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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

MARCUS GARVEY: ULTIMATE COLLECTION OF SPEECHES AND POEMS



 
Marcus Mosiah Garvey era um líder jamaicano político, editor, jornalista, empresário e orador, que era um defensor acérrimo do nacionalismo preto e movimentos Pan-Africanistas. Para tal, ele fundou a Universal Negro Improvement Association and African Communities League (UNIA-ACL). Ele também fundou a Black Star Liner, uma linha de transporte de passageiros que promoveu o retorno da diáspora Africana as suas terras ancestrais.

Antes do século 20, os líderes tais como Prince Hall, Martin Delany, Edward Wilmot Blyden, e Henry Highland Garnet defenderam o envolvimento da diáspora Africana em assuntos africanos. Garvey foi o único a avançar uma filosofia Pan-Africana para inspirar um movimento de massa global e empoderamento econômico centradas na África, conhecida como Garveyismo. Promovido pela UNIA como um movimento de Redenção Africana, o Garveyismo acabaria por inspirar outros, que vão desde a Nação do Islã ao movimento Rastafari (algumas grupos proclamam Garvey como um profeta).

O Garveyismo destina-se pessoas de ascendência Africana na diáspora de "resgatar" as nações da África, e para as potências coloniais europeias deixar o continente. Suas ideias essenciais sobre a África foram afirmadas em um editorial no Negro World, intitulado "African Fundamentalism", onde ele escreveu: "A nossa união não deve saber latitude, limite, ou nacionalidade, para nos manter juntos em todas as latitudes e em cada país..."

SOBRE O AUTOR

Robert A. Hill é Professor Adjunto de História na UCLA e diretor do Marcus Garvey e Universal Negro Improvement Association Papers Project [Centro de Estudos Africanos], para o qual Barbara Bair serve como editora associada.


REVIEW DO FYADUB

Esse livro é uma compilação de poemas e discursos da fase que Garvey residiu nos Estados Unidos. E cobre praticamente todo o desenvolvimento da UNIA e de todo o conceito por trás da Black Star Liner.

Existe realmente uma grande lacuna de conhecimento, quanto ao trabalho desenvolvido por Garvey no decorrer de todos os anos. Ficando em voga a perseguição policial e política quanto suas ideias.

Garvey, numa época em que o segregacionismo racial era gritante, já era um dono de jornal e empresário. O choque cultural de uma sociedade branca, ver um negro bem sucedido, ainda ecoa até hoje.

No livro, os poemas de Garvey abrem uma visão mais ampla do seu trabalho, e a transcrição de seu discurso - talvez, torne sua visão para o leitor mais racional e menos emocionada, quanto posicionamento e discursos de Garvey.   

O livro não se trata de uma biografia de Garvey - isso são pinceladas em seus discursos, mas se trata realmente de suas ideias e ideais. É um livro sincero, sem censura ou alterações nos poemas, artigos e discursos de Garvey.

Extremamente bem escrito, dificilmente vai encontrar as gírias ou patois (se espera isso em algum momento), somente vai encontrar a postura concisa e extremamente aberta de Garvey.

Leitura obrigatória para quem busca compreender as manifestações pan-afrianistas e a luta racial a partir do ponto de vista de um dos maiores revolucionários que tivemos em uma história recente.


Marcus Garvey: Ultimate Collection of Speeches and Poems (English Edition)
Detalhes do produto
Formato: eBook Kindle
Tamanho do arquivo: 1036 KB
Número de páginas: 366 páginas
Quantidade de dispositivos em que é possível ler este eBook ao mesmo tempo: Ilimitado
Vendido por: Amazon Servicos de Varejo do Brasil Ltda
Idioma: Inglês
ASIN: B01DS4O1F4
Leitura de texto: Habilitado
X-Ray: Não habilitado
Dicas de vocabulário: Não habilitado
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sexta-feira, 29 de abril de 2016

ABDIAS DO NASCIMENTO - TRECHOS DA INTRODUÇÃO AO LIVRO 'O QUILOMBISMO'



Abdias do Nascimento nasceu em Franca, SP, em 1914, o segundo filho de Dona Josina, a doceira da cidade, e Seu Bem-Bem, músico e sapateiro. Abdias cresce numa família coesa, carinhosa e organizada, porém pobre, e vai se diplomar em contabilidade pelo Atheneu Francano em 1929.

 COMPRE O LIVRO: O quilombismo: Documentos de uma militância Pan-Africanista (Português) Capa comum – 12 março 2019 - por Abdias Nascimento



Com 15 anos, alista-se no exército e vai morar na capital São Paulo. Na década dos 1930, engaja-se na Frente Negra Brasileira e luta contra a segregação racial em estabelecimentos comerciais da cidade. Prossegue na luta contra o racismo organizando o Congresso Afro-Campineiro em 1938. Funda em 1944 o Teatro Experimental do Negro, entidade que patrocina a Convenção Nacional do Negro em 1945-46.

A Convenção propõe à Assembléia Nacional Constituinte de 1946 a inclusão de políticas públicas para a população afro-descendente e um dispositivo constitucional definindo a discriminação racial como crime de lesa-pátria.


À frente do TEN, Abdias organiza o 1º Congresso do Negro Brasileiro em 1950.
Militante do antigo PTB, após o golpe de 1964 participa desde o exílio na formação do PDT. Já no Brasil, lidera em 1981 a criação da Secretaria do Movimento Negro do PDT.

Voltando ao Brasil, Abdias atua com entidades afro-brasileiras. Quando organizam o ato público de 1978 contra o racismo, ainda há um clima de repressão. Enfrentam o desafio e criam o MNU e o Memorial Zumbi, mobilizando os negros em várias regiões do país.

O 3º Congresso de Cultura Negra das Américas dá uma dimensão internacional a essa militância.

Como deputado, Abdias ajudou a levar as posições do movimento negro aos presidentes Tancredo Neves e José Sarney e aos seus ministros. Atua na desapropriação da Serra da Barriga e na questão das comunidades-quilombos. Leva à tribuna federal o questionamento do 13 de maio e a definição do dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra.

Em 1988, o centenário da abolição coincide com a Assembléia Constituinte, e a repressão policial à manifestação pública do dia 13 de maio, no Rio de Janeiro, contrasta com as vitórias alcançadas na nova Constituição.

O saldo é positivo: a proposta de políticas públicas anti-racistas ganha dimensão, legitimidade e apoio. Vários governos municipais e estaduais instituem assessorias e conselhos de direitos do negro.


Depois de 1988, o movimento negro continua crescendo e conquistando posições. O movimento sindical começa a incorporar essa causa e a representação parlamentar afro-brasileira amplia-se.

Marcos importantes são o Tricentenário da Imortalidade de Zumbi dos Palmares e a 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo.

A marcha a Brasília, em 1995, a criação de um grupo no governo para estudar políticas anti-racistas e o processo de mobilização para a 3ª Conferência Mundial conduzem à adoção de ações afirmativas no próprio governo e em algumas universidades públicas.

O movimento negro ganha força articulando-se com outros no Brasil e no mundo. O governo Lula cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, SEPPIR. O tema do racismo, antes silenciado, ganha outra dimensão de debate na sociedade brasileira.


Na qualidade de primeiro deputado federal afro-brasileiro dedicou seu mandato à luta contra o racismo (1983-87), apresentando projetos de lei definindo o racismo como crime e criando mecanismos de ação compensatória para construir a verdadeira igualdade para os negros na sociedade brasileira. Como senador da República (1991, 1996-99), continua essa linha de atuação.

O Governador Leonel Brizola o nomeia Secretário de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras do Estado do Rio de Janeiro (1991-94). Mais tarde, é nomeado primeiro titular da Secretaria Estadual de Cidadania e Direitos Humanos (1999-2000).

No 2º Congresso de Cultura Negra das Américas (Panamá, 1980), Abdias apresenta sua tese do quilombismo.

Os quilombos são uma das primeiras experiências de liberdade nas Américas. Eles tinham uma estrutura comunitária baseada em valores culturais africanos. Sua organização política era democrática. Seu modelo econômico era o contrário do modelo colonial.

Em vez de produzir um item só para exportação e depender da matriz imperial, tinham uma produção agrícola diversificada que provia seu próprio sustento e mantinham relações de troca e intercâmbio com as populações circundantes.

O quilombismo propõe esse legado como referência básica de uma proposta de mobilização política da população afrodescendente nas Américas com base na sua própria experiência histórica e cultural. Vai mais longe ainda, e articula uma proposta afro-brasileira para o Estado nacional contemporâneo, um Brasil multiétnico e pluricultural.

As medidas e os princípios propostos estão no texto A B C do Quilombismo.



TRECHOS DA INTRODUÇÃO AO LIVRO 'O QUILOMBISMO'

Como os conjuntos de políticas públicas articulados e encaminhados ao Governo pelo movimento negro em dois momentos posteriores - a Marcha Zumbi dos Palmares de 1995 e o processo da 3ª Conferência - , o quilombismo é também herdeiro de um movimento social que, já em 1945, apresentava suas propostas à Assembléia Constituinte encarregada de redemocratizar o país (Nascimento, 1982[1968]).

A singularidade de O quilombismo está no fato de apresentar uma proposta sócio-política para o Brasil, elaborada desde o ponto de vista da população afrodescendente. Num momento em que não se falava ainda em ações afirmativas ou compensatórias, nem se cogitava de políticas públicas voltadas à população negra, o autor deste livro propunha a coletividade afro-brasileira como ator e autor de um elenco de ações e de uma proposta de organização nacional para o Brasil. Assim, sustentava e concretizava a afirmação de que a questão racial é eminentemente uma questão nacional.

O quilombismo antecipa conceitos atuais como multiculturalismo, cujo conteúdo está previsto nos princípios de "igualitarismo democrático (...) compreendido no tocante a sexo, sociedade, religião, política, justiça, educação, cultura, condição racial, situação econômica, enfim, todas as expressões da vida em sociedade;" "igual tratamento de respeito e garantias de culto" para todas as religiões; ensino da história da África, das culturas, civilizações e artes africanas nas escolas.


O ambientalismo também se faz presente, no princípio que "favorece todas as formas de melhoramento ambiental que possam assegurar uma vida saudável para as crianças, as mulheres, os homens, os animais, as criaturas do mar, as plantas, as selvas, as pedras e todas as manifestações da natureza".

A propriedade coletiva da terra, o direito ao trabalho digno e remunerado, a prioridade para a criança, e a possibilidade da "transformação das relações de produção e da sociedade de modo geral por meios não violentos e democráticos" estão entre os princípios humanistas do quilombismo.

O texto antecipa, também, a mais recente inovação na abordagem das relações raciais, que parte do aspecto relacional sugerido pela ótica de gênero. A categoria "gênero" implica relação entre homem e mulher, assim deslocando o foco da tradicional "questão da mulher".

Da mesma forma, para compreender a questão racial é preciso focalizar tanto o privilégio desfrutado pelo branco como as desvantagens sofridas por negros. Já na década dos 1940 e 1950, Abdias e outros intelectuais negros, entre eles o sociólogo Guerreiro Ramos e o advogado Aguinaldo Camargo, vinham criticando o enfoque tradicional brasileiro sobre "o problema do negro".


Atribuem ao escritor Fernando Góes a sugestão, feita numa atitude de fina ironia, de se realizar um Congresso dos negros para estudar o branco. Essa sugestão e suas implicações são retomadas, e dotadas de semelhante carga de ironia crítica, no texto de O quilombismo. Trata-se de mais uma afirmação do racismo como fenômeno relacional mais amplo, profundo e complexo que aquele denotado pela constatação das chamadas "desigualdades raciais".

Nesta obra, merecem um capítulo à parte, além de serem focalizadas em todos os textos, as peripécias específicas da mulher negra, que envolvem aspectos múltiplos e complementares. A questão racial e a de gênero se tecem juntos numa teia que hoje se denomina "interseccionalidade", conceito de certa maneira antecipado no conjunto das obras do autor ao integrar a mulher negra como prioridade temática de sua análise. Mais de uma década antes de instituir-se a reserva de vagas para mulheres nas listas de candidaturas a cargos políticos, constava entre os princípios do quilombismo o seguinte:
12. Em todos os órgãos do Poder do Estado Quilombista - Legislativo, Executivo e Judiciário - a metade dos cargos de confiança, dos cargos eletivos, ou dos cargos por nomeação, deverão, por imperativo constitucional, ser ocupados por mulheres. O mesmo se aplica a todo e qualquer setor ou instituição de serviço público.

O conjunto de textos deste volume vem contribuir para o registro histórico de aspectos pouco divulgados do pan-africanismo, um dos mais importantes fenômenos do século XX. Demonstra também uma continuidade e coerência com assuntos eminentemente contemporâneos, pois reconhecemos nestes ensaios, em particular no ABC e nos Princípios do Quilombismo, a formulação de idéias e polêmicas ainda hoje emergentes.


A atualidade de O quilombismo não se esgota nos temas que apontamos. Creio que cada leitor irá vislumbrar, para além dessas questões, outras talvez mais interessantes.



sábado, 11 de agosto de 2012

MARCUS GARVEY :: LOOK FOR ME IN THE WHIRLWIND [DOCUMENTARY]

Marcus Garvey: Look For Me in the Whirlwind
Marcus Garvey é uma das figuras mais controversas e enigmáticas da história americana, um visionário afrocentrico, um orador brilhante e um autocrata panafricalista. Ele era um forte defensor dos negros e da emancipação da união entre pessoas de ascendência Africana. Ele inspirou os afro-americanos contra os regimes autoritários e racistas na época, e disseminou suas idéias pelo mundo na busca da ascensão e repatriação do homem negro.

Marcus Garvey: Look For Me In The Whirlwind [Marcus Garvey - Me Procure no Turbilhão - tradução livre], o primeiro documentário para contar a história de vida completa desse líder polêmico, usa uma riqueza de materiais a partir dos escritos de Garvey e documentos, filmes e fotografias para revelar o que motivou um jamaicano pobre a se tornar líder uma organização internacional para a diáspora Africana, o que levou ao início de sucessos históricos, e por isso que morreu solitário. Entre as sequências mais fortes do filme são articulados, entrevistas de fogo com os homens e mulheres cujos pais aderiram ao movimento de Garvey mais de 80 anos atrás. Juntos, eles revelam como as idéias de Garvey revolucionárias foram para uma nova geração de africanos americanos, caribenhos e africanos e como ele investiu centenas de milhares de homens e mulheres negros com um novo senso de descoberta do orgulho racial.

O filme começa em 1887 na Baía de St. Ann, na Jamaica, onde Garvey nasceu. Abrange a descoberta histórica do racismo como um garoto e suas viagens pela América Central e do Sul em 20 anos históricos. A exploração terrível dos trabalhadores negros que Garvey testemunhou nessa jornada. Voltou à Jamaica depois de dois anos na Inglaterra e na Europa. Determinado a mudar de lugar os negros no mundo. "Onde está o governo do negro?" ele questionou. "Onde está o presidente histórico, país histórico, os homens de negócios grandes e históricos? Eu não poderia encontrá-los." Em agosto de 1914 ele estabeleceu a Universal Negro Improvement Association (UNIA) e a African Community's League  (ACL). Os objetivos da organização eram ambiciosos - a unidade racial, independência econômica, formação universitária e da Reforma Moral - mas em apenas dois anos problemas financeiros forçaram Garvey a ir para os Estados Unidos.

No outono de 1917, um ano e meio depois de chegar nos EUA, Garvey fundadou a sede da UNIA no Harlem, ele encontrei um público ávido entre descontentes imigrantes antilhanos. Começando com um punhado de compatriotas, o capítulo Harlem se tornaria o bairro o pai da UNIA renovada. Ele cresceu rapidamente com a final da Primeira Guerra Mundial e com dezenas de capítulos em todo o mundo, ela estava destinada a ser a maior organização negra na história. Chave para a ideologia de Garvey era a auto-suficiência do negro. Ele fundei a Black Star Line, uma companhia de navegação que levantou mais de $ 600.000 dólares em 1922 antes de entrar em colapso, e a Negro Factories Corporation, que desenvolveu mercearias, restaurante, lavanderia, uma frota de vans e uma editora em movimento.

O sucesso de Garvey na mobilização dos negros lhe valeu a suspeita e investigação do do governo dos EUA. Sua marca do nacionalismo levou a disputas mais amargas também com outros líderes negros, incluindo os africanos americanos e caribenhos. O mais notável dos rivais de Garvey foi intelectual panafricalista W.E.B. Du Bois que o descreveu como "ditatorial, autoritário, excessivamente vaidoso e muito suspeito."

Em 1923, as autoridades americanas condenara Garvey por fraudar  os fundos de venda da Black Star Line e o e o condenou. Garvey cumpriu uma sentença de dois anos e foi então deportados imediatamente. Na época da morte de Garvey em Londres em 1940, a UNIA era uma mera sombra do que tinha sido. Com sonhos históricos do Pan Unidade Africana e longe de independência econômica bem como havia sonhado, e do que era seu próprio legado. Considerado por muitos como um sonhador utópico ou um nacionalista extravagante e perigoso racial. Esse é um pouco de Marcus Moziah Garvey.








 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

W.E.B. DU BOIS - UM DOS PRECURSORES DO PAN-AFRICANISMO

William Edward Burghardt "W.E.B." Du Bois - 1868 - 1963
Du Bois nasceu no pequeno vilarejo de New England em Great Barrington, Massachusetts, três anos após o fim da Guerra Civil. Diferentemente da maioria dos negros americanos, sua família não tinha acabado de sair da escravidão. Seu bisavô lutou na Revolução Americana, e os Burghardts tinha sido uma parte aceita na comunidade por gerações. No entanto, desde seus primeiros anos Du Bois estava ciente das diferenças que o distinguem de seus vizinhos ianques. Além dos hinos austeros de sua Igreja Congregacional, Du Bois aprendeu as canções de uma tradição muito mais antiga de sua avó. Passada de geração em geração, seus significados originais há muito esquecido, as músicas da África foram cantados ao redor do fogo na casa de Du Bois na sua infância. Assim, desde o início, Du Bois tinha conhecimento de uma tradição anterior que o separam sua comunidade de New England - um passado distante envolto em mistério, em nítido contraste com a crônica detalhada da civilização ocidental que ele aprendeu na escola. Du Bois pai saiu de casa logo após que Du Bois nasceu. O jovem foi criado em grande parte por sua mãe, que transmitiu ao seu filho o sentimento de um destino especial. Ela encorajou os seus estudos e sua adesão às virtudes vitorianas e devoções características do interior da New England no século 19. Du Bois, por sua vez aceitou seriamente um senso de dever para com sua mãe, que transcendeu todas as outras lealdades.

Du Bois sobressaiu na escola e ofuscou seus contemporâneos brancos. Enquanto na escola, trabalhou como correspondente de jornais de Nova Iorque e se tornou uma espécie de prodígio aos olhos da comunidade. Quando ele chegou à adolescência ele começou a tomar consciência dos limites sociais sutis que era esperado. Isso o fez ainda mais determinado a forçar a comunidade a reconhecer suas realizações acadêmicas.

Du Bois era claramente um homem e uma jovem promessa. Os membros influentes de sua comunidade reconheceram isso e silenciosamente decidiram seu futuro. Great Barrington, como a maioria de New England, ainda brilhava com as brasas das fogueiras abolicionistas que apenas recentemente haviam sido umedecidas com o fim da Reconstrução no sul. Juntamente com as inclinações missionários da Igreja Congregacional, estas sensibilidades manifestaram-se na atitude da comunidade para Du Bois, que os presenteou com uma oportunidade de realizar um ato de ser um exemplo promissor do que para muitos era considerado ser a raça menos favorecida do mundo.

Du Bois sempre quis ir para Harvard e ele foi inicialmente decepcionado quando soube que tinha sido combinado que ele iria para a Fisk University, em Nashville. Mas a experiência mudou sua vida. Ele ajudou a esclarecer a sua identidade e apontou a direção do trabalho de sua vida. Quando Du Bois partiu para Fisk, no outono de 1885, foi a última vez que ele chamaria Great Barrington sua casa. Sua mãe morreu durante o verão e Du Bois entrou em um mundo que ele diria ser o seu próprio. Du Bois chegou em uma Nashville séria, contemplativa, o homem auto-consciente jovem com hábitos e atitudes formadas por uma infância em uma New England vitoriana. Na Fisk, ele encontrou os filhos e filhas de ex-escravos que haviam assumido a marca da opressão, mas tinha uma tradição alimentada, rica, cultural e espiritual que Du Bois reconheceu como sua. Du Bois também encontrou o sul branco. As realizações de Reconstrução estavam sendo destruídos pelos políticos brancos e empresários que adquiriram o controle político. Os negros estavam a ser aterrorizados nas urnas e estavam sendo levados de volta para o status econômico que diferia da escravidão institucional no nome, mas pouco. Du Bois viu o sofrimento e a dignidade dos negros rurais, quando ele ensinou na escola durante os verões no campo Tennessee do leste, e ele resolveu que de alguma forma sua vida seria dedicada à luta contra a opressão racial e econômica. Ele estava determinado a continuar sua educação e sua perseverança foi recompensada quando lhe foi oferecido uma bolsa para estudar na Universidade de Harvard.

A vida de Du Bois foi uma luta de idéias e ideais em guerra. Ele entrou em Harvard durante sua época de ouro e estudou com William James e Albert Bushnell Hart. Foi uma era progressiva e Du Bois foi ferido com o ideal da ciência - uma verdade objetiva que pode dissipar de uma vez por todas os preconceitos irracionais e a ignorância que estavam no caminho de uma justa ordem social. Ele trouxe de volta o ideal científico alemão da Universidade de Berlim e foi um dos primeiros a iniciar o estudo sociológico científico nos Estados Unidos. Durante anos ele trabalhou na Atlanta University e criou marcos no estudo científico das relações raciais. No entanto, uma sombra caiu sobre o seu trabalho quando viu o país recuar para a barbárie. Repressivas leis de segregação, linchamento e o terror tinham a tendência de aumentar, apesar do progresso da ciência. A fé de Du Bois no papel de destacado cientista foi abalada, e com o motim de Atlanta de 1906 Du Bois com a sua "Litany at Atlanta" (ladainha em Atlanta numa tradução livre) apaixonadamente parecia um desafio para as forças de repressão e destruição. Numa altura em que Booker T. Washington aconselhou a aceitação da ordem social, Du Bois soou uma chamada às armas e com a fundação do Movimento Niagara e mais tarde a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor entrou numa nova fase de sua vida. Ele se tornou um campeão apaixonado de ataque direto ao sistema jurídico, político e econômico que prosperou na exploração dos pobres e impotentes. Quando ele começou a apontar as conexões entre a situação dos afro-americanos e aqueles que sofreram sob o jugo colonial em outras áreas do mundo, a sua luta assumiu proporções internacionais. O Movimento Pan-Africano que floresceu nos anos após a Primeira Guerra Mundial foi o início da criação de uma consciência do terceiro mundo.

O estilo Du Bois de liderança era intensamente pessoal. Ele procurou não seguir em massa como Marcus Garvey, e evitou o exemplo do ardor e determinação inflexível com que lutou por seus ideais. Muitos que aconselhou por meios que menos diretos para alcançar objetivos políticos considerados limitados.

Nos anos após a Segunda Guerra Mundial as lutas desesperadas que Du Bois tinha travado reuniram-se em uma visão que era desafiar muitos dos pressupostos contemporâneos. Ele lutou por muitas causas progressistas, mas as viu serem consumidas por uma mentalidade de guerra fria que silenciou o debate racional.

Como ele tornou-se mais de uma figura internacional, Du Bois foi aceito cada vez menos pelos seus contemporâneos em casa. No entanto, quando ele deixou a América para se tornar um cidadão de Gana em 1961, ele não fez isso como uma rejeição de seus conterrâneos. Voltando à terra de seus antepassados ​​marcou uma resolução de muitos conflitos com os quais Du Bois tinha lutado toda a sua vida.

Visão madura de Du Bois foi uma conciliação entre o senso de dupla consciência - os dois ideais em guerra de ser preto e um americano - que ele havia escrito cerca de cinquenta anos antes. Ele chegou a aceitar a luta e conflito, como elementos essenciais da vida, mas ele continuou a acreditar no progresso inevitável da raça humana, que de lutas individuais contra uma auto divisão e lutas políticas dos oprimidos contra seus opressores, se tornou uma ampla e completa vida humana que emergiria, e que beneficiará toda a humanidade.

Depois de uma vida de luta a última declaração Du Bois para o mundo era de esperança e confiança na capacidade dos seres humanos para moldar seus próprios destinos. "Só uma coisa eu lhe carrego", ele escreveu:

"Como você vive, acredite na vida! Sempre os seres humanos irão viver e progredir para uma vida maior, mais ampla e completa. A morte só é possível perder a crença nesta verdade, simplesmente porque o grande final acontece lentamente, porque o tempo é longo."




 

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