A relatividade entre Nas e Marley está muitos menos distante através da música, bem como a mensagem que eles trazem, tão forte que ambos criaram um ponto de referência em suas carreiras.
Muito tem sido falado sobre Nas e Damian Marley desde que anunciaram sua colaboração no álbum Distant Relatives, em português “Relativamente Distante”. Embora muito elogiado antes do lançamento, as expectativas cresceram as alturas quase inatingíveis para um disco que mescla Hip Hop, Reggae, Dancehall, Política e África. Ambos, Nasir Jones e Damian 'Jr. Gong' Marley não são estranhos entre si – ambos são filhos de músicos famosos, com o sucesso vivo em suas histórias. Cada um tem estado em alta dentro de seus respectivos gêneros – Nas, individualmente, comemorando 20 anos de trabalhos no Hip Hop esse ano, eles conseguiram forjar legados ricos nas ruas, mantendo sempre uma mensagem forte na música. Como a mensagem e as ideias por trás de um projeto como Distant Relatives - desenho forte entre a música e a consciência política na África, América e Caribe, bem como “o sentimento de sangue único” que flui dentro de todos nós, o que seria fácil e ficaria muito enfadonho, muito informativo mas, felizmente, a produção poderosa de Damian Marley criou a superfície perfeita para ele e Nas, transmitir a mensagem que queriam, educar sem impor e demonstrar os seus pontos de vista magistralmente.
Liricamente, o álbum apresenta uma forma de escrever instigante, se tornando bem introspectivo. O álbum exemplifica o tipo de lirismo que ambos os artistas se fizeram conhecidos, com canções como "Welcome To Jamrock" e "If I Ruled The World" como antigos sucessos. O disco fala sobre acontecimentos atuais como na musica "My Generation", seus triunfos e problemas através de "Strong Will Continue" e as questões mundanas em "Africa Must Wake Up" com a mesma quantidade de destreza, e habilmente cobrindo diversos temas com habilidade e perspicácia. Eles emprestam palavras para o poder da lealdade em "Friends", contam a boa sorte em "Count Your Blessings" e crenças religiosas "In His Own Words", em todas as músicas partilham de toques pessoais em cada letra e flow. Ambos assumem riscos, ao equilibrar o seu plano-mestre, como candidamente Nas faz previsões do nascimento de seu filho mais novo. Ao longo do álbum, Nas e Gong fazem alguns questionamentos como "Por que todos nós colidimos? Por que os jovens morrem?" E fornecem apenas inspiração suficiente no processo "Só os fortes vão continuar, eu sei que você tem em você". Eles oferecem a quantidade certa de influência positiva com um realismo equilibrado, malabarismo intelectual com a experiência vivida. Eles também conseguem fazer algo que poucos tradicionalmente "conscientes" fazem, como são rotulados artistas fora do mainstream, pois eles nunca parecem piegas ou artificiais. Apenas artistas desse porte poderiam fazer esse tipo de trabalho. Com emoção honesta, letras inteligentes, melodias agradáveis e uma oferta de temas por toda parte, este é um álbum de referência para Damian e Nas, tanto como artistas, mas também como profetas e ativistas sociais.
A produção do álbum mostra o quanto o pensamento foi colocado no projeto, e o quanto ele mostra seu alcance. Onde muitos têm esquecido a arte perdida de fazer um trabalho linear ao decorrer do álbum, esse projeto é melhor servido inteiro. A mistura de produção digital com instrumentação ao vivo inteligentemente produziu músicas como "Promise Land", ou poderia ter sido pela necessidade de várias culturas e gêneros. As batidas aqui não decepcionam. Muitas vezes não é pensada como um produtor de Hip Hop pensaria, o filho caçula de Bob Marley (com alguma ajuda do irmão Stephen) firmou-se como condutor no estúdio e mostrou ser muito versátil. É refrescante, por exemplo, ao ouvir os tambores tribais em "Tribal War" na sequência das batidas up-tempo de "As We Enter". Tudo isso prepara o terreno para "Strong Will Continue", que atua como um dos destaques em um montão de cortes e quebradas únicas, um hino que conta com guitarras elétricas, notas de piano e um padrão de bateria eletrônica compassada. Eles também produziram coisas mais leves como a musica "Leaders", trazendo os violões acústicos nas músicas "Count Your Blessings" e "In His Own Words". Eles também pediram emprestado de várias culturas dialetos e línguas, cantos africanos ouvidos em músicas como "Patience", "Dispear" e "Friends." Eles podem ir desde a acessível "My Generation" para a agressiva "Nah Mean" com facilidade, manter a sua cabeça balançando o tempo todo, sem nunca perder a coesão que torna este um álbum completo. Se for comparar com algum produtor, talvez esteja próximo dos trabalhos de Madlib. Damian Marley tem a capacidade de fazer sua música soar globalmente. A produção corresponde a pontos líricos perfeitos, o que pode ser uma das conquistas mais difíceis em um projeto tão ambicioso.
A partir do momento que que se ouve "As We Enter," a química é solidificada dentro de Distant Relatives como os dois pontos a serem atingidos; o de comércio e o espírito de colaboração que pode ser visto em todo o álbum. Nas e Damian trabalhando juntos é excelente, e a cada convidado (Stephen Marley, Joss Stone, Lil Wayne, Dennis Brown e K'naan) se encaixaram de forma extremamente sensata com o projeto, garantindo que nada fosse feito sem nexo, e nenhum detalhe deixou de ser observado. Da frente para trás, este álbum não fornece nada que se possa dizer que está “enchendo lingüiça”, tudo está no lugar certo. Em um esforço mutuo a dupla consegue ter sucesso em criar o melhor de dois mundos, a colaboração sem comprometer qualquer trabalho anterior - um feito raramente visto. A relatividade entre Nas e Marley vem através deste álbum.