quinta-feira, 28 de abril de 2011

EGITO EM OBRAS

Matilha Cultural recebe obras artísticas e multimídia que refletem o presente Egito

São Paulo, abril de 2011 – A Matilha Cultural se propôs a dar voz às ações do povo egípcio e auxiliar na propagação e reflexão das suas idéias, por meio do projeto “Egito em Obras: Expressões da Revolução”, que fica em processo de 29 de abril a 18 de junho no espaço cultural.

Realizado a partir da busca de pessoas e grupos diretamente ligados ao processo revolucionário e que está resultando num work in progresscom algumas organizações culturais e pessoas (desde artistas, até jornalistas e civis), “Egito em Obras” é em si um processo e traz um questionamento sobre a força de articulação que as pessoas comuns tem para mudar os rumos da política. A primeira mostra deste processo poderá ser vista na próxima sexta, dia 29, a partir das 18h, na forma de fotos, vídeos e artes enviadas diretamente do calor dos acontecimentos. A Matilha, ao trazer este projeto, busca chamar atenção para a necessidade da luta pelos direitos e trazer um registro de um processo ativista, por meio de um intercambio entre centros culturais, ativistas e artistas do Egito e do Brasil, nesse momento que o povo egipcio está vivendo as transformações na sua maior intensidade. A abertura será durante o happy hour Mondo Cane.

Em meio aos confrontos com as forças contra-revolucionárias de Hosni Mubarak, que resultou em centenas de mortos e a sua queda como ditador, a MatilhaCultural conseguiu realizar o difícil trabalho de mapear um conjunto de ativistas revolucionários e iniciativas culturais independentes autênticas que pudessem traduzir o momento atual e também as expressões artísticas que participaram do processo de resistência e levante do povo egípcio.

São manifestações que vão desde fotos de graffiti nas ruas até ações táticas de guerrilha de informação envolvendo video-arte, um apanhado de elementos e ações que demandaram inclusive um novo formato de exposição para a Matilha. Um formato que fosse capaz de se articular com programas de rádios on-line feitos especialmente, conversas em tele-conferência, realizar intervenções conjuntas entre São Paulo e Cairo, contextualizar os documentos seqüestrados do prédio do serviço de inteligência egípcio pelos revolucionários, além de debates, vídeos, filmes, fotos e etc.

"Poderia se chamar até de festival, mas também não é o caso. O 'work in progress' é um termo que inspira essa idéia de processo, que é capaz de abordar a ação participando dela, existir como uma manifestação viva e interativa. Foi a nossa pesquisa que demandou esse novo formato de exposição, foi a forma mais autêntica que encontramos para falar de uma revolução que está em andamento", diz Demétrio Portugal, curador da exposição e diretor de programação da Matilha Cultural.

Um dos destaques é o artista Aalam Wassef com um apanhado de vídeos e táticas de guerrilha de informação realizadas desde 2007 sob o pseudônimo de Ahmad Sherif. Altamente subversivos e satíricos os vídeos formam um unidade clara a partir da sua forte identidade estética. Por medo da repressão, Wessef destruiu todos os originais de seus trabalhos desse período só restando cópias dos vídeos na internet. Ele é um dos convidados para as conversas em tele-conferência.

Uma das principais fontes para essa exposição é Maya Gowaily, uma jovem egípcia que lidera um projeto para arquivar o graffiti saido da revolução. Percebendo que as intervenções criadas durante a revolução estavam sendo rapidamente apagadas, ela criou a página Graffiti Revolution no Facebook www.facebook.com/graffitiegypt, onde qualquer pessoa pode adicionar suas imagens. A idéia tem chamado atenção e está prestes a se tornar um livro.

A exposição audiovisual, conta com fotos, vídeos, arte em stencils, lambe-lambes e outras artes gráficas produzidas no Egito no calor dos acontecimentos, além do programa 100 Projects, da rádio online de música experimental transmitido diretamente do Cairo e comandado por Mahmoud Refat. Filmes e documentários que retratam a região também fazem parte da programação. Algumas obras também serão levadas para as ruas da cidade.

Ainda está previsto um dia de debates e conversas sobre o atual momento geopolítico do norte da África e do Oriente Médio e suas repercussões em nível global para contextualizar historicamente os acontecimentos atuais. Além disso, Matilha está disposta a receber grupos de escolas e instituições que queiram visitar a exposição.

“A proposta da Matilha é ser um vetor de divulgação desta manifestação revolucionária e através destas informações, promover reflexão e um olhar além da cobertura da mídia”, adianta Demétrio Portugal.

----> acompanhe o projeto na página do facebook


Principais parceiros:

# Darb 1718 www.darb1718.com
Organização sem fins lucrativos, com a missão de ser um trampolim para o avanço do movimento da arte contemporânea emergente no Egito e ao mesmo tempo esforçando-se para colaborar com diversos grupos sociais e culturais.

# Cairo Jazz Club www.cairojazzclub.com
Um dos club mais populares do Cairo. Com um programação eclética com encontro de bandas e DJs.

O artellewa é um espaço independente de arte contemporanea, sem fins lucrativos, criado por Hamdy Reda com o apoio de amigos. Fundado em janeiro de 2007.

A galeria Town House é um espaço para as artes independentes, visando a promoção das artes contemporâneas na região e internacionalmente.

Programa de rádio online de música experimantal comenando por Mahmoud Refat, diretamente do Cairo.

Mohamed Allam www.medrar.org
Estabeleceu uma iniciativa com a "Medrar de Arte Contemporânea", que visa a promoção das práticas artísticas contemporâneas de artistas jovens, no Egito.

Maya Gowaily é uma jovem egípcia que lidera um projeto para arquivar o graffiti saido da revolução no Egito, Líbia e outros países do Oriente Médio.

MATILHA CULTURAL

A Matilha Cultural é uma entidade independente e sem fins lucrativos, instalada em um edifício de três andares, localizado no centro de São Paulo. A Matilha integra um espaço expositivo, sala multiuso e café, além de um cinema com 68 lugares.

Fruto do ideal de um coletivo formado por profissionais de diferentes áreas, a Matilha foi aberta em maio de 2009 e tem como principais objetivos apoiar e divulgar produções culturais e iniciativas sócio-ambientais do Brasil e do mundo.

Egito em Obras: Expressões da Revolução
Abertura: 29 de abril, às 18h
De 29 de abril a 18 de junho.
Rua Rego Freitas, 542 – São Paulo
Tel.: (11) 3256-2636
Grátis
Livre

MATILHA CULTURAL
Rua Rego Freitas, 542 – São Paulo
Tel.: (11) 3256-2636
Horários de funcionamento: terça-feira a sábado, das 14h as 20h
Wi-fi grátis
Cartões: VISA (débito/crédito)
Entrada livre e gratuita, inclusive para cães

sábado, 23 de abril de 2011

KRS-ONE - HIP HOP LIVES (I COME BACK) [TRADUÇÃO]

No podcast junto com o Sombra, inclui essa música na seleção do primeiro bloco, e vou dizer, é uma das música que eu mais ouço até hoje, desde que chegou pra mim, descreve exatamente o que é o Hip Hop na minha vida e a influencia que ele teve na minha educação, disciplina e espiritualidade. Bom, ouçam a música, a letra traduzida está logo ai embaixo. Peace akky!!!



I come back
[Eu voltei]

Every year I get newer
[Todo ano volto renovado]

I'm the dust on the moon
[Eu sou a poeira da lua]

I'm the trash in the sewer
[Eu sou o lixo no esgoto]

Let's go
[Vamos lá]

I come back
[Eu voltei]

Every year I get brighter
[Todo ano eu volto mais brilhante]

If you thinking Hip Hop is alive hold up your lighter
[Se você pensa que o Hip Hop está vivo levanta seu isqueiro]



Let's go
[Vamos lá]

I come back
[Eu voltei]

Every year I'm expanding
[Todo ano eu estou expandindo]

Talking to developers

[Falando com os desenvolvedores]
About this city we planning, c'mon!
[Sobre a cidade que nós planejamos, chega ai!]

I come back
[Eu voltei]

Through any endeavor
[Através de todo esforço]

This is Hip Hop
[Isto é Hip Hop]

We gone last forever
[Nós vamos durar para sempre]



Hip means to know
[Hip significa saber]

It's a form of intelligence
[É uma forma de inteligência]

To be hip is to be up-date and relevant
[Para ser Hip é preciso estar atualizado e relevante]

Hop is a form of movement
[Hop é uma forma de movimento]

You can't just observe a hop
[Você não pode apenas observar o Hop]

You got to hop up and do it
[Você precisa "hop up" e fazer]

Hip and Hop is more than music

[Hip e Hop é mais do que música]
Hip is the knowledge
[Hip é o conhecimento]

Hop is the movement
[Hop é o movimento]

Hip and Hop is intelligent movement
[Hip e Hop é movimento inteligente]

All relevant movement
[Todo movimento relevante]

We selling the music
[Nós estamos vendendo música]

So write this down on your black books and journals
[Então escreva isso em seus livros pretos e jornais]

Hip Hop culture is eternal
[Cultura Hip Hop é eterna]

Run and tell all your friends
[Corre e conta para todos seus amigos]

An ancient civilization has bee born again
[Uma civilização anciente nasceu outra vez]

It's a fact
[É um fato]


I come back
[Eu voltei]

Every year I'm the Strongest
[Todo ano eu sou o mais forte]

Krs-one, Marley Marl
Yup we last the longest
[Sim somos os que duram mais]

Let's go
[Vamos lá]
I come back
[Eu voltei]

Cause I'm not in the physical
[Porque eu não estou no fisico]

I create myself man I live in the spiritual
[Eu criei a mim mesmo, eu vivo no espirito]

I come back through the cycles of life
[Eu voltei através dos ciclos da vida]

If you been here once you gone be here twice
[Se você esteve aqui uma vez você estará aqui duas]

So I tell you
[Então eu te digo]

I come back
[Eu voltei]

Cause you must learn too
[Porque você você precisa aprender também]

Hip Hop culture is eternal
[Cultura Hip Hop é eterna]



Hip Hop (Shan!)



Her Infinite Power
[Seu poder infinito]

Helping Oppressed People
[Ajudando o povo oprimido]

We are unique and unequaled
[Somos únicos e inigualáveis]

Hip Hop

Holy Integrated People
[Sagrado povo integrado]

Having Omnipresent Power
[Possuidor do poder onipresente]

The watchman's in the tower of
[O vigia está na torre do]



Hip Hop

Hip Hop

Hydrogen Iodine Phosphorous
[Hidrogênio Iodo Fósforo]

Hydrogen Oxygen Phosphorous
[Hidrogênio Oxigênio Fósforo]

That's called
[Isto é chamado]



Hip Hop



The response of cosmic consciousness
[A responsabilidade da consciência cósmica]

To our condition as
[Para a nossa condição é o]


Hip Hop


We gotta think about the children we bringing up
[Nós precisamos pensar nas crianças que nós estamos trazendo]

When Hip and Hop means intelligence springing up
[Quando Hip e Hop significa inteligência surgindo]

We singing what?
[Nós cantamos o que?]



Sickness Hatred Ignorance and Poverty
[Doença, ódio, ignorância e pobreza] 

Or Health Love Awareness and Wealth
[Ou Saúde, Amor, conscientização e riqueza

Follow me
[Sigam-me]

I come back
[Eu voltei]

Every year I get newer
[Todo ano volto renovado]

I'm the dust on the moon
[Eu sou a poeira da lua]

I'm the trash in the sewer
[Eu sou o lixo no esgoto]

Let's go
[Vamos lá]

I come back
[Eu voltei]

Every year I get brighter
[Todo ano eu volto mais brilhante]

If you thinking Hip Hop is alive hold up your lighter
[Se você pensa que o Hip Hop está vivo levanta seu isqueiro]



Let's go
[Vamos lá]

I come back
[Eu voltei]

Every year I'm expanding
[Todo ano eu estou expandindo]

Talking to developers

[Falando com os desenvolvedores]
About this city we planning, c'mon!
[Sobre a cidade que nós planejamos, chega ai!]

I come back
[Eu voltei]

Through any endeavor
[Através de todo esforço]

This is Hip Hop
[Isto é Hip Hop]


We gone last forever
[Nós vamos durar para sempre]


We will be here forever
[Nós vamos estar aqui para sempre]

We will still be here forever
[Nós vamos continuar aqui para sempre]

Get what I'm saying
[Se liga no que eu estou dizendo]

Forever
[Para sempre]
Marley!

I come back
[Eu voltei]

Every year I get newer
[Todo ano volto renovado]

That's That
[Sumêmo]

That's That
[Sumêmo]


quarta-feira, 20 de abril de 2011

FREE DOWNLOAD - MISTER BOMBA DE PONTA A PONTA + ENTREVISTA




Depois de alguns anos de estrada ao lado do SP Funk, Mr. Bomba lança seu primeiro disco solo, intitulado "De Ponta a Ponta". O CD, com direções para o rap radiofônico, foi produzido por ele e está encartado na revista Soma 21, em parceria com a Matilha Cultural. Se você ainda não pegou a sua, mas tá curioso, pode baixar o discão aqui.

Na sequência, leia a entrevista com Mr. Bomba abaixo. E clique aqui para fazer o download do disco. 



O Tranco do Mr. Bomba


Por André Maleronka . Fotos por Fernando Martins Ferreira

Mr. Bomba está lançando um primeiro disco solo cheio de direções para o rap radiofônico. E isso faz todo o sentido: o SP Funk, grupo do qual veio, sempre teve um olho nas novidades e outro nos bailes, e conseguiu aliar formatos inovadores e penetração no circuito do rap brasileiro. Neste bate-papo com a SOMA, ele fala sobre o início de sua carreira, sobre a situação atual da cena do hip-hop nacional e sobre as perspectivas e possibilidades do gênero no Brasil.



Quando escutei a primeira demo do SP Funk, já era um som diferente. Era descontraído, de baile.


É quente. Fomos os primeiros. O Zé Gonzales falou isso pra mim esses dias, que o SP Funk foi o primeiro [grupo] a fazer música de pista. E desde o começo a gente tinha preocupação com flow, letras com mais assuntos, estudar antes de falar, usar comparativos. Fomos os primeiros, os mais arrojados.



E como você começou a produzir?


Logo no primeiro [disco] do SP Funk. A primeira música que gravamos foi com o João Marcelo Bôscoli. A Trama nem existia, era pra uma coletânea da [gravadora] Velas. Então na primeira vez que entrei no estúdio foi um puta estúdio. Isso foi lá atrás, eu, o [Tio] Fresh e o Primo [Preto, então MC do grupo] no tempo do [baile] Sub Club. O MRN foi o primeiro grupo com qual nos coligamos, eram nossos aliados. O Fresh era do MRN, que tinha contrato com a [gravadora] Zimbabwe, com o Edu K produzindo - depois do Pivete e do Racionais, era o mais avançado que estava se produzindo no rap da época. Eu já tinha visto samplers em fotos. Fazia uma ideia do funcionamento do negócio. MPC vi pela primeira vez com o Nuts ou o Zé [Gonzales]. Era como eu pensei, o jeito que funcionava. Em 99 catei e aprendi sozinho. Quando tinha dúvidas dava uma ligada pro Zé. Fiz o disco do SP Funk assim. Antes a gente fez um contrato com o DJ Hum pra coletânea Rima Forte, [na qual] entrou nossa música "Fúria de Titãs". Quem se destacasse ganhava um disco inteiro. Fomos nós. E eu achava que a gente tinha que ter a nossa cara de produção. Hoje esse é um lado que curto muito e quero trabalhar. E em qualquer estilo - agora teve uma música minha que foi pro Exaltasamba.



"Eu não tenho preconceito na música. Não quero nenhum limite. Quero fazer música boa, que chacoalha. Músicas fáceis de cantar, mas inteligentes, com letra boa."


Da hora.

É uma música minha com o Oscar, que era do Broz. Ninguém queria trabalhar com o moleque do Broz, aí passaram pra mim. Eu faço. Lógico, o moleque canta pra caralho! Eu sei qual é a do Broz. Se fosse outro cara do Broz eu não fazia, mas como era aquele que vi cantando na TV e falei "Ó que zica esse moleque". Cantando R&B não tem, nunca vi assim no Brasil. Eu não tenho preconceito na música. Não quero nenhum limite. Quero fazer música boa, que chacoalha. Músicas fáceis de cantar, mas inteligentes, com letra boa.

Depois dos discos do SP Funk você fez aquela batida do som do D2 com o Catra.

É, eram alguns samples e um beat. Ele retocou o sample com o Caldato produzindo. É igualzinha, os breaks, a ponte. E eu nem sabia que ia ter o Catra. A parte dele é só uma ponte, e aquela base... Ele ia comer aquela base. Podia fazer um remix, comigo, com ele e o D2. Na minha versão da batida, ia ficar doido.

Hoje o rap tá com um nível bom, várias pessoas fazendo bem várias coisas diferentes.

No rap agora, ou você é bom ou nem faz, tá ligado? Imagina o Sabotage hoje em dia. Ele era o cara, mas vou te falar que agora tá nascendo uma safra boa. Mas ele era o cara, "number one". De flow, de tudo, de conceito. Ele ia ser rap até os 50 anos. Tinham que fazer um filme da história dele. Se fizerem direitinho, a hora que sair é estouro. E hoje tem vários caras. O Criolo [Doido] é fodido, tá no meu disco. Agora, essas tretas de Cabal e Emicida, isso é uma merda. O Cabal é foda. Sempre acreditei nele, mas às vezes a gente tem que pensar direitinho no que vai fazer.

Tem que entender melhor o Brasil.

Tem que entender melhor o Brasil, exatamente. É outro ritmo. Tem outros jeitos de fazer a mesma coisa. Essas musiquinhas... Música de picuinha não é música de carreira, tio. Você não vai ser lembrado por isso. A "Hit ‘Em Up" do Tupac não é a música pela qual ele ficou conhecido. Você tem sempre que estar atrás da música que vai te fazer ser reconhecido.



E teu disco vem como?


O disco não é todo dançante, tem minhas viagens de base, o que eu gosto de fazer. Chama Mr. Bomba De Ponta A Ponta, porque sou eu que tô fazendo tudo. Fiz várias músicas, várias produções, pra chegar até as que vão pro disco. Várias ficaram de fora. Quando eu lançar tem amigos que vão falar: "Cê é louco!".

"Eu tenho carimbo do funk. Já fiz vários bailes funk, e eu era o único de rap. As bases são tudo meio no tranco: catei a batida do crunk, do dirty south, e coloquei os timbres de funk, no ritmo do rap. Por isso deve ter dado algum estalo nos DJs de funk, que começaram a tocar."



Tem a "Biriri", que é foda.


Um amigo meu tinha acabado de cumprir uma sentença de um ano e dois meses. Aí ele veio com umas gírias novas. Quando escutei essa falei "Biriri? Isso é rap, e do mais cabuloso". Fiz a música, fui feliz no refrão, nas ideias. E quem abraçou o foi o gueto, o submundo. A molecada começou a fazer vídeos e postar no YouTube. Já viu que tem três nego veio? Aí chega tipo uma tia, ela tá filmando, é um Natal, deve ser 2007. Foi no final de 2007 que lancei e estourou - foi só dar na mão de dois DJs "xis", do gueto mesmo, que tocam no centro pra toda galera do gueto que vem curtir rap e funk. Daí que meu rap tocou no funk, é o único que tocou - eu tenho carimbo do funk. Já fiz vários bailes funk, e eu era o único de rap. Faz o "Biriri", faz mais duas - vai mudando de acordo com a aceitação. Tem músicas estilo "Biriri", que é o "tranco". Botei esse nome porque as bases são tudo meio no tranco: catei a batida do crunk, do dirty south e coloquei os timbres de funk, no ritmo do rap - ninguém sabe de onde vieram aquelas percussões, mas é isso. Por isso deve ter dado algum estalo nos DJs de funk, que começaram a tocar. Tem três ou quatro com essas batidas. Tem umas duas lentas, lentas mesmo. Não sei se vai encaixar na pista, mas acho que são minhas preferidas atualmente, uns balanços nervosos. A "Gênesis", que abre o disco, é estilo SP Funk - é o que a gente vai fazer, ano que vem vamos nos juntar, lançar disco ou mixtape e marcar datas. 



"Pique Meninão", a música do DJ QAP com o Maionese (ambos membros do SP Funk) e mais outro MC é nesse pique "tranco" e é foda também.


É foda pra caralho. Esse estilo aí, no baile vai que nem uma luva. Tava trocando ideia com o D2. Ele disse que tava tentando escrever letra pra passar batido, pra nego se ligar mais na música. Música pra dar certo no baile tem que passar batido. Não é pra escrever um livro ou uma tese sobre um tema. Pra mim tem que ser singelo o bagulho - se você consegue fazer um som como o "Biriri", que pode ser pra criança, pra adulto, pra sacanagem, pra ladrão, é isso. Eu falei pros caras quando eles estavam fazendo "Pique Meninão": "Porra, vocês tão esculachando". Mas deu certo, os caras ouvem. Em baile de ladrão tem uns caras que se mordem, dá pra perceber os caras incomodados, mas toca muito.



Com tanta gente boa fazendo rap e o funk dominando São Paulo, o que você vê de perspectiva?


Agora quero ver como vai ser essa retomada. Porque pra mim é dividir espaço, fazer show junto. Funk é hip-hop. É conseguir espaço pra todo mundo. Conseguir que o fã do Emicida escute e goste do Menor do Chapa. Se a gente conseguir isso, aí vai ser da hora, aí o rap vai tomar mesmo. Na marra, separado, não vai. Porque o espaço do funk é muito grande, inclui samba, axé - é mais festeiro, e o Brasil é festeiro. Aí entra aquela discussão do que é intelectual e o que é brega, povão. É foda, tem uma barreira fodida, é pouca gente que não torce o nariz. Na mídia prevalece quem tem um lance mais intelectualizado, não quem tem um lance mais povão, como o Catra, que conseguiu, como Calipso, que conseguiu. Eu sou fã de tecnobrega, de funk, e o rap tem muito que aprender com esses caras. Alguém vai ter esse estalo - porque os caras colocam uns raps, mas são uns raps toscos, mas se fizesse uma fusão com os caras... Se eu tivesse baile hoje, tinha tecnobrega, funk e rap numa mesma noite, só pra neguinho começar a olhar pra isso aí. É tudo gueto, música do gueto.



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