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terça-feira, 15 de maio de 2012

RASCLAAT - AONDE O ELO ESTÁ PERDIDO?

Kool Herc, Coxsone Dodd e U Roy
RASCLAAT - AONDE O ELO ESTÁ PERDIDO?

Lendo a matéria no site da Trip publicado sobre as origens do Hip Hop e a Jamaica, existem diversas lacunas no texto que não fazem jus a história por completo. 

Existem inúmeros historiadores a respeito e muitos desses vivem no Brasil que podem explicar a origem do Hip Hop e as influências da jamaica, pessoas como King Nino Brown (fundador da Zulu Nation Brasil), Peter Muhamad (remanescente de um dos primeiros grupos de hip hop nacional a ter uma influência real no flow em suas letras que hoje vive em UK), e eu que pesquiso e agrupo material desde 1990 sobre a história do Hip Hop e o Reggae. Sem falar sobre grupos que palestram sobre essa influência como o Z'Africa Brasil.

Primeiramente a influência é inversa, é da música dos EUA sobre a música jamaicana e não da jamaicana na música dos EUA. Lost Poets já era um grupo formado e dentre seus integrantes estava Gil Scott Heron, o primeiro a literalmente declarar poesia sobre um ritmo, o originador do termo RAP (rythm and poetry) e não por influência dos toasters jamaicanos do principio como Count Machucki, King Stitt <<< estes foram da época que o Reggae nem mesmo existia e faziam apresentações com os sounds tocando Blues, R&B e Soul americano e principalmente as orquestras de jazz (maior influência para Skatalites - Don Drummond fez diversas versões para obras do maestro Peres Prado por exemplo) que foi de onde surgiram seus primeiros registros. 

U Roy e tantos outros que faziam na verdade o que é chamado de "caco" (ou peps que seja) - era o que James Brown fazia também em diversas de suas músicas, colocando gritos e frases curtas nos espaços que cabiam fazer dentro da música. Nos primórdios o deejay jamaicano falava sobre os discos sem as partes melódicos dos vocais e dizia o nome da música, do seletor (dono do sound) e do próprio sound mas não era uma letra ou poesia em si, eram freestyles. O papel do deejay mudou consideralvelmente a partir dos 70 (U Roy gravou Version Galore em 1970) e vieram a fazer músicas por completo nas versões dub ou takes gravados inteiros para eles e a partir daí surgiram Dennis Alcapone, I Roy, afilhados como Dillinger, Trinity, Ranking Joe e por ae vai e esses vieram a ser considerados os primeiros mc's jamaicanos. Mas até ai já existia Lost Poets.

Em 1971 Aretha Franklin gravou a música "Rock Steady" literalmente um dos primeiros discos a ser chamado de break beat e foi acompanhada por um grupo de dançarinos que depois iriam formar o Rock Steady Crew, a semelhança entre a música chamada Rock Steady e uma das vertentes do reggae chamada de Rock Steady não é mera coincidência, Lee Perry já produzia funk com os Upsetters nessa mesma linha e na mesma época junto com diversos outros músicos.

A partir dos anos 70 os sistemas de som já ocupavam o Bronx em NY com as Black Panthers Party's que eram praticamente idênticas aos sistemas de som (sistemas de som esses que era usados para fazer manifestações e palestras) e junto a um grupo chamado The Black Messenger numa mesma linha dos Lost Poets de Gil Scott Heron. Em 1969 Kool Herc faz seu primeiro sound, ele se mudou para NY em 1967 e nasceu em 1955 - senão ele teria fundado o Hip Hop com 14 anos de idade. As primeiras festas vieram Coke La Rock (existem rumores que era jamaicano), e depois com Afrika Bambaat e Grandmaster Flash (que nasceu nas Bahamas) fundou o maior alicerce do Hip Hop que é a Zulu Nation em 1973 com princípios e pilares não só para a música, mas para toda uma comunidade e não se resumem em apenas 4 (rap, dj, break e graffiti). Em 1974 Lovebug Starsky criou o termo Hip Hop, ambos celebrados no dia 12 de Novembro de cada ano respectivamente.

Lloyd Barnes nunca foi um ícone ou menestrel do Hip Hop até porque não influenciou o Hip Hop em si, ele produzia reggae e o selo Wackies sempre foi um sêlo de Reggae, lançando pouquíssimo material que pudesse se tocar em festas de Hip Hop, dos poucos pode-se dizer (talvez) que o Hip Hop de Kool Herc e o ritmo (influenciado por Gil Scott Heron de Lost Poets) tenha influenciado na produção de Wack Rap que divide junto com Rappers Delight do Sugarhill Gang, King Tim III (Personality Jock) produzido pela Fat Back Band (que é duvidoso também por não ser um grupo de Hip Hop), enfim todos foram lançados no mesmo ano e mesmo assim já existiam as mixtapes (fitas k7) gravadas ao vivo nas festas e em casa pelos mc's que já circulavam em NY, do Bronx ao Brooklyn. Dos primeiros a fazer essas fitinhas estão Dj Disco Wiz de Porto Rico que já usava diversos sons e efeitos e o primeiro produtor de um dubplate de Hip Hop já em 1977.

A produção do Wackies pode ser considerada mais um flerte com o Rap do que um ícone no Hip Hop por assim dizer. Nada tira seu valor, por ter sido produzido realmente por "born jamericans". Alguns dos deejays do selo Wackies eram remanescentes da ilha e posteriormente vieram a ser chamados como Jah Batta e Skatee que lançaram Style e Fashion isso já em 1988 que pegou um pouco da influência de Kool Herc (não o contrário novamente). Se Lloyd Barnes tivesse lançado algo mais nessa linha, poderia dizer que realmente foi ícone nos primórdios dos registros de Hip Hop, até então, não é. 

Lloyd Barnes foi uma influência na verdade na forma de gravar e utilizar um instrumental (chamado de versão no lado b dos singles e a partir do final dos 70 na jamaica chamado de Riddim). O Hip Hop veio a aprimorar esse formato de gravação rebatizando o uso de músicas de outros para fazer uma própria como sampler. Alguns dos maiores ícones descendentes diretos das ilhas do caribe são Kid Creole, Kangol Kid, Tito, Special Ed, Star (of The Star And Bucwild Show), Jazzy Joyce, Big Pun, Mad Lion, Trugoy (of De La Soul), Crazy Legs, Mr. Wiggles, Karl Kani, Mello Man Ace, Shakim Compere, Herbie “Love Bug” Azor e muitos outros. Esses caras não cresceram ouvindo o Gospel da Motown, suas raizes são realmente do Salsa, Meringue, Compas, Calypso, Reggae que posteriormente vieram a agregar no Hip Hop já nos 80 - esses sim, diferente de Lloyd Burnes foram caribenhos que agregaram no Hip Hop abraçando o movimento e a cultura. 

Existe um termo muito utilizado no Hip Hop que é o Cypher, observar todas as coisas num ângulo de 360 graus. Se a maior influência dos seletores/produtores e deejays da jamaica nos anos 40, 50 e 60 foi a música produzida nos EUA agregada a diversas orquestras em todo o Caribe, obviamente os interessados (e possibilitados) fariam a migração para ter mais acesso a cultura e a música produzida, e obviamente levariam a sua própria cultura que influenciaria toda uma geração a partir dos anos 70 e criariam raízes a partir daí. 

Já no final dos anos 70 e início anos 80 essa troca continuaria com a produção do dancehall e a influência novamente do contexto da música produzida nos EUA e por remanescentes do Hip Hop no reggae jamaicano. Diversas produções que já não mais seriam feitas com bandas, mas sim com programações a partir de baterias eletronicas e samplers (ai sim entra o sleng teng). KRS One (Boogie Down Productions) talvez seja o que mais deu vazão e exposição a esses descendentes jamaicanos e caribenhos apresentando Jamalski, o próprio Mad Lion e Born Jamericans (que já vieram para o Brasil) e participaram constantemente das produções, shows e eventos da Boogie Down Productions.

Por uma das frases iniciais do texto "A influência caribenha no hip hop é sempre mal explicada e até agora não há nenhum material que faça essa ponte de um jeito convincente. Novamente, até agora." <<< Digo que para fazer essa ponte existe a Zulu Nation, e a forma ideal de saber essa história é realmetne ler e saber direto da fonte por quem está vivo e consegue contar a História toda de forma adequada. Deixo o link do site da Zulu Nation que volto a dizer, deve ser a primeira fonte do que se deve ser lido para se escrever sobre o Hip Hop, sua origem e a influência da Jamaica e na Jamaica >>> www.zulunation.com

Isso é uma parte, a História por completo vai ser contada pelo Afrika Bambaata, Kool Herc e Grandmaster Flash quando resolverem fazer um livro inteiro sobre.

domingo, 10 de agosto de 2008

A HISTÓRIA DO HIP HOP



Kool Herc
As Sound System´s Jamaicanas na América



Na Jamaica, uma das culturas mais antigas de sua música é o Sound System, um sistema de som que consiste em grandes caixas de som, muitos discos, um deejay. Deejay esse é o nome dado ao mc na Jamaica, como na época os locures das rádios eram chamados de "dj" de disc jockey e esses mc's falavam no microfone os nomes das músicas, nos espaços entre um disco e outro e também faziam alguns "cacos" (improvisações) entre um verso e outro nas músicas. E o principal era muita gente na rua, se divertindo ao som dos discos compactos sete polegadas e comprando um bebendo, comendo e curtindo. Essa é a essência do Sound System em qualquer lugar do mundo.
Mas diferente do que muitos dizem (e pensam) nessa época não se tocava reggae e sim o Blues, R&B e Soul americano e ganhava o público quem tivesse mais discos vindos dos EUA. 

Um dos primeiros nomes a ficar em evidencia com as Sound System’s na Jamaica foram Clement Seymour “Sir Coxsone” Dodd (1932-2004) fundador da gravadora e estúdio Studio One e Duke Reid fundador do estúdio Treasure Isle e da gravadora Trojan, historicamente esses são os dois mais importantes sound systems e gravadoras jamaicanas. Coxsone e Duke Reid competiram por algum tempo fazendo “batalhas de sound systems”, os famosos sound clashs.

Muitos falam que Duke foi coroado o rei das sounds no final dos anos 50, duvidosa informação, comparar dois trabalhos de tanta qualidade e grandeza é um tanto complicado. Falaremos muito mais sobre esses dois ícones do sound system e do reggae logo mais, mas por agora falaremos sobre a herança que esses dois deixaram nos tempos de hoje como grandes influências no formato das festas, o hip hop.



Os primeiros MC’s (mestres de cerimônia) ou deejays com certeza foram Count Machuki, King Stitt que eram realmente Mestres de Cerimônia. Posteriormente vieram U Roy, I Roy, Early B, Welton Irie, Ranking Joe dentre outros, a técnica do Toasting é muito semelhante ao Freestyle no Hip Hop, nota-se pela métrica compassada na caixa e no contratempo da música. Um dos primeiros Jamaicanos a realmente tentar fazer a junção reggae e hip hop foi Shinehead no início dos anos 80, só que sem muito sucesso de vendas, talvez por ser uma música muito mais underground e de pouca assimilação no mercado Americano - devido ao patois, do que todo o restante do material lançado por eles.



Voltando a Jamaica, no inicio da década de 60, com a larga migração de jamaicanos para diversos países do novo e velho continente, como a Inglaterra principalmente, Alemanha, Estados Unidos, já era de se imaginar que toda a influência do ritmo e da cultura jamaicana migrasse também para esses lugares, com os discos, caixas de som e música, muita música com o volume bem alto.



E como nada se cria do vazio, do nada, e sempre tem alguém que começa a brincadeira, segue abaixo uma pequena biografia do cara que trouxe a sound system de volta para os Estados Unidos, e gerou uma nova Cultura que mudaria o rumo e a vida de muita gente chamada Hip Hop;



Kool Herc

DJ KOOL HERC... batizado como Clive Campbel, se mudou da Jamaica em 1967 com 12 anos de idade, se alojou no Bronx em New York. Seis anos depois, em 1973 sua irmã lhe perguntou se não queria tocar como DJ em uma festa de aniversario num lugar chamado Twillight Zone. Esta foi à primeira festa dele. Herc era o cara que fazia a parte do deejay Jamaicano, o toasting, falando e rimando sobre os instrumentais dos discos, e se tornou famoso por fazer isso no Bronx. Ficou conhecido por ter o maior sound system móvel em New York. Ele pegou um trecho de uma música de James Brown “Give it u por turn it loose” e complementou com “Hip Hop and don’t stop” e com coisas do gênero, daí saiu o termo Hip Hop. Herc foi o primeiro (após Pete DJ Jones) a colocar duas cópias do mesmo disco e manipular as duas, fazendo com que a batida tocasse continuamente. Juntamente com Klark Kent, Coke La Rock e Timmy Tim (The Herculords), Herc tocou em lugares como The Pal, Celeb CLub, Stardust Ballroom, Hoe Ave Boys Club, Harlem World e Black Door, lugares de alto prestigio na época. Ele é parte da trindade do Hip Hop, juntamente com África Bambaata e Grandmaster Flash. Sua voz foi gravada pela primeira vez na música Wack Rap pelo selo Wackies de Lloyd Burnes em 1979, e fez uma aparição cantando no disco do Terminator X “Godfathers of Threatt”. Herc também teve uma pequena participação no filme Beat Street. Ele pode ser visto na capa do disco do Executioners, “Built From Scratch” com D.ST & Theodore.

As Block Party´s



No início dos anos 70 se deu início as Block Party’s*, famosas festas de quarteirão que surgiram com o mesmo intuito das sounds system’s jamaicanas, mas com um algo a mais, os Black Panthers usavam essas festas para atrair pessoas nos bairros pobres e aproveitavam para fazer palestras e manifestos antes dos dj's. 

O esquema era fechar uma rua e colocar um sistema de som pra tocar até de manhã, puxavam a luz de um poste numa “gambiarra” direta e reuniam todos do bairro, a única diferença é que não se tocava o reggae jamaicano, tocava-se Funk (quando cito o Funk falo de James Brown, George Clinton, Bootsy Collins entre outros), Jazz, Soul, o Break Beat. 


Um adendo, a métrica dos mc's e o termo RAP não veio da Jamaica, um grupo afrocêntrico de NY chamado The Last Poets (que incluia Gil Scott-Heron) foram os pais da poesia sobre o ritmo. Eram um grupo de percussão e a poesia era realmente de protesto social e critica sobre o ostracismo da comunidade negra numa época em que o racismo e a política contra os negros crescia absurdamente nos EUA. 

Em pouco tempo já se usava dois toca discos, e o MC já era figura central nas festas, os DJ’s* já tinham uma técnica bem diferente dos Selectas jamaicanos, utilizavam dois discos, fazendo Back to Back, Scratchs e Cuts, mantinham uma frase da música repetidamente enquanto o MC agitava o povo rimando. Com o passar do tempo se criaram Crews, pessoas que se juntavam para fazer as batalhas de rimas, Crews de B.Boys disputavam qual a que tinha a melhor performance na noite.



Muito disso pode ser visto em alguns vídeos como o Zulu Nation, Wild Style entre outros, este último um clássico que mostra todos os elementos do Hip Hop.



Hoje, existe um evento muito importante nos Estados Unidos, o Black August, que relembra muito as origens do Hip Hop. Músicos com letras muito mais conscientes e inteligentes, e menos ostentação como muitos fazem no RAP hoje em dia.



*Dj é a denominação de selectah nos Estados Unidos, por incrível que pareça, os americanos substituíram o nome de selectah devido aos Disc Jockeys da rádio, sim, aqueles que colocavam os discos na rádio se tornaram djs, de certa forma há considerável semelhança. Hoje Dj se tornou uma denominação para a pessoa que tem mais técnica no manuseio do vinil nos toca discos, e se denomina selectah aquele que escolhe as músicas que serão tocadas no sound system, necessariamente em alguns casos o selectah não é quem toca os discos, é quem escolhe realmente.


Os Elementos



A cultura Hip Hop é responsável por varias formas de expressões artísticas, que são chamados de Elementos, o MC que faz o rap, o Grafiteiro que faz a parte gráfica, o DJ que toca a música, e a Dança que tem suas variações nas formas do Breaking, Up-Rocking, Popping, e Locking, e o 5º Elemento que faz com que todos os outros fiquem juntos, o Conhecimento.



Alguns outros elementos também fazem parte do Hip Hop, mas não são tão reconhecidos pelos que não tem tanto apego à Cultura; o Beat Box, as roupas, o comportamento, o empreenderismo... Com o passar do tempo o rap se tornou uma coisa um tanto prejudicial à Cultura Hip Hop, já que alguns segregaram o restante dos elementos, donos de gravadora, rappers que ostentam dinheiro, mulheres e mansões ficaram em primeiro plano no cenário da música, excluindo boa parte do trabalho social e cultural que acontece no Hip Hop. Já que a intenção é falar do hip hop em si, e não para onde e como ele vai seguir daqui pra frente, não vou me estender muito para não falar muito mal da cena rap, tanto sobre os rappers americanos, europeus, e alguns brasileiros também. Termino esse texto com uma frase do Templo do HIP HOP.



Rap é uma coisa que você faz, Hip Hop é uma coisa que você vive.

Por

Ras Wellington - underground_roots@yahoo.com.br





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