante e de uma publicidade desprovida. Obviamente, é preciso sim ter
uma mudança de atitude quanto a profissão e o papel que o DJ ocupa hoje dentro
da musica, tão importante quanto ao do MC.
E essa principal mudança de
atitude na verdade, deve prover de nós mesmos, será que você que publicou uma
foto do “sou contra fake dj’s” lembrou de publicar algo ligado a um DJ que
admira? Uma festa, uma mixtape, ou algo relacionado ao mundo do DJ como por
exemplo o pessoal que valoriza vinil e a cultura abrangente que faz parte do
trabalho e da vida de um DJ.
Muito se fala em valorização e
sobre a banalização da profissão que acontece ano a ano. Pois bem valorização
não é ganhar mais dinheiro, realmente as propostas que acontecem hoje são
indecentes – praticamente um estupro na profissão, mas é um circulo vicioso
onde a acaba justamente na ponta, que é o DJ.
Para uma pessoa se valorizar, ela
não precisa ganhar um certo montante de dinheiro, ou cobrar mais caro, a
valorização esta muito mais ligado ao respeito do que ao dinheiro. Ao dinheiro
está ligado o custo, que é um outro aspecto. Conversando com meu amigo Jeff
Boto (Dubatak) conversando sobre esse tema, se aponta algo que hoje é real,
praticamente ninguém vive da profissão de ser DJ, uns dizem que fazem por amor,
outros por hobby, outros não cobram por serem DJ’s enfim e sim pela presença em
um evento.
Entre 1998 e 2002 ganhava 8x mais
do hoje me é proposto para tocar, hoje o cachê proposto é relativamente o de
quando eu estava aprendendo no início da década de 90 quando tinha lá uns 50
discos no case, mas em contrapartida, nessa época não tínhamos eventos de R$ 3
e R$ 5 reais acontecendo pelo menos duas vezes por semana. Uma matemática
óbvia, uma festa com 200 pessoas pagantes a 5 reais, não vai rolar pagar R$
1000,00 de cachê para quem está tocando, esse valor vai ser dividido entre
todos que estão tocando e vai nivelar o ganho – e como lei de mercado, vai
nivelar para baixo, fora que a casa também vai querer meter a mão em algum
troco da entrada.
Simples, levando em consideração
que a maioria das pessoas hoje que se auto intitulam DJ’s ou que fazem eventos
tocando discos, não vivem do dinheiro que recebem das festas que fazem, e há
não ser que tenham uma mudança de postura quanto e raciocínio de “quanto custa”
e “quanto vale” vai se tornar uma situação muito complexa dizer que o DJ não é
valorizado, se quem toca reclama mas continua na mesma situação ambígua de
tocar por migalha que cai da mesa de dono de casas e promotores de eventos ou
realmente é parar de tocar numa constante e somente sair de casa pelo valor
financeiro que considera coerente com o que faz em um evento, nesse último
caso, o DJ jamais dirá que seu trabalho não é desvalorizado, porque quem decide
sair de casa para tocar por um montante ou menos é quem vai tocar.
Volto a dizer, valorizar um
trabalho, nada tem haver com cobrar mais caro, valorizar o seu trabalho quer
dizer não banalizar seu estudo, pesquisa musical, investimento em discos e
equipamento e as vezes todo o staff envolvido para que um DJ faça bem seu set e
toda trabalheira que dá organizar uma festa.
Então meus caros amigos e amigas
virtuais ou não, parem para pensar em toda a publicidade que estão fazendo,
realmente o tiro está saindo pela culatra e só quem tem a ganhar são os “fake
dj’s” que estão ai tocando em eventos grandes, com equipamentos de ponta, e os
“verdadeiros” dj’s estão lutando para garantir seus trabalhos, continuam
pesquisando e garimpando em sebos, os joviais e adeptos as novidades
tecnológicas com seus Seratos e Tracktors da vida, e a vida segue num
ressentimento de não conseguir ganhar o que um ator ou subcelebridade ganha
fazendo 70% as vezes 80% do que um profissional sabe fazer.
Ao público, quando for realmente
valorizar o DJ não reclame de pagar 10,00 reais em um evento, de aguardar 10 ou
15 minutos para pagar a comanda e depois de ter dançado, bebido e feito coisas
que duvidaria se lembrasse, que a festa foi uma porcaria, estejam presentes nos
eventos e cobrem sempre qualidade do cara que está tocando e da casa para ter
bons equipamentos, boas caixas de som – nem todo DJ quer ser dono de sound
system. Necessaário também cada casa cuidar da acústica adequadamente e que
tenham também um cuidado com a sua saúde, ouvir boa musica, não quer dizer que
tenha que sair surdo ou perder a audição a cada festa que for com um som acima
as vezes de 115db.
Pense reflita, valorize o DJ que
você gosta, divulgue o trabalho se sentir vontade e deixe o ressentimento de
lado, aos DJ’s se resolvam com o dinheiro, cobrem o que pensam que devem cobrar
por seus sets, o máximo que pode acontecer é não contratarem você ou pedir que
reduzam seu cachê em determinado momento, a decisão é sua em todos os casos.
Recomendação final, ao ver a
imagem ou vídeo de um fake DJ, poste a imagem ou o vídeo de um DJ que você
gosta de ir nas festas e ouvir o set, simples assim, bless ya!!!