Mostrando postagens com marcador Negro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Negro. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 4 de junho de 2021

O SIGNIFICADO ORIGINAL DA PALAVRA "NEGRO" TEVE UMA CONOTAÇÃO LIGADA AOS DEUSES

A palavra "nigger" costumava ser a palavra mais venerada e sagrada do universo. Era o "epíteto divino" e as pessoas que usavam a mãe de todas as palavras originadas dessa palavra maculada pelos britânicos eram os antigos egípcios ou melhor, os kemitas, que chamavam sua terra de "Kemet" ou " The Black Land " (A Terra Preta), e também usou o nome," Ta-merri "ou" The Beloved Land " (A Terra Amada).


A PALAVRA "N-G-R" SIGNIFICA "DEUS" NO KEMET ANCIENTE

O pai da palavra "negro" era a palavra usada pelos antigos KEMITES para "Deus". Essa palavra era "N-G-R" e como se pode ver, não há vogais nesta palavra. Nas línguas africanas antigas e mesmo nas línguas africanas atuais (a família linguística afro-asiática), vogais como "a, e, i, o, u" não são encontradas em muitas traduções, particularmente das línguas hebraicas e keméticas antigas.

Na tradução dos antigos kemitas e hebraicos (que é fortemente influenciado pelo kemita), nem sempre encontraremos vogais, portanto, muito poucas pessoas perceberão que a palavra para Deus, que é "NGR" pronunciada "En-ger", que era o Palavra kemética para Deus. Na verdade, a palavra kemética para "natureza" também é a palavra usada para designar Deus. Essa palavra é "ntyr" (pronuncia-se net-jer. "Agora pronuncie a palavra" nigger (por exemplo) "e a palavra" net -jer ", e verá a conexão clara.


MUITAS PALAVRAS EM AFRICANO QUE NEGAM PESSOAS OU PESSOAS IMPORTANTES COMEÇA COM "N"

Em muitas línguas africanas, especialmente na família linguística Níger-Congo. Palavras que se conectam com pessoas, Deuses e grupos começam com "n" e essa palavra é sempre a primeira palavra. Por exemplo, a palavra "Nkosi" em Xhosa é "Deus". A palavra "Ndaba" em outra língua sul-africana é "conselho" (ou reunião de anciãos). Muitos nomes comuns também começam com "N".


PALAVRAS DE ORIGEM AFRICANA QUE VIERAM DA PALAVRA ORIGINAL, "N-G-R" (PROUNUNCED EN-JER)

N-G-R (Kemético; pronuncia-se en-jer) = Deus

N-T-Y-R (Kemet; pronuncia-se net-ger) = Deus, Devine

Negash (Etiópia; ne-gash) = Rei

Negus (Etiópia; ne-goos) = Imperador

Nkosi (Xhosa; n-kosi) = Deus

Ndaba (Zulu; n-daba) = Conselheiro / Funcionários,

Naga (Índico Oriental, Núbio) = Pessoas

Nugarmarta (África Ocidental) = Pessoas (veja os escritos da jornada de Ibn Buttata à África Ocidental)


COMO O 'N' FOI CORROMPIDO

Os romanos são provavelmente os primeiros europeus a deturpar a palavra para Deus, que era "N-G-R"

No início do século I, os romanos tentaram invadir a Etiópia. (veja a TABELA DE HISTÓRIA NEGRA http://community.webtv.net/nubianem/blackworldnubianempire ou vá para http://community.webtv.net/paulnubiaempire para uma lista de Faraós e Rainhas da Núbia.

Os romanos que falavam latim sempre souberam dos negros, havia negros em Roma, a Itália tinha uma antiga presença negra muito antes dos latinos migrarem da Ásia Central e do nordeste da Europa durante as migrações "arianas". Na verdade, os grupos étnicos latinos ainda existem na parte norte da Itália até hoje. Esta parte da Itália ainda se preocupa com a invasão de Aníbal, que aconteceu há cerca de dois mil e duzentos anos !!!!

Os romanos tinham um nome para negros, era "Níger" e significava negros ou pessoas de origem africana. Assim, Septimus Níger significaria Septimus, o Negro. No entanto, como os romanos ligaram a palavra "Níger" a preto.

Nos tempos antigos, os negros eram adorados como deuses. Os deuses da Grécia vieram de Kemet. A adoração da Madona Negra está conectada com a adoração de Auset (Ísis), a Deusa Kemita. Além disso, os negros em Kemet chamavam seus Faraós de "En-ger" ou "N-G-R", ele era literalmente referido como "O DEUS".

É bem possível que quando os romanos tentaram invadir a Núbia, eles tenham perguntado o nome do Deus e o termo "N-G-R" provavelmente tenha sido usado no lugar de "líder" ou "rei". Em Angola, o mesmo também aconteceu durante os anos 1600, quando a palavra "N-Gola", que significa "Rei" (repare no "N" e no "G" também nesta palavra), passou a ser "Angola", o nome de um reino no sudoeste da África.

(Leia mais sobre o comércio núbio, o Kemita, a África Ocidental e as antigas conexões comerciais e comerciais americanas nos tempos antigos; consulte o livro "Susu Economics: The History of Pan-African Trade, Commerce, Money and Wealth", publicado pela 1stBooks Library, www.1stbooks.com consulte também www.barnesandnoble.com.


ONDE OS ROMANOS OUVIRAM PELO SENTIDO ORIGINAL DA PALAVRA "NIGGER".

Um general romano que invadisse a Núbia vindo de Kemet provavelmente teria usado o termo kemita para Faraó, que era "N-G-R" (Deus). Este termo foi então usado para se referir a todos os negros e com o passar do tempo, a palavra N-G-R tornou-se Níger (Negro). Na verdade, os romanos também classificaram seus imperadores como "deuses", para seguir o estilo kemita. Além disso, como o History Channel apontou, "Roma era uma coleção de aldeias antes que os Kemitas a construíssem e civilizassem". (parafraseado).

A palavra "em-peror" (imperador) soa muito próxima da palavra "en-jer". Essa não é uma conexão casual.


A PALAVRA "N-G-R" (EN-JER) APÓS FOI CORROMPIDA PELOS EUROPEUS

Níger = (latim ou preto / africano pronunciado "ni-ger.")

Nero = italiano para preto

Negre = Francês para Preto

Negro = espanhol para preto

Os ingleses chamavam os negros de "Moor" (Mouro) ou "Black-a-Moor" antes de começarem a usar a palavra "Negro" para se referir aos negros. DESTA PALAVRA VEIO O EPITETO RACIAL, "NIGGER" (NEGRO).

Da mesma forma, o termo racista para japonês é a mutilação da palavra para encurtá-la em um epíteto. Além disso, o nome original do Japão é o chinês "Ni-Han". Agora, aqui está outro grande mistério que as pessoas que estudam a família linguística Níger-Congo perceberiam rapidamente. ATÉ A PALAVRA "Ni" no chinês "Ni-Han" tem uma antiga conexão africana. Na verdade, como Clyde Walters aponta, a língua chinesa está diretamente relacionada à língua Níger-Congo, que tem suas raízes na região dos Camarões, na África. Na verdade, existem milhares de palavras africanas de Camarões ao Quênia que têm prefixos e sufixos idênticos às línguas chinesa e japonesa (ver também African Presence in Early Asia, por Ivan Van Sertima; Transaction Publishers)

No caso de "Ni-Han", que pode significar "sol nascente", também há um significado sagrado que é encontrado na palavra "n-ger" ou "ne-gro". No entanto, os termos racistas "nip" e "nigg..." ou "jap", usados ​​por racistas foram e estão sendo usados ​​sem qualquer compreensão de seus significados originais. Apenas ódio e inveja saem da boca daqueles que usam epítetos raciais em sua tentativa de insultar e denegrir os outros. No entanto, nos cabe estudar a nossa história e tornar impotentes estas palavras racistas, ao mesmo tempo que compreendemos o seu significado original.

Conexão com o prefixo "ni" com sagrado e vida:

Ni'le = Rio Nilo, Vida para os Kemitas

Ni-ger = Rio na África Ocidental

Níger = Nação na África Ocidental

Nigéria = Nação na África Ocidental

Nago = termo racista usado por alguns asiáticos do sudeste para se referir aos melanésios negros de origem africóide

Nago-Mina = nacionalidade africana na Nigéria

Naghual = palavra asteca para Xamã ou sacerdote. Os primeiros xamãs olmecas no México vieram da Nigéria e de outros lugares da África Ocidental (consulte lack Civilizations of America http://community.webtv.net/paulnubiaempire


AS ORIGENS DO TERMO "HUN".

O termo racista para brancos também vem de uma palavra que amedrontava os brancos durante os tempos antigos. Essa palavra é "Hun". Os hunos eram bárbaros mongóis da Mongólia que tentaram invadir a China e finalmente conseguiram. Eles invadiram a Euroásia da Rússia até a Alemanha e se misturaram aos caucasianos. Conseqüentemente, os britânicos começaram a chamar os alemães de "Hun".

Os países da Hungria, Alemanha Oriental, norte da Itália, Rússia, Polônia e grande parte da Europa Oriental estão misturados com os invasores mongóis. Houve invasores mongóis na Turquia, Afeganistão, Índia e muitas outras nações.


OS MONGOLS FORAM DERROTADOS POR NUBIANOS E MAMELUKES

Quando os hunos tentaram invadir Kemet (em algum momento dos anos 1100 - a.C), eles foram recebidos por uma forte força de núbios e mamelucos (escravos brancos eslavos, turcos da Bósnia, Sérvia, Albânia, Turquia e outras nações), que eram soldados do Regentes Kemitas. Os mongóis foram derrotados e esse foi o fim do Império Mongol. Além disso, eles estavam pouco espalhados pela Euroásia. Eles também conheceram uma excelente cavalaria de cavaleiros e arqueiros núbios, que tinham uma tradição de arco e flecha que remonta aos tempos antigos de Kemet.

Quando se estuda a história dos hunos na Europa, é um dos genocídios mais horríveis que existiram (o genocídio contra os sudras negros e os australoides negros, na Índia é outro grande genocídio; veja "Sudrology, http://dalitstan.org)

Os hunos devastaram a Europa e dizem que espalharam a peste negra atirando em ratos infestados pela peste nas cidades muradas dos europeus para infestá-los.


DEVEMOS ESTUDAR NOSSA HISTÓRIA PARA DESENVOLVER NOSSA CONSCIÊNCIA E IMPOTAR AS OBSERVAÇÕES RACISTAS DAS PESSOAS

Devemos estudar nossa história. É sabendo quem somos que os comentários racistas e os epítetos raciais se tornarão impotentes. Cada vez que alguém usa a palavra "negro" para se referir a uma pessoa negra, eles estão na verdade chamando essa pessoa de "Deus". Quando nós, negros, dizemos que nossos afros e cabelos são "naturais", não percebemos o significado da palavra ou o verdadeiro significado. Mas algo em nossa consciência simplesmente não pode ser destruído. Dizer que vamos ser "naturais" significa que vamos voltar a ser "deuses", porque a palavra "natural" vem da palavra kemética original, "N-T-Y-R", que significa "Deus". Os antigos Kemitas usavam uma palavra semelhante para chamar seus Faraós. Essa palavra era "N-G-R". A palavra "Faraó" nunca foi usada para se referir a qualquer Rei Kemético. Faraó veio da palavra "Per-o", que era o termo para o Grande Templo, onde o Rei vivia.


Siga o Fyadub nas redes sociais: 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

W.E.B. DU BOIS - UM DOS PRECURSORES DO PAN-AFRICANISMO

William Edward Burghardt "W.E.B." Du Bois - 1868 - 1963
Du Bois nasceu no pequeno vilarejo de New England em Great Barrington, Massachusetts, três anos após o fim da Guerra Civil. Diferentemente da maioria dos negros americanos, sua família não tinha acabado de sair da escravidão. Seu bisavô lutou na Revolução Americana, e os Burghardts tinha sido uma parte aceita na comunidade por gerações. No entanto, desde seus primeiros anos Du Bois estava ciente das diferenças que o distinguem de seus vizinhos ianques. Além dos hinos austeros de sua Igreja Congregacional, Du Bois aprendeu as canções de uma tradição muito mais antiga de sua avó. Passada de geração em geração, seus significados originais há muito esquecido, as músicas da África foram cantados ao redor do fogo na casa de Du Bois na sua infância. Assim, desde o início, Du Bois tinha conhecimento de uma tradição anterior que o separam sua comunidade de New England - um passado distante envolto em mistério, em nítido contraste com a crônica detalhada da civilização ocidental que ele aprendeu na escola. Du Bois pai saiu de casa logo após que Du Bois nasceu. O jovem foi criado em grande parte por sua mãe, que transmitiu ao seu filho o sentimento de um destino especial. Ela encorajou os seus estudos e sua adesão às virtudes vitorianas e devoções características do interior da New England no século 19. Du Bois, por sua vez aceitou seriamente um senso de dever para com sua mãe, que transcendeu todas as outras lealdades.

Du Bois sobressaiu na escola e ofuscou seus contemporâneos brancos. Enquanto na escola, trabalhou como correspondente de jornais de Nova Iorque e se tornou uma espécie de prodígio aos olhos da comunidade. Quando ele chegou à adolescência ele começou a tomar consciência dos limites sociais sutis que era esperado. Isso o fez ainda mais determinado a forçar a comunidade a reconhecer suas realizações acadêmicas.

Du Bois era claramente um homem e uma jovem promessa. Os membros influentes de sua comunidade reconheceram isso e silenciosamente decidiram seu futuro. Great Barrington, como a maioria de New England, ainda brilhava com as brasas das fogueiras abolicionistas que apenas recentemente haviam sido umedecidas com o fim da Reconstrução no sul. Juntamente com as inclinações missionários da Igreja Congregacional, estas sensibilidades manifestaram-se na atitude da comunidade para Du Bois, que os presenteou com uma oportunidade de realizar um ato de ser um exemplo promissor do que para muitos era considerado ser a raça menos favorecida do mundo.

Du Bois sempre quis ir para Harvard e ele foi inicialmente decepcionado quando soube que tinha sido combinado que ele iria para a Fisk University, em Nashville. Mas a experiência mudou sua vida. Ele ajudou a esclarecer a sua identidade e apontou a direção do trabalho de sua vida. Quando Du Bois partiu para Fisk, no outono de 1885, foi a última vez que ele chamaria Great Barrington sua casa. Sua mãe morreu durante o verão e Du Bois entrou em um mundo que ele diria ser o seu próprio. Du Bois chegou em uma Nashville séria, contemplativa, o homem auto-consciente jovem com hábitos e atitudes formadas por uma infância em uma New England vitoriana. Na Fisk, ele encontrou os filhos e filhas de ex-escravos que haviam assumido a marca da opressão, mas tinha uma tradição alimentada, rica, cultural e espiritual que Du Bois reconheceu como sua. Du Bois também encontrou o sul branco. As realizações de Reconstrução estavam sendo destruídos pelos políticos brancos e empresários que adquiriram o controle político. Os negros estavam a ser aterrorizados nas urnas e estavam sendo levados de volta para o status econômico que diferia da escravidão institucional no nome, mas pouco. Du Bois viu o sofrimento e a dignidade dos negros rurais, quando ele ensinou na escola durante os verões no campo Tennessee do leste, e ele resolveu que de alguma forma sua vida seria dedicada à luta contra a opressão racial e econômica. Ele estava determinado a continuar sua educação e sua perseverança foi recompensada quando lhe foi oferecido uma bolsa para estudar na Universidade de Harvard.

A vida de Du Bois foi uma luta de idéias e ideais em guerra. Ele entrou em Harvard durante sua época de ouro e estudou com William James e Albert Bushnell Hart. Foi uma era progressiva e Du Bois foi ferido com o ideal da ciência - uma verdade objetiva que pode dissipar de uma vez por todas os preconceitos irracionais e a ignorância que estavam no caminho de uma justa ordem social. Ele trouxe de volta o ideal científico alemão da Universidade de Berlim e foi um dos primeiros a iniciar o estudo sociológico científico nos Estados Unidos. Durante anos ele trabalhou na Atlanta University e criou marcos no estudo científico das relações raciais. No entanto, uma sombra caiu sobre o seu trabalho quando viu o país recuar para a barbárie. Repressivas leis de segregação, linchamento e o terror tinham a tendência de aumentar, apesar do progresso da ciência. A fé de Du Bois no papel de destacado cientista foi abalada, e com o motim de Atlanta de 1906 Du Bois com a sua "Litany at Atlanta" (ladainha em Atlanta numa tradução livre) apaixonadamente parecia um desafio para as forças de repressão e destruição. Numa altura em que Booker T. Washington aconselhou a aceitação da ordem social, Du Bois soou uma chamada às armas e com a fundação do Movimento Niagara e mais tarde a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor entrou numa nova fase de sua vida. Ele se tornou um campeão apaixonado de ataque direto ao sistema jurídico, político e econômico que prosperou na exploração dos pobres e impotentes. Quando ele começou a apontar as conexões entre a situação dos afro-americanos e aqueles que sofreram sob o jugo colonial em outras áreas do mundo, a sua luta assumiu proporções internacionais. O Movimento Pan-Africano que floresceu nos anos após a Primeira Guerra Mundial foi o início da criação de uma consciência do terceiro mundo.

O estilo Du Bois de liderança era intensamente pessoal. Ele procurou não seguir em massa como Marcus Garvey, e evitou o exemplo do ardor e determinação inflexível com que lutou por seus ideais. Muitos que aconselhou por meios que menos diretos para alcançar objetivos políticos considerados limitados.

Nos anos após a Segunda Guerra Mundial as lutas desesperadas que Du Bois tinha travado reuniram-se em uma visão que era desafiar muitos dos pressupostos contemporâneos. Ele lutou por muitas causas progressistas, mas as viu serem consumidas por uma mentalidade de guerra fria que silenciou o debate racional.

Como ele tornou-se mais de uma figura internacional, Du Bois foi aceito cada vez menos pelos seus contemporâneos em casa. No entanto, quando ele deixou a América para se tornar um cidadão de Gana em 1961, ele não fez isso como uma rejeição de seus conterrâneos. Voltando à terra de seus antepassados ​​marcou uma resolução de muitos conflitos com os quais Du Bois tinha lutado toda a sua vida.

Visão madura de Du Bois foi uma conciliação entre o senso de dupla consciência - os dois ideais em guerra de ser preto e um americano - que ele havia escrito cerca de cinquenta anos antes. Ele chegou a aceitar a luta e conflito, como elementos essenciais da vida, mas ele continuou a acreditar no progresso inevitável da raça humana, que de lutas individuais contra uma auto divisão e lutas políticas dos oprimidos contra seus opressores, se tornou uma ampla e completa vida humana que emergiria, e que beneficiará toda a humanidade.

Depois de uma vida de luta a última declaração Du Bois para o mundo era de esperança e confiança na capacidade dos seres humanos para moldar seus próprios destinos. "Só uma coisa eu lhe carrego", ele escreveu:

"Como você vive, acredite na vida! Sempre os seres humanos irão viver e progredir para uma vida maior, mais ampla e completa. A morte só é possível perder a crença nesta verdade, simplesmente porque o grande final acontece lentamente, porque o tempo é longo."




 

sábado, 12 de novembro de 2011

A REVOLTA DOS MALÊS


Africano Nagô, que pode ser identificado pelas marcas étnicas no rosto.
Na madrugada de 25 de janeiro de 1835, um domingo, aconteceu em Salvador uma revolta de escravos africanos. O movimento de 1835 é conhecido como Revolta dos Malês, por serem assim chamados os negros muçulmanos que o organizaram. A expressão malê vem de imalê, que na língua iorubá significa muçulmano. Portanto os malês eram especificamente os muçulmanos de língua iorubá, conhecidos como nagôs na Bahia. Outros grupos, até mais islamizados como os haussás, também participaram, porém contribuindo com muito menor número de rebeldes.

A revolta envolveu cerca de 600 homens, o que parece pouco, mas esse número equivale a 24 mil pessoas nos dias de hoje. Os rebeldes tinham planejado o levante para acontecer nas primeiras horas da manhã do dia 25, mas foram denunciados. Uma patrulha chegou a uma casa na ladeira da Praça onde estava reunido um grupo de rebeldes. Ao tentar forçar a porta para entrarem, os soldados foram surpreendidos com a repentina saída de cerca de sessenta guerreiros africanos. Uma pequena batalha aconteceu na ladeira da Praça, e em seguida os rebeldes se dirigiram à Câmara Municipal, que funcionava no mesmo local onde funciona ainda hoje.

A Câmara foi atacada porque em seu subsolo existia uma prisão onde se encontrava preso um dos líderes malês mais estimados, o idoso Pacifico Licutan, cujo nome muçulmano era Bilal. Este escravo não estava preso por rebeldia, mas porque seu senhor tinha dívidas vencidas e seus bens, inclusive Licutan, foram confiscados para irem a leilão em benefício dos credores.

O ataque à prisão não foi bem sucedido. O grupo foi surpreendido no fogo cruzado entre os carcereiros e a guarda do palácio do governo, localizado na mesma praça. Daí este primeiro grupo de rebeldes saiu pelas ruas da cidade aos gritos, tentando acordar os escravos da cidade para se unirem a eles. Dirigiram-se à Vitória onde havia um outro grupo numeroso de malês que eram escravos dos negociantes estrangeiros ali residentes.

Após se unirem nas imediações do Campo Grande, os rebeldes atravessaram em frente ao Forte de São Pedro sob fogo cerrado dos soldados, indo dar nas Mercês, de onde retornaram para o centro da cidade. Aqui atacaram um posto policial ao lado do Mosteiro de São Bento, outro na atual Rua Joana Angélica (imediações do Colégio Central), lutaram também no Terreiro de Jesus e outras partes da cidade. Em seguida desceram o Pelourinho, seguiram pela Ladeira do Taboão e foram dar na Cidade Baixa. Daqui tentaram seguir na direção do Cabrito, onde tinham marcado encontro com escravos de engenho. Mas foram barrados no guartel da cavalaria em Água de Meninos. Neste local se deu a última batalha do levante, sendo os malês massacrados. Alguns que tentaram fugir a nado terminaram se afogando.

A revolta deixou a cidade em polvorosa durante algumas horas, tendo sido vencida com a morte de mais de 70 rebeldes e uns dez oponentes. Mas o medo de que um novo levante pudesse acontecer se instalou durante muitos anos entre os seus habitantes livres. Um medo que, aliás, se difundiu pelas demais províncias do Império do Brasil. Em quase todas elas, principalmente na capital do país, o Rio de Janeiro, os jornais publicaram notícias sobre o acontecido na Bahia e as autoridades submeteram a população africana a uma vigilância cuidadosa e muitas vezes a uma repressão abusiva.

Salvador tinha na época da revolta em torno de 65.500 habitantes, dos quais cerca de 40 por cento eram escravos. Entre a população não-escrava a maioria era também formada por africanos e seus descentes, chamados na época de crioulos quando eram negros nascidos no Brasil, além dos mestiços de branco e negro, chamados de pardos, mulatos e cabras. Juntando os negros e mestiços escravos e livres, os afro-descendentes representavam 78 por cento da população. Os brancos não passavam de 22 por cento. Entre osescravos, a grande maioria (63 por cento) era nascida na África, chegando a 80 por cento na região dos engenhos de açúcar, o Recôncavo.

Esses escravos eram trazidos de diversos portos da costa africana. Um grande número vinha de Luanda, Benguela, Cabinda, mas na época da revolta de 1835 a grande maioria era embarcada nos portos do golfo do Benim (portos de Ajudá, Porto Novo, Badagri, Lagos). Foram alguns desses últimos grupos os mais diretamente ligados à revolta. Eles podiam ser de diversas origens, segundo a língua que falavam: iorubá, haussá, fon, mahi, nupes, bornus etc. Na Bahia a maioria desses escravos era conhecida por nomes diferentes daqueles que tinham na África: os de língua iorubá chamavam-se nagôs, os fon e mahi eram conhecidos como jejes, os nupes como tapas.

Em 1835 a grande maioria dos escravos da Bahia nascidos na África era realmente de língua iorubá, cerca de 30 por cento. Eram como nagôs. Muitos deles professavam a religião muçulmana, embora a maioria dos nagôs fosse de fato adepta do candomblé dos orixás.

A cidade de Salvador tinha uma economia baseada na escravidão, que girava em torno da cana-de-açúcar produzida na região denominada de Recôncavo, terras que circundam a Baía de Todos os Santos. Ali também se plantava o fumo, que era exportado paraa Europa e para a África. Na África o fumo era utilizado na compra de escravos.

No Recôncavo, os escravos eram empregados em todo tipo de atividade rural, não apenas no setor açucareiro e fumageiro. Eles também labutavam na criação de gado e no cultivo da mandioca. A farinha de mandioca já era naquela época um item fundamental da dieta de ricos e pobres, senhores e escravos. Como o fumo, a farinha estava também ligada ao tráfico, pois constituía um dos principais alimentos a bordo dos navios negreiros.

Da mesma forma, os escravos eram utilizados nas vilas e cidades, sobretudo na capital, onde se ocupavam no trabalho doméstico, nos diversos ofícios (pedreiro, sapateiro, ferreiro), nas atividades do mar (marinheiro, remador, canoeiro, pescador). Eles lavravam a terra em pequenas plantações existentes na periferia da cidade, trabalhavam em variados tipos de construção pública e privada, vendiam uma grande variedade de pequenas mercadorias, principalmente comida pronta, verduras, peixe, carne. E eram empregados no transporte de volumes grandes e pequenos, como caixas de açúcar, barris de cachaça, mercadorias importadas, água de gasto e potável, dejetos humanos, balaios de compras e até cartas eram levadas ao correio por escravos. Eles também transportavam pessoas nas cadeiras de arruar, talvez a mais típica atividade dos escravos nas ruas de Salvador.

As ocupações dos presos por suspeita de participação na revolta de 1835 refletem a variedade de atividades desempenhadas pelos escravos urbanos. Havia entre eles lavradores, remadores, domésticos, pedreiros, sapateiros, alfaiates, ferreiros, armeiros, barbeiros, vendedores ambulantes, carregadores de cadeira, entre outras atividades. A grande maioria dos rebeldes se empregava em ocupações tipicamente urbanas. Foram pouquíssimos os ocupados na lavoura, por exemplo. Um ou outro tinha vindo do Recôncavo para participar do levante em Salvador.

Na escravidão urbana os cativos gozavam de maior independência do que na escravidão rural, e isso facilitou muito a organização do movimento de 1835. Em geral, os escravos percorriam por toda a cidade trabalhando para seus próprios senhores ou, principalmente, contratados por terceiros para serviços eventuais. Muitos escravos sequer moravam na casa senhorial. Chamados negros ou negras de ganho, e também de ganhadores ou ganhadeiras, esses homens e mulheres escravizados contratavam com seus senhores entregar certa quantia diária ou semanal de dinheiro, e tudo que ultrapassasse esta quantia podiam embolsar. O escravo que trabalhasse muito e poupasse muito podia após cerca de nove longos anos comprar sua liberdade, e muitos assim o fizeram. Alguns chegavam se tornar prósperos homens de negócio, que era a ocupação mais comum dos que prosperavam.

Muitos africanos, depois de libertos da escravidão, tornavam-se eles próprios senhores de escravos. Calcula-se em cerca de 7 por cento a proporção dos africanos libertos na população de Salvador na época da revolta dos malês. Eles representariam em torno de 25 por cento da população africana na cidade.

Africanos escravos e libertos com freqüência trabalhavam e viviam juntos, desempenhando as mesmas tarefas, morando nas mesmas casas. No trabalho de rua organizavam-se em associações chamadas cantos de trabalho, nos quais se reuniam principalmente os da mesma etnia chefiados por um “capitão” encarregado de acertar os serviços desempenhados pelo grupo. Assim associados enfrentavam o trabalho diário e desenvolviam laços de amizade e solidariedade que constantemente se desdobravam em ações políticas. Esses grupos de trabalho foram essenciais na mobilização dos africanos para a revolta em 1835 e em outras ocasiões. Enquanto esperavam por serviço nas esquinas onde se reuniam, os africanos iam formulando e aperfeiçoando suas idéias de liberdade e de ataque à escravidão na Bahia.

Infelizmente não sabemos detalhes do que planejavam fazer os rebeldes depois de vitoriosos. Há indícios de que não tinham planos amigáveis para as pessoas nascidas no Brasil, fossem estas brancas, negras ou mestiças. Umas seriam mortas, outras escravizadas pelos vitoriosos malês. Isso refletia as tensões existentes no seio da população escrava entre aqueles nascidos na África e aqueles nascidos no Brasil. Que fique bem claro: os negros nascidos no Brasil, e por isso chamados crioulos, não participaram da revolta, que foi feita exclusivamente por africanos.

Por isso, se o levante tivesse sido um sucesso, a Bahia malê seria uma nação controlada pelos africanos, tendo à frente os muçulmanos. Talvez a Bahia se transformasse num país islâmico ortodoxo, talvez num país onde as outras religiões predominantes entre os africanos e crioulos (o candomblé e o catolicismo) fossem toleradas. De toda maneira a revolta não foi um levante sem direção, um simples ato de desespero, mas sim um movimento político, no sentido de que tomar o governo constituía um dos principais objetivos dos rebeldes.

Apesar de apoiados por africanos não-muçulmanos, que também entraram na luta, os malês foram os responsáveis por planejar e mobilizar os rebeldes. Suas reuniões — feitas nas casas de libertos, nas senzalas urbanas, nos cantos de trabalho — misturavam conspiração, rezas e aulas em que se exercitavam a recitação, a memorização e a escrita de passagens do Corão, o livro sagrado do islamismo. O próprio levante foi marcado para acontecer no final do mês sagrado do Ramadã, o mês do jejum dos muçulmanos. Os malês foram para as ruas guerrear usando um abadá branco, espécie de camisolão tipicamente muçulmano, além de também carregar em volta do pescoço e nos bolsos amuletos protetores, que eram cópias em papel de rezas e passagens do Corão dobradas e enfiadas em bolsinhas de couro ou pano. Esses amuletos eram confeccionados por mestres muçulmanos, muitos deles líderes da revolta, que teriam dado a seus seguidores suas bênçãos e a certeza da vitória.

Cientes de que constituíam minoria na comunidade africana da Bahia, composta de escravos e libertos de diferentes grupos étnicos e religiosos, os malês não hesitaram em convidar escravos não-muçulmanos para o levante. Neste sentido, a identidade e a solidariedade étnicas constituíram um outro fator de mobilização a entrar em jogo.

De fato identidade étnica e religiosa foi muito importante para deslanchar o movimento. A maioria dos muçulmanos que viviam na Bahia em 1835 era nagô. Apesar de na África, e mesmo no Brasil, outros grupos, como os haussás, serem mais islamizados do que os nagôs, coube a estes o predomínio no movimento de 1835. Os nagôs islamizados não só constituíram a maioria dos combatentes, como a maioria dos líderes. Mais de 80 por cento dos réus escravos em 1835 eram nagôs, sendo eles apenas 30 por cento dos africanos de Salvador; dos sete líderes identificados, pelo menos cinco eram nagôs. Eram nagôs os seguintes líderes: os escravos Ahuna, Pacifico Licutan, Sule ou Nicobé, Dassalu ou Damalu e Gustard. Também nagô era o liberto Manoel Calafate. Os outros eram o escravo tapa Luís Sanim e o liberto haussá Elesbão do Carmo ou Dandará, que negociava com fumo.

Vistos enquanto grupo étnico os nagôs eram na sua maioria não-muçulmanos, e sim devotos dos orixás, embora fizessem incursões no campo muçulmano. Por exemplo usavam os famosos amuletos malês, considerados de grande poder protetor, e provavelmente recorriam a adivinhos malês, entre outras práticas. Ou seja, naquela fronteira em que as duas religiões se encontrava, os nagôs como um todo, malês e filhos de orixá, também se encontravam. E se encontravam como entidade étnica, como pessoas que falavam a mesma língua, tinham histórias comuns, em muitos casos haviam obedecido aos mesmos reis africanos. Essas convergências facilitaram a mobilização em 1835 para além das colunas muçulmanas.

Os nagôs vinham de uma parte específica da África, qual seja a região sudeste da atual Nigéria e a parte leste da atual República do Benin. Eram de diversos reinos espalhados por esse território, como Oió, Queto, Egba, Yagba, Ijexá, Ijebu, Ifé entre outros. Esses reinos durante muito tempo viveram sob a égide do reino de Oió, embora numa espécie de federação imperial. Na época do levante de 1835 essa federação dominada por Oió estava em franca desintegração em função de lutas intestinas generalizadas. Os malês especificamente tiveram sua origem principalmente em Ilorin, que era uma dependência do reino de Oió que se rebelou sob a liderança de Afonjá. Este homem se aliou aos muçulmanos haussás, fulanis e iorubás contra o alafin, que era o título do rei de Oió. Essas guerras foram responsáveis pela transformação de milhares dos habitantes locais em prisioneiros, que eram vendidos como escravos aos traficantes do litoral, e daí exportados para a Bahia.

Embora a grande maioria dos interrogados em 1835 respondesse que era apenas “nagô”, alguns fizeram questão de ser mais precisos, indicando também o local específico de onde vinham. O carregador de cadeira Joaquim de Mattos, por exemplo, respondeu ser de “nação Nagô Gexá”, quer dizer de origem Ijexá, um grupo étnico do leste do território iorubá. Joaquim havia se alforriado há pelo menos sete anos e portanto deveria estar na Bahia há cerca de nove anos no mínimo. A liberta Edum disse ser de “nação nagô-bá” e um outro africano interrogado disse ser ela apenas “Bá”, significando ser oriunda de Egba ou Yagba. O liberto Lobão Machado foi bem claro: era de nação “Nagô-Ebá”, ou seja de Egba.

Francisco, cerca de 25 anos de idade, escravo doméstico e comprador, que vivia em Salvador há cerca de 6 anos, era Yaba, ou, segundo suas próprias palavras, “Nagô-Abá”. E o escravo José se disse “nagô jabu”, provavelmente natural de Ijebu. A expressão nagô remetia à África descoberta no Brasil, pois só aqui eles se tornariam conhecidos por aquela expressão, enquanto Ijebu, Egba, Yagba, Oyo, Ijexá (ou Ilesha) representavam a África deixada do lado de lá do Atlântico. O escravo nagô Antônio, doméstico e carregador de cadeira, resumiu bem a questão quando afirmou: “ainda que todos são Nagôs, cada um tem sua terra”.

Ao deporem sobre o grau de envolvimento com o islamismo, muitos interrogados se reportaram a suas experiências africanas. Alguns disseram abertamente que haviam recebido instrução islâmica na África, possivelmente em escolas corânicas ou madrasas. O nagô Pedro, ao ser perguntado sobre um livro e vários manuscritos em árabe encontrados em seu poder, respondeu: “o livro continha rezas de sua terra e os papéis várias doutrinas cuja linguagem e sua ciência ele sabia antes de vir de sua terra”. Pompeo da Silva, nagô forro, com cerca de 30 anos de idade, “perguntado se ele sabia ou entendia das letras arábicas que usavam os Nagôs, disse, que tendo aprendido em sua terra pequenino que agora quase nada se lembrava”. Antônio, escravo Haussá, pescador, disse que sabia escrever em árabe, mas só escrevia “orações segundo o cisma de sua terra”. Ou seja, não escrevia coisas subversivas, políticas, só orações. Acrescentou que “quando pequeno em sua terra andava na escola”. 

O escravo nagô Gaspar, preso com grande quantidade de escritos árabes, amuletos, um tessubá (o rosário malê) etc, disse ter sido ele autor dos escritos, e que aprendera o árabe em sua terra. Ele leu trechos do que havia escrito, embora alegasse não saber traduzir para o português.

Observamos em todas essas declarações as lembranças de uma educação muçulmana na África, às vezes lembranças de quando estes escravos eram ainda crianças. Isso acontecia mesmo no caso dos nagôs, que vinham de um lugar onde o islamismo era adotado por uma minoria, ao contrário do país haussá, onde a religião estava arraigada há tempos.

Outras tradições islâmicas também atravessaram o Atlântico, como o já mencionado uso do amuleto. O liberto Lobão Machado acima mencionado, quando preso, levava diversos amuletos protetores em volta do pescoço. Perguntado para que usava aquilo, disse ser para proteger contra o vento. Provavelmente referia-se ao jinn ou anjonu, espécie de espíritos malês. Outros interrogados responderam como ele que os amuletos eram para proteger do vento. Pela quantidade de amuletos apreendidos pela polícia em 1835, muita gente se protegia desta forma contra espíritos malignos. O escravo haussá Antônio acima mencionado usava a educação muçulmana recebida em sua terra para escrever amuletos, que vendia por bom preço — equivalente ao jornal de um escravo de aluguel — a africanos que também desejavam se proteger dessas forças espirituais que haviam acompanhado os africanos ao Novo Mundo.

Tais informações têm o valor de explicitar, através da fala dos interrogados, tradiçõesaprendidas na África e mantidas na Bahia. Estes depoimentos mostram com muita nitidez uma projeção da história africana na história brasileira.

É preciso esclarecer que nem todos os africanos muçulmanos existentes na Bahia em 1835 participaram da revolta. As autoridades, porém, usaram a posse de papéis malês como prova de rebeldia e por isso muitos inocentes foram presos e condenados.

Os malês receberam diversos tipos de sentença. Foram elas: prisão simples, prisãocom trabalho, açoite, morte e deportação para a África. Esta última pena foi atribuída a muitos libertos presos como suspeitos mas contra os quais nenhuma prova definitiva foi encontrada. Mesmo assim, apesar de absolvidos, foram expulsos do país. A pena de açoites variava de 300 até 1.200 chicotadas, que foram distribuídas ao longo de vários dias. O idoso Pacifico Licutan foi sentenciado a 1.200 chibatadas. Sabe-se de pelo menos um condenado que morreu em decorrência desta pena de tortura, o escravo nagô Narciso.

A pena de morte, foi imposta, inicialmente a 16 acusados, mas posteriormente 12 deles conseguiram sua comutação. Quatro foram no final executados. Eram eles o liberto Jorge da Cruz Barbosa, cujo nome iorubá era Ajahi, carregador de cal; Pedro, nagô, carregador de cadeira, escravo de um negociante inglês; Gonçalo e Joaquim, ambos escravos nagôs. Todos quatro foram executados por um pelotão de fuzilamento no Campo da Pólvora, no dia 14 de maio de 1835. E assim se findava um dos episódios mais empolgantes da resistência escrava no Brasil.



BIBLIOGRAFIA

Sobre a África dos malês, ler Robin Law, The Oyo Empire, c. 1600-c. 1836: A West African Imperialism in the Era of the Atlantic Slave Trade, Oxford: Claredon, 1977; Paul Lovejoy, A escravidão na África, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003, capítulo 9; Pierre Verger, Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o golfo do Benim e a Bahia de Todos os Santos, Salvador, Corrupio, 1987; e Alberto da Costa e Silva, A manilha e o libambo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2002, pp. 451-562.

Sobre trabalho escravo urbano, alforria e africanos libertos na Bahia, leia Maria Inês C. de Oliveira, O liberto: seu mundo e os outros, Salvador, Corrupio, 1988; João José Reis, “A greve negra de 1857 na Bahia”, Revista USP, nº 18 (1993), pp. 6-29; Stuart B. Schwartz, “A Manumissão dos escravos no Brasil Colonial – Bahia 1684-1745, Anais de Historia, nº 6 (1974), pp. 71-114; Kátia M. de Queirós Mattoso, “A propósito de cartas de alforria”, Anais de História, nº 4 (1972), pp. 23-52.
Sobre a Revolta dos Malês especificamente, ler Joâo José Reis, Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835, São Paulo, Companhia das Letras, 2003; Décio Freitas, Insurreições escravas, Porto Alegre, Movimento, 1976; e o livro de Pierre Verger, Fluxo e refluxo, capítulo IX.

Os depoimentos dos malês presos em 1835 se encontram nos inquéritos policiais e processos judiciais depositados no Arquivo Público do Estado da Bahia. Esses documentos já foram publicados em diversos números dos Anais do Arquivo do Estado da Bahia. Também estão sob a guarda do Arquivo o que sobrou dos documentos escritos em árabe.


A Revolta dos Malês em 1835, Por João José Reis, Universidade Federal da Bahia

João José Reis (Salvador, 24 de junho de 1952) é um dos mais importantes historiadores do Brasil, é escritor de diversos livros publicados, dentre eles "A morte é uma festa" que lhe rendeu o prêmio Jabuti. É graduado em história pela Universidade Católica de Salvador, tem Mestrado e Doutorado pela renomada Universidade de Minnesota e dois pós doutorados, que incluem a Universidade de Londres e a Universidade de Stanford, atualmente é professor do departamento de história da Universidade Federal da Bahia.


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ESPELHO ATLÂNTICO - MOSTRA DE CINEMA DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA


Após o furor cinematográfico provocado pela Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que neste ano não exibiu nenhum filme africano, a Matilha Cultural e a curadora Lilian Solá Santiago promovem a ESPELHO ATLÂNTICO - MOSTRA DE CINEMA DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA, como programação exclusiva para o Mês da Consciência Negra. A seleção de filmes propõe um olhar contemporâneo da diversidade cultural do vasto continente africano e dos seus descendentes dispersos pelo mundo.

A ESPELHO ATLÂNTICO vêm sendo realizada há dois anos da Caixa Cultural do Rio de Janeiro, acompanhada por um público crescente e fiel. O cronograma do evento paulistano inclui a exibição de 11 filmes africanos, europeus e brasileiros sobre a temática, sendo a maioria inédita em São Paulo.

A abertura da Mostra acontece na terça, 10 de novembro às 19 horas, no Espaço Matilha Cultural, com coquetel e exibição do filme “Graffiti!, dirigido por Lilian Solá Santiago. Na noite da abertura, haverá também uma performance CORES DA PERCUSSÃO, com o duo Simone Soul e Marina Uehara.

De 10 a 15 de novembro de 2009 (terça a domingo)

Exibições gratuítas, sempre às 19:00h.
Mais informações sobre a Mostra:
http://liliansantiago.blogspot.com/
PROGRAMAÇÃO E SINOPSES

Dia 10/11 - terça-feira - abertura com coquetel

Graffiti (ficção / documentário)
Lílian Solá Santiago (Brasil, 2008, 10 min.)
São Paulo é a cidade mais grafitada do mundo. “Graffiti” acompanha o rolê solitário de Alê numa das semanas mais sinistras que essa cidade já viveu – dos ataques do PCC, e a violenta revanche da polícia em 2006. O que o move a enfrentar as ruas nessa noite? Ganhador do Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem. Com Sidney Santiago e Chico Santo.
Sessões: 19:30, 20:00, 21:00 e 21:30 horas.


Dia 11/11 – quarta-feira
O som e o resto (ficção)
André Lavaquial (Brasil, 2007, 23min)
Jahir é um virtuoso baterista carioca que toca numa banda evangélica. Ao se indispor com o pastor da igreja, se vê sozinho na rua com seu instrumento e inicia uma jornada existencial rumo à sua música. Participou de importantes festivais internacionais e, em 2008, foi o único curta-metragem brasileiro a conquistar uma vaga do Festival de Cannes, na seção Cinéfondation.

Cariocas (documentário)
Ariel de Bigault (França, 1989, 57 min.)
“Cariocas” mostra diversas facetas do samba no Rio de Janeiro. Grande Otelo, nos guia ao encontro dos grandes músicos da cidade. Realizado originalmente para a TV francesa, conta com importantes depoimentos de Martinho da Vila, Paulo Moura, Velha Guarda da Portela, Nelson Sargento, Wilson Moreira, e Joel Rufino dos Santos.

Dia 12/11 – quinta-feira

Balé de pé no chão (documentário)
Lilian Solá Santiago e Marianna Monteiro (Brasil, 2006, 17 min.)
Documentário sobre Mercedes Baptista, principal precursora da dança afro-brasileira. Bailarina de formação erudita, cria seu grupo na década de 50, e estuda os movimentos do candomblé e das danças folclóricas. Participou de vários festivais nacionais e internacionais. A versão de 52 minutos para televisão ganhou, entre outros, o Prêmio de Melhor Documentário no I Hollywood Brazilian Film Festival, 2009.
Esperando os homens (documentário)
Katy Lena Ndiaye (Senegal/ Mauritânia/ Bélgica, 2007, 56 min.)
Em Hassania, no abrigo de Oualata, uma cidade vermelha na fronteira distante do deserto de Sahara, três mulheres praticam pintura tradicional decorando as paredes da cidade. Em uma sociedade dominada pela tradição, pela religião e pelos homens, estas mulheres expressam-se livremente, discutindo o relacionamento entre homens e mulheres. Presente em mais de 20 festivais internacionais.

Dia 13/11 – sexta-feira

Ossudo (ficção / animação)
Júlio Alves (Portugal, 2007, 14 min.)
Baseado no conto “Ossos”, do famoso escritor moçambicano Mia Couto, este filme é uma história de amor entre duas pessoas desamparadas. Participou de mais de vinte festivais pelo mundo. Recebeu, entre outros, o Troféu de Melhor Filme Português e o Troféu Ouro Animação no 36º Festival Internacional do Algarve.
Kuxa Kanema – O nascimento do cinema (documentário)
Margarida Cardoso (Bélgica / França / Portugal, 2003, 52min.)
O governo Moçambicano cria após a independência, em 1975, o Instituto Nacional de Cinema (INC), pois o presidente, Samora Machel, sabia do poder da imagem para a nação socialista. O filme acompanha a ruína do INC após um incêndio e a desilusão dos moçambicanos com o regime. Vencedor do Festival de Nova York de Filmes Africanos, entre outros.

Dia 14/11 – sábado

Maria sem graça (ficção)
Leandro Godinho ( Brasil, 2007, 14min.)
Maria das Graças, menina negra de 12 anos, moradora da periferia de São Paulo, atormenta a vida de sua mãe para alcançar seu maior sonho: ser a apresentadora Xuxa Meneghel. Selecionado para o Festival Internacional de curta-metragens de São Paulo.
Cabo Verde, meu amor (ficção)
Ana Lisboa (Portugal/ França/ Cabo Verde, 2007, 76 min.)
A condição feminina em Cabo Verde na atualidade é o foco principal deste primeiro longa metragem da cineasta Ana Lisboa. Falado em crioulo cabo-verdiano, foi totalmente rodado na Cidade da Praia com um vasto elenco de atores amadores. Primeiro filme realizado e produzido em Cabo Verde, por cabo-verdianos.

Dia 15/11 – domingo

Black Berlim (ficção)
Sabrina Fidalgo (Alemanha / Brasil, 2009, 15 min.)
Nelson é um jovem baiano estudante de engenharia em Berlim. Na capital alemã, leva uma vida muito distante de suas verdadeiras raízes. Porém tudo muda quando ele frequentemente passa a encontrar Maria, uma imigrante ilegal do Senegal. Apesar de ignora-la ele começa a ter visões de personagens estereotipados, que o remetem a um passado que ele prefereria esquecer. Inédito.
O Herói (ficção)
Zezé Gamboa (Angola / França / Portugal, 2004, 97 min.)
Um soldado mutilado na explosão de uma mina volta à Luanda após 20 anos de combates. No elenco o senegalês Makena Diop, as brasileiras Maria Ceiça e Neuza Borges. Premiado no Festival de Sundance (EUA) e no Festival de Cinema Africano de Milão, entre outros.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

MUTABARUKA DIZ...


Hoje em dia, dificilmente vemos poesia preta de qualidade, muita punnany, muito bomboclaat e nada muito sincero sendo dito (acredite em mim!). Quem vai nas festas do FYADUB houve muita coisa nova, mas em casa, eu ainda sou das antigas, quando não estou ouvindo meus discos velhos de jazz, blues, hip hop, eu gosto de ouvir os poetas Linton Kwesi, Benjamin Zephaniah e o meu preferido... Mutabaruka. Mutah sempre foi ótimo nas palavras, como digo sempre, nosso maior desafio é vencer a linguagem utilizada, tanto patois, inglês, girias sem tradução e nossa educação que caminha para trás, sempre vai complicar a vida da molecada que começa a gostar de reggae e acaba não entendo patavina do que está sendo dito, mas é legal. Então, quando você ouvir um reggae qualquer, lembra dessa poesia do Mutah. Da para ver nas palavras o abismo entre os regueiros e os reais Rastas. Um só amor! RAS.


::Say:: ::Diz::

when you remember home [quando você lembra de casa]
ETHIOPIA [ETIÓPIA]

when you remember slaves [quando você se lembra de escravos]
BLACK [NEGRO]

when you shout revolution [quando você grita revolução]
FREEMAN [HOMEM LIBERTO]

when you shout Babylon [quando você grita Babilonia]
DEATH [MORTE]

when you speak of education [quando você fala de educação]
GET IT [ABSORVA]

when you speak of unity [quando você fala sobre unidade]
WADADA [WADADA]

when you speak of God [quando você fala de Deus]
MAN [HOMEM]

when you see culture [quando você vê cultura]
RELATIVE TO... [RELATIVO PARA…]

when you read all this [quando você lê tudo isso]
MADNESSSSSS [LOUCURAAAAA]

when you think like I [quando você pensa como eu]
RASTAFARI. [RASTAFARI]


Siga o Fyadub nas redes sociais:
- Twitter: http://www.twitter.com.br/fyadub
- Facebook: http://www.facebook.com/pages/Fyadub
- Youtube: http://www.youtube.com/fyadub
- Instagram: https://www.instagram.com/fyadub.fyashop

   Twitter   https://www.instagram.com/fyadub_fyashop/   http://www.youtube.com/fyadub  http://www.discogs.com/seller/fyashop/profile   http://fyadub.blogspot.com.br/p/fyashop-teste_22.html   fyadub@yahoo.com.br

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

PERIFERIA É PERIFERIA... EM QUALQUER LUGAR!!!

Olhando na foto, será que você consegue dizer de que lugar é? Se é do Rio, de SP, de Salvador, Pernambuco?... ou se é da Jamaica, ou de qualquer outro pais da África? Difícil não é?! Muitas vezes eu penso no porque da música americana ser tão ruim hoje, o rap estilo “bling bling” [essa era nova para mim até poucos dias], com alguns caras criados no gueto fazendo música que vale no máximo 50 centavos, e se bobear ainda tem que voltar o troco de tão ruim, desfilando de Mercedes e Ferraris nos clips, só curtindo em boates de boy com varias vadias, bom, nada contra ou a favor das vadias, que elas um dia pensem em mudar de vida, senão vão pro fogo mesmo, e nada contra o dinheiro, quando nascemos ele já tinha sido inventado e implantado há tempos, eu sou contra essa ostentação idiota de grana, que na verdade frustra muito quem está no gueto, algumas vezes leva a um pensamento de “por que esse cara tem, e eu não?!”... Bob disse uma frase muito real: “enquanto a filosofia de uma pessoa ser superior a outra não for dizimada, haverá a guera.”

Onde eu quero chegar é, será que ainda tem músicos que fazem uma música de protesto hoje em dia?.. eu ainda tenho meus plays das antigas guardados, alguns novos, mas .... ainda prefiro algumas coisas das antigas, que eu já postei aqui, Poor Righteous Teachers, com um discurso político e extremo, gosto de Sizzla, mas não tudo, às vezes ele fala umas paradas, que eu penso que nem ele mesmo vive o que ele fala, Capleton eu já gosto mais, praticamente todas as letras, um pouco mais centrado, Anthony B é o melhor dessa trindade, letras inteligentes, equilibradas, sabe a hora de falar de festa, a hora de tacar o fogo mesmo, música de gente grande, mas nenhum desses é um africano de verdade, nascido na África.

Um dos primeiros discos de reggae que eu comprei foi de um cara chamado Mutabaruka, dessa geração dos Bobo Shantis, se você ouvir Mutabaruka e prestar atenção, tentar entender as letras, esse é o cara, poeta, músico, depois dele você com certeza, vai chegar a Linton Kwesi Johnson, o “Professor”, que também é um dos melhores poetas do reggae.

Agora também tem o 2ban, que gravamos com ele enviando músicas daqui do Brasil pra Londres, o que mais me chamou atenção no 2ban não foi à musicalidade dele, foram as letras, que são históricas, sem mentiras, sem ladainha, “serious music... no jokeh sounds”.... eu particularmente prefiro assim. Se for pra fazer “bling bling” e tocar só pros playbwoys eu prefiro ficar curtindo um som na minha casa, chamar um irmão, mostrar os discos das antigas que não tocamos mais nas festas, contar as histórias dos bailes de quando era moleque, muito mais prazeroso.

Espero um dia poder apresentar um disco de dub pra um cara aqui do gueto, da Serra da Cantareira e ele preferir ouvir JAH Shaka do que o 50 Cents...quem sabe um dia não entendam um pouco mais, compreendam um pouco mais, e quem sabe um dia não possamos evoluir um pouco mais rápido também e voltar a ter o controle da música que saiu do gueto, mesmo sendo de Kingston 12, de Londres, de NY, ou da CDD ou do Capão.. gueto é gueto em qualquer lugar, música do gueto, não é música de estante de playbwoy. FALEI!!!!!!!!!

Por RAS Wellington - underground_roots@yahoo.com.br - Texto originalmente publicado no site Overmundo em Out/2006 - clique aqui para ler o original e os comentários


   Twitter   https://www.instagram.com/fyadub_fyashop/   http://www.youtube.com/fyadub  http://www.discogs.com/seller/fyashop/profile   http://fyadub.blogspot.com.br/p/fyashop-teste_22.html   fyadub@yahoo.com.br

DISQUS NO FYADUB | FYASHOP

O FYADUB | FYASHOP disponibiliza este espaço para comentários e discussões das publicações apresentadas neste espaço. Por favor respeite e siga o bom senso para participar. Partilhe sua opinião de forma honesta, responsável e educada. Respeite a opinião dos demais. E, por favor, nos auxilie na moderação ao denunciar conteúdo ofensivo e que deveria ser removido por violar estas normas... PS. DEUS ESTÁ VENDO!