domingo, 20 de maio de 2012

CULTURA BRASILEIRA É PRA QUEM TEM CORAGEM

“Todo artista brasileiro que, no momento atual, fizer arte brasileira, é um ser eficiente com valor humano. O que fizer arte internacional ou estrangeira, se não for um gênio, é um inútil, um nulo. É uma reverendíssima besta.” (Mário de Andrade).

O critério estabelecido, melhor, conduzido pelo padrão do mercado necessitou fabricar, por meio de publicidade e de um patrulhamento regulado pelos interesses transnacionais, que os países deveriam obedecer à agenda de investimento das multinacionais como uma nova hierarquia estética. A partir daí a deformação empregada nas novas relações, a ideia de mercado internacional em relações pontuais criou em uma parcela ínfima da sociedade brasileira o reduzido pensamento de homem universal tal como o modelo da globalização tinha como padrão.

O abandono da própria imagem social por uma outra “redescoberta” fundada pelos interesses econômicos, a partir da metade do século passado, manteve implacáveis e radicais racionalidades exigindo uma flexibilização tropical para a adaptabilidade de uma nova ordem econômica nas relações empresariais da cultura. E é dessas combinações, segundo a fórmula sugerida pelo poder hegemônico global, que todo um processo cheio de circunstâncias fabricadas impôs uma constituição do espaço geográfico das instituições brasileiras. Isso, em certa medida, dificultou as relações interpessoais, dentro do Brasil, desestimulou a solidariedade social entre os indivíduos e a sociedade, e entre esta e o Estado.

Falida esta onda globalitária – conceito empregado por Milton Santos – este modelo não tem mais razão de ser. E é o próprio Milton Santos que nos dá uma ideia clara do que ele chama de “a centralidade periférica”.

“A ideia da irreversibilidade da globalização atual é aparentemente reforçada cada vez que constatamos a inter-relação atual entre cada país e o que chamamos de “mundo”, assim como a interdependência, hoje indiscutível, entre a história geral e as histórias particulares. Na verdade, isso também tem a ver com a ideia também estabelecida, de que a história seria sempre feita a partir dos países centrais, isto é, da Europa e dos Estados Unidos, aos quais, de modo geral, o presente estado de coisas interessa.” (Milton Santos).

O Brasil vive um momento histórico em que as liberdades aparecem em cada passo e compasso das manifestações da sociedade. Isso torna o Brasil uma nova fonte de riqueza aproveitando essas novas possibilidades para que um maior número de cidadãos discuta a sua realidade e assuma um quinhão de responsabilidade na execução de um novo país.

O governo tem cumprido uma agenda majoritária seguindo de forma considerável as próprias correntes populares, introduzindo um ritmo novo nas relações nacionais e internacionais, mantendo livres os movimentos da sociedade para que eles determinem como tornar cada ponto específico de suas escolhas em realidade na atual gestão do governo Dilma, assim como foi no governo Lula.

Há, no entanto, dentro do MinC, uma peculiaridade anti-nacional feita por uma falsa leitura de timbração europeia que importa conceitos de desnacionalização de nossa cultura para aplicar um vocabulário economicista sem condições de sair da própria vulgarização do termo, mercado cultural global.

Então, o Ministério da Cultura celebra um projeto hegemônico limitado à globalização cultural para tentar se constituir em uma nova promessa de reformulação da ordem mundial. Isso significa que, depois de oito anos de avanço do governo Lula, nós da cultura deixamos de discutir um elenco de políticas sociais para nos jogarmos aos níveis inferiores de uma governança global em que o fator nacional é deixado de lado para, num retrocesso retumbante, tentar jogar a sociedade numa visão de mundo, uma espécie de volta à velha noção do status quo.

O Ministério da Cultura tenta de forma impossível construir um discurso de liberação do artista brasileiro censurando toda a base intelectual e política embutida nos processos que orientam a nossa criação. Com isso, além de ampliar, via relações culturais, uma histórica dívida social marginalizando e renegando a função inserida na base da sociedade, o MinC tenta colocar a mesma a serviço de uma nova etapa de consumo ambicionado por um bloco mecânico que é difundido no mundo a partir de um cenário econômico que estabeleça um mercado via empresas e devolva a cultura à competitividade sempre buscando o mercado.

Ocorre que o Estado, assim como o atual mercado, não tem mais um estatuto político que imponha mais os elementos fundamentais de uma técnica hegemônica. A presença do cidadão a partir das novas tecnologias, criou novos movimentos sociais, novos símbolos de baixo para cima. Tudo isso somado, é produto da cultura popular e é ela a portadora de uma nova verdade da existência do homem no planeta e, portanto, a cada dia é revelado pelo próprio movimento uma nova forma de ação.

Mas parece que essa tendência crescente de aglomeração popular que, assim como no Brasil, está presente em variados pontos do planeta, não é identificada pelo Ministério da cultura. Talvez por comodidade ou por uma pretensão vinda de uma força anti-nacional que falsifica o sentido do Ministério da Cultura do Brasil.

É nítido que o Ministério da Cultura não tem coragem de ser brasileiro. Por isso busca e rebusca um discurso pitoresco em torno da pira econômica para tentar se fazer perceber diante da fraqueza crua da tônica da chamada indústria criativa. E o resultado não é outro, estamos diante de um ministério socialmente primitivo, economicamente perdido e conceitualmente falido.


terça-feira, 15 de maio de 2012

RASCLAAT - AONDE O ELO ESTÁ PERDIDO?

Kool Herc, Coxsone Dodd e U Roy
RASCLAAT - AONDE O ELO ESTÁ PERDIDO?

Lendo a matéria no site da Trip publicado sobre as origens do Hip Hop e a Jamaica, existem diversas lacunas no texto que não fazem jus a história por completo. 

Existem inúmeros historiadores a respeito e muitos desses vivem no Brasil que podem explicar a origem do Hip Hop e as influências da jamaica, pessoas como King Nino Brown (fundador da Zulu Nation Brasil), Peter Muhamad (remanescente de um dos primeiros grupos de hip hop nacional a ter uma influência real no flow em suas letras que hoje vive em UK), e eu que pesquiso e agrupo material desde 1990 sobre a história do Hip Hop e o Reggae. Sem falar sobre grupos que palestram sobre essa influência como o Z'Africa Brasil.

Primeiramente a influência é inversa, é da música dos EUA sobre a música jamaicana e não da jamaicana na música dos EUA. Lost Poets já era um grupo formado e dentre seus integrantes estava Gil Scott Heron, o primeiro a literalmente declarar poesia sobre um ritmo, o originador do termo RAP (rythm and poetry) e não por influência dos toasters jamaicanos do principio como Count Machucki, King Stitt <<< estes foram da época que o Reggae nem mesmo existia e faziam apresentações com os sounds tocando Blues, R&B e Soul americano e principalmente as orquestras de jazz (maior influência para Skatalites - Don Drummond fez diversas versões para obras do maestro Peres Prado por exemplo) que foi de onde surgiram seus primeiros registros. 

U Roy e tantos outros que faziam na verdade o que é chamado de "caco" (ou peps que seja) - era o que James Brown fazia também em diversas de suas músicas, colocando gritos e frases curtas nos espaços que cabiam fazer dentro da música. Nos primórdios o deejay jamaicano falava sobre os discos sem as partes melódicos dos vocais e dizia o nome da música, do seletor (dono do sound) e do próprio sound mas não era uma letra ou poesia em si, eram freestyles. O papel do deejay mudou consideralvelmente a partir dos 70 (U Roy gravou Version Galore em 1970) e vieram a fazer músicas por completo nas versões dub ou takes gravados inteiros para eles e a partir daí surgiram Dennis Alcapone, I Roy, afilhados como Dillinger, Trinity, Ranking Joe e por ae vai e esses vieram a ser considerados os primeiros mc's jamaicanos. Mas até ai já existia Lost Poets.

Em 1971 Aretha Franklin gravou a música "Rock Steady" literalmente um dos primeiros discos a ser chamado de break beat e foi acompanhada por um grupo de dançarinos que depois iriam formar o Rock Steady Crew, a semelhança entre a música chamada Rock Steady e uma das vertentes do reggae chamada de Rock Steady não é mera coincidência, Lee Perry já produzia funk com os Upsetters nessa mesma linha e na mesma época junto com diversos outros músicos.

A partir dos anos 70 os sistemas de som já ocupavam o Bronx em NY com as Black Panthers Party's que eram praticamente idênticas aos sistemas de som (sistemas de som esses que era usados para fazer manifestações e palestras) e junto a um grupo chamado The Black Messenger numa mesma linha dos Lost Poets de Gil Scott Heron. Em 1969 Kool Herc faz seu primeiro sound, ele se mudou para NY em 1967 e nasceu em 1955 - senão ele teria fundado o Hip Hop com 14 anos de idade. As primeiras festas vieram Coke La Rock (existem rumores que era jamaicano), e depois com Afrika Bambaat e Grandmaster Flash (que nasceu nas Bahamas) fundou o maior alicerce do Hip Hop que é a Zulu Nation em 1973 com princípios e pilares não só para a música, mas para toda uma comunidade e não se resumem em apenas 4 (rap, dj, break e graffiti). Em 1974 Lovebug Starsky criou o termo Hip Hop, ambos celebrados no dia 12 de Novembro de cada ano respectivamente.

Lloyd Barnes nunca foi um ícone ou menestrel do Hip Hop até porque não influenciou o Hip Hop em si, ele produzia reggae e o selo Wackies sempre foi um sêlo de Reggae, lançando pouquíssimo material que pudesse se tocar em festas de Hip Hop, dos poucos pode-se dizer (talvez) que o Hip Hop de Kool Herc e o ritmo (influenciado por Gil Scott Heron de Lost Poets) tenha influenciado na produção de Wack Rap que divide junto com Rappers Delight do Sugarhill Gang, King Tim III (Personality Jock) produzido pela Fat Back Band (que é duvidoso também por não ser um grupo de Hip Hop), enfim todos foram lançados no mesmo ano e mesmo assim já existiam as mixtapes (fitas k7) gravadas ao vivo nas festas e em casa pelos mc's que já circulavam em NY, do Bronx ao Brooklyn. Dos primeiros a fazer essas fitinhas estão Dj Disco Wiz de Porto Rico que já usava diversos sons e efeitos e o primeiro produtor de um dubplate de Hip Hop já em 1977.

A produção do Wackies pode ser considerada mais um flerte com o Rap do que um ícone no Hip Hop por assim dizer. Nada tira seu valor, por ter sido produzido realmente por "born jamericans". Alguns dos deejays do selo Wackies eram remanescentes da ilha e posteriormente vieram a ser chamados como Jah Batta e Skatee que lançaram Style e Fashion isso já em 1988 que pegou um pouco da influência de Kool Herc (não o contrário novamente). Se Lloyd Barnes tivesse lançado algo mais nessa linha, poderia dizer que realmente foi ícone nos primórdios dos registros de Hip Hop, até então, não é. 

Lloyd Barnes foi uma influência na verdade na forma de gravar e utilizar um instrumental (chamado de versão no lado b dos singles e a partir do final dos 70 na jamaica chamado de Riddim). O Hip Hop veio a aprimorar esse formato de gravação rebatizando o uso de músicas de outros para fazer uma própria como sampler. Alguns dos maiores ícones descendentes diretos das ilhas do caribe são Kid Creole, Kangol Kid, Tito, Special Ed, Star (of The Star And Bucwild Show), Jazzy Joyce, Big Pun, Mad Lion, Trugoy (of De La Soul), Crazy Legs, Mr. Wiggles, Karl Kani, Mello Man Ace, Shakim Compere, Herbie “Love Bug” Azor e muitos outros. Esses caras não cresceram ouvindo o Gospel da Motown, suas raizes são realmente do Salsa, Meringue, Compas, Calypso, Reggae que posteriormente vieram a agregar no Hip Hop já nos 80 - esses sim, diferente de Lloyd Burnes foram caribenhos que agregaram no Hip Hop abraçando o movimento e a cultura. 

Existe um termo muito utilizado no Hip Hop que é o Cypher, observar todas as coisas num ângulo de 360 graus. Se a maior influência dos seletores/produtores e deejays da jamaica nos anos 40, 50 e 60 foi a música produzida nos EUA agregada a diversas orquestras em todo o Caribe, obviamente os interessados (e possibilitados) fariam a migração para ter mais acesso a cultura e a música produzida, e obviamente levariam a sua própria cultura que influenciaria toda uma geração a partir dos anos 70 e criariam raízes a partir daí. 

Já no final dos anos 70 e início anos 80 essa troca continuaria com a produção do dancehall e a influência novamente do contexto da música produzida nos EUA e por remanescentes do Hip Hop no reggae jamaicano. Diversas produções que já não mais seriam feitas com bandas, mas sim com programações a partir de baterias eletronicas e samplers (ai sim entra o sleng teng). KRS One (Boogie Down Productions) talvez seja o que mais deu vazão e exposição a esses descendentes jamaicanos e caribenhos apresentando Jamalski, o próprio Mad Lion e Born Jamericans (que já vieram para o Brasil) e participaram constantemente das produções, shows e eventos da Boogie Down Productions.

Por uma das frases iniciais do texto "A influência caribenha no hip hop é sempre mal explicada e até agora não há nenhum material que faça essa ponte de um jeito convincente. Novamente, até agora." <<< Digo que para fazer essa ponte existe a Zulu Nation, e a forma ideal de saber essa história é realmetne ler e saber direto da fonte por quem está vivo e consegue contar a História toda de forma adequada. Deixo o link do site da Zulu Nation que volto a dizer, deve ser a primeira fonte do que se deve ser lido para se escrever sobre o Hip Hop, sua origem e a influência da Jamaica e na Jamaica >>> www.zulunation.com

Isso é uma parte, a História por completo vai ser contada pelo Afrika Bambaata, Kool Herc e Grandmaster Flash quando resolverem fazer um livro inteiro sobre.

terça-feira, 8 de maio de 2012

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