Mostrando postagens com marcador Reggae. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Reggae. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 16 de julho de 2021

JUNIOR DREAD & DUB KAZMAN - EQUALITY (LP) - PRÉ VENDA

Dub do futuro... Hoje é dia de ofertar a pré venda do LP ‘Equality’ do Junior Dread e Dub Kazman / Rough Signal Records JPN. Fechamos no lojinha o mesmo valor do vinil vendido no Japão e Europa (£21.00), convertidos em reais R$ 170,90. Esse valor é o de Pré Venda. A quantidade de cópias é limitada e não tem reserva. O valor pode ser parcelado em até 6x sem juros no lojinha. Qualquer dúvida só falar com a gente. A prévia de entrega é até 15.10.2021. Dúvidas entre em contato.  

🔘 Junior Dread & Dub Kazman – Equality (LP) – Pré Venda  

- https://fyashop.com.br/junior-dread-equality-lp



Outros títulos do Junior Dread no lojinha:


🔘 Junior Dread - No War (10")

- https://bit.ly/3wVbIjR


🔘 Junior Dread - Saiba Viver: Vocals and Instrumentals (AIF)

- https://bit.ly/3zOa4Ct


🔘 Junior Dread - Vocal Pack 1 (AIF)

- https://bit.ly/3jejMbh


🔘 Junior Dread - Vocal Pack 2 (AIF)

- https://bit.ly/3qok40N


🔘 Junior Dread - Vocal Pack 3 (AIF)

- https://bit.ly/3zOafh7


💥 Lista de novidades em estoque no lojinha do mês de maio no link: https://bit.ly/3h3Fm0D 


💥 Visite: www.fyadub.org / www.fyashop.com.br  


💥 Frete grátis nas compras acima de R$ 250,00


💥 Todos os títulos em até 6x sem juros.


💥 Ofertas válidas por 5 dias. 


💥 Obrigatório o cadastro no lojinha com os dados de envio: cadastre-se no link: https://bit.ly/3q9TJn6  


💥 Quer entrar em contato; use a página https://bit.ly/3gEhnoE, ou https://www.facebook.com/fyadub.fyashop para mensagem inbox, ou WhatsApp 11 99984.4213, ou e mail contato@fyashop.com.br 



sexta-feira, 11 de junho de 2021

JIMMY CLIFF: AN UNAUTHORIZED BIOGRAPHY - CAPA COMUM (PRÉ VENDA)

Jimmy Cliff: An Unauthorized Biography Capa comum – Ilustrado, 15 novembro 2011 -  https://fyashop.com.br/Jimmy-Cliff-An-Unauthorized-Biography-David-Katz-Capa-Comum

Um dos intérpretes mais prolíficos e inovadores da Jamaica e recém-nomeado para o Rock and Roll Hall of Fame, Jimmy Cliff foi aclamado como o primeiro verdadeiro superastro da música jamaicana. Como um cantor e compositor de talento único, ele é um dos primeiros artistas responsáveis por disseminar a música reggae para um público global. Com mais de 25 álbuns de estúdio em seu nome, Cliff é o único músico vivo a possuir a Ordem do Mérito por suas contribuições à cultura jamaicana. Mas o caminho para a aclamação internacional não tem sido simples. Nascido James Chambers em uma cidade subdesenvolvida do interior perto da costa norte da Jamaica, Cliff lutou contra a pobreza, a controvérsia e o preconceito. Seu papel principal como Ivan no filme inovador ‘The Harder They Come’ se baseou em aspectos das próprias experiências juvenis de Jimmy. Escrito por um dos mais importantes escritores do reggae, David Katz. 


💥 Visite: www.fyadub.org / www.fyashop.com.br


💥 Frete grátis nas compras acima de R$ 250,00


💥 Todos os títulos em até 6x sem juros.


💥 Oferta válida por 5 dias. 


💥 Obrigatório o cadastro no lojinha com os dados de envio: cadastre-se no link: https://fyashop.com.br/index.php?route=account/register


💥 Quer entrar em contato; use a página https://fyashop.com.br/index.php?route=information/contact, ou https://www.facebook.com/fyadub.fyashop para mensagem inbox, ou WhatsApp 11 99984.4213, ou e mail contato@fyashop.com.br


quarta-feira, 9 de junho de 2021

O MUNDO É RÁPIDO, MAS BAD BRAINS É MAIS RÁPIDO

 A lendária banda de hardcore (de Washington) D.C. correu à frente de seu tempo, e ainda estamos nos atualizando

(Foto por Glen E. Friedman e ilustração por Tayler Ayers)

ELETROCUÇÃO, CONVULSÃO, POSSESSÃO, todas as opções acima, todas de uma vez. É assim que parece, mas não é. É H.R., vocalista do Bad Brains, liderando sua intocável banda punk de hardcore em um baile de três noites no CBGB de Nova York em dezembro de 1982, durante o qual várias forças parecem estar guiando seu corpo: correntes elétricas, falhas de ignição neurais, espíritos sagrados. Mas há apenas uma força em ação aqui, a música, e ele a está canalizando por toda a sua forma física até que o abandono total (da consciência) e a autoconsciência completa pareçam se unir. É isso que é liberdade?

Tudo isso acontece dentro dos 60 minutos de "Bad Brains Live at CBGB 1982", que não é realmente reproduzido como um filme de show, mas como evidência de uma câmera de vídeo de um evento sobrenatural repetido três vezes em 72 horas. Precisamos de uma filmagem como essa. Caso contrário, podemos não acreditar totalmente nas testemunhas que ainda descrevem o Bad Brains como a melhor banda ao vivo que já visitou nosso plano (terrestre).

Dito isso, provavelmente não rejeitaríamos os crentes como o tipo de pessoa que viu a Virgem Maria em seu brinde. Isso porque os dois álbuns indomáveis ​​que o Bad Brains lançou nesta época - uma estreia homônima de 1982 e 1983 com "Rock For Light", ambos reeditados este ano junto com a maior parte da produção dos anos 80 da banda - estão repletos de hinos de velocidade estimulante, sutileza secreta, propósito profundo e otimismo imutável. O mundo acelerou nas últimas quatro décadas, mas essa música ainda parece rápida. Em tempos cada vez mais hiperbólicos, permanece extraordinário.

E daqueles que tiveram a sorte de tê-lo lançado no ar entre 1979 e 1983, o depoimento é praticamente unânime. “Eu nunca tinha visto nada parecido com eles”, disse Denise Mercedes, guitarrista dos Stimulators, descrevendo seu primeiro show do Bad Brains nas páginas de “NYHC”, a história oral de Tony Rettman sobre o hardcore de Nova York. “No momento em que eles tocaram, foi como uma bomba explodindo. Foi mais alto, foi mais rápido.”

Então, uma explosão? Isso pode descrever o poder cinético do Bad Brains como uma sensação física, mas não explica totalmente o significado da música. E por mais detonante que suas músicas parecessem, esta banda não estava destruindo nada. Em vez disso, eles estavam inventando um som poderoso que aderia ao seu credo fundamental de "atitude mental positiva", um conceito que o H.R. havia pegado emprestado do popular tratado de autoajuda de 1937 "Think And Grow Rich" (livro de Napoleon Hill, aqui no Brasil chamado 'Pense e Enriqueça'). A defesa do grupo por essa mentalidade, abreviada nas letras de H.R. como "P.M.A." (Positive Mental Attitude), registrou um contraste brilhante com a melancolia niilista que obscureceu o início da era punk. Em vez de gritar com um apocalipse iminente, Bad Brains parecia estar abrindo caminho em direção ao que quer que pudesse vir depois.

Esses álbuns também estão repletos de outras contradições cósmicas. As canções soam furiosas e extáticas, as performances parecem cruas e precisas, e todas juntas, o que parece ser uma volatilidade derretida finalmente esfria em um ato sustentado de controle supremo. A única característica inequívoca do som do Bad Brains é a velocidade.

Bad Brains, cerca de 1981, foto a partir da esquerda: Dr. Know (Gary Miller),
H.R. (Paul Hudson), Earl Hudson (front) e Darryl Jenifer. (Glen E. Friedman do livro “My Rules”)

TEMPO É UMA COISA CONTÁVEL. É uma forma quantitativa de tentar entender os mistérios qualitativos da música. Mas com Bad Brains, a velocidade é algo em que você deve dedicar sua atenção, mesmo que você já tenha ouvido as músicas 500 vezes. Há uma generosidade não perecível para a música que se move tão rápido. E ela pode revelar novas informações cada vez que passar por ela.

Ainda assim, é fácil ficar atordoado com o simples feito físico disso. Imagine quatro atletas olímpicos correndo 100 metros em sincronia em direção a uma gravata de acabamento fotográfico para ouro e você está começando a ter uma imagem da telepatia cinestésica entre o guitarrista Gary “Dr. Know” Miller, o baixista Darryl Jenifer, o baterista Earl Hudson e seu irmão mais velho H.R. (nascido Paul Hudson). De acordo com a banda, Earl ditou o tempo, começando as músicas com uma simples contagem de quatro, mas em Bad Brains ninguém lidera, ninguém persegue, ninguém se apressa à frente, ninguém fica para trás. A velocidade se torna uma expressão da coletividade. Ou talvez até uma virtude.

Em termos de carreira, o quarteto não começou da maneira mais rápida. O Bad Brains foi formado em Washington no final dos anos 70, primeiro como Mind Power, um grupo de jazz fusion inspirado em Chick Corea e Mahavishnu Orchestra, mas acabou mudando de nome e visão depois de descobrir Sex Pistols and the Damned. Na esperança de combinar aqueles escárnios britânicos com o esplendor do reggae jamaicano, eles começaram a fazer um barulho sem precedentes que inspiraria o D.I.Y. etimólogico de Minor Threat e seus pares, rapidamente tornando Washington o epicentro do hardcore americano.

Quando Bad Brains se mudou para Nova York em 1981, eles deram o pontapé inicial na cena lá também, então passaram o resto da década se esquivando da fama. Um dos primeiros empresários da banda, Mo Sussman, vendeu o grupo para grandes gravadoras como os "Black Beatles", mas a banda já havia desenvolvido uma fobia de letras miúdas em contratos de gravação - especialmente HR, cujo comportamento inconstante, e prenunciou suas lutas posteriores com sua saúde mental. Mais tarde, nos anos 80, quando H.R. supostamente faltou a uma reunião com Chris Blackwell, o fundador da Island Records creditado pelo lançamento de Bob Marley e U2, parecia que Bad Brains permaneceria uma proposição intermitente.

Em 1981, a banda ainda estava de pé, pelo menos no palco. “A maneira como o mundo estava se movendo naquela época estava fazendo todos nós tocarmos mais rápido”, disse Daryl Jenifer, a virtuose mais discreta da banda, à revista Filter em 2007. “Nossa intenção era tocar rápido, mas não tão rápido quanto nos transformamos em tocar. Estávamos apenas acelerando com o tempo, o movimento de toda a cena.”

Capa do álbum dos Bad Brains de 1982 de nome homônimo. (Bad Brains)

Essa é uma maneira de sobreviver em um planeta que está girando muito rápido: ultrapasse ele. Você pode ouvir a banda vencendo a corrida em seu primeiro álbum autointitulado, algo que eles gravaram rápido e erraticamente durante a primavera, verão e outono de 1981 no 171-A, um estúdio de gravação de quatro canais e espaço para apresentações no Lower East Side de Manhattan, onde a banda às vezes vivia e ensaiava. Os resultados soam tão brilhantes, escaldantes e irrepetíveis quanto aquele relâmpago atingindo a cúpula do Capitólio desenhada na capa icônica do álbum. É o tipo de registro que forma uma dobra permanente em sua memória no momento em que você o encontra pela primeira vez.

Ouça pela 501ª vez e você ouvirá novas faíscas disparando também. Por exemplo, você já percebeu que os momentos mais torrenciais dos solos de guitarra do Dr. Know tendem a subir no braço da guitarra como uma tempestade ao contrário? Ou como, no final de uma explosão de palavras especialmente locomotiva, H.R. gosta de curvar sua última sílaba em um grito vertical? Agora ouça a seção rítmica e tente imaginar aquele traçado de 100 metros novamente, só que desta vez com uma inclinação de 45 graus. Velocidade é velocidade mais direção. Esta é a música da ascensão - um som que se eleva na direção de uma consciência superior.

H.R. do Bad Brains dando um backflip (salto mortal de costas) no palco no CBGB
em Manhattan, cerca de 1982. (Glen E. Friedman do livro “My Rules”)

PARECE UM ABSURDO que um livro como "Think And Grow Rich" teve qualquer tipo de influência formativa sobre uma cena punk em desenvolvimento, cética em relação ao capitalismo, espiritualidade e a noção de esperança em geral, mas tudo sobre Bad Brains parecia desafiar as probabilidades. Escrito durante a Grande Depressão pelo empresário fracassado Napoleon Hill, o livro oferece técnicas para acumular riqueza pessoal por meio do pensamento positivo, e seu sucesso como best-seller perene ajudou a estabelecer todo o conceito de autoajuda americana - uma indústria de otimismo que Barbara Ehrenreich meticulosamente desmascara em seu livro de 2009 "Bright-Sided: How Positive Thinking is Undermining America". Ehrenreich descreve "Pense e Enriqueça" como um dos "clássicos da auto-ilusão", projetado para "atrelar a mente subconsciente à ganância consciente".

H.R. supostamente se agarrou à ideia de "atitude mental positiva" por completo acidente, puxando o livro da estante de seu pai após uma discussão sobre a direção de sua vida. Em "Finding Joseph I", uma biografia de RH de 2017 por Howie Abrams e James Lathos, o cantor descreveu a ideologia permanente da banda como um turbilhão de auto aperfeiçoamento tenaz e clarividência desejosa: "Acho que a filosofia era ter algo positivo a dizer - ter algum tipo de mensagem profética que provaria às pessoas que poderíamos fazer algo melhor.

O que manteve Bad Brains ’P.M.A.' da evaporação para o woo-woo hardcore foi a capacidade da banda de moldar a realidade, de transpor seu otimismo em um som que literalmente comoveu as pessoas - incluindo HR, que ocasionalmente pontuava os gestos sonoros ininterruptos de seu colega de banda dando cambalhotas no palco, algo que ele primeiro praticou como um criança enquanto nadava no oceano. Essa fisicalidade se estendeu ao público também. Antes de se tornar ritualizado, o slam-dancing emergiu como uma resposta instintiva ao punk hardcore, e acredita-se que o termo “mosh” tenha se originado do Bad Brains falando em gíria reggae e dialeto jamaicano de cima do palco, pedindo à multidão para “misturar tudo” (mash it up).

Em todo aquele empurrão, uma espécie de otimismo do Fim dos Tempos (End Of Time) começou a se fomentar em torno dos Bad Brains. A banda tornou-se mais fervorosa em sua espiritualidade e adotou totalmente o rastafarianismo em 1982 com H.R. cantando sobre a queda da Babilônia, um conceito bíblico que se encaixava perfeitamente com a frase de condenação tão comum ao punk no início da era Reagan. Assim como ele adaptou o mantra da ganância pseudo-metafísica de Hill em um grito de guerra humanista subterrâneo, ele aprendeu a articular uma visão pacifista em um rosnado punk serrilhado. “Não queremos violência, não precisamos de guerras”, canta H.R. em “Rock for Light”, o flash de utopismo mais brilhante da banda. “Nós só queremos o que é certo: Rock para a luz.”

Em uma imagem-frame de quadro combinado, Bad Brains se apresenta no Rock Hotel
em Manhattan em julho de 1985. A partir da esquerda, Dr. Know (Gary Miller),
H.R. (Paul Hudson), Earl Hudson e Darryl Jenifer. (Ilustração fotográfica de Steven Hanner)

É ESTRANHO COMO USAMOS A PALAVRA "INTEMPORAL" para elogiar a música à qual nos sentimos mais leais - especialmente porque a música é uma arte temporal que depende do tempo para ser experimentada. E embora possa ser tentador pensar no som gravado como uma amostra reproduzível de tempo congelado, cientificamente, apenas a luz experimenta a verdadeira atemporalidade. Einstein nos ensinou que o tempo e o espaço são relativos: quanto mais perto você chegar de viajar pelo espaço à velocidade da luz, mais devagar o tempo se moverá - e na velocidade da luz, o tempo para. O físico matemático Roger Penrose tinha uma maneira simpática de colocar as coisas: “A eternidade não é grande coisa para um fóton”.

Capa do álbum do Bad Brains "Rock For Light". (Bad Brains)

Tente manter essas ideias em sua mente ao ouvir “Rock For Light”, um álbum no qual o produtor Ric Ocasek ajudou a levar o Bad Brains ainda mais perto da velocidade da luz ao acelerar as fitas enquanto remixava o álbum com Daryl Jenifer em 1991. As vésperas da reedição de “ Rock for Light”restaura as performances à sua velocidade original (mais lenta) e tom (mais baixo). Parece infinitamente melhor. (Talvez possamos perdoar um cara que chamou sua banda de 'Cars' (carros) por querer fazer uma coisa rápida ir mais rápido).

E na velocidade da vida, as ideias da banda atingiram com mais força, especialmente o refrão cósmico da faixa-título: 'Rock for light, rock for light, rock for light' (Rock para a luz). Neste momento, e em tantos outros, Bad Brains nos convida a ansiar por eles, a nos mover com eles, a correr ao lado deles enquanto eles aceleram para um reino de pura energia e liberdade total onde esta música pode viver para sempre e a eternidade não é um grande negócio.



Siga o Fyadub nas redes sociais: 

TONINHO CRESPO @ FYASHOP

Toninho Crespo


Hoje é aniversário do meu irmão saudoso
Toninho Crespo TC, fundador da banda Jualê e um dos meus professores no Reggae e no Panafricanismo aqui em São Paulo. São mais de 40 anos de trabalhos a música preta brasileira, no reggae, no samba (rock), no rap, no Brasil e mundo afora. Tocando e gravando em Cuba, e na Europa. Toninho passou uma temporada extensa no exterior. O álbum Jualê, homônimo ao nome da banda, é responsável junto ao produtor DJ Cuca e o também pelo saudoso produtor artístico Milton Sales pelo primeiro álbum a conter versões dub das músicas. Produção do início dos anos 1990 muito distante do reggae praieira ou dito 'cachoeira'. E hoje 100% da venda do álbum ‘Jualê’ é revertido ao musico.


🔝 Banda Jualê - Jualê (LP) por R$ 89,90 Valores pagando via PIX, TED ou DOC. >>> 100% do valor direcionado ao artista <<<

🔝 Para comprar em até 6x sem juros: https://fyashop.com.br/juale-juale-lp

🔝 Para ouvir: https://soundcloud.com/fyadub/sets/juale

PS. Sobre o primeiro Dub gravado no Brasil, esqueça aquele disco do Paralamas do Sucesso, porque aquilo é um instrumental para quem não sabe, dubs no mínimo tem delay e tem eco.


💥 Visite: www.fyadub.org / www.fyashop.com.br

💥 Frete grátis nas compras acima de R$ 250,00

💥 Todos os títulos em até 6x sem juros.

💥 Oferta válida por 5 dias.

💥 Obrigatório o cadastro no lojinha com os dados de envio: cadastre-se no link: https://fyashop.com.br/index.php?route=account/register

💥 Quer entrar em contato; use a página https://fyashop.com.br/index.php?route=information/contact, ou https://www.facebook.com/fyadub.fyashop para mensagem inbox, ou WhatsApp 11 99984.4213, ou e mail contato@fyashop.com.br



segunda-feira, 24 de maio de 2021

DJ KHALED FEZ HISTÓRIA COM O PRIMEIRO DUBPLATE DE UM MILHÃO DE DÓLARES

Da esquerda para direita: Bounty Killer, Capleton, DJ Khaled, Barrington Levy e Buju Banton.

Na sexta-feira, o DJ Khaled lançou seu álbum 'Khaled Khaled' cheio de colaborações junto com os primeiros visuais do álbum. Em um novo videoclipe lançado neste fim de semana, o rapper lançou uma homenagem verdejante ao lugar "Where You Come From" (De Onde Você Veio), o "You" (Você) sendo os artistas tops da música jamaicana como Buju Banton, Capleton e Bounty Killer, e o “onde” sendo a Jamaica. fluindo abundantemente através das vozes de Bounty Killer, Buju Banton, Capleton e um sample inteligente de Barrington Levy para a faixa "Where You Come From".

“Vamos ser CLAROS!” DJ Khaled tweetou. “Todos esses artistas NUNCA colaboraram em um álbum antes. Isso é HISTÓRIA. JAMAICA EU TE AMO. ”

Na cultura do sistema de som, isso seria chamado de “Four The Hard Way” (analogo a 'da maneira mais dificil) e embora tenha havido muitas das três formas difíceis em nossos tempos tocadas por muitos sons, a maioria deles não é preconcebida, eles são apenas encontros casuais de Artistas em Estúdios. A música reggae, como a maioria dos gêneros, geralmente fica com dois artistas diferentes em uma faixa, houve alguns duetos incríveis como Bob e Marcia ou Wayne Wonder e Buju que foram replicados por meio de dubplate para sons ao longo dos anos, três e quatro em uma música é um fenômeno moderno no reggae seguindo o modelo americano do Hip Hop.

O preço do dubplate há muito é uma questão controversa na cultura do sound clash, com os preços de alguns artistas mais do que dobrando em dez anos, à medida que os sistemas de som contemporâneos e os players de (sound) clash substituem o talento pela música ao custo do entretenimento, o preço dos dubs aumentou, impulsionado visualizações online no youtube pelo hype.

Se as afirmações de Khaled sobre essa música ser histórica por causa dos artistas nunca term feito uma colaboração juntos, é verdade, uma coisa que é histórica é que essa música é um dos plates mais caros da história do sistema de som junto com Jimmy Cliff e Super Cat.

Buju Banton cobra em média mais de US$ 1.000 (algo em torno de R$ 5.320,20 hoje) por seus dubplates, então como Capleton, Bounty Killer poderia cobrar seu preço justo normal sem sentir que estavam se enganando, vendendo-se por menos comparado a artistas cuja contribuição para a música é discutivelmente mais impactante do que a de Buju.


Por que o preço de Buju Banton é tão alto

Após a prisão de Buju Banton na América por drogas e sua subsequente sentença de dez anos de prisão, seu perfil mundial substancialmente aumentou. Desde seu lançamento em 2019, o nome verdadeiro de Banton, Mark Myre, causou pouco impacto real com sua nova música, exceto na cultura do sistema de som, com as vendas de seu primeiro álbum de estúdio em uma década, intitulado 'Upside Down', com vendas surpreendentemente baixas apenas 2.995 cópias em sua primeira semana, embora tenha estreado em segundo lugar na parada de álbuns de Reggae da Billboard (que combina streaming e vendas) em 8 de julho de 2020. Esses números são loucos considerando as cenas no estádio nacional da Jamaica quando Buju foi conduzido por uma multidão de fãs entusiasmados e impacientes no show profeticamente intitulado, A Long Walk to Freedom.


O show contou com mais de 35.000 pessoas de todo o mundo lotando o Jamaicas National Stadium Banton, de acordo com números fornecidos pela Royal Barbados Police Force (RBPF), a multidão ultrapassou 17.000 em Barbados

Se o alto preço de Buju está relacionado ao Grammy, ele recebeu uma edição que é apontada por Shabba Ranks como a razão pela qual ele deve cobrar mais do que todos os artistas que vivem na Jamaica, podemos matar essa teoria com o primeiro Grammy de reggae, que foi para Mykal Rose e ele não faz é cobrar as taxas exorbitantes que Myrie cobra, e ele foi o primeiro. Talvez Banton esteja recuperando o dinheiro que perdeu na prisão, ou o dinheiro que ganharia vendendo coca se nunca tivesse sido pego.


Barrington Levy, ele vai ganhar dinheiro também?

Com as partes de todos claras e definidas, o veterano Barrington Levy não foi designado para um verdadeiro papel de cantor, em vez disso, seu som característico foi relegado a um sample do lançamento de Levy em 1985, "Under Mi Sensi", fornecendo a base para os outros robustos jamaicanos abençoarem a pista.

Ao gravar esta música no dubplate, você terá que pagar a Levy por sua contribuição, não importa quão pequena seja, e você terá que pagar a ele seu dinheiro real em relação ao resto dos artistas, não sua contribuição com um mero participante. Pagar Buju, Capleton e Bounty Killer e usar um sample de Barrington Levy é equivalente a colocar caviar de beluga em um big mac - é um desperdício.

Eu entendo que muitos sons irão tomar o atalho para possuir esta música, assim como o que encontramos com Stephen Marley apresentando Sizzla e Capleton “Rock Stone” com muitos sons optando por apenas cortar os versos de Sizzla e Capleton omitindo Stephen Marley de sua própria faixa escolhendo usar o sample pré-gravado devido ao alto preço e a pouquíssima contribuição de Marley, e funciona até ouvir a versão com Stephen Marley chamando o nome dos sounds (systems).

Teria sido bom ver a primeira vez este dubplate tocar em uma festa se fosse nos anos 90, mas em 2021 ninguém dá a mínima para pagar um milhão de dólares jamaicanos por este dubplate, que nem mesmo conseguiu se tornar um estouro sonoro (viral) em notoriedade nas redes sociais, ainda.

O 'Eagle Force Sound' disse que Fadda Dus, o dono do 4X4 Exodus, tinha muitos dubplates de Capleton, Bounty Killer e Buju Banton e onde ele está agora



Outro usuário afirma que o primeiro som a gravar uma música dubplate é da América e como isso é verdade, não sabemos, mas sabemos que os americanos lideram agora os gastos com os europeus em segundo lugar, com Kosmik de Nova York detendo o título da maior parte do dinheiro gasto diretamente em cópias com o que parece ser um fluxo interminável de dinheiro, Kosmik gravou, virtualmente, praticamente todos os grandes artistas disponíveis, de Phil Collins a Jimmy Cliff.




segunda-feira, 10 de maio de 2021

O QUE HÁ POR TRÁS DO MITO BOB MARLEY

Quarenta anos depois de sua morte, o músico continua sendo a figura central do reggae e da Jamaica


Sabemos que Bob Marley (1945-1981) ainda se destaca entre as estrelas mais rentáveis. Sua colocação na parada de sucessos dos falecidos comercialmente ativos se explica por uma fama genuinamente global e pela atração de seu merchandising: qualquer produto que leve seu nome e sua imagem é vendável (e isso inclui de roupas a uma marca de maconha). Tudo o que gira ao redor de Bob Marley é desmesurado, incluindo sua biografia: por volta de 500 livros.

E ainda assim boa parte de sua lenda se baseia em fábulas e mal-entendidos. O que faz sentido no caso da Jamaica, onde —segundo o ditado local— “não encontrarão fatos, e sim versões” (entenda-se como uma alusão a uma das tantas invenções das gravadoras locais, que multiplicavam as versões de canções de sucesso, frequentemente a partir de uma mesma gravação). Geralmente, o que nos é contado de Marley requer correção e esclarecimento. Sua própria existência costuma ser representada como uma metáfora do colonialismo: um equívoco é dizer que seu pai era um oficial britânico branco que engravidou uma garota local. Mas, na verdade, Norval Marley era jamaicano de nascimento. Um engenheiro militarizado durante a II Guerra Mundial. Diziam ainda que Cedella Booker não foi uma mãe modelo, que não teria tomado conta o suficiente do garoto. Mas ela e o filho levaram uma vida dura. Antes de se casar com um norte-americano, manteve uma relação complicada com o pai de Bunny Wailer, futuro colega de seu filho no grupo The Wailers.

Bob precisava de todos os apoios possíveis. Na cruel hierarquia da época, sua pele era uma complicação: era chamado de “o menino alemão” e “o pequeno amarelo”. É impossível imaginar hoje a pobreza que Bob Marley conheceu. Sua viúva, Rita, lembra de dias em que precisava esconder sua nudez, enquanto a única roupa que tinha secava. E falamos de alguém que tinha certa reputação como músico. Uma ideia de seu desespero: emigrou aos Estados Unidos e trabalhou em fábricas da DuPont e Chrysler. A possibilidade de ser convocado para combater no Vietnã fez com que voltasse ao Caribe.

A indústria musical jamaicana tratou tão indignamente os The Wailers quanto o restante de seus artistas: foram enganados até mesmo por personagens hoje santificados, como o produtor Lee Perry. Em troca, tiveram inúmeras oportunidades de gravar, refletindo a desaceleração do ska ao rock steady e ao reggae. Uma coletânea não exaustiva, The complete Bob Marley & The Wailers 1967-1972, abarca 11 discos compactos, e isso porque termina antes de seu contrato com a Island Records.

Bob Marley diante de sua casa em Kingston, onde foi baleado em 1976. DAVID BURNETT

Abandonados em Londres por seu último “descobridor”, o vocalista texano Johnny Nash, os The Wailers se abrigaram sob a proteção de Chris Blackwell, inglês branco criado na Jamaica. Ainda que os puristas prefiram os crus discos anteriores, o fundador da Island concebeu a enorme audácia de encaminhar o grupo ao mercado contracultural, acrescentando sintetizador e guitarra rock às sessões jamaicanas. Não pechinchou em orçamentos e conseguiu álbuns brilhantes, lindamente encartados. Também é verdade que Blackwell rompeu os The Wailers, originalmente um trio vocal ao estilo dos The Impressions, para lançar Bob como solista. Uma jogada realizada com a cumplicidade de Marley, que se calou quando convenceram Bunny Wailer que deviam tocar no circuito gay norte-americano (à época um tabu entre os rastafáris) e que não acalmou o ego do terceiro membro, o sulfuroso Peter Tosh.

Também é exagero o mito de que Bob Marley era um Che Guevara de cabelo rastafári. Apesar das músicas de cunho social, por suas crenças, abominava a política, e só seu privilégio o fez mediar o confronto homicida entre os principais partidos da ilha, o JLP e o PNP; de fato, manifestava certa simpatia pelo direitista Edward Seaga [primeiro-ministro da Jamaica entre 1980 e 1989], que pelo menos mostrava sensibilidade musical. Sofreu um misterioso atentado, base do celebrado romance Breve história de sete assassinatos, de Marlon James.

Além de alguns gestos para a posteridade, Marley não era militante do black power. Pretendia se estabelecer como estrela internacional e, para isso, colaborava com executivos de gravadoras, publicitários, jornalistas brancos. Ele foi pessoalmente responsável por fazer com que muitos jornalistas de visita à Jamaica passassem ilesos no que, apesar do verniz turístico, era um país de (perdão) Terceiro Mundo, com um venenoso clima racial e uma violência brutal. Ainda está por ser feito o retrato de Marley como homem de negócios em escala jamaicana, empenhado em controlar os meios de produção com o Tuff Gong, estúdio e gravadora. Procurava ganhar o público negro, o que explica suas custosas aproximações à África e a humildade de tocar como abertura de grupos em certa decadência, como o Sly & the Family Stone e o The Commodores.

Sua prudência empresarial não foi suficiente quando ficou doente. Os preconceitos rastafári (contra a medicina tradicional) impediam que ele procurasse tratamentos sensatos para o melanoma, ainda que por fim tenha optado por duvidosas terapias alternativas. Os sábios locais davam conselhos inúteis: somente as mulheres que o cercavam se atreveram a cortar seus dreadlocks que o impediam de dormir quando estava doente. Os mesmos mentores o dissuadiram de fazer testamento, apesar de deixar várias mulheres, pelo menos 11 filhos e uma confusão contratual. Exércitos de advogados consumiram milhões de dólares em batalhas judiciais entre supostos herdeiros, administradores de seu legado e antigos sócios que almejavam uma fatia do bolo. Poucos ficaram contentes.





quinta-feira, 29 de abril de 2021

HAILE SELASSIE I NA JAMAICA EM 1966 :: UMA VISITA FUNDAMENTAL PARA O SURGIMENTO DO REGGAE


Em 21 de abril de 1966, Haile Selassie I (nascido Ras Tafari, isto é, príncipe Tafari), o último rei da Etiópia, fazia sua histórica e emblemática visita à Jamaica. Curiosamente, o rei africano chegava à ilha caribenha sem conhecer muito bem um movimento religioso afrocristão local, que o cultuava como a reencarnação de Jesus Cristo, ou até mesmo como a própria representação de Deus (Jeová, também chamado pela forma abreviada "JAH" ou "IAH", de "HalleluJAH").

Surgido em 1930 na Jamaica, o tal movimento chamava-se Rastafári, uma evidente referência ao nome de nascimento do monarca. A crença messiânica em torno de Haile Selassie I sustentava-se especialmente em torno de um fato: Selassie I seria descendente do antigo Rei Davi de Israel (século X a.C.).

De fato, o rei pertencia à Dinastia Salomônica etíope, linhagem cuja origem remete à Rainha de Sabá, da Etiópia, e ao Rei Salomão de Israel (filho do Rei Davi), fruto do famoso e luxurioso encontro entre os dois monarcas da Antiguidade. Tal encontro, que aconteceu no século X a.C., foi mencionado em 2 Crônicas 9, no Velho Testamento e, segundo a tradição monárquica etíope, a Rainha de Sabá teria retornado grávida à Etiópia, fato que deu início à Dinastia Salomônica etíope. Haile Selassie I, no sécu
lo passado, era o 225º monarca dessa linhagem.

Muito antes da visita de Selassie I à Jamaica, o surgimento da fé Rastafári, em 1930, havia sido diretamente influenciado pelas palavras do ativista jamaicano Marcus Garvey, um dos pais do pan-africanismo e um dos mais influentes ativistas negros da História. No entanto, também curiosamente, Garvey jamais viu Selassie I como um Messias.

Naquele memorável dia, em 1966, no Aeroporto Internacional de Kingston, mais de 100 mil pessoas - entre curiosos e devotos rastafáris - esperavam a chegada de Sua Majestade e de sua comitiva etíope: o tal Messias reencarnado iria aterrissar na ilha. E é óbvio que, ao ver toda aquela gente no aeroporto, a reação de Selassie I foi super curiosa e pra lá de marcante: assustado, o monarca inicialmente não quis descer do avião. Mas depois acabou descendo, desfilou pela capital e até mesmo conheceu alguns devotos rastafáris.

Aos crentes rastafáris, por sua vez, Selassie I viria sempre a negar ser o Messias que o acusavam de ser. Além de ser um exímio cristão, ele era o Chefe de Estado logo da Etiópia, nação com uma das mais antigas tradições cristãs ortodoxas do mundo - sim, existe cristianismo originalmente africano e não eurocêntrico.

Aceitar e assumir publicamente uma posição messiânica - coisa que o monarca jamais fez -, ainda que no outro lado do Atlântico, seria uma enorme heresia ao seu Cristianismo Ortodoxo. Pelo contrário: Selassie I ainda estimulou que os rastafáris fossem batizados na Igreja Ortodoxa Cristã Etíope, preceito que muitos seguidores do rei aceitaram, a exemplo do próprio Bob Marley, que foi batizado no Cristianismo Ortodoxo da Etiópia sob o nome de Berhane Selassie, apesar de jamais ter deixado de identificar-se como um devoto rastafári.

Aconteceu que, embora nada disso fosse esperado, a visita de Haile Selassie I à capital jamaicana acabou sendo fundamental para que a fé Rastafári se tornasse popular entre os negros das favelas jamaicanas. O movimento deixava de ser, a partir de então, uma crença restrita a grupos de camponeses descendentes de africanos escravizados que, por viverem em meio às montanhas jamaicanas e fieis às tradicionais leis rastafáris, pouco apareciam nos centros urbanos. A partir daquele dia, a crença passou a difundir-se dentro das favelas.

E é claro: favela produz música. Em seguida, a popularização do Rastafári nas favelas da Jamaica - consequência direta da visita do rei - influenciou profundamente a música que era produzida e que tocava nos guetos: o Ska, ritmo desvinculado de causas sociais ou religiosas, e que dominava a periferia até então, foi logo dando espaço ao surgimento da música Reggae - especialmente o Reggae Roots -, gênero essencialmente compromissado com causas sociais, com o pan-africanismo e com a fé Rastafári. Foi nesse contexto, então, que surgiram aqueles inúmeros músicos e bandas rastafáris de Reggae oriundos das favelas jamaicanas, como Bob Marley, Peter Tosh, The Gladiators e tantos outros.

Outro fato curioso é que Haile Selassie I morreu em 1975, logo no auge da cena Rastafári e do Reggae nos guetos jamaicanos. Após sofrer um golpe de Estado republicano-marxista em 1974, na Guerra Fria, Selassie I foi provavelmente assassinado, fato que marcou a queda da monarquia mais antiga do mundo até então, e que resistiu a todas as tentativas de colonização europeia. A Etiópia - cuja bandeira deu origem às cores da religião Rastafári e consequentemente da música Reggae -, hoje uma república, é uma das únicas duas nações africanas que jamais foram colonizadas.

De qualquer forma, as negações de Selassie I quanto a ser o retorno de Cristo, bem como a sua morte, não foram suficientes para que o messianismo em torno de si deixassem de existir. Após a morte do monarca em 1975, por exemplo, Bob Marley & The Wailers compuseram a música "Jah Live" ("Jeová vive"), um hino em reverência à eternidade de Selassie I.

E embora a religião Rastafári tenha sido posteriormente apropriada de forma esvaziada e pejorativa pelo "universo branco" - consequência da globalização da música Reggae -, a crença continua a existir e segue exercendo forte influência sobre o Reggae Roots. Entre suas principais características, encontram-se a cosmovisão cristã profundamente afrocêntrica e a ideologia pan-africanista, extremamente influenciada pela visão política de Marcus Garvey; enquanto entre suas principais leis e costumes, estão o uso sacramental da Cannabis e a proibição do consumo da carne e do álcool.

De toda essa curiosa e especial história, uma coisa pode ser afirmada: se não fosse a casual e emblemática visita do rei etíope à ilha caribenha naquele fatídico 21 de abril de 1966, talvez a música Reggae, fruto direto da religião Rastafári, jamais teria existido. Pelo menos da forma como a conhecemos.









Siga o Fyadub nas redes sociais: 

sexta-feira, 5 de março de 2021

A VOVÓ DE 1,20M QUE GOVERNA O REGGAE


Patricia Chin e a VP Records estão por trás de mil sucessos jamaicanos - dos Wailers a Sean Paul e muito mais.

A elegantemente vestida, a bisavó de 1,2 m de altura pode não ter sido facilmente identificada como um magnata da música para os insiders da indústria que participaram do American Association of Independent Music Awards no Highline Ballroom de Manhattan naquele dia do verão de 2015. Então Patricia Chin, co-fundadora da gravadora de reggae VP Records, subiu ao palco para receber o prêmio pelo conjunto de sua obra, a primeira mulher a fazê-lo. “Olhando para o público esta noite, imagino que muitos de vocês podem estar se perguntando, 'quem é essa senhora chinesa com esse grande sotaque jamaicano, e o que é VP Records?'” Disse a Srta. Pat, (como ela é afetuosamente conhecida) em seu discurso de aceitação, sob aplausos estrondosos. “Em grande parte, a história da VP Records é sobre uma mulher que trabalha nos bastidores e sua jornada nos últimos 50 anos na indústria da música reggae.

A gravadora VP Records, está estabelecida no Queens, em Nova York, desde1979, com escritórios adicionais em Kingston, Londres, Miami, Rio de Janeiro e Tóquio, e é a maior gravadora independente, distribuidora e editora mundial de música reggae e dancehall, controlando mais de 25.000 títulos de músicas. Em seu próximo livro de memórias lustroso de mesa de café, 'Miss Pat: My Reggae Music Journey', Miss Pat conta a história de VP, que está inextricavelmente está ligada ao desenvolvimento da indústria fonográfica da Jamaica e ao nascimento do ska, rocksteady e reggae. Miss Pat oferece anedotas históricas sobre sessões de gravação com Bob Marley e Lee “Scratch” Perry, quando ambos buscavam fortunas maiores. Os elogios à Srta. Pat são encontrados por toda parte, incluindo um do padrinho do hip-hop DJ Kool Herc, que diz: “O que Berry Gordy foi para a Motown, Patricia Chin é para a VP Records e a indústria do reggae.

Miss Pat e Bunny Wailer

Nas passagens mais convincentes do livro, Miss Pat corajosamente detalha os maiores desafios de sua vida: a morte de seu filho pequeno; fugir da política explosiva da Jamaica na década de 1970, lutando para se adaptar a outra sociedade; desafiando as atitudes sexistas e racistas que ela encontrou como uma mulher não-branca que trabalhava no negócio da música na cidade de Nova York; aprendendo sobre o alcoolismo para ajudar seu marido em apuros, o co-fundador da VP Records, Vincent “Randy” Chin, que faleceu em 2003; lidando com o assassinato não resolvido de seu neto, VP A&R Joel Chin, em 2011. “O processo de escrever meu livro foi libertador”, disse a Srta. Pat ao The Daily Beast em uma entrevista no início de dezembro via Zoom. “Eu queria que meu livro fosse verdadeiro, divertido e interessante, então não poderia deixar de lado detalhes pessoais, quero que as pessoas me conheçam melhor, em vez de me ver como apenas uma pessoa da música.

A matriarca do reggae, agora com 83 anos, nasceu Dorothy Patricia Williams em 20 de setembro de 1937; seus avós maternos e paternos migraram para a Jamaica, respectivamente, da China e da Índia, em busca de uma vida melhor. “Era difícil sobreviver de onde eles vieram, então eles se arriscaram na Jamaica”, lembra a Srta. Pat, que foi criada em uma casa de um cômodo na comunidade de Greenwich Farm de Kingston. “Apesar da falta de conforto material, nunca houve tempo para reclamações. Minha mãe compartilhou histórias sobre seus pais lojistas trabalhadores e os truques inovadores que eles usaram para fazer negócios com seus clientes, apesar da barreira do idioma”, escreve ela. O pai da senhorita Pat queria que ela trabalhasse em um banco, mas, inspirada por sua ídolo, Madre Teresa, ela estudou enfermagem na Universidade de Kingston das Índias Ocidentais. Herdando o espírito rebelde de sua mãe, a Srta. Pat saboreava a liberdade de viver no campus, onde era frequentemente visitada por um jovem bonito, Vincent Chin, para desaprovação de seu pai. “Conhecido por faltar à escola e fumar maconha, Vincent era o típico menino mau, o tipo de pretendente que nenhum pai queria para sua filha”, escreve a Srta. Pat. “Para piorar, ele já tinha um filho (Clive) que era um bebê. Meu pai viu meu pretendente pelo que ele era: problemas.

Em 15 de março de 1957, a Srta. Pat, então com 19 anos, deixou a escola e se casou com Vincent, duas semanas antes de dar à luz seu filho, Gregory. Ele morreu de meningite em seu primeiro aniversário. “Para o bem do meu bem-estar”, escreveu a Srta. Pat, “nunca me disseram onde meu filho foi enterrado”. 

Vincent conseguiu um emprego, instalando jukeboxes em toda a ilha com novos discos de 7 polegadas; Miss Pat acreditava que os discos mais antigos poderiam ser vendidos diretamente ao público. Em 1959, eles abriram uma loja em uma pequena mercearia vendendo os discos usados. Eles chamaram sua empresa de Randy’s Record Mart, em homenagem a Randy Wood, proprietário da WHIN AM, uma estação de jazz, R&B e música country no Tennessee que Vincent ouvia fielmente em seu rádio de ondas curtas. Em 1961, Vincent e Miss Pat mudaram-se para um espaço de 2,5 x 3 metros dentro de um restaurante chinês localizado na 17 North Parade, uma área movimentada do centro de Kingston, próximo a uma rota central de ônibus; eles montaram uma pequena caixa de som do lado de fora, tocando música, o que atraiu clientes. As vendas aumentaram e com um empréstimo do pai da Srta. Pat, o casal acabou comprando o restaurante chinês e o prédio. Pouco depois, Vincent e Pat adquiriram o prédio ao lado e começaram a construir um estúdio de gravação.

Miss Pat e Lee 'Scratch' Perry

A abertura do Studio 17 no andar de cima do Randy’s Record Mart coincidiu com o desenvolvimento da primeira forma de música popular da Jamaica, o ska, o que levou a uma proliferação de gravações que o Studio 17 ajudou a acelerar. “Naquela época, não havia um estúdio onde se pudesse terminar o trabalho do início ao fim. Você tinha que ir a um lugar para fazer a gravação, outro para fazer a masterização. Com cada vez mais artistas e produtores surgindo, e com os estúdios existentes cobrando altas taxas, projetamos o estúdio para ser uma produção full house para que pudéssemos ser completamente independentes”, escreve a Srta. Pat, que executaria as prensagens de teste das gravações na sua loja para avaliar o interesse dos clientes e, em seguida, escolher quais músicas eles iriam prensar em massa para venda.

Vincent Chin começou a produzir seus próprios discos, e um de seus maiores sucessos chegou em 1962, o ano da independência da Jamaica da Inglaterra. “Independent Jamaica”, que não incorporava o ska beat indígena da ilha, era um calipso cantado por Lord Creator, nascido em Trinidad e residente em Kingston; no entanto, tornou-se um hino para o otimismo da nova nação, lançado pelo selo Creative Calypso de Randy.


Miss Pat abasteceu a loja com pelo menos um disco de cada artista que conhecia e pediu a aspirantes a artistas e produtores que deixassem seus discos em consignação, o que acabou por se tonarem como bases para a divisão de atacado de Randy. Os amantes da música corriam ao Randy para ouvir os últimos discos, enquanto os produtores procuravam os cantores e músicos que frequentariam um beco adjacente chamado Idler's Rest ("o epicentro não oficial da música jamaicana", diz a Srta. Pat) para gravar faixas no Studio 17. Muitos ícones de música jamaicana gravava lá, incluindo os cantores Gregory Isaacs, Dennis Brown e Alton Ellis, os trios de harmonia The Wailers e The Maytals e o seminal ska outfit, The Skatalites.

Vários álbuns de reggae de raiz clássicos foram gravados no Studio 17, incluindo o The Wailers 'Soul Rebel', 'Marcus Garvey' do Burning Spear, 'Equal Rights' de Peter Tosh e a estreia do mestre melódico Augustus Pablo com o álbum 'This Is Augustus Pablo', este último produzido pelo colega de escola de Pablo, filho de Vincent; o produtor Clive Chin.



Clive também produziu o (ainda) influente single de Pablo, "Java" e o primeiro sucesso internacional do Studio 17, "Fattie Bum-Bum" de Carl Malcolm, que alcançou a oitava posição na parada de singles do Reino Unido. O falecido cantor americano Johnny Nash, supostamente o primeiro não jamaicano a gravar rocksteady / reggae na ilha, ficou tão impressionado com o Studio 17 que reservou as instalações por três meses consecutivos. Miss Pat atribui o sucesso do Studio 17 à personalidade amável de Vincent. “Ele amava a todos, independentemente de quão pobres fossem; muitos músicos nem mesmo tinham sapatos nos pés, mas Vincent os levava para o estúdio, os encorajava. Tudo era experimentação, ainda não tínhamos uma cultura reggae, tudo começou desde então”, comenta Miss Pat.



Devido à escalada da violência política na Jamaica ao longo da década de 1970, Vincent e Pat migraram para os EUA “Naquela época (sob o governo socialista do primeiro-ministro Michael Manley), se você fosse dono de uma empresa, tinha um pouco mais de dinheiro do que os outros e com a agitação e tumultos acontecendo, nos sentimos muito desconfortáveis ​​e preocupados com a segurança de nossos filhos”, reconheceu a Srta. Pat. Eles escolheram a cidade de Nova York porque o irmão de Vincent estava morando no Brooklyn, onde estabeleceu a Chin Randy’s Records. Vincent e seus filhos Clive e Christopher pousaram no aeroporto JFK da cidade de Nova York no verão de 1977. A senhorita Pat permaneceu em Kingston com seus dois filhos mais novos, Vincent (conhecido como Randy) Jr. e Angela; eles se juntaram à família na cidade de Nova York no ano seguinte.

Vincent e Pat começaram seu novo empreendimento alugando uma pequena loja perto dos trilhos elevados do trem ao longo da Queens, na Jamaica Avenue, de onde forneceriam discos de reggae para alguns estabelecimentos. Quando o governo jamaicano começou a restringir as exportações, Vincent e Pat começaram a prensar seus próprios discos em Nova York; com o aumento das vendas, eles compraram um prédio na 170-21 Jamaica Ave em 1979 de outro proprietário de uma empresa de discos por atacado, Sam Kleinholt. Os Chins batizaram sua loja de atacado / varejo de reggae de VP Records, as iniciais dos primeiros nomes de Vincent e Pat. Eles contrataram a secretária de Kleinholt, Rhoda Bernstein, que trabalhou com a VP por 15 anos, até sua morte. “Ela foi uma dádiva de Deus”, escreve a srta. Pat, “ela nos ensinou tudo que achava que nos ajudaria a nos adaptar; dizer que ela facilitou nossa transição para a vida em Nova York é um eufemismo”.

"Anos depois, percebi que não poderia comprar lá porque éramos de uma cultura diferente, havia uma barreira de cor, ele queria me colocar em outra área onde eu ficaria mais 'confortável'." - Miss Pat

Nem todos os nova-iorquinos foram tão acolhedores. A senhorita Pat se lembra de querer comprar uma casa na (então) comunidade predominantemente branca de Jamaica Estates, a cerca de três quilômetros da VP Records; seu corretor de imóveis a desencorajou, sem explicação. “Anos depois, percebi que não poderia comprar lá porque éramos de uma cultura diferente, havia uma barreira de cor”, ela observa, “ele queria me colocar em outra área onde eu ficaria mais 'confortável'”. Pat também se lembrou de casos em que os clientes VP ligaram para a loja, a colocaram na linha e pediram para falar com um homem. “Eles pensavam que eu não conhecia a música”, ela relembrou. “Trabalhei duro em minhas habilidades; tínhamos tanta música saindo todos os dias, eu tinha que saber o nome do disco, o cantor, o produtor, a riddim de cada faixa; Eu era como uma enciclopédia, sabia tudo sobre música”.

Miss Pat e Sean Paul

À medida que a VP Records cresceu e se tornou um próspero balcão único, cobrindo todas as facetas da música jamaicana, em 1990 os Chins compraram dois grandes armazéns, um na Jamaica Queens, o outro em Miami. À medida que a década avançava, o dancehall e o reggae jamaicano explodia em popularidade com várias das superestrelas do gênero (incluindo Shabba Ranks, Super Cat) assinando com grandes gravadoras e impactando um mercado americano mais amplo. A VP distribuiu os discos desses artistas por anos, então sua familiaridade com a música tornou-se um recurso indispensável para as gravadoras majors na promoção do apelo ao dancehall. O próximo passo dos Chins foi estabelecer o selo VP Records em 1993, no mesmo ano em que lançaram sua série de compilação anual de reggae / dancehall de maior sucesso, Reggae Gold.

O lançamento de 1999 da VP Records, "Who Am I", de Beenie Man, foi um single de ouro certificado. Triunfos ainda maiores chegaram com Sean Paul, que assinou com o vice-presidente Joel Chin, filho de Clive, em 2000. O vice-presidente fez uma parceria com a Atlantic Records, impulsionada pelo grande sucesso de Sean, "Gimme The Light". O álbum de dupla platina de Sean, Dutty Rock, ganhou um Grammy de Melhor Álbum de Reggae. “Esse foi o momento em que respiramos fundo e percebemos, como nós, jamaicanos, diríamos, 'não é uma piada'”, escreve a Srta. Pat.



Vincent, no entanto, não se inspirou no dancehall; ele ficou deprimido e estava, de acordo com a Srta. Pat, "encerrando mentalmente o negócio". Ele lutou contra o alcoolismo, que incluiu várias estadias na reabilitação. A Srta. Pat escreve que o excesso de bebida de Vincent estava ligado a "um espírito perturbado", que ela relacionava desde a infância dele e "ao casamento mestiço de seus pais. O pai de Vincent era proeminente na comunidade sino-jamaicana, mas ele não interagia com sua esposa negra dentro dessa comunidade. Acredito que esse preconceito tácito fez com que meu marido desenvolvesse um profundo sentimento de insegurança, ressentimento e tristeza.

Miss Pat se lembra de sua mãe passando por um dilema semelhante, porque seus pais desaprovavam o casamento de sua filha com um homem indiano. “Meus avós fizeram as pazes com meu pai e minha mãe, mas demorou 12 anos porque, há 100 anos, casar fora da sua cultura (chinesa) era proibido. Mas meus pais estavam apaixonados e sobreviveram a todas as barreiras.” O pai da Srta. Pat também era alcoólatra e sua mãe tentava esconder isso de Pat e de seus irmãos, assim como a Srta. Pat protegeu seus filhos da verdade. “Não ser honesta com meus filhos é um dos meus maiores arrependimentos, é a única coisa que eu faria de forma diferente, se tivesse a chance”, revela a Srta. Pat.

Randy, filho de Vincent e Pat, presidente do VP, desistiu de sua carreira de sucesso na aeronáutica para ingressar na empresa da família em 1995; Christopher é o CEO da empresa e Angela administra o armazém / centro de distribuição da Flórida. Clive trabalhou intermitentemente com o vice-presidente, mas também realizou vários projetos independentes. Em dezembro de 2014, ele entrou com uma ação contra a VP pedindo US $ 3 milhões, alegando que a empresa licenciou músicas que ele escreveu e gravou no Studio 17 sem sua permissão; esse processo foi resolvido discretamente.

"Por uma noite, o reggae assumiu um marco icônico americano. Se eu não sabia antes disso, que tudo era possível, naquele momento eu sabia." - Miss Pat

Além do prêmio no Highline Ballroom, um dos momentos de maior orgulho de Miss Pat foi o show do 25º aniversário da VP Records no Radio City Music Hall de Manhattan em 2004, encabeçado por várias participações dos associados à empresa ao longo dos anos, incluindo Beenie Man, Shaggy e Beres Hammond. “Essa foi a primeira vez que vi meu nome em luzes e com todas as pessoas fazendo fila para entrar, fiquei muito feliz. Por uma noite, o reggae assumiu um marco icônico americano. Se eu não sabia antes que tudo era possível, eu sabia então”, escreve ela. Em 2007, a VP Records adquiriu seu principal concorrente, a Greensleeves Records do Reino Unido, e seu catálogo de 12.000 canções, para se tornar a maior empresa independente de reggae do mundo. Esse status imponente é o resultado final da jornada notável e ainda contínua da Srta. Pat. “Demorou um pouco para que isso acontecesse”, ela escreve. “Quando você constrói algo do zero, as lembranças de vender discos em sua loja de 8' x 10' nunca saem de você.


DISQUS NO FYADUB | FYASHOP

O FYADUB | FYASHOP disponibiliza este espaço para comentários e discussões das publicações apresentadas neste espaço. Por favor respeite e siga o bom senso para participar. Partilhe sua opinião de forma honesta, responsável e educada. Respeite a opinião dos demais. E, por favor, nos auxilie na moderação ao denunciar conteúdo ofensivo e que deveria ser removido por violar estas normas... PS. DEUS ESTÁ VENDO!