
De volta à SP, mais precisamente à Guarulhos, Jorge Antonio Andrade de Jesus Santos ganhou o apelido de Sombra por andar sempre acompanhando de seu melhor amigo, Fuminho. Na adolescência, trabalhou como ajudante de pedreiro, officeboy, garçon e em um lava-rápido, onde ouviu seus primeiros raps nos rádios dos carros dos clientes.
Filho de baianos, começou então a fazer seus primeiros versos unindo seu peculiar timbre de voz ao seu sotaque único, uma mistura de acentos característicos das regiões onde viveu e do sotaque de seus pais.
Sombra ingressou da cena hip hop nos anos 90, quando juntou-se ao SNJ. O primeiro disco do grupo, “A Sigla", veio em 1998, seguido por “Se Tú Lutas, Tú Conquistas", de 2000. Em 2001, o SNJ ganhou o prêmio Hutúz na categoria melhor grupo de rap, na época, a premiação de hip hop mais importante do Brasil.
Desde então, o SNJ vem passando por diversas formações. Em 2010, Sombra voltou a fazer parte do grupo ao lado de Cris, Cabeça e Rebelde, da formação original. Reforçando o time estão MinariGroove Box nas bases e Gilmar de Andrade nos toca-discos.
Músicas de protesto, que falam de desigualdade social, racismo e drogas fazem parte do repertório até hoje, Destaque para as faixas “Se Tú Lutas, Tú Conquistas“, “Viajando na Balada” “Munda da Lua“ e “Pensamentos“.
Em 2002, lançou o álbum "Sombra & Bastardo", em parceria com o amigo rapper, em vôo semi-solo paralelo ao SNJ. Ainda com Bastardo, participou da coletânea “Espaço Rap” e do disco “KL Jay na Batida - Vol III.”, entre outros.
A carreira solo veio, efetivamente, em 2004, quando começou a trabalhar na produção de seu primeiro disco solo, "Sem Sombra de Dúvidas", lançado no final de 2008, produzido no estúdio Operante do DJ QAP, do grupo SP Funk. Destaque para as faixas “Mano Eu Vou Ali Comprar Um Chá” , “Razante Louco”, “Profissão Perigo” e “Nóis Capota Mais Não Breca”.
Desde então Sombra vem se apresentando com shows da sua carreira solo, alternando-se a apresentações do SNJ e produções de seus projetos paralelos, como Senzala Hi Tek e Os 4 Naipes.
Seu trabalho mais recente é “Fantástico Mundo Popular”, seu segundo disco solo, produzido por Marcelo Cabral e Daniel Bozzio [DvBz] e gravado no estúdio Fine Tuning, uma realização do coletivo Matilha Cultural.
Sombra é um dos MCs mais originais e cheios de estilo da história do hip hop nacional. Conhecido pelo trabalho à frente do SNJ, grupo seminal que integra até hoje, ele já contava dois álbuns solo no currículo (um deles dividido com Bastardo, também oriundo do Somos Nós a Justiça), além de parcerias históricas com ícones como Edi Rock, Thaíde e Sabotage.
Agora, volta à cena com o Fantástico Mundo Popular, desde já um dos grandes discos de rap dessa temporada. A realização é da mesma Matilha Cultural responsável pelo lançamento de Nó Na Orelha, do aclamado cantor Criolo.
Produzido por Marcelo Cabral & Daniel Bozzio, trata-se sem dúvida do trabalho mais bem acabado do rimador criado em Guarulhos. Aproveitando a proximidade com o aeroporto de Cumbica, ele fez uma conexão internacional importante para a sonoridade do disco: todas as faixas foram mixadas por Scotty Hard, que já trabalhou com lendas com Gravediggaz, Prince Paul e KRS-One, entre muitos outros.
A maioria das colaborações, porém, ocorreu com nomes de destaque da música contemporânea do Brasil, em suas mais variadas vertentes: os músicos Kiko Dinucci, Thiago França e Maurício Badé, os vocalistas Jorge Du Peixe e Rael; e o rap de raiz, que não poderia faltar, está representado pela rima de RAPadura + as intervenções dos comparsas Minari Groovebox e Dj Ajamu.
Todas essas misturas, no entanto, surgem de forma natural, jamais forçadas ou mesmo planejadas. São espontâneas como a persona do auto-apelidado Sombraman, que passeia sem embaraço por climas de faroeste, regionalismo e música jamaicana.
Puxado pelo concorrido single em vinil com Homem Sem Face e Rap Do Brasil, o álbum tem o frescor de um novo começo na carreira de Sombra, que destila aqui sua melhor forma, equilibrando a experiência de veterano com a fome de bola característica dos iniciantes, levando seus versos bem-humorados a patamares inéditos.
Sejam bem-vindos ao Fantástico Mundo Popular!