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quarta-feira, 2 de junho de 2021

SOUND SYSTEM: THE POLITICAL POWER OF MUSIC - CAPA COMUM - PRÉ VENDA


‘Os músicos sempre quiseram mudar o mundo, e muitos - dos artistas underground ao grime a ícones pop convencionais - canalizam esse desejo por meio do poder político da música. A música tem a capacidade única de perturbar as convenções políticas e sociais mais fundamentais - ou, alternativamente, de estabilizar o status quo.

‘Sound System’ é a história da jornada de um músico para descobrir o que exatamente torna a música tão poderosa. Anos de turnês, protestos e apresentações deram a Dave Randall uma visão privilegiada da indústria musical, permitindo a ele esclarecer os segredos mais bem guardados das celebridades, mercantilização e cultura. Ele encontra exemplos notáveis da música como uma força de mudança social, bem como algo que tem sido usado para manter as pessoas em seus lugares ao longo da história. Do Festival de Glastonbury à Primavera Árabe, do Pop Idol ao Carnaval de Trinidad, Randall encontra inspiração política em todo o espectro musical.

Uma polêmica escaldante e inteligente sobre o poder político da música, ‘Sound System’ investiga as raves, os tumultos e protestos e a revolução da cultura contemporânea para responder à pergunta - como podemos fazer a música servir aos interesses de muitos, ao invés de poucos?’



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quarta-feira, 14 de abril de 2021

CRONOLOGIA DE COMO SURGIU O SISTEMA DE SOM PAULISTA E A CHAMADA 'CULTURA SOUND SYSTEM'


DJ Cuca ‎– Equipe Dinamite Instrumental Vol.III (1991)

👉 ANOS 1970 E 1980

BAILES BLACK'S E EQUIPES DE SOM

Não existia o termo 'sound system', eram Equipes de Som, eram ditos Bailes Black's - frequentado majoritariamente por gente preta - em muitas vezes apenas por gente preta. A maioria acontecia fora do centro, e não tinham foco nenhum em apenas um gênero musical. Tocavam soul, funk, samba, samba soul, samba rock e músicas jamaicanas com a mesma sonoridade. 


👉 ANOS 1990

HIP HOP E DANCEHALL

Equipes de Som, diversos grupos de dj's e e mc's que, de forma itinerante, tocavam por toda São Paulo. Essas equipes tocavam grupos e músicas jamaicanas, sem sequer citar de onde eram as músicas e as vezes nem sabiam que eram jamaicanas. As equipes de som foram os primeiros tocar sets específicos de dancehall e reggae digital a partir dos anos 1990.

DANCEHALL NO BRASIL

As primeiras produções de Dub, como técnica de mixagem começam a ser lançados em LP, com remixagens acontecendo e sendo direcionadas e dedicadas as equipes de som.

Diversos grupos e mc's, já com influência do dancehall, se apresentavam em shows e eventos de Rap por toda São Paulo.

Lojas de discos no Centro de SP nas grandes galerias priorizam a venda de cópias piratas de cd's de Reggae. 


👉 1998 e 1999 

Uma agência chamada instituto iD, depois IDCH, que teve endereço nos Jardins e depois no Paraíso. Era um misto de agência de intercambio, aulas de Yoga, restaurante. Esse local foi um dos primeiros a dispor uma noite para o Reggae, Dub e Dancehall fora da periferia. De tão seletivo, você só entrava com nome na lista, conhecendo algum frequentador conhecido da casa.

Entra no ar o que (eu visualizo) ser hoje o maior site sobre reggae, com o maior tempo no ar, tratando não só sobre o reggae, mas sobre surf e forró. 


👉 ANOS 2000

GRUPOS NO YAHOO; MASSIVE REGGAE E DUBBRASIL

Nesses grupos, o cerne era a visão branca do reggae. A tentativa de explicar como era feito, do que era feita e por quem, de forma seletiva, em um primeiro momento. Em segundo veio a fragmentação em discussões fúteis, mas que tornaram a cena do reggae, o que ela é hoje; A primeira vez que vi alguém se apropriar de algo escrito nessa cena, foi um jornalista (professor) de Minas Gerais que para divulgar uma festa, publicou um trecho de um texto do FYADUB sobre Dub, marcando a autoria como 'Anônimo'. 

O reggae por bandas é definido como 'praieira' ou 'farofa', se estabelece ideologias como a do DJ de reggae tocar 100% vinil, e quem toca CD é 'fake', definição e o estabelecimento do que é e como é um sound system, a partir desse momento pretos (homens e mulheres) e rastafaris não são parte essencial do reggae. Majoritariamente nesses grupos eram pessoas brancas do sudeste do brasil - poucos do Norte e Sul, com mentalidade branca, que gostavam de reggae, e com divergências e criticismos sobre a cultura de quem produzia e produz reggae. Se você não estava nesses grupos, você não vai compreender completamente, como diversas ideias, regras, a fragmentação, e novas ideologias surgiram em SP e no RJ e se espalharam por outras localidades. 

 O serviço Yahoo Groups se tornou inacessível a partir do dia 15 de dezembro de 2020. 

PROGRAMAS DE RÁDIO 

Programas de rádio FM focados em reggae começam a despontar. Mas são deixados de lado e engavetados por algum tempo. Novos programas em rádios independentes e podcasts surgem no decorrer dos anos 2000 e 2010. 

SITES E INFORMATIVOS

Outros informativos impressos e sites entram no ar.


👉 2001

GREEN EXPRESS; apesar de muitos contarem (e pensarem) que a primeira festa de DUB foi no Susi In Transe, festas de reggae já aconteciam no centro de São Paulo, muitas das quais no Green Express (e em muitos outros lugares) muitos anos antes. Existe uma lacuna de registros de eventos anteriores aos 2000, devido falta de arquivo, somente poucas pessoas fotografaram, filmaram e arquivaram esses registros. 

SUSI IN TRANSE; inicio no Largo do Arouche, após intervenções policiais migrou para a Av. São João. Hoje fica na Pedro II. 


👉 2005 - 2006 

A casa House of Dreads na Zona Norte de São Paulo, se torna um local que descentraliza o reggae e o dub  novamente para uma região periférica em SP. 

Sites de reggae pirateiam discos, disponibilizando todos de forma gratuita em arquivos mp3. Seguidos por outros canais digitais menores que acabam se encerrando com pouco tempo no ar.


👉 2007 - 2009

Primeiro 'boom' de sistemas de som, coletivos, seletores, djs e mc's. O termo 'cultura sound system' começa a ser inserido em diversas discussões. Regramentos de como é e o que é um sound system começa a ser propagado em grupos de discussão.


👉 ANOS 2010

Prefeitura de SP incentiva (financeiramente) através de Editais Públicos festas gratuitas pela cidade de SP. 


👉 2011 - 2019

Maior parte dos locais de eventos que cobravam entrada, aos poucos vão fechando e novos espaços com entrada gratuita surgem em SP.

Para tocar, é preciso (quase que obrigatoriamente) ter todo o sistema de som e levar ele para todos os lugares. 

Eventos gratuitos são feitos praticamente todas as semanas, 'quebrando' todo o negócio de entretenimento. O Reggae é praticamente todo tomado pela gratuidade. 


👉 2020

Alguns trabalhos amadurecendo conceitos, ideias, muitos se desapagando do rótulo reggae. Outros ainda apegados em ideologias e repetindo as mesmas ações e o mesmo comportamento de 20 anos atrás.



domingo, 28 de fevereiro de 2021

1976: MOVIMENTO BLACK RIO

1976: Movimento Black Rio, de Luiz Felipe de Lima; Peixoto
 e Zé Otávio Sabadelhe (Rio de Janeiro: José Olympio, 2016)
Lançado em 10 de novembro de 2016, o livro 1976: Movimento Black Rio, dos jornalistas Luiz Felipe de Lima Peixoto e Zé Otávio Sabadelhe, celebra os quarenta anos da manchete de Lena Frias, Black Rio: o orgulho (importado) de ser negro no Brasil, publicada em 17 de julho de 1976 no Caderno B do Jornal do Brasil. Em 28 reportagens, os autores recorrem a entrevistas e material previamente publicado para contar a história da cultura de bailes que, alimentados por soul, funk e disco afro-norte-americanos, espalharam-se pela Zona Norte carioca nos anos 1970, bem como a história do conjunto das apropriações desses gêneros por Tim Maia, Toni Tornado, Hyldon, Carlos Dafé, Cassiano, Gerson King Combo, Dom Salvador e Abolição, União Black, e Banda Black Rio. O livro tenciona constituir “uma contribuição à construção discursiva de uma memória social positiva da população negra brasileira” e oferece elementos para um trabalho necessário de revisão historiográfica que transcende o âmbito do tema tratado, apesar de erros fatuais que poderiam ter sido corrigidos por cruzamento de dados.


Escrito pelos jornalistas Luiz Felipe de Lima Peixoto e Zé Otávio Sabadelhe, coautor de Memória afetiva do botequim carioca (2015), o livro 1976: Movimento Black Rio foi lançado em 10 de novembro de 2016, aos quarenta anos da manchete de Lena Frias para o Jornal do Brasil. Segundo o Grupo Editorial Record (2016), do qual José Olympio é um selo, “a obra faz parte do projeto de mesmo nome organizado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, com patrocínio da Natura, que contará com uma série de ações de valorização do Movimento Black Rio”. Entende-se por Black Rio a cultura de bailes que, nos anos 1970, espalhou-se pela Zona Norte carioca, alimentados por soul, funk e disco afro-norte-americanos. O termo foi cunhado por Frias em 1976 para designar aquilo que alguns de seus entrevistados, entre os quais Oséas Moura dos Santos, o Mr. Funky Santos, nomeavam Soul Power.

O sucesso de coletâneas de música afro-norte-americana lançadas pelas equipes de som dos bailes — Soul Grand Prix, Dynamic Soul e Black Power — somou-se ao sucesso fonográfico de Tim Maia para abrir as portas da indústria a uma geração de músicos negros que, na esteira do samba-jazz, da bossa-nova, do twist e do iê-iê-iê, exploraram musicalidades afro-pan-americanas com referência ao soul, ao funk, à disco e ao jazz. Assim, a expressão Black Rio passou a encampar o conjunto das apropriações destes gêneros por Tim Maia, Toni Tornado, Hyldon, Carlos Dafé, Cassiano, Gerson King Combo, Dom Salvador e Abolição, União Black, e Banda Black Rio. Até mesmo Jorge Ben e Wilson Simonal, cujas carreiras fonográficas se iniciam na primeira metade dos anos 1960, bem como o João Donato de A Bad Donato (1970), o Gilberto Gil de Refavela (1977), o Caetano Veloso de Bicho Baile Show (1977–1978), dentre outros, seriam eventualmente associados ao Black Rio. A participação de artistas do soul-funk brasileiro nos bailes teve contudo caráter acessório. Estes se prolongariam pelos anos 1980 sob o nome bailes funk, fixados em gravações importadas, com repertórios sempre atualizados (electrofunk, electro, house, Miami bass, Latin freestyle), e terminariam por gerar uma música própria: o funk carioca.

Os bailes de subúrbio foram objeto dos trabalhos de Hermano Vianna (1988: 19–34), Michael Hanchard (1994: 111–119), Claudia Assef (2003: 35–51), Silvio Essinger (2005: 15–48), Sonia Giacomini (2006: 189–256) e Paulina Alberto (2009); a música soul brasileira, dos de Bryan McCann (2002), Zuza Homem de Mello (2003: 367–390), José Roberto Zan (2005), e Sean Marquand e Sérgio Babo (2006). Allen Thayer (2006) abordou ambos os temas. O uso anacrônico do termo soul para a produção musical dos anos 1970 no Brasil explica-se pelo fato de, em 1969, a revista Billboard ter mudado o nome da parada de música afro-norte-americana, de rhythm‘n’blues, para soul, designação mantida até 1982 (BRACKETT, 2009: 66). Por outro lado, a emergência do funk carioca no final dos anos 1980 e a necessidade de diferenciar entre “o verdadeiro funk” e o primeiro gênero brasileiro de música eletrônica dançante contribuíram para a manutenção da palavra soul enquanto designação da vertente não eletrônica do soul-funk brasileiro.

O livro de Sabadelhe e Peixoto é a primeira monografia publicada sobre o assunto. Além de uma apresentação por Peixoto e de uma introdução por Sabadelhe, ele consiste em 28 reportagens[1] seguidas por considerações finais de Carlos Alberto Medeiros, um posfácio de Ana Maria Bahiana, e bibliografia. Os autores entrevistaram Dom Filó, Toni Tornado, Roberto Menescal, Zeca Marques, Leandro Petersen, Zezé Motta, o DJ Paulão (da equipe Black Power), Carlos Alberto Medeiros, Macau, Nei Lopes, William Magalhães, Mamão, Alcione Pinto Magalhães, Jamil Joanes, André Midani, Hyldon, Tony Bizarro, Sandra de Sá, Ed Motta, Fernanda Abreu, Pee Wee Ellis e BNegão. Um conjunto de citações cuja fonte não é especificada possivelmente provém de depoimentos de Marcos Romão (62–63), do DJ Paulinho da equipe Black Power (67), de Sir Dema (68, 74–75), de Marcelo Gularte (72), de Paulo Cézar Caju (79–80), do DJ Jailson da equipe Jet Black (81–82), de Altay Veloso (148–149), de Jorjão Barreto (156), de Nasca (183–184), do DJ Corello (189) e do DJ Marlboro (195). Excertos do depoimento de Filó conduzem a narrativa, em alternância com outras falas, trechos da literatura e amostras do jornalismo da época.

Nas palavras dos autores, o livro descarrega “uma torrente de relatos” (219). Faltam-lhe porém verificação e cruzamento de dados. O Black Rio teria inspirado o samba-jazz (21), que lhe é anterior (LOPES, 2006). O discotecário Ademir Lemos teria citado “uma renda que um jogo de Flamengo e Vasco não atingia nos domingos do Maracanã” (24), quando efetivamente citou “uma renda que um jogo, se não tiver Vasco ou Flamengo, não atinge” (FRIAS, 1976: 1). A música Heartbeat, do grupo War (ESSINGER, 2005: 34), recebe o nome de Heartbreak (64). O livro de Hanchard (1994) é creditado a McCann (104), de cujo artigo (2002: 35) provém a citação (105) atribuída ao primeiro. A aliança entre o soul e o samba de raiz é dada por “jamais revelada” (116), embora Essinger a tenha exposto em 2005 (40–42). The Platters seria um grupo “da gravadora Motown” (126), pela qual jamais passaram[2]. Dois álbuns de Luiz Melodia, um de 1978, outro de 1980, seriam balões “de ensaio para a concepção da linha sonora que iria balizar o disco Maria fumaça” (169), de 1977. Gerson King Combo teria recebido um telegrama de James Brown (170), um engodo que Essinger (2005: 39) revelou há onze anos. A origem do soul da Filadélfia é localizada na “fundação [em 1971] da gravadora Philadelphia International Records” (186–187), ainda que Kenny Gamble e Leon Huff tenham iniciado seus trabalhos em 1965 (LAWRENCE, 2004: 117). The Sugarhill Gang seria um “grupo de Nova Iorque” (194), embora todos os seus integrantes e o selo que os gravava estivessem sediados em Englewood, no estado de New Jersey (KATZ, 2012: 77–78). O subgênero de funk carioca conhecido por putaria é rotulado de proibidão (194). Breaks seriam “trechos ritmados de determinada faixa, inserida em outra música, por meio de mixagens” (195), quando constituem elementos básicos de construção da música hip-hop (KATZ, 2012: 14. ROSE, 1994: 73–74). A criação da “estrutura musical do hip-hop” seria resultado de “beats eletrônicos da máquina de ritmos programável Roland TR-808” e do “advento dos samplers” (197), dois recursos que só se tornaram disponíveis em 1980, sete anos após a fundação da cultura hip-hop (KATZ, 2012: 17–19). Muita coisa poderia ter sido corrigida pela revisão: “latente” (27) por “patente”; “cujo os” (74) por “cujos”; “Blood, Sweet and Tears” (149) por “Blood, Sweat and Tears”; “flauta em baixo” (153) por “flauta baixo”; “o melô” (194) por “a melô”. Por fim, as expressões “base endiabrada” (120), “petardo disco-funk groovadíssimo” (177) e “outro petardo” (197) tomam o lugar de descrições musicalmente relevantes.

Peixoto afirma em sua apresentação que o livro “quer ser uma contribuição à construção discursiva de uma memória social positiva da população negra brasileira” (16). Os autores se perguntam: “quando ou como o Movimento Black Rio teria sucumbido ao espetáculo que se criou em torno dele?” (219). Ao apresentá-lo no papel de precursor das atuais políticas de identidade, sob os auspícios do mesmo Estado que hoje sujeita todas as atividades recreativas nas favelas cariocas ao arbítrio da polícia ou das Forças Armadas, eles não deixam de participar desse espetáculo. É lícito exclamar-se: “menos ‘política identitária’, menos ‘empoderamento’, menos ‘lugar de fala’ e mais luta de classes!”[3]

Por outro lado, ao inserir os bailes black, a música soul, os bailes funk e o funk carioca no âmbito transnacional das manifestações da diáspora africana, ambos prestam contribuição ao combate contra o racismo estrutural da historiografia musical brasileira, onde, por exemplo, Mr. Funky Santos ocupa posição ambígua. Ao mesmo tempo que se credita ao radialista e DJ (branco) Big Boy ter começado tudo em Botafogo, atribui-se a Moura dos Santos o início dos Bailes Black, no extinto Astória Futebol Clube4, no bairro do Catumbi (ESSINGER, 2005: 19). Organizador, desde 1972, das Noites do Shaft, no Renascença Clube, no Andaraí, Dom Filó afirma: 

Big Boy. Ele tocava eminentemente o rock! Botava lá um “James Brownzinho” no final do baile. Então ele não era o black da hora, só que tinha o material. Outra coisa. O primeiro baile não foi no Canecão. O primeiro baile foi na Zona Norte! O Big Boy só fazia no Canecão porque a sua clientela era eminentemente branca (OLIVEIRA FILHO; CARDOSO; MEDEIROS, 2009).

A ideia de que o Black Rio — e, por decorrência, o funk carioca — tenha origem em Botafogo parece derivar de um problema de interpretação da matéria de Frias, que afirma: “no começo era apenas a [equipe] de Big Boy” (1976: 4). E cita Moura dos Santos (grafado “Santos dos Santos” no texto): “O soul começou com Big Boy, Ademir, Monsieur Limá, por volta de 1969, 1970” (6). Vianna (1988: 24) infere: “os primeiros bailes foram realizados na Zona Sul, no Canecão”. Seja pelos depoimentos coletados, seja pela iconografia reunida, 1976: Movimento Black Rio fornece farto material para um trabalho necessário de revisão historiográfica que transcende o âmbito do tema tratado. 



quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

JUNIOR DREAD - 4 SONGS VOCAL PACK

Click here to see this post in English

JUNIOR DREAD - 4 SONGS VOCAL PACK - 150€ 

Com 4 vocais de 4 músicas

2 clássicos e 2 canções inéditas do Junior Dread, além de um vocal Soul Rebel do Marley.

Você pode remixar ou criar sua própria versão, distribuir e monetizar em todas as plataformas de streaming apenas adicionando Junior Dread como compositor.

Também permite prensar vinil sem pagar royalties por um ano. Após um ano nos dividimos de acordo com cada projeto.

Se você fizer o pedido até este fim de semana você terá 2 vocais 'Wonderful Feeling' e 'Soundsystem'.

JUNIOR DREAD - 4 SONGS VOCAL PACK

Clique aqui para ver esse post em português

JUNIOR DREAD - 4 SONGS VOCAL PACK - 150€ 

With 4 vocals from 4 songs. 

2 classics and 2 unreleased Junior Dread songs, plus a soul rebel marley vocal.

You can remix or create your own version , distribute and monetize on all streaming plataforms just adding Junior Dread as a composer.

It also allows you to press vinyl without paying royalties for one year. After one year we split according to each project.

If you order till this weekend you get 2 vocals

'Wonderful Feeling' and 'Soundsystem'.



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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

O IMPACTO CULTURAL DO TOCA DISCOS TECHNICS SL1200, ANTES E AGORA!



“You say … you say … you say, you say, you say, you say, you say one for the trouble …”

Essas palavras, sendo tocadas para frente e depois parando e retrocedendo, hesitantes no início, como se fossem cientes de que um novo mundo aguardava essa pausa ser resolvida, formando os segundos iniciais de “The Adventures of Grandmaster Flash on the Wheels of Steel.” O single de 1981 do DJ titular. No final das contas, a música do outro lado dessas palavras mudou a música - não apenas a maneira como era produzida, mas sua própria concepção, já que a relação entre fazer discos, reproduzi-los e ouvi-los foi transformada sempre. As técnicas encontradas em “The Adventures...” não eram novas - scratches e cortes em alta velocidade entre dois discos foram executados várias vezes, pelo próprio Flash e outros DJs - mas esta é a primeira vez que todos eles foram encontrados juntos em um só lugar no vinil. E uma ferramenta tornou possível um desempenho como esse.


“É como o Stradivarius ou o Steinway do hip-hop”, diz o professor Mark Katz, que leciona na Universidade da Carolina do Norte e publicou livros como Capturing Sound: How Technology Changed Music (2010) e Groove Music: The Art and Culture of the Hip-Hop DJ (2012). “Eu digo isso não em termos de ser um item de luxo, no entanto; é caro, mas é uma pedra de toque crucial na história do hip-hop. É para muitos DJs o que eles possuem ou aspiram possuir.

Katz está falando do toca-discos Technics SL-1200, equipamento usado pelo (Grandmaster) Flash em “The Adventures” (ele tinha três no estúdio, e gravou a música ao vivo, sem edição de pós-produção). Esses decks têm sido o padrão para DJs que tocam discos desde os anos 1970. Perguntar a um DJ sobre seus (SL)1200 é como perguntar a qualquer artesão sobre suas ferramentas favoritas. Eles falam deles em termos rapsódicos, não tanto como máquinas de tocar discos, mas como extensões de seu eu criativo. Por muitas décadas, se você fosse DJ, nada mais serviria.

Technics SL-1200 | Foto por Zane Ritt, DJpedia

Considere o toca discos: um dispositivo mecânico para tocar discos, compreende-se uma base, um motor, uma bandeja, um braço, um shell e uma agulha. Durante a maior parte de sua história - desde o primeiro fonógrafo inventado por Thomas Edison em 1877, até o Gramofone de Emile Berliner, com sua ação de manivela e corneta projetada para dentro da sala - o toca-discos exigia cuidados. Você usa as mãos para colocar o disco no dispositivo e colocar a agulha no lugar, mas uma vez iniciada a reprodução, qualquer contato com ele pode causar problemas, imprescindível não bater na mesa ou pular para cima e para baixo. Os discos eram propensos a pular e os modelos mais baratos tinham flutuações de velocidade audíveis, quanto à manipulação confiável de um disco enquanto ele estava girando, esqueça.

Os toca discos como os conhecemos agora, projetadas para LPs e singles girando a 33 ou 45 RPMs, chegaram ao mercado pela primeira vez em 1948 e se espalharam na década de 1950.

Nos primeiros toca discos, um motor de alta velocidade movia o prato por meio de uma roda livre, um pequeno dispositivo do tamanho de um dólar de prata com bordas de borracha. As mesas giratórias da roda livre podiam ganhar velocidade rapidamente, mas era um desafio de engenharia impedir que as vibrações do motor de alta RPM afetassem o tocar (para não mencionar que as rodas auxiliares se desgastavam com o tempo) e não seguravam sua velocidade particularmente bem.

O problema com as vibrações foi reduzido com o surgimento dos toca discos com acionamento por correia na década de 1960, mas essas unidades demoravam mais para atingir o RPM adequado e eram sensíveis ao contato com o prato dos toca discos; uma correia pode facilmente quebrar ou escapar se alguém desacelerar o prato com a mão. Eles reforçaram a noção de que o toca discos é um equipamento frágil projetado para extrair som de discos em condições muito particulares.


Em 1970, a Technics, uma divisão da fabricante japonesa de eletrônicos Panasonic, lançou o SP-10, a primeiro toca discos de acionamento direto (direct drive) amplamente disponível no mercado, projetada pelo engenheiro Shuichi Obata. Ao acoplar um motor de rotação mais lenta diretamente ao prato, a unidade de Obata ofereceu uma velocidade excepcionalmente precisa com um design durável. Dois anos depois, a empresa apostou em outra criação da Obata, o SL-1200, descendente do SP-10. Não era barato, custando US $ 350 - cerca de US $ 2.100 (dólares) em 2020 - mas nos próximos anos, sua popularidade cresceu, especialmente com DJs em rádios e clubes.

Quando chegou ao mercado pela primeira vez em 1972, o SL-1200 era pesado (12,2kg), mas não incomum para um toca-discos de gama média a alta. A Thorens TD-125, uma mesa audiófila adorada pelo lendário DJ Larry Levan, tinha quase o mesmo peso. Mas a unidade Technics era invulgarmente robusta para um toca-discos, capaz de tocar perfeitamente quando submetida a uso pesado por DJs em um clube ou aparelho de rádio. Isso se devido ao motor de alto torque, e que a velocidade do giro com bloqueio de quartzo era tão consistente; as propriedades eletromecânicas do quartzo, um mineral comum, foram usadas para melhorar a precisão dos relógios desde a década de 1920. O SL-1200 combina um motor robusto e um prato pesado com uma base sólida de metal e borracha pesada, que amortece ainda mais a vibração.

O SL-1200 vendeu bem na década de 1970 e conquistou uma público com DJs, mas ainda não era o deck padrão naquele ambiente. Nesta década, havia muita sobreposição entre os sistemas de som dos clube e o mundo do hi-fi, e entre alguns audiófilos, havia ceticismo em relação aos toca discos de acionamento direto. A correia foi considerada por alguns como crucial para isolar o prato do motor e reduzir o ruído. Demorou algum tempo para o 1200 conquistar os céticos, mas o SL-1200 MK2, lançado em 1979, percorreu um longo caminho nessa frente. Esta atualização, entre outras melhorias, moveu o mecanismo de ajuste de pitch para um controle deslizante no topo da base, o que tornou o ajuste de velocidade precisa muito mais fácil e a correspondência de batida (bpm) mais acessível. Essas qualidades, combinadas com um controle de pitch muito aprimorado, que facilmente alterava a velocidade +/- 8% por meio de um controle deslizante na base do toca discos, significava que o 1200 estava a caminho de ser uma ferramenta não apenas de reprodução de música, mas de criação de música.

Technics SL-1200MK2 | Foto por Darren Wood

Ao longo da década de 1980, o MK2 se tornou o deck padrão para DJs (ou pelo menos o equipamento que eles aspiravam possuir), do hip-hop ao house e o techno, mesmo com o vinil perdendo espaço rapidamente como formato para os consumidores. Se você quisesse ser DJ, havia um toca-discos que você precisava ter, e todo DJ que atingiu a maioridade durante aquela época se lembra de sua empolgação ao tocar um disco pela primeira vez. “Fui então ao Uncle Jams Army Dance e toquei uma música no toca discos Technics 1200 e perdi a cabeça”, disse Egyptian Lover à loja de discos e equipamentos de Nova York Turntable Lab em uma série de entrevistas chamada My First 1200. “O toca discos era tão forte e resistente. Eu poderia fazer tantos truques com eles.

Após o MK2, o 1200 se espalhou pela cultura ao longo de dois caminhos às vezes paralelos e freqüentemente se cruzando: hip-hop e dance music. As linhas entre os dois são freqüentemente borradas e às vezes inexistentes, mas cada aplicação baseia-se em diferentes pontos fortes da unidade.

A dance music é do corpo. Pode ser ouvido e apreciado intelectualmente, mas o fator determinante final de sua qualidade é se ele faz as pessoas se mexerem. Essa conexão remonta ao início de nossa compreensão da música, aos primeiros tambores e instrumentos rudes usados ​​em rituais culturais que uniam as comunidades. O 1200 alcançou seu status no mundo da dance music porque é um instrumento do corpo - a máquina se tornou uma extensão da anatomia do DJ.

O 1200 era um toca-discos popular na década de 1970, mas demorou um pouco para se tornar o padrão para DJs. Percebendo que DJs de clubes eram um bom mercado para o 1200, Obata começou a consultar DJs sobre recursos para a segunda edição do toca-discos e o projetou com eles em mente. O SL-1200 MK2 foi comercializado diretamente para pessoas que tocavam discos para festas. Anúncios em revistas para o deck anunciavam que era: “Resistente o suficiente para levar a batida disco. E preciso o suficiente para mantê-lo. ”

Foto por Mijabi

Com velocidade quase perfeita e controle de pitch, um par de 1200, com cada um conectado a um mixer, permitia transições perfeitas de um disco para o outro. Os discos com um BPM ligeiramente diferente podem ser combinados ajustando a velocidade de um e alinhando a batida do próximo disco ao anterior por meio de fones de ouvido.

Esses 1200, muitas vezes "flutuando" em uma engenhoca improvisada feita pelo aperto de dezenas de elásticos ao redor de uma lata ou superfície semelhante para que o convés não entrasse em contato direto com a superfície sobre a qual a engrenagem estava assentada, foi deste ponto em diante equipamento padrão na cabine do DJ, tão onipresente quanto um interruptor de luz ou volume nob.

O desenvolvimento do SL-1200 como uma ferramenta de rua para fazer e transformar música aconteceu em paralelo com sua ascendência no mundo dos clubes, mas surgiu de uma cultura diferente.

O hip-hop nasceu e se desenvolveu ao longo dos anos 1970 sem que nenhum equipamento se tornasse padrão. A engenhosidade dos primeiros DJs de hip-hop era tal que, ao modificar o equipamento e encontrar soluções para discos facilmente puláveis ​​(tapetes (slipmats), como o que Grandmaster Flash criou com o material que sua mãe, uma costureira, tinha espalhados pela casa, e cartuchos (cartridges) pesados, que mantiveram a agulha pressionada, embora fosse difícil para a agulha e o vinil) eles podiam agitar uma festa com equipamentos que fariam os DJs posteriores fugirem de medo.

Muito respeito ao 1200, mas se não fosse por seu ancestral - o Technics SL23 Belt Drive - a Teoria Quick Mix, não haveria cama musical para os humanos falarem, nem Hip Hop / Rap”, disse Grandmaster Flash em um Postagem no Facebook no ano passado, destacando um dos favoritos entre suas ferramentas.


Mas com a introdução do MK2, a arte do DJ no hip-hop deu um salto quântico. Scratches, backspins, e beat-juggling já estavam no mix e eram tecnicamente possíveis em muitos toca discos, mas o peso, a precisão e a dureza do 1200 significavam que os DJs podiam pensar primeiro na música e depois na técnica. Nunca haverá um substituto para a prática, mas o esforço necessário para adquirir a habilidade de manipular o vinil em uma unidade de transmissão por correia barata agora pode servir em ideias num próximo nível.

“The Adventures of Grandmaster Flash on the Wheels of Steel” foi uma indicação inicial neste desenvolvimento e, sem dúvida, um dos usos mais sofisticados musicalmente das capacidades do 1200 na história do hip-hop - os truques são simples e seguem o fluxo da música, e as escolhas e justaposições de discos são brilhantes - mas durante o resto dos anos 1980 e 1990, o lugar do 1200 na música foi central.

Os 1200s nunca foram os primeiros conjuntos de toca-discos para todo mundo, o que diz algo sobre o quão valiosos eles são em termos de o que as pessoas fazem para te-los e economizar dinheiro por anos e anos negociando”, diz Katz. “Uma enorme quantidade de tempo e trabalho foi gasta para conseguir um par.

Na verdade, os 1200 foram uma compra aspiracional, e possuir um par implicava seriedade. “Eu nunca pude comprar o Technics 1200, então sempre tive toca-discos com acionamento por correia sem marca,” diz DJ D-Styles, também conhecido como Dave Cuasito, disse ao Turntable Lab. “O tipo de toca-discos em que você tinha que riscar (fazer scratch) usando a lateral do disco, porque se você pressionasse o disco, o prato inteiro mergulharia e a agulha saltaria como uma  filho da puta.

Grandmaster Flash tcoando com a Technics em 1999 | Foto Por Mika Väisänen

D-Styles foi membro do Invisibl Skratch Pikilz e dos Beat Junkies, coletivos de DJs que, na década de 1990, levaram a arte da composição através dos toca-discos a domínios inimagináveis ​​nas décadas anteriores. Ao tocar ao vivo, essas equipes às vezes funcionavam essencialmente como uma banda, com um ou dois membros tocando uma batida de bateria enquanto outros adicionam linhas de baixo e partes da melodia por meio de scratchs, ajustes de velocidade e várias técnicas com a interface do mixer / deck. Às vezes chamada de turntablism, essa música estava profundamente enraizada nos primeiros dias do hip-hop, mas se inclinou na direção da vanguarda. Não era para todos e muitas vezes era difícil, barulhento e confuso. Mas para os devotos, o turntablism representou o ápice da música criada por meio da transformação corporal, com remixes criados na hora.

Turntablism representou o ponto final inevitável das inovações introduzidas pelos primeiros DJs de hip-hop, e talvez tão inevitável quanto o fato de que o DJing estava prestes a se transformar radicalmente após essas inovações.

A partir da década de 1990, os DJs começaram a usar dispositivos como o CD-J, que ofereciam uma flexibilidade que os decks de vinil não podiam combinar (uma nova mixagem poderia ser gravada em um CD-R e tocada minutos após a conclusão, por exemplo). E no início da década de 2000, softwares que integravam laptops e toca-discos eram amplamente usados. DJs que usavam apenas vinil eram especialistas - eles se orgulhavam de sua capacidade de seguir a tradição, e alguns argumentaram que a pureza da expressão tornava as mixagens mais interessantes, mas eles estavam claramente em minoria.

Outro golpe para o DJing tradicional veio em 2010, quando a Panasonic descontinuou a linha 1200. Havia milhares e milhares de decks das décadas anteriores ainda em uso - essa construção sólida provou-se no longo prazo - mas por um tempo não foi mais possível comprar uma nova unidade.


Isso mudou com a introdução do toca discos SL-1200GAE em 2015. Embora ainda fosse uma SL-1200, feita na mesma fábrica com os mesmos padrões exigentes, era um toca discos para um mercado muito diferente. Os DJs ainda estavam interessados ​​- nenhum toca-discos igualou o 1200 no controle de velocidade - mas a máquina era ainda mais atraente para os audiófilos que saudaram o ressurgimento do vinil porque lhes permitiu construir sistemas estéreo domésticos projetados para a mais alta fidelidade.

Em uma reviravolta irônica, o que impediu o 1200 de ser abraçado pela comunidade audiófila na década de 1970 - a quase perfeição do direct drive, aquela tecnologia ainda não confiável, que o tornou mais útil como uma ferramenta para os menos ricos obsessivos por música, reimaginando uma nova música - era agora seu maior ponto de venda. Com as possibilidades expostas em “The Adventures of Grandmaster Flash on the Wheels of Steel” sido realizadas e mais algumas, e o mundo da música tendo mudado completamente pelo menos três vezes, os toca discos foram construídos com novos sonhos em mente.


5 Discos que a Technics SL-1200 tornou possível

Nos anos 1990, o zine e selo Bomb manteve viva a visão original do hip-hop, com especial destaque para a arte do DJ. Foi fundado pelo DJ David Paul na área da baía de São Francisco e deu atenção especial aos acontecimentos daquela cena. A compilação de 1995, Return of the DJ, é excelente, mas a sequência é ainda melhor, mostrando toda a gama do que os DJs de scratch faziam quando a forma de arte estava no auge, ao mesmo tempo que enfatiza a musicalidade, que às vezes pode se perder quando os DJs deste mundo ficam muito técnicos.


DJ Shadow ‎– Endtroducing (1996)

Josh Davis, também conhecido como DJ Shadow, é um DJ brilhante no sentido de balançar a casa e é profundamente habilidoso nos 1200, mas este álbum é uma mostra de suas habilidades como compositor. Foi construído inteiramente com samples, a grande maioria dos quais são completamente irreconhecíveis, e todos os quais foram reproduzidos em seus 1200 enquanto estavam assentados em uma mesa em sua casa.



Jeff Mills ‎– Mix-Up Vol. 2 Featuring Jeff Mills: Live Mix at Liquid Room, Tokyo (1996)

Jeff Mills, que era conhecido como The Wizard, começou sua vida na música como DJ de rádio em sua cidade natal, Detroit. Inspirado pelo lendário Electrifying Mojo, Mills como The Wizard misturava hip-hop e disco com as estranhezas de todo o espectro musical . Suas habilidades nos 1200 foram úteis quando mais tarde ele se voltou para o techno. Este set, gravado ao vivo em 1995, mostra uma habilidade surpreendente, quase sobre-humana, de mixar discos com três decks. A mixagem está longe de ser perfeita, mas a energia enquanto ele pula entre as seleções é de cair o queixo.

Coldcut & DJ Food vs DJ Krush ‎– Cold Krush Cuts (1996)
   
Este set de dois CDs mostra a variedade do selo Ninja Tune em sua fase inicial e caminha bem na linha entre a então nova ideia de trip-hop (um gênero impensável sem o SL-1200) e o turntablism mais tecnicamente focado. Os discos do Coldcut e do DJ Krush soam muito diferentes - o primeiro se concentra mais em scratching e efeitos sonoros, o último oferece um clima extremamente embotado - mas ambos estão imersos na cultura do DJ e no hip-hop.


Kid Koala ‎– Scratchappyland (1997)

Desde o início, esse DJ de Montreal teve a destreza de um DJ de scratchs vencedor de competições, mas sempre usou suas habilidades a serviço da música em vez de mostrar sua técnica. Este EP inicial apresenta o lendário “Tricks‘ N ’Treats”, que mostra Kid Koala transformando uma edição de LP de vinil do especial de Halloween de Charlie Brown em uma jam de hip-hop animada






domingo, 10 de setembro de 2017

UMA BREVE HISTÓRIA DO ESTÚDIO COMO UM INSTRUMENTO: PARTE 2 - NUNCA SE SABE O AMANHÃ


Na Parte 1 da nossa História do Estúdio Um Instrumento, olhamos os primeiros pioneiros da composição com som gravado e rastreamos alguns dos precursores das modernas técnicas de sampler, looping e gravação criativa. A história continua abaixo com o trabalho revolucionário dos produtores encontrando seu caminho em telas de televisão, comerciais e no topo das listas da música pop.


George Martin e The Beatles

George Martin nos estúdios EMI Abbey Road

É quase impossível não dizer que The Beatles é um dos grupos mais influentes da música moderna. E isso não é apenas devido ao imenso sucesso comercial da banda; O quarteto de Liverpool inaugurou a Invasão Britânica, trouxe música psicodélica para as massas, transformou a música pop de um mercado de singles para uma base consolidada em álbuns, e evitou completamente todas as regras de negócios de música quando eles decidiram não atuar mais ao vivo e só existiam como um projeto de gravação. Talvez também venha a surpreender que, dentro do domínio das inovações de estúdio e gravação, os Beatles também são considerados um dos grupos mais influentes, em grande parte devido ao produtor visionário que combinou as visões artísticas da banda com capacidade técnica e inventividade: George Martin.

Considerado o quinto Beatle, Martin (que faleceu no início de 2016 aos 90 anos) começou a trabalhar com o grupo em 1962 depois de ter sido produtor caseiro para o selo Parlophone trabalhando em discos de jazz, skiffle, clássico e comédias ao final dos anos 1950 e no início dos anos 60. Em breve em sua parceria, Martin reconheceu que um dos pontos fortes de The Beatles era seu desejo de empurrar constantemente de forma criativa e, sob sua orientação, o estúdio tornou-se uma ferramenta para expressar suas composições cada vez mais ambiciosas. Em particular, Martin começou a ver a máquina de fita multi-track como a melhor ferramenta para alcançar os sons que o grupo estava procurando; bem como os pioneiros da música concreta, Martin entendeu que a máquina de fita não era apenas um dispositivo estático para armazenar áudio, mas algo que poderia ser ativamente manipulado na criação de composições. Um exemplo inicial disso é o solo do cravo que aparece no meio de "In My Life" - interpretado pelo próprio Martin, o solo foi originalmente tocado no piano para uma gravação de metade da velocidade da música, mas quando acelerado para coincidir com o resto da música, o solo estava imbuído de uma nova qualidade tonal que fazia parecer muito como um cravo barroco.

O produtor George Martin ocasionalmente tocou instrumentos em músicas dos Beatles

Trabalhando em estreita colaboração com Martin, uma crescente conscientização sobre as possibilidades criativas do estúdio foi aproveitada pelos Beatles. Na música "Rain" de 1966, Martin novamente tocou com alterações da velocidades da fita, gravando a parte instrumental da música a uma velocidade mais rápida do que o normal e, em seguida, desacelerando a reprodução para conseguir um som um tanto devastador e escorregadio, adequado às letras de voz alteradas e meandrosas na música. Martin também fez exatamente o oposto com os vocais de John Lennon, que foram gravados em uma velocidade ligeiramente mais lenta e depois aceleraram o produto final. Além disso, a música marcou a primeira vez que Martin e The Beatles usavam a gravação em fita reproduzida em uma das suas composições. Mais tarde, Martin disse à BBC que: "A partir desse momento, eles queriam fazer tudo para trás. Eles queriam guitarras para trás e tambores para trás, e tudo para trás, até se tornar um furo". Ainda assim, o grupo efetivamente usou elementos gravados em fita no background em algumas de suas músicas mais meticulosamente produzidas, como a guitarra sonhadora de "I'm Only Sleeping" ou os pratos de Ringo Starr em "Strawberry Fields".


"Tomorrow Never Knows" dos The Beatles em 1966 do album Revolver


"Tomorrow Never Knows" é outro excelente exemplo das técnicas de produção de Martin. Baterias grossas e pesadas comprimem e respiram abaixo das linhas de guitarra distorcidas; os ruídos de fita frenética rasgam a imagem estéreo entre os vocais perturbadores de Lennon, que foram gravados através de um gabinete de alto-falante Leslie (um alto-falante giratório geralmente usado em conjunto com o órgão B3 Hammond) antes de serem gravados em fita.

Embora não fossem exatamente os primeiros a manipular máquinas de fita ou a usar equipamentos de estúdio de maneiras não convencionais, em um esforço para criar os sons que eles tinham antes, os Beatles e Martin apenas sonhavam, no entanto, trouxeram essas técnicas para a vanguarda da música popular. No processo, eles mudaram de uma vez para outra o relacionamento entre o artista e o estúdio: agora se tornou um lugar para experimentação e composição, e o objetivo da gravação não era mais simplesmente capturar uma performance para reprodução. Como resultado, para os Beatles e inúmeros outros que seguiram em seu caminho, o álbum se tornou mais do que apenas uma coleção de músicas; agora era a tela para declarações artísticas cada vez mais ambiciosas e pessoais, dentro das quais a qualidade e a inventividade da produção se tornaram um marcador de mérito artístico.


Delia Derbyshire e a Ciência da Música

Delia Derbyshire na BBC em meados da década de 1960

Em 1962, quatro anos depois de Daphne Oram co-fundar o Workshop Radiophonic da BBC, Delia Derbyshire também se juntou a fila do laboratório de efeitos sonoros. Armada com um diploma em música e matemática, Derbyshire teve uma habilidade estranha para a compreensão e a construção do áudio, que o co-fundador do Workshop, Desmond Briscoe, colocou simplesmente como: "A matemática do som veio naturalmente para ela". Embora tenha sido responsável por mais de 200 peças ao longo de seus 11 anos no Workshop Radiofônico, o trabalho mais conhecido de Derbyshire para a BBC continua a ser a composição de 1963 para a série Dr. Who. Originalmente escrita por Ron Grainer, Derbyshire foi encarregada de perceber a composição, que exigia sons como "vento", "bolhas" e "nuvens". Sem os sintetizadores que ficariam disponíveis alguns anos depois, e com fita multi-track ainda em sua infância, Derbyshire passou a criar esses sons usando gravações brutas de sons do mundo real e simples osciladores de seno e onda quadrada. Moldando o material bruto usando as ferramentas limitadas disponíveis no Workshop, Derbyshire filtrou, combinou e gravou (a fita de faixa única), filtrando novamente, voltou a gravar e ajustou um pouco mais até que os sons do tema correspondiam à atmosfera do outro mundo da série cientifica. Quando completou a partitura e apresentou a seu compositor original Granier, ele perguntou: "Eu realmente escrevi isso?" Derbyshire respondeu, "A maioria disso".


Delia Derbyshire em 1963 realizou o tema da série Dr. Who 


Enquanto o tema do Dr. Who trouxe a Derbyshire e ao Workshop Radiophonic uma resposta muita aclamada, muitos consideram suas realizações mais profundas, aquelas que ela perseguiu fora do trabalho normal do jingle para a BBC. Seus trabalhos colaborativos com o poeta e dramaturgo Barry Bermange são particularmente importantes. As criações sonoras que o acompanham para os Sonhos de Bermange (uma colagem de pessoas que descrevem seus sonhos) e Amor Dei (uma peça que se concentrou nas experiências das pessoas de Deus e do diabo) eram tão assustadoras quanto ambiciosas; muitas vezes, os resultados de sessões intensas e semanais em que a Derbyshire manipularia tons de oscilador bruto, sons gravados e até fragmentos de sua própria voz - as peças de áudio resultantes foram algumas das colagens de som mais inovadoras e imersivas daquele tempo.

Delia Derbyshire & Barry Bermange - Invention for Radio No.1: The Dreams

Além disso, em meados da década de 1960, Derbyshire trabalhou com o colaborador Brian Hodgson, compositor e pioneiro do sintetizador, Peter Zinovieff, como Unit Delta Plus; mais tarde, Derbyshire, Hodgson e David Vorhaus criaram um estúdio independente onde eles coletivamente trabalharam em um álbum, o Electric Storm, que foi lançado sob o nome de White Noise em 1968 e hoje é considerado um clássico da música pop eletrônica. O álbum também se destaca pelo uso do primeiro sintetizador britânico, o EMS Synthi VCS3.


Love Without Sound -White Noise (Delia Derbyshire, Brian Hodgson, and David Vorhaus)

Em seu obituário de 2001 para Derbyshire, o colaborador Brian Hodgson aponta para as composições da artista visionária para a série documental da BBC The World About Us, como um resumo perfeito da criatividade e das habilidades técnicas da Derbyshire. Em um episódio particular, sobre o povo touareg do Sahara, Derbyshire usou trechos de sua própria voz para servir de som de cascos de camelo e "um som eletrônico fino e alto, usando praticamente todos os filtros e osciladores no workshop". Descrevendo o processo por trás da composição, Derbyshire lembrou: "O meu som mais bonito na época era um abajur verde da BBC. Era a cor errada, mas tinha um som bonito. Acertei o abajur, gravei isso, desbotando na parte de toque sem o início da percussão. Analisei o som em todas as suas partidas e frequências, e peguei os 12 mais fortes e reconstrui o som nos 12 osciladores famosos da oficina para dar um som chateante. Então, os camelos foram embora no por do sol com a minha voz em seus cascos e um abajur verde nas costas".

Delia Derbyshire - Blue Veils and Golden Sands



Raymond Scott e suas máquinas 

Raymond Scott em seu estúdio Manhattan Research Inc. no final da década de 1950

Aqui está um fato inesperado: o homem responsável por grande parte da música ouvida nos clássicos desenhos animados Looney Tunes também é creditado com a construção do primeiro sequenciador de música. Esse homem é Raymond Scott (na verdade, Harry Warnow, "Raymond Scott" era seu pseudônimo).

Como líder do Raymond Scott Quintette (que na verdade contava com seis membros), Scott escreveu inúmeras composições que - embora não por design - provaram um ajuste natural para as calamidades drásticas e as aventuras pastelonas que Pernalonga, Patolino, Gaguinho e companhia viviam. O próprio Scott não era muito fã de desenhos animados de fato, o músico e compositor americano era conhecido como um líder de banda exigente que esperava que seus músicos memorizassem a música exatamente como havia sido escrita, fazendo os músicos muitas vezes trabalharem por longas horas e alimentar muito ressentimento em relação a ele. Para esse ponto, Scott sonhava com uma maneira de fazer música onde ele não dependia de seres humanos falíveis para alcançar suas ideias. "Na música do futuro, o compositor se sentará sozinho na fase de concerto e simplesmente pensará na sua concepção idealizada na sua música", escreveu em 1949. "Suas ondas cerebrais serão apanhadas por equipamentos mecânicos e canalizadas diretamente para as mentes de seus ouvintes, permitindo assim que não haja espaço para distorção da ideia original. Em vez de gravações de som de música real, as gravações levarão as ondas cerebrais do compositor diretamente à mente do ouvinte ".

“Lightworks” - um pouco dos instrumentos sintetizados de  Raymond Scott

Scott iria perseguir esse sonho durante a maior parte de sua vida, projetando e criando máquinas de música em seu próprio estúdio caseiro, "Manhattan Research Inc". Foi aqui, como parte de seu trabalho, produzindo jingles para rádio e televisão nos anos 50 e 60, que Scott construiu o que ele chamou de "Wall of Dazzle", uma máquina de 9 metros de comprimento com centenas de luzes e interruptores que lhe permitiram controlar eletronicamente os sons gerados. Por padrões de hoje, ele só podia controlar os parâmetros básicos; pitch, volume e velocidade de reprodução, mas, no final da década de 1950, esta foi a vanguarda da tecnologia musical. Outras criações personalizadas de Scott incluíram o Videola (um piano que possibilitou que ele tocasse e gravasse partituras de filmes em tempo real), o Clavivox (uma versão inicial de um teclado eletrônico), o Karloff, um enorme gerador de efeitos de som que era na verdade, o primeiro criador de música eletrônica de Scott e o Rhythm Modulator, um gerador de padrão inicial muito básico.


Raymond Scott - Electronium    

A máquina mais ambiciosa de Scott foi o Electronium, iniciado em 1959, ele teria gasto cerca de um milhão de dólares em melhorar a máquina ao longo de uma década (Scott, mais tarde, construiu uma segunda versão para o fundador da Motown Records, Berry Gordy). O Electronium foi sua tentativa de construir uma máquina que pudesse compor e tocar música simultaneamente; gerando e executando ideias musicais com base nos parâmetros que Scott definiu, tornando-se uma das primeiras instâncias nas quais a inteligência artificial foi usada para a criação musical.



Raymond Scott - Twilight in Turkey; composta e tocada em seu Electronium




As realizações musicais específicas de Scott talvez não sejam tão bem lembradas como a sua visão da revolução tecnológica da música, e o destemor com que ele perseguiu ideias que deveriam ter parecido bastante absurdas, senão francamente loucas na época. No entanto, parece que Scott tem devidamente intitulado em 1964 o Soothing Sounds For Baby. Um conjunto de três volumes destinado a proporcionar sons eletrônicos pacificadores para o conforto de crianças recém nascidas (em vários estágios de desenvolvimento), a série improvável é considerada uma das primeiras composições eletrônicas de formato long play destinadas a serem usadas para um propósito específico, e dentro de uma configuração específica; em outras palavras, é um dos primeiros registros de música ambiente eletrônica. Talvez outra consequência não intencional de um homem que sonhou maior do que a maioria.


Trecho de Raymond Scott - Soothing Sounds for Baby




Artigo original publicado @ https://www.ableton.com/en/blog/studio-as-an-instrument-part-2/

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