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domingo, 20 de dezembro de 2020

PORQUE O AFROBEAT DE FELA KUTI AINDA ESTÁ SACUDINDO O PLANETA



Um novo documentário da BBC homenageia a vida notável de Fela Kuti, a rebeldia musical nigeriana que deu à luz o Afrobeat. Kevin EG Perry fala com o filho de Kuti, Femi, e com o neto Made sobre sua missão de continuar o legado radical da família.


Em 18 de fevereiro de 1977, mil soldados do exército nigeriano invadiram um complexo comunal em Lagos, onde o bandleader fora da lei Fela Kuti havia declarado seu próprio estado independente: a República Kalakuta. Eles espancaram Kuti brutalmente, queimaram sua casa e estúdio e jogaram sua mãe Funmilayo de uma janela do segundo andar, ferindo-a tão gravemente que ela faleceu poucas semanas depois. O que desencadeou toda essa carnificina? Uma música chamada ‘Zombie’.

Lançada no início daquele ano, a faixa claramente tocou o nervo da junta militar governante da Nigéria. Ao longo de 12 minutos e 26 segundos de ritmo polirrítmico implacável, Kuti mirou na obediência estúpida dos militares de seu país. Essa combinação de música irresistível e política insurrecional definiria o Afrobeat, o gênero que Kuti criou e tornou seu.

Afrobeat é como tomar uma pílula amarga com uma bebida doce”, explica o filho mais velho de Kuti, Femi, falando pelo Zoom de sua casa em Lagos. “A música e o ritmo são bons, mas a mensagem é difícil. Para você ser capaz de digerir esta mensagem tão séria, você precisa de algo doce.

O nascimento de Afrobeat e a vida de Kuti - que morreu de uma doença relacionada à Aids em 1997 - são o tema de Fela Kuti: Father of Afrobeat [Fela Kuti: Pai do Afrobeat], um novo documentário longa-metragem da BBC do escritor e cineasta Biyi Bandele. É um filme notável que traça a jornada de Kuti desde seus primeiros anos de crescimento em Abeokuta, no sudoeste da Nigéria, sob o olhar atento de sua mãe, a primeira ativista feminista do país.


Quando jovem, Kuti estudou em Londres, tornando-se parte da cena de jazz do Soho e formando sua primeira banda Koola Lobitos. Quando eles viajaram pela América em 1969, Kuti conheceu e começou um relacionamento com Sandra Izsadore, membra dos Panteras Negras de Los Angeles que influenciaria sua radicalização política, encorajando-o a ler livros como The Autobiography of Malcolm X.

Enquanto Femi reconhece que seu pai foi inspirado por suas experiências na Grã-Bretanha e na América, ele argumenta que musicalmente o Afrobeat pode ser rastreado diretamente na infância de Kuti. “O que precisamos entender sobre a criação de Fela é que ele cresceu em Abeokuta, que era como uma aldeia”, diz ele.

Ele cresceu com ritmos africanos e canções folclóricas. Quando ele foi para a Inglaterra, ele se apaixonou pelo jazz de Miles Davis, mas depois ele voltou para a Nigéria e começou a tocar highlife. Sua mãe disse a ele para procurar seu próprio estilo de música. Ela era muito política, mas ele parecia não prestar atenção. Foi fácil para ele quando conheceu Sandra em Los Angeles, talvez por amor ou algo assim, se sentar e compor esse estilo único de música porque ele tinha todos esses ritmos da África.

“Em canções como ‘Alu Jon Jonki Jon’, ele tocava frases que faziam referência a canções folclóricas africanas tradicionais. Ele tinha o conhecimento, a experiência e a compreensão para transformar todas essas informações que tinha musicalmente, para tocar algo que era basicamente ele.

Em 1970, percebendo que havia encontrado seu som único, Kuti renomeou sua banda para África '70 e eles lançaram seu álbum de estreia Fela Fela Fela. Ele teve seu primeiro sucesso no ano seguinte com ‘Jeun Ko Ku’ (‘Chop and Quench’), uma canção sobre um glutão que se come, até a morte que pretendia ser uma sátira aguda das classes superiores da Nigéria. A partir de então, sua música sempre entregaria uma mensagem e sempre seria sua própria visão singular.

Femi Kuti and Made Kuti. Foto: Sean Thomas

Fela criou cada parte de suas composições”, diz Femi. “Você nunca diria:‘ Oh Fela, tenho uma ideia! ’Você não diria! Quando entrei na banda, mesmo como filho, não conseguia dizer: ‘Com licença, papai!’ Eu era adolescente quando Tony Allen fazia parte da banda e Fela dava o ritmo a ele. Sem dúvida Tony Allen foi um grande baterista, mas ninguém compôs para Fela. Você não poderia dar conselhos a Fela musicalmente, politicamente ou socialmente. Eles tentaram dizer a ele para não ter mulheres. Disseram para ele usar camisinha por causa da Aids. Fela disse: ‘Olha, se eu vou morrer, eu vou morrer’. Este era Fela.

O funeral de Kuti em Lagos foi assistido por mais de um milhão de pessoas. Nos anos seguintes, o Afrobeat foi mantido vivo tanto por Femi quanto por seu irmão mais novo Seun. Embora o som de Kuti tenha claramente influenciado gerações de músicos mais jovens, especialmente na Nigéria, Femi é rápido em apontar que há uma grande diferença entre a música que seu pai tocava e o gênero contemporâneo conhecido como Afrobeats.

Afrobeats é realmente como hip-hop ou pop”, ele argumenta. “A geração mais jovem estava procurando um nome para que não soasse como hip-hop americano. Quando você ouvir meu pai, verá que eles estão muito longe do estilo de composição do meu pai, que tem metais, melodias, harmonias e ritmos. Eles pegam um pouco do ritmo dele e colocam em todas as músicas do Afrobeats, basicamente! Afrobeat é mais hardcore. Pode soar como música de festa, mas a mensagem é séria.

Femi pratica o que prega. Em fevereiro, ele lançará seu último álbum politicamente carregado, 'Stop The Hate', ao mesmo tempo que seu próprio filho de 25 anos, Made Kuti, lança seu álbum de estreia 'For(e)Word'. Juntos, eles serão lançados como um álbum duplo conhecido como 'Legacy +'.

“O ‘+’ foi ideia do meu pai”, diz Made, que está na mesma ligação do Zoom com seu pai. “O ‘+’ simboliza que é para sempre. Fizemos uma pequena pesquisa e descobrimos que já se passaram sete gerações de músicos. Havia um caçador / músico, e depois dele outro músico. Depois, houve JJ Ransome-Kuti, que escreveu muitos hinos e foi a primeira pessoa a fazer um registro adequado na Nigéria. Então Israel Oludotun Ransome-Kuti, o pai de Fela, também escreveu hinos. Depois, há Fela, meu pai e eu. Essa é uma longa linha de musicalidade.

Made Kuti toca todos os instrumentos em 'For(e)Word', então ele claramente herdou o virtuosismo musical de sua família. Ele também está mantendo viva a tradição Kuti de franqueza política. Na excelente faixa central ‘Different Streets’, Made oferece um monólogo sobre Lagos que questiona a ideia popular de que seu avô era um profeta.

Fela Kuti performando no palco, Paris, 1981. Foto: Michael Putland/Getty Images

Vovô não estava prevendo o futuro com suas canções”, ele aponta suavemente. “Ele estava falando sobre tudo o que viu, tudo que estava errado ... Devemos agora entender o quão assustador é que estejamos enfrentando os mesmos problemas dos anos 70. Pensemos por nós mesmos como devemos trabalhar duro coletivamente para sermos livres.

Tragicamente, não é difícil traçar uma linha entre o saqueamento de Kalakuta e o assassinato de sua bisavó pela polícia em 1977 à violência policial desenfreada e a corrupção que geraram os protestos #ENDSARS em andamento na Nigéria.

Todos os desafios que enfrentamos hoje são os desafios que enfrentamos décadas atrás”, diz Made. “Eles estão piores agora, mas Fela foi para a prisão e foi espancado por dizer abertamente que esses problemas existem. Não podemos avaliar o que estamos enfrentando agora se não entendermos que temos enfrentado isso por muitos e muitos anos.

Fela Kuti: Father of Afrobeat está disponível no iPlayer da BBC (somente disponível no Reino Unido) em 20 de dezembro de 2020. Femi Kuti e Made Kuti lançarão ‘Legacy +’ em 5 de fevereiro de 2021.



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

"ELE ERA DA CASA REAL DA ETIÓPIA" - A OBRA DE JORGE BEN E O FLUXO DE IDEIAS E INFLUÊNCIAS NOS DOIS LADOS DO ATLÂNTICO NEGRO


Jorge Benjor é um dos artistas com uma das carreiras mais longevas da chamada MPB, pois seu primeiro álbum foi lançado em 1963 e até presente o momento este cantor e compositor continua em atividade. Jorge é bastante conhecido por canções alegres e positivas, como País Tropical, ou composições de temática lírico amorosa como Chove Chuva. Entretanto, menos conhecidas em seu cancioneiro são as canções em que aciona uma identidade negra orgulhosa calcada em uma ancestralidade africana.

Em 1976, Jorge Ben 2 lança África-Brasil, um de seus mais famosos álbuns. Não por acaso fazem parte deste trabalho canções como Cavaleiro do Cavalo Imaculado, Xica da Silva, Ponta de lança africano (Umbabarauma) e a canção-título do Long Play. 3

Em 2010, uma nova versão de Umbabarauma 4 é lançada, desta vez em parceria com artistas mais jovens como Mano Brown, Céu e Thalma de Freitas. Junto com a canção os produtores lançam um documentário contando o percurso desta regravação. Neste, Jorge explica a razão de ter dado este nome ao álbum:

“Eu participei de um festival na Argélia e (...) participei várias vezes de festival da juventude e eu ficava assim intrigado porque eu era o único músico brasileiro a ser chamado num festival de música africana. Eles falavam que gostavam do meu estilo de tocar, do suingue da música, da maneira de tocar o violão e a guitarra, porque era tudo percussivo e eu era convidado por isso e eu quis fazer essa homenagem... Esse disco”. 5


Pelas matérias de jornais e revistas da época, não foi possível localizar uma referência a este festival que Jorge menciona antes de 1976, quando lançou o álbum. Entretanto há sim referência a uma apresentação de Jorge na Argélia em 1985. É possível que tenha se apresentado antes de 1976 neste país como também é possível que se trate de um “deslocamento de memória”, ou seja, que o artista deslocou no tempo os acontecimentos num processo muito comum as memórias coletivas e individuais. Como nos lembra Alessandro Portelli, ao analisarmos as narrativas que os sujeitos constroem para si, é preciso atentar para o fato de que nem sempre nos deparamos com “o que a pessoa de fato fez, mas o que ela queria fazer e o que ela pensava estar fazendo”(PORTELLI: 1991,06). Tais relatos são muito mais subjetivos do que fáticos, o que não é um problema metodológico. O que importa neste caso não é data exata em que Jorge de fato foi à África, mas sim a sua intenção de fazê-lo. 6 O jornal O Globo em 1985 noticiou o recebimento de um telex do embaixador Leite Ribeiro, da Argélia: É com grande alegria que levo a você meu depoimento entusiasmado sobre o grande sucesso de Jorge Ben e da Banda do Zé pretinho no Festival da Juventude. Conhecido pelos especiais (...) de televisão e por seus discos, que com frequência são vistos e ouvidos na Argélia, aquele bom artista brasileiro (...) conseguiu conquistar este público, com sua primeira apresentação ao vivo, concorrendo com isso, para afirmar ainda mais a boa imagem do Brasil. 7

Em todo caso, há uma notícia de 12/03/1974 do Jornal O Globo que indica que o artista ganhou de presente da gravadora, por conta dos seus seus 10 anos de carreira, uma viagem ao continente africano, mais especificamente à Etiópia “para conhecer seus parentes”. 8 Visitar a terra de sua mãe é algo que sempre esteve no horizonte deste artista. Em 1970, Jorge Ben já dizia que pretendia viajar para “pesquisar” ritmos etíopes. 9 Esta ancestralidade africana, etíope, aparece em diversas de suas composições como em Criola, onde Jorge diz sua mãe é “filha de nobres africanos”. Izabel Guillén aponta como os ancestrais são importantes na construção da identidade dos sujeitos negros, como são exemplos a serem seguidos nas lutas cotidianas, no combate ao racismo e na busca por uma sociedade mais justa para negros e negras (GUILLEN: 2013, 01-02). O nome que este cantor e compositor escolheu usar em sua carreira artística também evidencia esta intenção de reverenciar seus ancestrais: Jorge Ben é a inversão do nome de seu avô etíope, Ben Jorge, como declarou em 1963 à Revista do Rádio. 10 Nesta mesma ocasião é questionado sobre seu estilo musical e mais uma vez se remete as suas origens: “Dizem que se chama ‘afro-bossa-nova’”. 11



Em entrevista a revista Trip em 2009, Ben fala sobre sua família:

"Minha ascendência por parte de mãe é etíope. Agora, por parte de meu pai, é uma mistura de europeus. A família toda dele é branquinha, minha vó era branca, dizem que era austríaca. Meu pai era moreno, nasceu no Brasil já misturado. O resto da família é tudo claro, e eu sou mesclado porque misturou com minha mãe, a África." 12

Jorge, neste caso, está aludindo à formação miscigenada do povo brasileiro para construir uma determinada auto representação. Embora esta ideia de miscigenação do africano, do europeu e do indígena ressoe em Jorge Ben e ele a acione eventualmente, A narrativa que permeia suas canções de maneira mais forte é a da sua identidade negra. Alessandro Portelli nos ajuda a pensar sobre as definições de mito. Para ele o mito não seria:

(...) necessariamente uma história falsa ou inventada: é, isso sim, uma história que se torna significativa na medida em que amplia o significado de um acontecimento individual (factual ou não), transformando-o na formalização simbólica e narrativa de auto representações partilhadas por uma cultura (PORTELLI: 1991, 120-121)

Assim o fato de o artista afirmar ser descendente de africanos e de europeus está em consonância com esta representação mítica coletiva brasileira. Esta narrativa construída pelo cantor de modo algum é falsa, entretanto é bastante significativa. A ancestralidade africana, essa ideia de “Mãe África”, é evocada constantemente pelo artista e ressoa de modo mais forte em suas composições. Segundo entrevista do ano de 1995 a TV Cultura, Jorge declarou ter tido contato direto com essa herança musical:

Eu queria falar disso também... Por parte da minha mãe... Muito, muito... Porque eu ouvi muito, muita música etíope, cantos etíopes através da minha mãe, com batuques dos parentes. Eu era menino, criança, eu ouvia um som, eles falavam numa língua que eu não entendia e o batuque e isso foi misturando tudo. 13


É importante assinalar que quando se refere à Etiópia, a terra de sua mãe, Jorge está se referindo a um país com características únicas naquele continente. Este Estado foi o único país africano a rechaçar com sucesso o ataque de uma nação europeia em finais do século XIX. Naquele contexto, em que as ideias imperialistas vigoravam, os Estados do “velho mundo” se lançaram ao continente africano em busca de territórios onde pudessem ter um mercado consumidor exclusivo e ao mesmo tempo garantir o fornecimento de matérias primas. Desta forma, em um contexto onde o “continente negro” encontrava-se “loteado” entre países como França, Inglaterra, Bélgica, entre outros, a Etiópia conseguiu resistir e vencer uma invasão italiana ao seu território. Além disso, o povo etíope se orgulha de ser detentor de tradições milenares: os soberanos etíopes descenderiam do Rei Salomão e da Rainha de Sabah. Desta união teria nascido Menelik, o primeiro imperador etíope. 


A primeira guerra ítalo-etíope aconteceu em 1896. A vitória dos abissínios, nome pelo qual também é conhecido aquele povo, sobre os italianos se deu na batalha de Adua, quando 100 mil soldados africanos venceram os 16 mil invasores, sagrando o “negus” (imperador) Menelik II vencedor e chamando a atenção do mundo para o Império Negro. É sucedido por seu neto Ilyasu V, entretanto este é deposto por um conselho de nobres por conta da suspeita de ter se convertido ao islamismo. Assume como imperatriz Zewditu, filha de Menelik II e como regente, o Rás (príncipe) Tafari, em 1917, o esposo de outra das filhas do imperador falecido. Com o falecimento da imperatriz em 1930, Rás Tafari assume como Haile Selassie (“O poder da divina trindade”), cujos títulos eram Sua Majestade Imperial, Imperador Haile Selassie, Eleito de Deus, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judá. O “Negus Tafari” buscou dar continuidade a obra de Menelik II de afirmar a Etiópia como uma grande nação (LOPES: 2006, 319, 435 e 559). 14


No Brasil, e não só, a Etiópia era uma importante referência positiva para os sujeitos negros, pois foi o único país africano não envolvido no tráfico europeu de escravos e que em um primeiro momento venceu o colonialismo. Em São Paulo, um dos mais antigos órgãos da imprensa negra paulista foi O Menelick, fundado em 1915, cujo nome era uma homenagem ao imperador etíope que antecedeu Tafari Makonen (LOPES: 2006,345). Este último é também um importante modelo para os sujeitos negros da Diáspora. De acordo com os ideais do panafricanismo, formulados pelo jamaicano Marcus Garvey, o povo da Etiópia era considerado um povo eleito por Deus, por conta desta crença de que descendem da Rainha de Sabá, cuja ascendência remete à Cam e, portanto, ao Noé bíblico. 15 O garveysmo, por volta de 1925, profetizava o surgimento de um messias na Etiópia que viria a salvar todo o povo negro. Seus seguidores associaram esta figura a Haile Selassie quando este subiu ao trono em 1930. Destas associações e rearticulações do garveysmo e dos princípios da Igreja Ortodoxa Etíope surgiu o rastafarianismo, uma doutrina filosófico-religiosa cujo principal personagem é o Ras Tafari. 


Por conta da constante reverência que Jorge presta a sua ascendência Etíope, eventualmente Jorge é caracterizado por jornalistas, críticos e pelo público como “herdeiro direto da música africana”. 16 Em outro caso chegou a ser classificado como descendente da “família real da Etiópia”, uma caracterização anedótica feita pelo rapper Mano Brown:

Fazia muito baile na nossa casa lá. Baile e samba. E no baile e no samba ouvia-se e tocava Jorge Ben. Tinha uma lenda [entre seus familiares] que ele era um príncipe. ‘Não, ele é filho de um príncipe. Alguma coisa ele é’ [diziam] (...) ‘Ele é um príncipe Etíope’. Tinha gente que achava que ele era da família real da Etiópia. 17

Selassie também é tema de uma canção de Jorge em que se refere à terra de sua mãe. Nesta composição o imperador é caracterizado como “Leão de Judá” e descendente da rainha de Sabá. 18


Neste fluxo de idas e vindas do Atlântico Negro (GILROY: 2001) é necessário lembrar também do Caribe. Após a visita de Haile Selassie à Jamaica em 1966 cresce o rastafarianismo naquela ilha. Tal doutrina influenciou fortemente o grupo The Waillers, do qual fazia parte Bob Marley. Este cantor jamaicano musicou quase que literalmente um discurso de Selassie a ONU em 1968 na canção War (1976), onde critica o colonialismo e o racismo: “Until the philosophy which hold one race/ Superior and another inferior/ Is finally and permanently discredited and abandoned/ Everywhere is war, me say war”. 19

Bob Marley influenciou outros artistas negros ao redor do mundo, incluindo Gilberto Gil que no final dos anos 1970 começou a introduzir algumas influências de Reggae em sua estética sonora.

As guerras de libertação nos países africanos e a luta contra o apartheid da África do Sul também ecoaram na obra de Tim Maia que em 1976 gravou a canção Rodésia: Em Guiné-Bissau/ Não está legal/ Muito menos na Rodésia/ África do Sul/ Pegue o sangue azul/ Mande para as cucuias/ Só assim vão ver/ Que o preto é bom/Mas é valente também (...). 20 Maia cantou não só a África que “chega” no Brasil, mas o Brasil que “vai” à África.

Um pouco antes do álbum em que Rodésia foi lançada, o cantor Sebastião Rodrigues Maia lançou dois álbuns na chamada “fase racional”. Neste período, o artista era adepto da doutrina filosófico-religiosa “cultura racional”. No seu álbum Racional vol.2, o artista comemorava a difusão desta doutrina nos países africanos lusófonos: “Eu vim aqui para lhe dizer/ Eu vim aqui para lhe dizer/ Que eles agora estão /Numa relax/ Numa tranquila/ Numa boa (...) / Lendo os livros da Cultura Racional/Guiné Bissau/ Moçambique e Angola”. Interessante notar que após esta fase racional, Maia “desperta” para a situação dos países africanos e se “contradiz”: “Em Guiné Bissau/Não está legal”. 21


Retomando a análise do álbum África-Brasil, as referências ao “continente negro” aparecem também nas composições Cavaleiro do Cavalo Imaculado, onde São Jorge é alçado ao posto de “príncipe” de toda África; na canção que dá nome ao LP, onde se remete a ideia de realeza africana contando a história de uma princesa africana que foi vendida no Brasil como escrava e anunciando a chegada de Zumbi como um Deus redentor; e Ponta de lança africano (Umbabarauma). Sobre a última, Jorge declarou no documentário de 2010 de onde veio à inspiração para esta canção:

Morei na França. Ficava entre França e Inglaterra. Eu e meu primeiro grupo, o Admiral Jorge V, e foi a primeira vez que vi esse jogador, negro, Umbabarauma. (...) E o ponta de lança é porque ele jogava com a Camisa 10. 22


Poderia ser dito de maneira simplista que o fato de Jorge Ben ser descendente de Etíopes enseja nesta evocação de uma ancestralidade africana. Entretanto, o mais indicado seria dizer que este indivíduo escolhe reverenciar e valorizar suas heranças africanas. Mesmo dizendo que tem também ancestrais europeus, o artista pouco fala sobre isso. Escolhe, por exemplo, ao morar na Europa e assistir as disputas entre times europeus, homenagear o jogador africano em vez de quaisquer outros jogadores, que certamente em sua maioria eram europeus. Esta evocação é um ponto determinante na elaboração da sua identidade enquanto sujeito negro. E este processo não é isolado, pois diversos outros artistas no Brasil e no mundo, neste período fazem esta evocação. A África foi, é e continua sendo usada como um “banco de dados” (SANSONE: 2002) de forma criativa e é uma força central para a cultura produzida por sujeitos negros ao redor do mundo.

Cabem aqui algumas considerações sobre identidade. Para Ulpiano Menezes identidade deriva do radical grego idios que faz referência a “si próprio”, “privado” (MENEZES: 1993, 208). Assim, a identidade enseja “semelhanças consigo mesmo”, sendo mais um processo de reconhecimento que de conhecimento. Segundo Frederick Barth, para que exista a semelhança é necessário que exista a diferença e por isto a identidade é dada pelo contraste (BARTH apud MENEZES: 1993, 209). É importante também demarcar que a identidade não é algo estático, pelo contrário, é dinâmico. Está sempre em transformação, como nos lembra Stuart Hall: a identidade cultural deve ser pensada como uma “produção” que nunca se completa, que está sempre em construção(HALL: 1996, 68). E que se constrói a partir de referenciais coletivos, baseadas na história comum e nos padrões de cultura partilhados. Esta operação de busca do passado ou de o “redescobrir”, em geral tende a ter um quadro referencial pouco refratário a mudanças, desta forma sujeitos como Jorge Ben tendem a buscar o passado grandioso do Império Etíope. E também a louvar modelos idealizados do que seriam os africanos, como a construção que Jorge faz de Zumbi ou até mesmo do ligeiramente africanizado São Jorge, caracterizado como “Leão do Império/Príncipe de toda África”.


Ainda segundo Hall, as identidades não são uma simples operação de “recuperar o passado” a fim de garantir uma percepção do grupo acerca de si mesmo, mas, sobretudo, são os nomes que o indivíduo ou o grupo dão as posições que tomam frente às narrativas do passado (HALL: 1996, 68). Este passado vai sendo reconstruído atendendo as necessidades do presente, assim quando Jorge reverencia e valoriza a sua ascendência etíope, é uma posição política de afirmar a sua identidade com um sujeito negro orgulhoso de um passado nobre e valoroso.

Retomando a questão do quadro de referenciais fixos, proposto por Hall, grosso modo, se construiu uma visão de as culturas negras de origem africana, tem algumas características comuns. Por exemplo, o músico negro Paulinho da Viola em entrevista ao Pasquim em 1970, ressalta que a música negra teria como características o ritmo e o improviso. Por isso Jorge Ben aciona esta ideia quando tenta explicar o porquê foi convidado a se apresentar na Argélia. Porque seu violão é “rítmico”, “percussivo”, diz o artista. Sua caracterização de Zumbi é também informada pela visão idealizada do que seria o homem africano ou afrodescendente: guerreiro, bravo. A África cantada por este artista é também uma idealização. É a Etiópia de sua mãe e de Haile Selassie. Uma terra de nobreza. É importante notar que diferente de Tim Maia ou de Bob Marley, Ben não costumava articular imagens das guerras contra o colonialismo ou das guerras civis. Esta construção é eminentemente política como toda identidade o é. E seus objetivos são a valorização de uma estética e de uma autoestima negras.


Citações:

Alexandre Reis - Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Bolsista CAPES.
2 Até 1984, este músico usava o nome artístico Jorge Ben. E pretendo usar este nome por conta do recorte da dissertação. Eu quero ver quando Zumbi chegar: política, identidade e relações raciais na obra de Jorge Ben (1963-1976). O trabalho atual é uma versão adaptada do capítulo IV da referida dissertação.
3 África-Brasil. 1976. Philips.
4 Parte da letra da canção: Umbabarauma homem-gol (...) /Umbabarauma homem-gol/Joga bola, joga bola Corocondô/ (...) Essa é a história de Umbabarauma/ Um ponta de lance africano/ Um ponta de lance decidido/ Umbabarauma.
5 UMBABARAUMA: o documentário. Direção: Felipe Briso. NSW. 2010(15 min). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Ryz0FLoMXbo. Consulta em 02 de novembro de 2013.
6 “Tel us not just what people did, but what they wanted to do, what they believe they are doing, and they now they did”. Tradução livre minha. Preferi usar a expressão “deslocamento de memória” a “ucronia” que o autor usa especificamente para casos em que a memória muda o sentido original do fato ocorrido. No caso de Jorge só mudou a data e não o sentido. PORTELLI. 1991. Pg. 50.
7 O Globo. Segundo caderno. Pg. 06. 1985.
8 O Globo. 13/03/1974. Segundo Caderno. Pg.06.
9 Revista Veja nº 70. 07/01/1970. Pg. 65.
10 Revista do Rádio. Ed. 732. 1963.
11 Revista do Rádio. Ed. 732. 1963.
12 Revista Trip nº 183. 2009. Disponível em http://revistatrip.uol.com.br/revista/183/paginas-negras/o-homempatropi.
html. Consulta em 02 de maio de 2013.
13 Entrevista de Jorge Ben Jor no Programa Roda Viva (18/12/1995). TV Cultura.
14 Folha de S. Paulo. 24/05/1971. Pg. 02; O Globo. Caderno: “Em todo Globo”. Pg. 01.
15 Marcus Garvey pregava também o retorno da diáspora e, por conseguinte, voltar à África chegando a fundar uma companhia marítima para este fim. Até hoje alguns dos pilares do rastafarianismo são o culto a Selassie e volta à terra dos ancestrais. LOPES, Nei. 2006. Pg. 295.
16 Jornal do Brasil.30/081969. Primeiro caderno. Pg. 02.
17 Provavelmente este “mito“ se originou no fato de Jorge homenagear sua mãe dizendo que ela seria filha denobres africanos na canção Criola (1969). UMBABARAUMA – o documentário... Op. cit. 2010.
18 Não vou aprofundar essa análise porque esta canção é dos anos 1990.
19 “Até que a filosofia que sustenta uma raça/ Superior e outra inferior/ Seja finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada /Haverá guerra, eu digo guerra/”. Tradução livre minha.
20 Rodésia do álbum Tim Maia. Polydor Records. 1976.
21 Do álbum Racional. Vol. 2. Seroma. 1976.
22 Umbabarauma: o documentário. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=Ryz0FLoMXbo. Consulta em 24 de fevereiro de 2014.


Bibliografia:

BARTH, Frederick. Los grupos étnicos y sus fronteras México: Fondo de 1968. Cultura Econômica apud Ulpiano. A problemática da identidade cultural nos museus: de objetivo (de ação) a objeto (de conhecimento). Anais do Museu Paulista. SP, USP, n.1, 1993. p.p. 207-222

GILROY, Paul. O atlântico negro. Rio de Janeiro, Editora 34. 2001.

GUILLÉN, Izabel. Ancestralidade e oralidade nos movimentos negros de Pernambuco. Comunicação apresentada no XXVII Simpósio Nacional de História. Julho de 2013. Disponível em http://snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364666404_ARQUIVO_Ancestralidadeeoralidadeanpuh.pdf. Consulta em 06 de novembro de 2013.

HALL, Stuart. Identidade Cultural e Diáspora. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n.24, p.68-75, 1996.

LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora africana. São Paulo. Selo Negro. 2006.

MENESES, Ulpiano. A problemática da identidade cultural nos museus: de objetivo (de ação) a objeto (de conhecimento). Anais do Museu Paulista. SP, USP, n.1, 1993. p.p. 207-222

PORTELLI, Alessandro. “The best garbage man in town: life and times of Valtero Pepollono, worker” In: The death of Luigi Trastulli and others stories: form and meaning in oral history. 

Albany: State University of New York Press. 1991.

SANSONE, Lívio. Da África ao Afro: uso e abuso da África entre os intelectuais e na cultura popular brasileira durante o século XX. Revista Afro-Ásia n°27(2002).
Leia também: “EU QUERO VER QUANDO ZUMBI CHEGAR” - Negritude, política e relações raciais na obra de Jorge Ben (1963-1976).



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segunda-feira, 30 de maio de 2016

NIGERIA FIRE AT AFRO BEAT KING FELA'S: KALAKUTA REPUBLIC ON FIRE (ENGLISH EDITION) - FUBARA DAVID-WEST & MARI AYI-ABU




Liberdade, democracia, direitos humanos: esses são os valores que definem o mundo moderno. Eles também são cada vez mais consideradas como elementos vitais para o funcionamento de Estados democráticos.


Mesmo Estados não democráticos, como a China, têm dificuldade em desconsiderar os valores fundamentais, e como eles abraçam o comércio internacional e os mercados globais. Muitos Estados africanos também lutam poderosamente, para institucionalizar esses valores. Em muitos aspectos, o problema constante de conflito político, e da desordem que vemos em muitos países africanos se destacam em diferentes graus, falhando na institucionalização da liberdade, da democracia e dos direitos humanos na África. Nós vemos as consequências devastadoras em lugares como o Sudão e Mali, por exemplo. Celebridades chegam a qualquer momento, como Bono do U2 e os atores internacionais, assim como os Estados Unidos e as Nações Unidas na corrida, na ajuda às populações africanas em enfrentar a crise, somos lembrados de que essas histórias são importantes para toda a comunidade internacional. É por isso que aqueles africanos, que defendem esses valores, deve ser reconhecidos e celebrados, da mesma forma que o mundo ocidental comemorou dissidentes na extinta União Soviética.


Estamos todos familiarizados com a história do grande líder Sul Africano, Nelson Mandela e sua luta vitoriosa contra o apartheid. Estamos menos familiarizados com as lutas de quem devemos considerar como os Solzhenitsyns* da África, que estão sempre a um passo de ser esmagados pela política dos despóticos de seus países.

*Menção ao escritor, romancista e historiador Alexander Soljenísin, que publicou diversos livros, nos quais falava sobre a guerra, política, e de como algumas pessoas se sobrepujavam as outras através do poder do Estado. Uma de suas obras mais famosas são relacionadas aos Gulags. Gulags eram os campos de concentração e trabalho forçado na União Soviética, onde Soljenísin passou alguns anos por ter se oposto ao regime de Stálin.

Uma dessas pessoas na Nigéria, foi o falecido Fela Anikulapo-Kuti. Fela era um gigante da cena musical na África. Ele também foi um ativista político, e uma pedra no sapato do despotismo na Nigéria. O músico, que foi celebrado na produção da Broadway de 2009, pelo rapper e megastar Jay-Z, foi em muitos aspectos Solzhenitsyn da Nigéria. Ele também era um amigo meu.

A história aqui apresentada destaca o alto preço que o músico teve que pagar, por se levantar ao despotismo, que apesar de seu estilo de vida colorido também foi relevante. É a história de uma invasão policial-militar na residência do músico, que ele chamou República Kalakuta. Até o final do ataque, o lugar estava em chamas. Fela, e muitos membros de sua banda, a The Africa '70 foram detidos. Seu Santuário África, onde encenou performances regulares na capital nigeriana, em seguida, Lagos foi isolada por soldados.

No entanto, Fela recusou-se a se tornar um dos homens mortos, que o laureado com o Nobel, Wole Soyinka descreveu em seu livro de 1973; "The Man Died". Penso que a sua capacidade de sobreviver e prosperar foi uma prova para a sobrevivência inevitável da sociedade, mesmo quando está sob ataque direto pelo despotismo. Foi também um testemunho do valor profundo das artes como uma linguagem universal de formas, emoção e inteligência.



REVIEW DO FYADUB: 

Se esperar comprar um livro sobre a história musical de Fela Kuti, esse não é o livro, busque pelo Fela: This Bitch of a Life. O livro é muito bem escrito, a narrativa é ótima e mesmo em inglês não é cansativo em momento algum. Se estiver disposto, em pouco menos de uma semana consegue ler o livro todo.

Além do preço ser extremamente atrativo por menos de R$ 9.00. 

Ele narra de forma muito particular - pela visão de Mari Ayi-Abu, os acontecimentos políticos, da postura política de Fela e de quem estava próximo a ele. E de forma detalhada a perseguição do Estado a aqueles que se opunham a ele na época.

Apesar da leitura muito agradável, o livro tem uma formatação muito ruim no Kindle, o que dependendo da sua exigência na formatação do texto, pode não te agradar na leitura das primeiras páginas no visor, e se o assunto não te cativar é possível que abandone a leitura e passe para o próximo livro. A formatação não deprecia a obra do autor e as experiências que ele narra, mas afeta a experiência do leitor.


Nigeria Fire at Afro Beat King Fela's: Kalakuta Republic on Fire (English Edition)
Formato: eBook Kindle
Tamanho do arquivo: 709 KB
Número de páginas: 327 páginas
Editora: Fubara T. David-West (21 de abril de 2014)
Vendido por: Amazon Servicos de Varejo do Brasil Ltda
Idioma: Inglês
ASIN: B00JVA1XDI
Leitura de texto: Habilitado
X-Ray: Não habilitado
Dicas de vocabulário: Habilitado
Configuração de fonte: Habilitado
Avaliação:








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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

27/11/2010 - Z'AFRICANA COM PARTICIPAÇÃO ESPECIAL SOMBRA


“Z’ÁFRICANA”. é um projeto mensal do Z'África Brasil 

Terá sempre um show mensal do Z’África Brasil com a banda a Zafricanos, sempre com convidados especiais e repertório diferenciado.

Além de tudo isso a festa será sempre uma homenagem para um pais do continente africano. 

Uma verdadeira celebração com muito axé!

Na Toca discos terá muito Ragga, Afro Beat,Reggea,Samba,Samba Rock,Dub , Dubstep alem de muito Rap.

Participação Especial:
Sombra

DJS da Noite de Inauguração:
*Ras Wellington [fyadub]
*Zulusouljah
*Eduardo Brechó

País Homenageado:
Senegal

Acontecerá todo ultimo sábado de cada mês no Espaço Zé Presidente

NOME NA LISTA MANDADO PELO EMAIL PAGA 10 Reais - zafricabrasil@gmail.com

Servico
Local: Espaço Zé Presidente
Rua Cardeal Arcoverde, 1545 – Pinheiros - São Paulo – SP
Horário inicio festa: das 22h00min
Horário show: 1h00min
Horário termino da festa: 05h00min
Entrada:
10 Reais antes da 1:00 Horas
15 Reais depois da uma até 2:00 Horas
20 Reais depois das 2:00 Horas

domingo, 3 de outubro de 2010

PODCASTING FYADUB #6 FEAT. MZK

Nesse sexto podcast o convidado é o dj MZK, um dos melhores e mais ativos dj's da noite paulista. Com certeza, hoje uma das principais referencias de afrobeat, jazz latino e africano. MZK nos deu uma entrevista e cuidou com carinho de toda a produção musical do programa. Um set memorável que com certeza vai ser um dos melhores de todos os nossos podcasts, dos já feitos e os que virão. Enjoy!!!!!


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