sábado, 16 de agosto de 2008

OS 15 MANDAMENTOS DA ZULU NATION

Não da para falar muito sobre a Zulu Nation se não souber quais são as crenças, as atitudes e para quais princípios a Zulu Nation é voltada. Abaixo segue uma tradução das 15 Crenças da Zulu Nation juntamente com uma explicação de qual o significado de cada uma. PODER PARA O POVO.

A FÉ UNIVERSAL DA NAÇÃO ZULU

Embora a Nação Zulu esteja ligada à crença no ultimo milênio, como tantos outros seres humanos nesse lugar chamado terra, nós iremos neste milênio deixar de acreditar nesse sistema e toda essa fatologia contra a fé.

Conhecimento correto, sabedoria correta, entendimento correto, raciocínio sadio correto para trazer caminhos e ações corretas. Pensamento correto. Então o que você vê daqui para frente é sobre a Nação Zulu Universal, passado no último milênio. Segure-se e esteja pronto para o novo milênio. Fatologia contra a Fé. 

1 - Nós acreditamos em um Deus, que é chamado por vários nomes – Allah, Jehovah, Yahweh, Ra, Elohim, Jah, God, O Mais Alto, O Criador, O Supremo Único. Nós acreditamos como Amazulu, nós não iremos matar outro humano com o propósito de chamar o nome de Deus. Nós iremos reconhecer que apenas um único Deus. Nós acreditamos que Deus voltara para olhar nos olhos do ser humano, e o levara para fora dos problemas que o ser humano causou nesse planeta chamado Terra. 

2 - Nós acreditamos na Bíblia e no Glorioso Qur’an (Alcorão) e nas escrituras de todos os Profetas de Deus. 

3 - Nós acreditamos que a Bíblia foi alterada e deve ser reinterpretada, de modo que humanidade não seja enganada pelos falsários que há alteraram. 

4 - Acreditamos que a supremacia branca manipula muitos dos livros de história que são usados para ensinar e educar ao redor do mundo, nos colégios, faculdades e outros lugares onde o ensino é distorcido, cheio de mentiras e incentivam o ódio quando tratam sobre outras raças na família humana. Nós acreditamos que todos esses livros de história que contém uma mensagem falsa devem ser destruídos e substituídos por livros história baseados em fatos reais, no qual todas as raças contribuíram para o com a Civilização Humana. Ensinar a verdadeira história, não a falsa, citar todas as raças, e respeitar todas as nacionalidades, amar aos outros como a nós mesmo para que a raça humana se faça um todo. 

5 - Acreditamos na verdade qual quer que seja. Se a verdade ou idéia que você nos traz é baseada em fatos, então seremos como Amazulu foi testemunha da verdade. Verdade é Verdade. 

6 - Acreditamos que qualquer pessoa de qualquer religião ou fé, que está religião ou fé eleve o ser humano, não faça de você um religioso escravo ou zumbi, e essa religião não se torne uma mistura de falsidade e verdade, que essa religião faça ser um lutador pela liberdade, justiça, e igualdade para todos os seres humanos e para todo tipo de vida que Deus deu para esse planeta chamado Terra. 

7 - Nós acreditamos que esse racismo e ódio estão tentando dominar as vidas dos seres humanos neste planeta chamado Terra, e apenas a crença no Supremo Uno e a verdade ira destruir essa doença chamada racismo e ódio. 

8 - Acreditamos que o ser humano causou grandes danos a Mãe Terra e devem fazer alguma coisa a respeito da poluição do ar, água, terra e espaço. Nós acreditamos que esses seres humanos que causaram danos aos animais e a vida aquática, esses seres humanos devem corrigir seus erros ou serão condenados a destruição como foi profetizado pelos profetas. Somente o ser humano com a ajuda de Deus pode mudar o futuro. 

9 - Acreditamos na ressurreição mental após a morte. Há varias maneiras da raça humana ser tornar cega, morta, e estúpida pela falta de conhecimento de Si mesmo, e sentimos que alguns devem ensinar aos outros. 

10 - Acreditamos que toda a vida, criação, tudo é baseado na matemática. 

11 - Acreditamos no que é visto e no que é sabido do que não é visto. Acreditamos no poder da mente, e no conhecimento infinito do próprio Deus. 

12 - Acreditamos na justiça para todos, proveniente de Deus ou não. Acreditamos na justiça igual entre os seres humanos. 

13 - Acreditamos como Amazulu no povo da paz e respeitamos aqueles que nos respeitam, e estamos na paz com aqueles que estão em paz conosco, mas, se você for atacado por um agressor ou por um opressor, nós acreditamos e somos ensinados a lutar em nome de Allah, Jah, Jehovah, Yahweh, Elohim, O Altíssimo, God, para lutar contra aqueles que são contra nós. 

14 - Acreditamos no Poder, na Instrução da verdade, Liberdade, Justiça, Trabalho para os povos e na elevação dos povos. 

15 - A Nação Zulu Universal está para: conhecimento, sabedoria, compreensão, liberdade, justiça, igualdade, paz, unidade, amor, respeito, trabalho, divertimento, superação do negativo para o positivo, a economia, a matemática, a ciência, a vida, a verdade, os fatos, a fé, e a unicidade de Deus. 

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A HISTÓRIA DO DANCEHALL

Bashment :: Raggamuffin :: Slackers :: Dancehall :: New Roots :: Reggaeton  


Ragga, dancehall, bashment, slackers, new roots, o “novo” reggaeton… faltou algum nome?... A cada 5 anos alguém, algum produtor ou músico inventa um nome novo para a mesma batida do dancehall e confunde outras com esse novo nome dado a determinado estilo ou música. Isso talvez seja uma forma de atrair cada vez mais novas pessoas para ouvir uma determinada vertente e conhecer novos artistas, vendo isso lógico por um lado positivo. A influência mercadológica nesse segmento é tanta que agora o Hip Hop se tornou “Black”.


São tantos nomes, para denominar a mesma coisa que facilmente fica-se perdido e as informações acabam se tornando conflitantes. Até mesmo para os toasters, deejays, mc’s (... não são a mesma coisa?), fica difícil saber o que é o que. Vou usar alguns nomes de artistas e de músicas, para tentar pré determinar o estilo, um porém, é que grande parte dos artistas não se apegam a uma vertente apenas do gênero, passeiam por todas, penso que esse é o principal diferencial hoje nos músicos que não se apegaram a apenas um ritmo ou batida, por todas essas denominações de grooves e batidas, eles produzem muito com muitas pessoas, será que essa foi a chave para o crescimento do dancehall bashment na Jamaica e na Inglaterra e todo restante da Europa?! Já que a produção e os lançamentos de singles e álbuns cresce absurdamente todo ano.


O Dancehall deu seu passo inicial de criação em 1960, a denominação Dancehall era usada paras as músicas de salão, as músicas que bombavam nas casas noturnas na Jamaica, traduzindo ao pé da letra Dancehall = Dança de Salão. As sound systems no seu inicio tinham pessoas como King Stitt (Winston Cooper or Winston Sparks) e alguns outros poucos deejays jamaicanos fazendo o trabalho de deejay. King Stitt que começou sua carreira como a maioria dos músicos jamaicanos da década de sessenta, no Studio One. Trabalhou com Coxsone nos idos dos anos sessenta juntamente com Count Machouki e Red Hopeton formando o trio de deejays denominado Big Three. King Stitt apesar de ter gravado muito com Coxsone, nunca teve o respaldo merecido no Studio One, somente após gravar com Clancy Eccles, ficou sendo considerado o Number One, deixando U Roy com o segundo lugar como deejay nas sound systems.


O dancehall como gênero musical é proveniente do sound system, é uma vertente criada propriamente para o deejay (mc) estar na linha de frente da sound animando o público, é o fruto da fórmula seletor, discos, caixas de som, e um “king stitt” animando a festa com rimas e improvisos, Freestyle propriamente dito. Todas as participações de deejays eram feitas em cima das músicas pré-gravadas, escolhiam uma música ou algum instrumental (ou riddim como o jamaicano gosta de chamar) e versavam suas letras e rimas em cima desses instrumentais, fórmula mais que simples.


Nesse principio do dancehall, não se utilizavam os instrumentais que ouvimos hoje, se utilizam músicas de bandas de ska e rocksteady influenciados pelo rithym & blues americano. Um dos diferenciais dos sounds jamaicanos é que algumas das músicas eram exclusivas de cada sound system, e se cada um quisesse ouvir determinada música deveria ir as festas de determinado sound system.


Dessa época de ouro do Dancehall alguns dos deejays e toaster mais famosos e até hoje considerados os melhores são o próprio King Stitt, U Roy, I Roy, Tappa Irie, Welton Irie, U Brown, Trinity entre outros, procurando e pesquisando um pouco se acha uma infinidade de nomes e estilos de versar diferentes um do outro.


Uma das principais características do dancehall dos anos 70 é o termo usado para definir as letras com sexualidade explicita e a atitude do mc, o Slackers ou Slackness. Nessa mesma época no final dos anos 60, o rastafarianismo já estava sendo propagado aos 4 cantos da Jamaica, com o Rastafari Chant e Nyabingui, grupos que faziam esse tipo de música gravavam absurdamente, produziam letras com um teor de louvor e espiritualidade constantes, citações contra a Babilônia e a salvação que JAH proporciona.


O Slackers é um oposto disso tudo, as letras fluíam apenas para animar a festa, diversão, mulher, música, vale tudo, nada de comprometimento religioso ou qualquer aspecto moralista envolvido nas letras e principalmente nas festas. Os deejays durante esse período dos anos 60 ao final dos anos 70 versavam tanto mensagens rastas, U-Roy foi dos primeiros a acrescentar esse tipo de mensagem “councious” (consciente) nas suas músicas. O slackers era tão comum que até mesmo artistas como Max Romeo, antes de gravar com Lee Perry, já cantava músicas com temas explícitos, citando mulheres e sexo em suas letras como Wet Dream (sonho molhado) com o álbum de mesmo nome de 1969.


Wet Dream – Max Romeo – 1969
Every night mi go to sleep mi have wet dreams
Every night mi go to sleep mi have wet dreams
Lie down gal let me push it up push it up lie down
Lie down gal let me push it up push it up lie down
Lie down gal let me push it up push it up lie down
Lie down gal let me push it up push it up lie down
You in your small corner, I stand in mine
Throw all the punch you want to, I can take them all
Lie down gal let me push it up push it up lie down
Lie down gal let me push it up push it up lie down
Look how you're big and fat, like a big, big shot
Give the crumpet to big foot Joe, give the fanny to me
Lie down gal let me push it up push it up lie down Huh,
Lie down gal let me push it up push it up lie down
Lie down gal let me push it up push it up lie down
Huh, lie down gal let me push it up push it up lie down
Lie down gal let me push it up push it up lie down
So he said, lie down gal let me push it up push it up lie down
Huh, lie down gal let me push it up push it up lie down


O Dancehall teve seu grande “boom” no final da década de 70, artistas como Barrington Levi, Sugar Minnot, Yellowman, Ini Kamoze, Half Pint, Charlie Chaplin, Dillinger, Triston Plalma, Eak a Mouse, King Kong, Nitty Gritty, General Echo juntamente com grandes músicos e produtores fortaleceram uma vertente do reggae, mais rítmica, com grooves dançantes e apresentações que agitavam cada vez mais o público. Instrumentistas como Sly Dunbar e Robbie Shakespeare produziam cada vez mais e com mais grupos. Bandas de apoio como Roots Radics e Sagitarius Band, fizeram com que o dancehall ficasse sendo a vertente do reggae mais tocada e badalada da Jamaica.


No final dos anos 70, no guetto jamaicano se criou um termo, ou gíria propriamente dita, para uma nova definição do dancehall; Raggamuffin ou a abreviação póstuma Ragga, essa nova forma de denominar o dancehall, deu inicio a um novo passo no formato de produção musical na Jamaica.


Há vinte anos atrás, em 1985 King Jammy um dos pupilos de King Tubby, criou em seu estúdio o primeiro riddim computadorizado com um tecladinho da Cassio. O clássico Sleng Teng, o riddim foi batizado com o nome da música de Wayne Smith “Under Me Sleng Teng”, que fez juntamente com King Jammy a primeira gravação, após Wayne Smith, King Jammy gravou com vários outros artistas em seu estúdio, incluindo Tenor Saw (Ring the Alarm/ Pumpkin Belly), Johnny Osbourne (Buddy Bye Bye). O riddim foi ouvido pelo público em 23 de fevereiro de 1985, num clash entre a sound system de King Jammy e Black Scorpio em Waltham Park Road. Além destes, o riddim Sleng Teng, continua sendo gravado por outros artistas até hoje, 9 entre 10 cantaram ou iram cantar em cima do riddim de reggae mais sampleado e utilizado de todos os tempos. Nesse ano de 2005 foi lançado um cd comemorativo com uma nova versão do riddim, Sleng Teng Ressurection, que contou com a adição de metais no instrumental. Hoje se for procurar pelo número de músicas gravadas com o riddim sleng teng ou stalag como também é chamado, chega a ser absurda a quantidade de versões mais de 200 registradas, isso o que é catalogado, fora as gravações sem registro.


A Jamaica sempre foi uma ilha que não se limitava a ouvir apenas o reggae, tudo se tornava influência para se criar novos riddims e batidas. Com o crescimento do Hip Hop nos Estados Unidos, uma das vertentes que mais atingiram a mídia nos anos 80, foi o Gangsta rap de grupos como N.W.A. (Niggers With Attitude) o grupo número um da era gangsta rap americana que incluía Dr. Dre, Easy-E e Ice Cube, que mesclava junto a algumas de suas músicas um toaster rimando juntamente com os mc’s americanos. O guetto jamaicano praticamente se tornou uma esponja que ouvia tudo que saia dos EUA e se baseava nesse estilo. Surgiu na ilhota nesse meio tempo um estilo chamado Guntalk, nas letras desse gênero, cada um dizia que era mais bandido que o outro, reis das armas, aquele que matava mais ou que era o mais “comedor” tentava levar no grito literalmente o titulo de rei do dancehall/ragga.


Artistas como Buju Banton, Shabba Ranks, Beenie Man, Ninjaman, Supercat, Mad Cobra disputavam entre si para saber quem era o “mais foda” de todos. Letras homofôbicas pregando a morte de todos os homossexuais vulgos “battymans”, tráfico, sexualismo e machismo explícito que deixou até o Max Romeo com fama e passe livre a ser considerado um cantor que levava o Rastafari como uma disciplina diária. O envolvimento de artistas com atentados contra homossexuais e letras explicitas sobre o tema, deixaram Shabba Ranks e Buju Banton estrelas do ragga no inicio dos anos 80, fora do circuito americano das Super Estrelas da música. Na história recente de Buju, o mesmo está proibido de entrar no Estados Unidos e sofre um processo de acusação de agressão contra um grupo de gays na Jamaica dizendo que 6 homens incluindo Buju tentaram agredi-los.


Mas isso não abalou o Dancehall/Ragga pop de artistas como Shaggy, que chegou às paradas com a música “Boombastic”, ganhando prêmios e notoriedade o mercado americano, letras descompromissadas e alegres, abriram espaço para outros artistas que vinham nessa mesma onda dos anos 90 como Apache Indian com seu Bhangra, agradou com sua música Boom Shaka Lacka praticamente todas as casas noturnas de São Paulo. Sean Paul, que com a mesma fórmula de Shaggy, de lançar riddim antigos com uma nova roupagem e vocais envolventes, fez sucesso aqui no Brasil recentemente com a música “I’m Still In Love”, com um instrumental da música de mesmo nome, originalmente gravada em 1967 por Alton Ellis, música que é constantemente confundida pelo sucesso “Uptown Top Ranking” de Althea & Donna, gravada mais de 10 anos depois do sucesso de Alton Ellis.


Nos anos 90, artistas de peso do Dancehall/Ragga incluindo Buju Banton que se converteu ao Rastafarianismo, Beenie Man, Capleton, Sizzla, dentre os mais famosos, passaram a mudar o conteúdo de suas letras, deixaram seus dreads crescerem, e começaram a trazer o termo “counciousness” de volta a tona, as letras mudaram, até certo ponto, seu conteúdo que era praticamente voltado 100% para o guntalk e slackness, mudou para o rastafarianismo e mensagens de louvor a JAH. O slackers ainda continua forte na Jamaica com artistas como Vybz Kartel, Elephant Man, Ward 21, dentre outros. 


Nesse meio tempo em meados dos anos 90 surgiu uma nova denominação com a “conversão” desses artistas, o New Roots ou Nu-Reggae. New Roots é como se fosse a “Nova Escola” do reggae, artistas que conseguiram recriar um movimento de reggae consciente falando basicamente o que aqueles que vieram primeiro diziam, assim como Burning Spear falava com sabedoria e produzia divinamente músicas com instrumentais e conceitos inovadores no reggae roots nos anos 70, artistas que ganharam notoriedade pelas suas produções mais atuais como Capleton e Sizzla que lançam singles mensalmente e chegam a gravar 2, 3 discos em um semestre, conseguiram alavancar mais ainda a venda e a comercialização do reggae, chegando a um público cada vez maior.


O New Roots não difere muito do Sleng Teng de Jammy, basicamente nos discos o que se ouve é uma mescla de riddims já famosos, de artistas da vanguarda dos aos 70, refeitos e remixados por produtores, facilmente nota-se que a matemática da música é a mesma, muda-se os timbres de cada instrumento dando uma aparência de “novo” a música. Novos nomes surgem a cada dia e a produção de discos é absurdamente grande tanto na Jamaica quanto na Europa.


Artista que há 5 anos atrás jamais teriam uma notoriedade maior, hoje tem sua própria home page, alguns lançam seu próprio selo, gravam constantemente e não se filiam a uma gravadora major, fácil notar a semelhança nos instrumentais de artistas do gabarito de Anthony B, Lutan Faya, Turbulence, Jah Mason, esses fazem parte de uma nova geração do reggae roots. Esses artistas surgiram com a proposta de dar uma nova aparência ao reggae, que até então, ainda é tido por alguns que tem uma visão arcaica aqui no Brasil, sem grande notoriedade, e trata o reggae como uma música sem grandes mudanças nos últimos tempos.


Juntamente com o New Roots foi criado o termo Bashment, aquela batida constante no dancehall de bumbo e caixa, que era usado para o Guntalk e Slackeness, agora é usado para o Bobo Shanti louvar a JAH Rastafari e falar do Fogo, o mesmo bumbo compassado e a caixa seca, agora é semente e instrumento para o trabalho daqueles que levam uma mensagem muito mais profunda que o bairrismo e a violência genérica do guetto.


O Bashment diferentemente não traz uma musicalidade nova, e sim novos artistas, que utilizam o dancehall como semente de trabalho. O ritmo que está estabelecido a mais de 20 anos, ainda continua atraindo milhares de pessoas. Esses artistas com a batida da música podiam se influenciar com as novas letras que pregam o rastafari e o seu cotidiano. Hoje o Bashment influência o mundo todo na atitude e musicalidade, é uma nova roupagem do dancehall dos anos 90, no Caribe, propriamente em Porto Rico acontece hoje uma movimentação forte com o termo criado para o denominar o dancehall porto riquenho que surgiu no inicio dos anos 90 no Panamá junto com El General e alguns outros toasters caribenhos, o Reggaeton.


O Reggaetón como é nomeado em espanhol pelos chicanos, é um mescla de dancehall e hip hop latino, as levadas são feitas em spanglish, termo usado para nomear o uso dos dois idiomas que os imigrantes da América Central usam nos guetos americanos, juntando o inglês e o espanhol. Grupos como Cypress Hill servem como principal influência para os porto riquenhos. A batida da música do Reggaetón ganhou um nome, Dem Bow (ou Dembow como os chicanos denominam), lembra da música do Shabba Ranks?!, É essa mesmo. O Reggaeton se firmou fortemente nos países da américa latina e nas comunidades de imigrantes latinos nos Estados Unidos, a vertente se utiliza do dancehall como 50% na essência, mas tem seu ritmo, batida própria e sua métrica definida e um jeito de dançar que remete as bailarinas do É o Tchan, até mesmo Wanessa Camargo se aventura na vertente latina do ragga em seu último trabalho. Os vocais do Reggaeton atual remetem ao hip hop de grupos como Delinquent Habits e Cypress Hill, as letras são praticamente voltadas ao slackers, mulher, carro e ostentação são o que há de “novo” no Reggaeton.


Em contrapartida ao movimento do Bashment e ao Reggaeton, o termo New Roots é muito mais abrangente, não é apenas formador de novos artistas, que na maioria não são tão novos assim, são também produtores envolvidos, que há muito tempo se utilizam de ferramentas novas e experimentalismo para o seu trabalho, músicos do gabarito de JAH Shaka o rei do sound system, Twinkle Brothers, JAH Warrior, King Earthquake, Blakamix, Zion Train, Manasseh, Iration Steppas, Alpha & Omega, Rootsman, Pablo Gad com letras cada vez melhores e atuais, dentre vários outros, esses apresentam um reggae que conta desde a influencia na produção digital do King Jammy, as mensagens rastafaris do Burning Spear. Novos nomes surgem num movimento que se funde com novos ritmos e novas experimentações no estúdio, hoje não se vê problemas com Capleton gravar com o Method Man, ou o Sizzla cantar em um instrumental de hip hop. Para o reggae não há limite na experimentação, tudo é válido, e o que mais vale é a atitude e o comprometimento do músico com o seu trabalho.



Por

domingo, 10 de agosto de 2008

A HISTÓRIA DO HIP HOP



Kool Herc
As Sound System´s Jamaicanas na América



Na Jamaica, uma das culturas mais antigas de sua música é o Sound System, um sistema de som que consiste em grandes caixas de som, muitos discos, um deejay. Deejay esse é o nome dado ao mc na Jamaica, como na época os locures das rádios eram chamados de "dj" de disc jockey e esses mc's falavam no microfone os nomes das músicas, nos espaços entre um disco e outro e também faziam alguns "cacos" (improvisações) entre um verso e outro nas músicas. E o principal era muita gente na rua, se divertindo ao som dos discos compactos sete polegadas e comprando um bebendo, comendo e curtindo. Essa é a essência do Sound System em qualquer lugar do mundo.
Mas diferente do que muitos dizem (e pensam) nessa época não se tocava reggae e sim o Blues, R&B e Soul americano e ganhava o público quem tivesse mais discos vindos dos EUA. 

Um dos primeiros nomes a ficar em evidencia com as Sound System’s na Jamaica foram Clement Seymour “Sir Coxsone” Dodd (1932-2004) fundador da gravadora e estúdio Studio One e Duke Reid fundador do estúdio Treasure Isle e da gravadora Trojan, historicamente esses são os dois mais importantes sound systems e gravadoras jamaicanas. Coxsone e Duke Reid competiram por algum tempo fazendo “batalhas de sound systems”, os famosos sound clashs.

Muitos falam que Duke foi coroado o rei das sounds no final dos anos 50, duvidosa informação, comparar dois trabalhos de tanta qualidade e grandeza é um tanto complicado. Falaremos muito mais sobre esses dois ícones do sound system e do reggae logo mais, mas por agora falaremos sobre a herança que esses dois deixaram nos tempos de hoje como grandes influências no formato das festas, o hip hop.



Os primeiros MC’s (mestres de cerimônia) ou deejays com certeza foram Count Machuki, King Stitt que eram realmente Mestres de Cerimônia. Posteriormente vieram U Roy, I Roy, Early B, Welton Irie, Ranking Joe dentre outros, a técnica do Toasting é muito semelhante ao Freestyle no Hip Hop, nota-se pela métrica compassada na caixa e no contratempo da música. Um dos primeiros Jamaicanos a realmente tentar fazer a junção reggae e hip hop foi Shinehead no início dos anos 80, só que sem muito sucesso de vendas, talvez por ser uma música muito mais underground e de pouca assimilação no mercado Americano - devido ao patois, do que todo o restante do material lançado por eles.



Voltando a Jamaica, no inicio da década de 60, com a larga migração de jamaicanos para diversos países do novo e velho continente, como a Inglaterra principalmente, Alemanha, Estados Unidos, já era de se imaginar que toda a influência do ritmo e da cultura jamaicana migrasse também para esses lugares, com os discos, caixas de som e música, muita música com o volume bem alto.



E como nada se cria do vazio, do nada, e sempre tem alguém que começa a brincadeira, segue abaixo uma pequena biografia do cara que trouxe a sound system de volta para os Estados Unidos, e gerou uma nova Cultura que mudaria o rumo e a vida de muita gente chamada Hip Hop;



Kool Herc

DJ KOOL HERC... batizado como Clive Campbel, se mudou da Jamaica em 1967 com 12 anos de idade, se alojou no Bronx em New York. Seis anos depois, em 1973 sua irmã lhe perguntou se não queria tocar como DJ em uma festa de aniversario num lugar chamado Twillight Zone. Esta foi à primeira festa dele. Herc era o cara que fazia a parte do deejay Jamaicano, o toasting, falando e rimando sobre os instrumentais dos discos, e se tornou famoso por fazer isso no Bronx. Ficou conhecido por ter o maior sound system móvel em New York. Ele pegou um trecho de uma música de James Brown “Give it u por turn it loose” e complementou com “Hip Hop and don’t stop” e com coisas do gênero, daí saiu o termo Hip Hop. Herc foi o primeiro (após Pete DJ Jones) a colocar duas cópias do mesmo disco e manipular as duas, fazendo com que a batida tocasse continuamente. Juntamente com Klark Kent, Coke La Rock e Timmy Tim (The Herculords), Herc tocou em lugares como The Pal, Celeb CLub, Stardust Ballroom, Hoe Ave Boys Club, Harlem World e Black Door, lugares de alto prestigio na época. Ele é parte da trindade do Hip Hop, juntamente com África Bambaata e Grandmaster Flash. Sua voz foi gravada pela primeira vez na música Wack Rap pelo selo Wackies de Lloyd Burnes em 1979, e fez uma aparição cantando no disco do Terminator X “Godfathers of Threatt”. Herc também teve uma pequena participação no filme Beat Street. Ele pode ser visto na capa do disco do Executioners, “Built From Scratch” com D.ST & Theodore.

As Block Party´s



No início dos anos 70 se deu início as Block Party’s*, famosas festas de quarteirão que surgiram com o mesmo intuito das sounds system’s jamaicanas, mas com um algo a mais, os Black Panthers usavam essas festas para atrair pessoas nos bairros pobres e aproveitavam para fazer palestras e manifestos antes dos dj's. 

O esquema era fechar uma rua e colocar um sistema de som pra tocar até de manhã, puxavam a luz de um poste numa “gambiarra” direta e reuniam todos do bairro, a única diferença é que não se tocava o reggae jamaicano, tocava-se Funk (quando cito o Funk falo de James Brown, George Clinton, Bootsy Collins entre outros), Jazz, Soul, o Break Beat. 


Um adendo, a métrica dos mc's e o termo RAP não veio da Jamaica, um grupo afrocêntrico de NY chamado The Last Poets (que incluia Gil Scott-Heron) foram os pais da poesia sobre o ritmo. Eram um grupo de percussão e a poesia era realmente de protesto social e critica sobre o ostracismo da comunidade negra numa época em que o racismo e a política contra os negros crescia absurdamente nos EUA. 

Em pouco tempo já se usava dois toca discos, e o MC já era figura central nas festas, os DJ’s* já tinham uma técnica bem diferente dos Selectas jamaicanos, utilizavam dois discos, fazendo Back to Back, Scratchs e Cuts, mantinham uma frase da música repetidamente enquanto o MC agitava o povo rimando. Com o passar do tempo se criaram Crews, pessoas que se juntavam para fazer as batalhas de rimas, Crews de B.Boys disputavam qual a que tinha a melhor performance na noite.



Muito disso pode ser visto em alguns vídeos como o Zulu Nation, Wild Style entre outros, este último um clássico que mostra todos os elementos do Hip Hop.



Hoje, existe um evento muito importante nos Estados Unidos, o Black August, que relembra muito as origens do Hip Hop. Músicos com letras muito mais conscientes e inteligentes, e menos ostentação como muitos fazem no RAP hoje em dia.



*Dj é a denominação de selectah nos Estados Unidos, por incrível que pareça, os americanos substituíram o nome de selectah devido aos Disc Jockeys da rádio, sim, aqueles que colocavam os discos na rádio se tornaram djs, de certa forma há considerável semelhança. Hoje Dj se tornou uma denominação para a pessoa que tem mais técnica no manuseio do vinil nos toca discos, e se denomina selectah aquele que escolhe as músicas que serão tocadas no sound system, necessariamente em alguns casos o selectah não é quem toca os discos, é quem escolhe realmente.


Os Elementos



A cultura Hip Hop é responsável por varias formas de expressões artísticas, que são chamados de Elementos, o MC que faz o rap, o Grafiteiro que faz a parte gráfica, o DJ que toca a música, e a Dança que tem suas variações nas formas do Breaking, Up-Rocking, Popping, e Locking, e o 5º Elemento que faz com que todos os outros fiquem juntos, o Conhecimento.



Alguns outros elementos também fazem parte do Hip Hop, mas não são tão reconhecidos pelos que não tem tanto apego à Cultura; o Beat Box, as roupas, o comportamento, o empreenderismo... Com o passar do tempo o rap se tornou uma coisa um tanto prejudicial à Cultura Hip Hop, já que alguns segregaram o restante dos elementos, donos de gravadora, rappers que ostentam dinheiro, mulheres e mansões ficaram em primeiro plano no cenário da música, excluindo boa parte do trabalho social e cultural que acontece no Hip Hop. Já que a intenção é falar do hip hop em si, e não para onde e como ele vai seguir daqui pra frente, não vou me estender muito para não falar muito mal da cena rap, tanto sobre os rappers americanos, europeus, e alguns brasileiros também. Termino esse texto com uma frase do Templo do HIP HOP.



Rap é uma coisa que você faz, Hip Hop é uma coisa que você vive.

Por

Ras Wellington - underground_roots@yahoo.com.br





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