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segunda-feira, 13 de junho de 2016

LEGALIZAR A MACONHA PODERIA RENDER ATÉ 6 BILHÕES (BRL) EM IMPOSTOS




Legalizar a maconha no Brasil poderia render entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões por ano para os cofres públicos, de acordo com um estudo divulgado pela Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados.

Seria cerca de 40% do que o país arrecada hoje em impostos sobre bebidas alcoólicas e 60% da arrecadação com o tabaco.

A metodologia foi inspirada em um estudo feito em 2010 para o Instituto Cato por Jeffrey Miron, de Harvard, e Katherine Waldock, da New York University.

"Legalização significa menos violência, menos gastos do governo e a abertura de uma nova fonte de taxação. A experiência internacional mostra que a legalização funciona", disse Miron em entrevista para EXAME.com no ano passado.

A maconha é a droga ilícita mais consumida do mundo. Nos últimos anos, experiências de legalização tem sido feitas com resultados promissores em lugares como o Uruguai e os estados americanos do Colorado e Washington.
Portugal, que descriminalizou todas as drogas há 15 anos, é hoje o país com as menores taxas de consumo entre jovens da Europa.



Consumo

O trabalho da Câmara usa dados de uma pesquisa sobre consumo de 2005, que estimou que 1,8% da população brasileira usa maconha mensalmente (ou 2,7 milhões de pessoas).

Tomando como base a regulação uruguaia, cada uma delas poderia comprar até 40 gramas de maconha por mês.

Com preço de US$ 1,20 a grama e cotação de R$ 3,60 por dólar, chega-se a R$ 4,20 por grama, R$ 2.073 por usuário por ano e um mercado total do tamanho de R$ 5,69 bilhões.

Mas isso é supondo que não haja aumento no consumo. Os críticos alegal que a legalização faria a demanda explodir, mas há quem aposte que o fim do fator "fruto proibido" causaria o efeito contrário.

No estado americano do Colorado, verificou-se um crescimento acima de 17% na prevalência mensal pós-legalização. Um aumento do tipo por aqui levaria o gasto anual em maconha para R$ 6,68 bilhões.



Impostos

Legalizar é a parte fácil; o difícil é regular. Impostos, por exemplo: se são muito pesados e aumentam demais o preço, o mercado clandestino continua atrativo. Mas se são muito baixos, o preço desaba, o consumo é incentivado e o Estado não consegue arrecadar.

O estudo da Câmara supõe que a maconha estaria sujeita aos mesmos impostos e alíquotas do cigarro. As empresas envolvidas pagariam CSLL, IPI, PIS/COFINS e Imposto de Renda em nível federal e ICMS em nível estadual (São Paulo foi usado como referência).

No cenário sem aumento de demanda, são arrecadados R$ 5 bilhões. Com aumento no uso, são R$ 5,9 bilhões para os cofres públicos.


Ganhos

A legalização da maconha também faria o país economizar o dinheiro atualmente gasto para perseguir, processar, julgar e manter presas as pessoas que usam e vendem a substância.

Desde 2006, a lei já estabelece que ninguém deve ser preso por ser consumidor. No entanto, como não há uma quantidade definida para separar usuário de traficante, essa confusão continua sendo feita (com prejuízo maior para negros e pobres).

O estudo estima que quase R$ 1 bilhão seria economizado no sistema prisional, mas que não há dados suficientes para estimar o impacto pontual sobre polícia e Judiciário, já que eles são estáveis em estrutura e número de funcionários e atuam sobre todo tipo de crime.



Gastos

O Relatório Brasileiro sobre Drogas de 2010 concluiu que, em 2007, 0,8% das internações associadas a transtornos mentais e comportamentais pelo uso de drogas resultaram do uso de canabinoides.

Supondo que não haja mudança nessa proporção, esse gasto teria sido de R$ 6,2 milhões em 2014. Uma legalização poderia até aumentar o consumo, mas haveria controle dos níveis de THC, o princípio ativo do produto, e menos marginalização.

Por isso, o estudo estima um impacto nulo, mas a verdade é que faltam dados e experiências internacionais de longo prazo para estimar possíveis efeitos de longo prazo sobre coisas como acidentes, produtividade e aposentadorias precoces ou na diminuição da corrupção policial, por exemplo.



Contexto

Em uma pesquisa de 2011, dezenas de economistas reconhecidos foram perguntados se a abordagem holandesa de taxar ao invés de proibir as drogas leves teria um resultado melhor do que o status quo atual nos Estados Unidos. A esmagadora maioria concordou. 

"[A proibição] não consegue afastar as pessoas das drogas, apenas te dá essa ilusão e todos os efeitos colaterais horríveis: a corrupção, a polícia e a destruição de áreas e países inteiros porque você tornou algo artificialmente lucrativo ao bani-lo", diz Russ Roberts, Ex-professor na George Mason University e pesquisador em Stanford, em manifesto sobre o tema para EXAME.com.

Entre a população brasileira, a opinião é diferente: 64% são contra a descriminalização da maconha.



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sexta-feira, 13 de abril de 2012

PESQUISAS COM A MACONHA NO BRASIL

Fazer um levantamento das pesquisas sobre a maconha realizadas no Brasil, ao longo do tempo, é tarefa difícil principalmente porque até meados das décadas de 50 e 60 as revistas científicas brasileiras tinham vida efêmera, não eram catalogadas e muitas já não são encontradas nas bibliotecas.

Em levantamento incompleto, o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) catalogou um total de 470 artigos de brasileiros sobre maconha publicados nos séculos XX e XXI, sendo apenas 39 deles até o ano de 1955, os dois primeiros de 1934 por J. Lucena, respectivamente nos Arquivos da Assistência aos Psicopatas de Pernambuco e na Revista Médica de Pernambuco. Este autor e seus colegas foram provavelmente os mais profícuos pesquisadores do tema naquele período, dando a Pernambuco o merecido destaque, descrevendo os sintomas apresentados pelos usuários da maconha (títulos dos trabalhos: "Maconhismo e alucinações"; Os fumadores de maconha em Pernambuco"; "Maconhismo crônico e psicoses"; "Alguns dados sobre fumadores de maconha" etc.) publicados naquelas revistas e também na Revista Neurobiologia. Foi nesta época, de 1930 a 1940, que a repressão ao uso da maconha ganhou força no Brasil, com a publicação de artigos por vários autores brasileiros também com títulos alarmantes ("Os males da maconha"; "Maconha – ópio do Brasil"; "Os perigos sociais da maconha"; "As toxicomanias"; "Intoxicados pela maconha em Porto Alegre"; "O vício da Liamba no Estado do Pará – uma toxicose que ressurge entre nós" etc.).Iniciava-se também as ações policiais contra cultivadores e usuários da maconha, apoiadas no Decreto Lei Federal nº 891 em 25/11/19381.

Em 1956, o Ministério da Saúde, por meio do Serviço Nacional de Educação Sanitária e da Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes, organizou o que possivelmente foi a primeira reunião nacional sobre a maconha, publicando um alentado Anais a respeito2. Vinte e oito artigos estão presentes nesta publicação. Todos descrevem e comentam efeitos da maconha em usuários, sem maiores detalhes de metodologia ou resultados de pesquisa experimental. Os autores, de vários Estados do país, revelam até pelos títulos de suas contribuições uma postura mundial comum àquele período: condenação pura e simples da maconha como se fosse uma droga diabólica ("Os fumadores de maconha: efeitos e males do vício"; "Sobre o vício da maconha"; Vício da diamba"; "O cânhamo ou diamba e seu poder intoxicante"; "Os perigos sociais da maconha"; "Aspectos do maconhismo em Sergipe"; "Diambismo ou maconhismo: vício assassino"; "A ação tóxica da maconha produzida no Brasil"; "Estudo dos distúrbios nervosos produzidos pela maconha", entre outros).

A partir da década de 60, a situação começou a modificar-se com os estudos pioneiros de José Ribeiro do Valle na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Este procurou, por meio de experimentação animal, quantificar os efeitos de extratos da planta e contou com a colaboração da S. Agurell, da Suécia, e B. Holmastdt, da Suíça.

Valle ao mesmo tempo acolheu vários jovens brasileiros que passaram a se interessar pelo estudo da planta. Nascia assim o principal e duradouro grupo de pesquisa sobre a maconha, que tem continuidade até o presente graças aos "filhos, netos e bisnetos" de Valle. Eu tive a honra de ser um dos "filhos", gestado no Departamento de Farmacologia e Bioquímica da Escola Paulista de Medicina. Estimulado pelo meu "pai científico", estagiei por quatro anos nos Estados Unidos para aprender "técnicas de psicologia experimental", seguindo a sua orientação. Fundou-se então o Setor de Psicofarmacologia e, em seguida, o Departamento de Psicobiologia, em 1973, que passei a dirigir, concentrando as atividades em pesquisas com animais e alguns trabalhos clínicos experimentais com voluntários não-usuários de maconha. Durante os próximos 30 anos foram publicados 57 trabalhos, 42 dos quais em revistas internacionais como Psychopharmacology; European Journal Pharmacology; Journal of Pharmacy and Pharmacology; Pharmacology; Biochemistry and Behavior; British Journal of Pharmacology; entre outras. Trabalhando em colaboração com grupos de química de Israel (R. Mechoulam) e da Alemanha (F. Korte), demonstramos então em animais que extratos de maconha, Δ9-tetraidrocanabinol (Δ9-THC), canabidiol e vários outros fitocanabinoides induziam tolerância que não era cruzada com LSD-25 e mescalina; que o estresse ambiental potencializava certos efeitos da maconha e que tinham marcante efeito hipnótico e anticonvulsivante. Foi também demonstrado que o teor de Δ9-THC não explicava todos os efeitos da planta dada uma ação moduladora do canabidiol sobre o Δ9-THC. Estes trabalhos trouxeram amplo reconhecimento internacional ao Departamento de Psicobiologia, a ponto de recebermos naquela época em estágio ou ano sabático vários cientistas de países como Uruguai (J. Monti), Argentina (I. Izquierdo), Grécia (H. Savaki) e Estados Unidos da América (R. Musty, P. Consroe).

Ao mesmo tempo, vários jovens brasileiros fizeram estágios ou pós-graduação no Departamento de Psicobiologia. Entre estes "netos do Valle": A. W. Zuardi, R. Takahashi e I. Karniol, que retornaram aos seus locais de origem e estabeleceram produtivos grupos de pesquisa, notadamente no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto.

Em 1984 foram publicados os dois últimos trabalhos, de revisão, do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP3,4, sendo que um deles4 permaneceu como um dos dez mais acessados (hotest papers) da revista Toxicon.

Os "netos do Valle", principalmente A. W. Zuardi, continuam até o presente as pesquisas com canabinoides, notadamente o canabidiol. Tanto assim é que em uma recente revisão5 são citados vários trabalhos do grupo de Ribeirão Preto demonstrando que este princípio ativo da Cannabis sativa L possui atividade ansiolítica, antipsicótica e efeitos sobre doenças motoras.

Na realidade, o grupo de Ribeirão Preto liberado por Zuardi e contando com alguns de seus ex-estagiários ("os bisnetos do Valle"), em suas respectivas universidades de origem, apresenta-se hoje como o mais importante grupo de pesquisa em canabinoides do Brasil. Conforme mencionado, em quase duas dezenas de trabalhos publicados5 focando a atenção no canabidiol, os autores estudaram seus possíveis efeitos terapêuticos na esquizofrenia, ansiedade, epilepsia e desordens motoras como moléstia de Parkinson. Por outro lado, com as recentes descobertas de um sistema canabinoide completo no cérebro de mamíferos, inclusive o humano, pode-se antever que "os netos e bisnetos do Valle" continuarão a contribuir com importantes pesquisas sobre este tema.



Elisaldo A. Carlini

Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas 
(CEBRID), Departamento de Psicobiologia, Universidade 
Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil






Referências

1. Carlini EA. A história da maconha no Brasil. J Bras Psiquiatr. 2006;55:314-7. [ Links ]

2. Ministério da Saúde. Maconha: coletânea de trabalhos brasileiros. Serviço Nacional de Educação Sanitária Brasília (DF): Imprensa Nacional; 1958. [ Links ]

3. Carlini EA. Riscos e promessas da cannabis. Scientific American Brasil. 2004;69-75. [citado 19 Dez 2009]. Disponível em: http://www.sciam.com.br. [ Links ]

4. Carlini EA. The good and bad effects of (-) trans-delta 9 – tetrahydrocannabinol (Delta 9-THC) on humans.Toxicon. 2004;44(4):461-7. [ Links ]

5. Zuardi AW. Cannabidiol: from an inactive cannabinoid to a drug with wide spectrum of action. Rev Bras Psiquiatr. 2008;30(3):271-80. [ Links ]

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

PARA ENTENDER A MACONHA E DEIXAR DE FALAR BESTEIRA :: POR ADRIANO LORENZO

Vejo muita gente falando que há preconceito em relação a essa planta. 

A questão não é de preconceito. A questão é puramente econômica. Essa planta pode ser plantada facilmente e pode facilmente substituir centenas de produtos e matérias primas escassas utilizadas pela indústria para obter mais lucro e domínio de setores econômicos. Tudo o que é abundante e encontra uma grande demanda nos mercados, deve ser tornado escasso artificialmente de uma forma ou de outra, se o objetivo for uma exploração comercial mais lucrativa.

O monopólio é uma das formas de se tornar algo que era abundante em algo escasso. Será que ninguém nunca viu a imagem de um celeiro cheio de grãos apodrecendo para manter o produto escasso e o preço do quilo alto? Veja a indústria farmacêutica, por exemplo, essa substância ajuda no combate a diversas doenças terminais, como o câncer e doenças neurológicas. Como a industria farmacêutica iria fazer rios de dinheiro com a fabricação e venda de suas próprias drogas escassas se existisse algo abundante na natureza, como essa planta, que substituiria seus produtos?

Veja o consumo recreativo: existe uma grande demanda dessa substância para fins de recreação ao redor do mundo. O que fazer para frear o cultivo dela, ou qual a melhor medida que poderia ser tomada pelos interessados na exploração econômica dessa matéria prima afim de garantir o monopólio da venda dela? Como fazer com que, além de tornar o produto caro, através do controle de sua produção e circulação na economia, tornar esse produto ainda mais rentável? Resposta: seja do governo, seja o dono do monopólio, utilize as leis para torná-lo proibido, não pague impostos e ganhe com a venda de outros artigos que você têm o monopólio, como armas para os vendedores informais.

Ganhe dinheiro, aumentando a carga tributária, para melhorar a segurança nas ruas (problema que você criou com a assinatura de diversas leis) com o seu exército fardado. Desvie o dinheiro de seus escravos impondo mais taxas fazendo-os acreditar que os criminosos são eles. Faça com que os seus escravos acreditem que são "contribuintes" e utilize propaganda fascista para que os mesmos continuem defendendo os seus interesses. Eles serão zumbis que defenderão paradoxalmente o aumento da máquina mafiosa, o governo.

Eles acreditarão que não podem tomar o poder e organizar a sociedade por eles mesmos. Acreditarão que não podem viver de outra forma senão através de sistemas que os escravizam eternamente sem eles saberem, como a criação de dívidas contraídas desnecessariamente com os seus chefes supremos: os bancos. Faça com que eles não compreendam o papel da abundância e a escassez, principalmente no que se refere ao dinheiro em circulação.

Mantenha-os acreditando em farsas e mais farsas e eles defenderão o seu império. Eles irão confrontar seus soldados, que também são seus escravos, e pedirão que os seus juízes façam alguma coisa. Faça com que diversos mercados fiquem em suas mãos através de inúmeros monopólios. Deixe que eles queiram ser os seus eternos escravos. Eles cantarão alegremente músicas com “deixa a vida me levar”, ou “a vida deveria ser bem melhor e será”. Deixe que eles se regozijem de suas vidas passivas. Deixe que eles adorem ser eternos ignorantes.

Seja um anjo das engrenagens ocultas, seja intangível, seja eterno.

Por Adriano Lorenzo, Diretor do MolaMestra

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

RASCLAAT - DROGAS E DEMOCRACIA

Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso
É impressionante como as pessoas mudam de lado ou interesse de uma hora para outra - sim de uma hora para outra, não há como prever como será o futuro ou ter uma visão clara ou distorcida de fatos que irão acontecer, mas uma coisa é séria, hoje as pessoas mudam de opinião mais rápido que antigamente, será epifania ou simples retórica, não importa, hoje se constrói ou se destrói a imagem de uma pessoa em fração, aquele post no facebook ou no twitter com o nome daquele cara ou fulana desconhecida, que seja, que deitou na cama um carinha ou fulaninha, as notícias são tão instantâneas que daqui há alguns anos, você talvez nem vá gostar mais de dub, porque surgiu o dubstep e logo surge um outro rótulo, enfim, não é disso que se trata o post. 

Mas mudanças de opinião - que penso serem sempre válidas, são diferentes de mudança de interesse ou lado, em suma a maioria das vezes que uma pessoa ou um corporativo muda sua opinião ou lado da história, principalmente sendo políticos  - aposentados ou não, é porque em determinado momento estava em cima de um muro, lá naquele cantinho bem escondido onde não levava pedrada nem tiro de nenhum dos lados ou lucrava com as pedras que eram atiradas. Esse político não levava pedrada do Estado, nem do Governo, nem da Polícia, nem do traficante, e nem do usuário. Esse último, na verdade sempre foi o que mais sofreu com todas as ações e sanções impostas pelo governo e classe conservadora que o encara como um pré-bandido, que se for menor de idade (ou dimenor como a policia diz) será encaminhado a antiga FEBEM - desse nome você deve se lembrar, para fazer estágio de criminalidade e após fazer a pós em um presidio de segurança média.

Mas hoje, com o PT a frente do governo nos últimos oito anos e agora com mais quatro anos de mandato com a Dilma a frente, e os tucanos com o pré candidato a presidência José Serra cada vez mais fraco e com oposição quase nula, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu, há uns dois anos praticamente, tocar numa ferida aberta há muito tempo, que é o uso e o tráfico de drogas. 

Bem, como de intenção o inferno está cheio e lenga lenga também, FHC hoje está fazendo a parte dele que é mudar de lado e opinião quanto a mal eficiência do Governo Federal em relação ao tráfico. O start principal (talvez tenha sido) foi o ótimo documentário Cortina de Fumaça onde já expressava a mudança de opinião quanto a tratativa ao tráfico e o consumo de drogas. Ponto positivo, elevou a discussão em um patamar maior, hoje em dia existe até mesmo a "Comissão Latino-Americana de Drogas e Democracia", onde fazem parte políticos como o FHC e ex-presidentes da Colômbia e México, onde se concentra o maior foco de produção e tráfico de drogas de médio e grande porte. 

E nessa ação política-modernista-contemporânea da classe mais conservadora, figuras carimbadas pela sua tolerância zero no combate as drogas como Bill Clinton - figura que combateu Pablo Escobar, líder na época do Cartel de Medellin, um dos principais cartéis de drogas da Colômbia. Clinton nos seus dois primeiros anos de mandato como Presidente do EUA, barganhou e conseguiu o impeachment do mesmo  quando foi eleito Senador na Colômbia, mas devido seu envolvimento com o tráfico foi banido do cargo, com o dedo metido claro da C.I.A. (Criminals In Action) e o FBI. Em 1993 Pablo Escobar foi assassinado, e Bill Clinton reeleito. É impressionante que, todos os que os EUA consideram seus inimigos são assassinados, vide os últimos como Saddam Hussein; enforcado e Osama Bin Laden; morto a tiros e jogado ao mar. 

Em suma, nenhum dos lados é bom ou mal, são na verdade uma moeda que  só tem uma cara, independente de qual dos dois lados esteja a frente, quem realmente sofre somos nós com política principalmente econômica que afeta a inteligência, ética, bons costumes e tudo o que um ser humano deveria ter ao se tornar uma autoridade pública. 

Após a "Comissão L. A. de Drogas e Democracia", e o envolvimento de figurões políticos, além de Bill Clinton, também emergiram Kofi Annan, e uma laia imensa de políticos de primeira linha em prol dessa restruturação da filosofia de combate as drogas chamada de  "Comissão Global de Policiamento de Drogas" numa tradução livre. A idéia principal de tudo isso; cuidar do usuário. 

Bem, nada contra, que cuidem e cuidem bem, mas lembre do inicio do artigo, sobre mudar de lado e interesse em prol de uma causa própria e lucro subversivo. Nos últimos anos dezenas de livros e documentários foram feito tratando da maconha e demais drogas, das leis impostas, e da lucratividade que cartéis, comandos e a banda podre da policia tem com o tráfico. Vamos só dar uma pausa para refletir sobre alguns fatos;

> O Paquistão é um dos maiores produtores de papoula e maconha do mundo, base para drogas como cocaína - você lembra quem invadiu o Paquistão e ocupou os campos de papoula "para impedir o tráfico" há pouquíssimo tempo atrás.

> Fazendo parte da Comissão Latino Americana de Drogas e Democracia estão os ex-presidentes da Colômbia e México.  A Colômbia sempre esteve no Top Três de produção de drogas no mundo.

> Uma das fronteiras mais frágeis do mundo, é a do Brasil onde a entrada e saída de drogas e armas, fez do país um dos que mais tem mortes relacionadas ao tráfico, e pelos números qualquer país da África em guerra civil perderia para o nosso número de mortos.

Agora vamos pensar como esses políticos, entendendo que o mundo - Europa e EUA, porque o resto não é mundo é o Terceiro Mundo apenas, Europa e EUA tem hoje um dos maiores vai-e-vem de dinheiro do planeta, e grande parte desse dinheiro são da venda e o consumo de drogas. E como político um mercado como esse incluiria laboratórios de pesquisa, industria farmacêuticas, industria agrícolas, tudo isso e muito mais controle (não legalização) pelos governos com recolhimento de impostos, venda controlada e tudo mais que você pode imaginar que o governo faria no controle do tráfico, ops, do comércio e uso de drogas, existe um depoimento do Arnaldo Jabor muito interessante sobre o tema, e diz em 2009 a antecipação do que está acontecendo hoje. Comércio de drogas é hoje a maior mina de ouro, desde o tabaco e álcool que em determinado momento da história também começaram com extremo controle, e depois se tornaram produto privado com tributação de impostos absurda, duas das maiores empresas estão bem aqui e se chamam Vera Cruz e AMBEV, que para existirem pagam absurdos em impostos, valores que somados  seriam maiores que o PIB de muitos países. 

Penso eu que, de intenção realmente o inferno está cheio, e de politicagem também. A atitude (até seria) nobre de FHC de reconhecer que sua atitude quando Presidente do Brasil, sendo manipulado no combate as drogas pelos EUA de Bill Clinton na época, que também atazanou a vida da Colômbia, resultando em diversos seqüestros de jornalistas e ativistas pelas FARC, tem podre de todos os lados por parte desses bons velhinhos que um dia todos foram lobos maus, que hoje estão vestindo tênis de cânhamo para fazer caminhada. Deixamos de ser a república das bananas e cocô verde, para num futuro próximo Pernambuco poderá se tornar um dos maiores exportadores de maconha do mundo, imagine só.

O maior objetivo aqui é a reflexão da postura, das atitudes, e as mudanças de opinião que de certa forma foram repentinas e astutas se levarmos em conta todas as crises econômicas que estão acontecendo em diversos países e chegando muito em breve por aqui, e o que realmente essas ações de agora irão causar no nosso futuro, já que de forma direto o efeito será contra a nós. Deixo dois pensamentos finais para fechar o texto antes de você assistir a entrevista do FHC para a Globo News falando sobre documentário; "País pobre já é pobre, mas país rico não quer ficar pobre" e a última "Quem fica em cima do muro, toma tiro dos dois lados, mas quem está na correria do dia a dia, acabando levando uma pedrada ou bala perdida."



Por RAS Wellington

domingo, 20 de março de 2011

CORTINA DE FUMAÇA - DOCUMENTÁRIO



Cortina de Fumaça é um projeto independente movido pela vontade de colaborar na construção de uma sociedade mais equilibrada e alinhada com os princípios de liberdade, diversidade e tolerância.

Um documentário ousado sobre um tema polêmico que interessa a todos e que precisa ser debatido de forma honesta; a política de drogas no Brasil e no mundo, baseada na proibição de determinadas práticas relacionadas a algumas substâncias, precisa ser repensada porque muitas de suas conseqüências diretas, como a violência e a corrupção por exemplo, atingiram níveis inaceitáveis.

“O modelo atual de política de repressão às drogas está firmemente arraigado em preconceitos, temores e visões ideológicas. O tema se transformou em um tabu que inibe o debate público por sua identificação com o crime, bloqueia a informação e confina os consumidores de drogas em círculos fechados, onde se tornam ainda mais vulneráveis à ação do crime organizado”. Relatório da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia (2009).

O documentário de 94 minutos, traz informação fundamentada para o grande público através de depoimentos nacionais e internacionais. Além do Brasil, o diretor Rodrigo Mac Niven gravou na Inglaterra, Espanha, Holanda, Suíça, Argentina e Estados Unidos; visitou feiras e congressos internacionais, hospitais, prisões e instituições para conversar com médicos, neurocientistas, psiquiatras, policiais, advogados, juízes de direito, pesquisadores e representantes de movimentos civis. Dentre os 34 entrevistados, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; o Ministro da Suprema Corte da Argentina, Raúl Zaffaroni; o ensaista e filósofo espanhol autor do tratado “Historia General de Las Drogas”, Antonio Escohotado, o ex-Chefe do Estado Geral Maior do Rio de Janeiro, Jorge da Silva e o criminalista Nilo Batista.

O filme fala sobre a relação entre o homem e as drogas psicoativas; revela a discordância entre a atual classificação das drogas e o conhecimento científico sobre essas substâncias; discute a situação particular da Cannabis (maconha), seu uso industrial e medicinal; levanta fatos relacionados ao surgimento dos projetos proibicionista e aponta para o colapso social que algumas cidades, como o Rio de Janeiro, vivem por causa da violência e da corrupção.

O filme foi produzido, escrito e dirigido pelo jornalista Rodrigo Mac Niven, numa co-produção entre a J.R. Mac Niven Produções e a TVa2 Produções.

Para o diretor, “é preciso instigar os indivíduos a repensarem a sociedade porque ela está em constante mutação. As pessoas desconhecem informações fundamentais que determinam uma política de drogas que interfere diretamente na vida delas, na liberdade delas, na segurança delas. Uma política que ignora princípios e direitos universais de liberdade e soberania. Muita gente está lucrando com isso e quem sofre é a sociedade que não consegue enxergar tamanha é a desinformação”.

sábado, 27 de novembro de 2010

CORTINA DE FUMAÇA

Cortina de Fumaça é um projeto independente movido pela vontade de colaborar na construção de uma sociedade mais equilibrada e alinhada com os princípios de liberdade, diversidade e tolerância.

O filme é um documentário ousado sobre um tema polêmico que interessa a todos e que precisa ser debatido de forma honesta. A política de drogas no Brasil e no mundo, baseada na proibição, precisa ser repensada porque muitas de suas consequências diretas, como a violência e a corrupção, atingiram níveis inaceitáveis.

O documentário de 94 minutos, traz informação fundamentada para o grande público através de depoimentos nacionais e internacionais. Além do Brasil, o diretor Rodrigo Mac Niven gravou na Inglaterra, Espanha, Holanda, Suíça, Argentina e Estados Unidos; visitou feiras e congressos internacionais, hospitais, prisões e instituições para conversar com médicos, neurocientistas, psiquiatras, policiais, advogados, juízes de direito, pesquisadores e representantes de movimentos civis. Dentre os 34 entrevistados, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; o Ministro da Suprema Corte da Argentina, Raúl Zaffaroni; o ensaista e filósofo espanhol autor do tratado “Historia General de Las Drogas”, Antonio Escohotado, o ex-Chefe do Estado Geral Maior do Rio de Janeiro, Jorge da Silva e o criminalista Nilo Batista.

O filme fala sobre a relação entre o homem e as drogas psicoativas; revela a discordância entre a atual classificação das drogas e o conhecimento científico sobre essas substâncias; discute a situação particular da Cannabis (maconha), seu uso industrial e medicinal; levanta fatos relacionados ao surgimento dos projetos proibicionista e aponta para o colapso social que algumas cidades, como o Rio de Janeiro, vivem por causa da violência e da corrupção.

Veja o trailer:

SERVIÇO:

Cortina de Fumaça (Brasil, 2010) – 94’. Site oficial Português e Inglês com legendas em português
Dir: Rodrigo Mac Niven;

dia 14 (ter) – 19h

dia 15 (qua) – 17h e 21h

dia 16 (qui) – 17h e 21h

dias 17 (sex) – 20h Debate com o diretor após a sessão

dia 18 (sáb) – 19h e 21h

dia 19 de dezembro (dom) – 17h e 19h

Matilha Cultural
Rua Rego Freitas, 542 (Consolação). Veja mapa.
Tel.: (11) 3256-2636

ENTRADA GRATUITA

terça-feira, 18 de maio de 2010

ABRINDO O DEBATE SOBRE A CANNABIS NO BRASIL



ABRINDO O DEBATE SOBRE A CANNABIS NO BRASIL

O Growroom e a Matilha Cultural convidam para o encontro “Abrindo o debate sobre a Cannabis no Brasil” - Liberdade de expressão, Segurança Pública e Uso Medicinal, que será realizado no dia 19 de maio.

O objetivo do evento é estruturar um debate democrático e transparente sobre as políticas de regulação da Cannabis no Brasil, lidando com a questão de forma pragmática e coerente com a realidade social do país.

Com a presença de pesquisadores, advogados, ativistas, agentes redutores de danos e cidadãos, os debates não pretendem defender ou condenar a discriminalização da Cannabis no Brasil, mas trazer luz à questão ao promover a pluralidade de opiniões e colaborações de especialistas e cidadãos.

O evento será gratuito, aberto ao público e transmitido pela internet pelos endereços http://www.matilhacultural.com.br e http://growroom.net.

Pano de Fundo

No Brasil, em 1932, por decreto, o então presidente Getúlio Vargas tornou crime o cultivo, o comércio e o consumo da planta e criou restrições severas ao seu uso como medicamento.

A rigidez da proibição transformou o comércio em narcotráfico e a Cannabis passou da esfera da saúde, para a criminal. O uso medicinal da planta no país foi, assim, transformado em crime e oficialmente desqualificado e perseguido.

Mesmo reprimida e criminalizada há décadas, a Cannabis continua sendo uma das plantas mais cultivadas pela humanidade em todo o planeta, como acontece há mais de 15 mil anos. Estima-se que os negócios em torno da planta movimente bilhões de dólares, abastecendo milhões de consumidores em todo o mundo.

A proibição, por sua vez, transforma esse comércio em fonte de renda para pessoas já envolvidas com atividades criminosas, muitas vezes violentas extinguindo a possibilidade de controle oficial do governo sobre a questão.

Em países como Espanha, Argentina, Reino Unido, Canadá e até estados norte-americanos, o debate em torno da regulamentação do uso medicinal e recreativo da Cannabis tem sido ampliado com novas perspectivas, ideias e experiências práticas sobre o tema.

No Brasil, a discussão vem acontecendo graças a profissionais de diversas áreas que adotaram posturas mais humanitárias com respeito as especificidades culturais, econômicas e as liberdades individuais na questão da Cannabis.


PROGRAMAÇÃO

19 DE MAIO – 15 às 19hs

15h às 17h - Antiproibicionismo: Um debate autorizado!
Mediador: Alexandre Youssef - Sócio do STUDIO SP, fundador de Instituto Overmundo e colunista de política da revista TRIP, foi Coordenador de Juventude da cidade de São Paulo entre 2001 e 2004
Marco Magri – Cientista Social. Coletivo Desentorpecendo a Razão (SP)
Gerardo Santiago – Advogado. Nova Sociedade Libertadora (RJ)
Leonardo Sica – Advogado. Coletivo Marcha da Maconha São Paulo
Júlio Delmanto – Jornalista Caros Amigos (SP) – A confirmar
Sergio Vidal – Antropólogo, membro do Growroom, Representante da União Nacional dos Estudantes no CONAD e no Grupo de Reforma da Lei 11.343
Marisa Fefferman – Advogada e prof. da Universidade São Paulo (USP)
10 min por componente da mesa e 1h de debate

17h às 17h30 – coffee break

17h30 às 19h - Horizontes para um mercado regulamentado de Cannabis no Brasil
Mediador: Alexandre Youssef
Domiciano Siqueira – Presidente da Associação Brasileira de Redutoras e Redutores de Danos (ABORDA);
Médico Convidado (Confirmado, aguardando os dados)
Cristiano Maronna - Advogado NEIP/IBCCRIM
Mônica Gorgulho – Psicóloga, Representante do Conselho Federal de Psicologia no CONAD e no Grupo de Reforma da Lei 11.343
Alessandra Oberling – Diretor do Viva Rio e da Comissão Brasileira Drogas e Democracia.
10 min por componente da mesa e 50 min de debate

Filmes
19h30 O Sindicato – o negócio por trás do barato (2007) - 100’ - Canadá
Direção: Brett Harvey
Título Original: The Union – The Business Behind Getting High
Site Oficial: www.theunionmovie.com

21h30 Esperando para tragar – A vida de pacientes não-regulamentados de Cannabis (2005) – 74’ - EUA
Direção: Jed Riffe
Título Original: Wait to Inhale


SOBRE A MATILHA CULTURAL
A Matilha Cultural é uma entidade independente e sem fins lucrativos instalada em um edifício de três andares, localizado no centro de São Paulo. A Matilha integra um espaço expositivo, sala multiuso, café, além de um cinema com 68 lugares.

Fruto do ideal de um coletivo formado por profissionais de diferentes áreas, a Matilha foi aberta em maio de 2009 e tem como principais objetivos apoiar e divulgar produções culturais e iniciativas sócio-ambientais do Brasil e do mundo.


SOBRE O GROWROOM
growrooom@growroom.net – (11) 70286983
O Growroom é um grupo que atua em defesa dos direitos dos usuários de maconha, tendo como uma de suas principais atividades manter um Portal na Internet sobre tudo que é relacionado a planta Cannabis sativa, seus usos e usuários, além de um Fórum que serve de espaço de convivência para pessoas adultas que consomem Cannabis sativa.

O grupo atua dentro dos princípios da redução dos riscos e danos, buscando o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade dos usuários.


MATILHA CULTURAL
Rua Rego Freitas, 542 – São Paulo.
Tel.: (11) 3256-2636.
Horários de funcionamento: terça-feira a sábado, das 12h as 20h.
Wi-fi grátis.
Cartões: VISA (débito/crédito)
Entrada livre e gratuita, inclusive para cães.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

ENTREVISTA BOB MARLEY


Em tempos onde o reggae nacional anda numa defasagem e mesmice plena, bom ao invés de fazer uma bio ou qualquer outra coisa a respeito de Bob Marley, vou postar uma entrevista dada por ele a Stephen Davis e Peter Simon, no livro “Reggae – Música e Cultura Jamaicana”. Nesta entrevista Bob fala sobre Rastafari, o Reggae e a comercialização (direitos autorais, venda de discos), sobre a situação política na Jamaica e suas “profecias” digamos assim, quanto ao futuro do Reggae ( se tivermos a visão da palavra dita sobre a Jamaica, e refletirmos sobre o Brasil, o ocorre aqui é o que é dito por Marley). Boa leitura. RAS

***

*** - O fato de ser o músico que toda a gente espera que vá popularizar ainda mais o reggae não o afeta?
Marley – É claro, os outros irmãos usam-me como um veículo. Mas nós temos uma mensagem e queremos transmiti-la. A mensagem é de viver. A minha mensagem ao mundo é Rastafari! O que é bom deve cobrir o mundo, assim como a água cobre o oceano. Não passamos de crianças a face da terra mas as nossas mentes estão muito perturbadas. Ninguém ensina aos outros o verdadeiro modo de vida. Neste momento, o diabo tem uma grande influencia. Mas se querem a minha opinião, a influência do diabo conduz a morte ao passo que a de Jah conduz a vida. Yeah, mon, os Rastas devem regressar a sua terra, a Africa. Isso parece engraçado para alguns, as vezes até parece uma loucura, mas é nosso profundo desejo regressar a Africa. Houveram coisas que aconteceram há muito tempo atrás que devem ser reveladas, e até que isso se faça, estarei sempre em cativeiro.


*** - Será que os Rastas vão se organizar para fazer da Jamaica uma outra Africa?
Marley – Não! Não há salvação para a Jamaica. Nós gostamos da Jamaica, sabe, mas para os Rastas é uma terra manchada. A sua história está manchada. Tal qual o povo que se parte já não pode ser recuperado. A Jamaica não pode ser recuperada. Nem por mim, nem pelos Rastas. Quando vemos o sistema, vemos a morte. Aqui, as pessoas têm de lutar por tudo.


*** - Os músicos de reggae são acusados aqui na Jamaica de venderem a cultura jamaicana...
Marley – Nós não vendemos a nossa cultura. Se Deus não me desse canções para eu cantar, eu não cantaria. Ouve: “enquanto a filosofia que diz que uma raça é superior a outra não for definitivamente desacreditada e abandonada, é a guerra...” Haile Selassie já disse. Eu não faço mais do que repeti-lo ao mundo. Não se pode vender uma cultura.


*** - Você irá até a Africa?
Marley – Yeah mon! O tempo chegou compreende? Marcus Garvey disse “A Africa para os africanos”. E isso não pode ser posto em causa. O problema reside no fato do diabo precisar da vida de toda a gente. Mas aqui não se pode trabalhar para se alcançar o que se quer. Nunca podereis alcançar o vosso fim. O sistema mata as pessoas e é por isso que temos de matar o sistema. Todos querem conduzir um carro mas ninguém quer conduzir um burro. Eu só gosto de um governo, o governo de Rastafari. Nós somos oriundos da Africa, mas ninguém no governo aceita isso. Eles querem que pensemos que somos jamaicanos. A maioria dos jamaicanos quer regressar a Africa, mas o governo diz que devemos viver e morrer aqui. Ainda não é hoje, mas quando o dia chegar, 144.000 regressarão. Falo é claro, das 12 tribos de Israel. O governo não tem razão e não sei o que se passa com eles. Os políticos estão nas tintas do povo. Só Jah se preocupa. Eles dizem: “Cada um por si e Deus por todos”. – Marley passa o joint, a noite cai e motos entram e saem zumbindo. Yeah mon! É a guerra! A Jamaica é o inferno. Até encontrarmos as nossas raízes, a política continuara a existir. Se encontrarmos as nossas raízes, poderemos viver. Reggae, Rock, Soul, cada canção é um sinal. Mas é preciso tomar atenção, ao tipo de canção e vibração que se da ao povo, porque “desgraça para aqueles que conduzirem meu povo a deriva”. Como cantor, prefiro cantar para todo o povo e não só para metade. É preciso ter cuidado com o que se canta. E se a Babilônia nos quiser explorar, isso só apressará a sua queda. Se formos verdadeiros irmãos, o dinheiro não poderá servir de barreira entre nós. Compreende? Bom! É claro, as pessoas roubam-me e tentam enganar-me, mas agora tenho experiência. Agora sei e vejo, e já não sou enganado. Fiz discos e não recebi direitos de autor. As vezes ainda acontece. Todos os discos do Wailers foram feitos aqui na Jamaica, mas foram falsificados na Inglaterra. Todas as companhias inglesas roubam, mon! Tos que se ocupam da música das Antilhas, são uns canalhas...


*** - Quais são os músicos de reggae que prefere?
Marley – As I-Threes, Burning Spear, Big Youth, toda a música jamaicana. Gosto do Dub, mas não toco muito. Dub significa exato e justo. A perfeição. Quando os Wailers dizem que vão tocar Dub quer dizer que vão ser exatos e justos.


*** - O que acontece que o reggae é tão pouco tocado pela radio jamaicana?
Marley – É porque o reggae fala da atual situação na Jamaica. Algumas pessoas não gostam da verdade. Mas não é grave, já que as pessoas não ouvirem reggae na radio, ouvem em suas casas ou vão dançar e continuam a ouvir. A radio é importante mas se um disco é lançado e ela não passa, a grande promoção consiste em dizer que é uma canção censurada, e quando uma canção é censurada todos querem ouvi-la.. hehehe! Não me fale de Manley (primeiro ministro da Jamaica) nem do governo. Manley não pode deter a profecia. A profecia deve seguir o seu caminho. A erva é o remédio da nação. Manley pode dizer o que quiser (sobre a legalização da ganja), mas a policia recebe as suas ordens de outros. Manley veio aqui um dia e fumamos juntos. Eu não condeno as pessoas, deixo o julgamento a Jah. Nós não condenamos o sistema. Há os que vivem no mal e pensam que estão certos. Por exemplo, um Rasta senta-se e fuma um pouco de erva meditando ao passo que a policia vem vê-lo, obriga o Rasta a se levantar, revita-o, bate nele e o leva para a prisão. Mas para quem é que esse age assim? A erva cresce como o inhame ou a couve, cresce simplesmente! A policia age assim para praticar o mal. Os Rastas dizem: É bom pensar bem de vocês e dos outros. A inspiração vem direitinha de Jah, mon! O barco balança, mas nós nos agüentamos. O rum lhe destrói as entranhas, ele te mata pelo sistema. O sistema recusa a erva, porque ela lhe torna sólido. Reparem, sempre que fuma a erva a sua consciência aparece diante de você. Vocês a vêem! Esta vendo? Então o diabo não gosta que estejam conscientes e organizem a sua vida. Porque assim não vai mais fazer asneira. Sim, Rasta! A Erva é o remédio da nação. Mas muitos outros vão ter de sofrer e muitos outros terão de morrer. Não me pergunte porque! Mas Rasta não é violento, Rasta é físico. Compreende o que eu quero dizer? Nós não somos como carneiros num matadouro e eles não tem o poder para cometer determinadas ações contra nós.


*** - Há outros Rastas que dizem que você se vendeu a Babilônia e dizem também que o seu carro é um exemplo do seu materialismo...
Marley – Um BMW não representa o sistema. A Babilônia é que é o Sistema. Há os qe dizem também que BMW significa Bob Marley and The Wailers. Este carro não me pertence, ele pertence mas é a estrada. É melhor que um burro. Não come toda a noite estragando os arbustos, não zurra, não faz barulho de manhã, hehehe. Eu prefiro as cabras aos burros. Se encontrarem uma cabra, poderão se comunicar com ela. Uma cabra é inteligente sabe? Sim, Rasta! Qualquer um que mate uma cabra, fica triste. Mais vale conduzir com cuidado e não correr riscos.


*** - Tem alguma previsão sobre o seu futuro e o futuro do reggae?
Marley – Verão o que ira me acontecer. Não vai ser preciso esperar muito tempo. Não o posso dizer, porque se eu tivesse esse poder, eu falaria e as pessoas tentariam me deter. Eu sei o que vai acontecer comigo. O reggae vai se tornar um verdadeiro combate, o que já esta acontecendo, porque é a música do terceiro mundo. Não se pode compreender em um só dia, ira se percebendo aos poucos...





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