sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

PERIFERIA É PERIFERIA... EM QUALQUER LUGAR!!!

Olhando na foto, será que você consegue dizer de que lugar é? Se é do Rio, de SP, de Salvador, Pernambuco?... ou se é da Jamaica, ou de qualquer outro pais da África? Difícil não é?! Muitas vezes eu penso no porque da música americana ser tão ruim hoje, o rap estilo “bling bling” [essa era nova para mim até poucos dias], com alguns caras criados no gueto fazendo música que vale no máximo 50 centavos, e se bobear ainda tem que voltar o troco de tão ruim, desfilando de Mercedes e Ferraris nos clips, só curtindo em boates de boy com varias vadias, bom, nada contra ou a favor das vadias, que elas um dia pensem em mudar de vida, senão vão pro fogo mesmo, e nada contra o dinheiro, quando nascemos ele já tinha sido inventado e implantado há tempos, eu sou contra essa ostentação idiota de grana, que na verdade frustra muito quem está no gueto, algumas vezes leva a um pensamento de “por que esse cara tem, e eu não?!”... Bob disse uma frase muito real: “enquanto a filosofia de uma pessoa ser superior a outra não for dizimada, haverá a guera.”

Onde eu quero chegar é, será que ainda tem músicos que fazem uma música de protesto hoje em dia?.. eu ainda tenho meus plays das antigas guardados, alguns novos, mas .... ainda prefiro algumas coisas das antigas, que eu já postei aqui, Poor Righteous Teachers, com um discurso político e extremo, gosto de Sizzla, mas não tudo, às vezes ele fala umas paradas, que eu penso que nem ele mesmo vive o que ele fala, Capleton eu já gosto mais, praticamente todas as letras, um pouco mais centrado, Anthony B é o melhor dessa trindade, letras inteligentes, equilibradas, sabe a hora de falar de festa, a hora de tacar o fogo mesmo, música de gente grande, mas nenhum desses é um africano de verdade, nascido na África.

Um dos primeiros discos de reggae que eu comprei foi de um cara chamado Mutabaruka, dessa geração dos Bobo Shantis, se você ouvir Mutabaruka e prestar atenção, tentar entender as letras, esse é o cara, poeta, músico, depois dele você com certeza, vai chegar a Linton Kwesi Johnson, o “Professor”, que também é um dos melhores poetas do reggae.

Agora também tem o 2ban, que gravamos com ele enviando músicas daqui do Brasil pra Londres, o que mais me chamou atenção no 2ban não foi à musicalidade dele, foram as letras, que são históricas, sem mentiras, sem ladainha, “serious music... no jokeh sounds”.... eu particularmente prefiro assim. Se for pra fazer “bling bling” e tocar só pros playbwoys eu prefiro ficar curtindo um som na minha casa, chamar um irmão, mostrar os discos das antigas que não tocamos mais nas festas, contar as histórias dos bailes de quando era moleque, muito mais prazeroso.

Espero um dia poder apresentar um disco de dub pra um cara aqui do gueto, da Serra da Cantareira e ele preferir ouvir JAH Shaka do que o 50 Cents...quem sabe um dia não entendam um pouco mais, compreendam um pouco mais, e quem sabe um dia não possamos evoluir um pouco mais rápido também e voltar a ter o controle da música que saiu do gueto, mesmo sendo de Kingston 12, de Londres, de NY, ou da CDD ou do Capão.. gueto é gueto em qualquer lugar, música do gueto, não é música de estante de playbwoy. FALEI!!!!!!!!!

Por RAS Wellington - underground_roots@yahoo.com.br - Texto originalmente publicado no site Overmundo em Out/2006 - clique aqui para ler o original e os comentários


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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


BURNING SPEAR - SLAVERY DAYS

Desde 1990 eu ouço algumas palavras constantes que muitos irmãos e amigos falam como palavra de Ordem; Consciência, Ideologia, Revolução, Evolução. Mas isso não é colocado em prática, pelo menos não em larga escala ou que se faça por atingir um grande número de pessoas, tendo uma postura visível e melhoria real.

Nesse mês de novembro, “comemorado” (esse num tom bem sarcástico) o dia da Consciência Negra, representada pela morte de Zumbi dos Palmares. Eu não vou me concentrar em escrever sobre a história de Zumbi, mas fazendo uma certa comparação entre Zumbi e Domingos Jorge Velho, na real, nada mudou entre os negros desde aquela época.

A mentalidade ainda continua de escravo, de algumas formas. Uma quando o negro começa a partir de certo momento a se envolver cada vez mais com o bwoy (o bwoy não é branco, nem é rico, e não é boy por uma questão de dinheiro, e sim é pela atitude), desde esse primeiro momento o negro se torna uma marionete desse bwoy, não ganha nada em espécie, simplesmente cria uma ilusão de que um dia pode ganhar alguma coisa, dinheiro, status ou qualquer coisa do tipo. Na realidade, num vai ganhar nada, porque o bwoy se for ver mesmo vive de ser “poser”, compra um tênis, um blusão e te chama de mano. MANO? Você negrão periférico é MANO = IRMÃO de bwoy sustentado aos 20 e poucos anos pelos pais?! BUMBOKLAAT!!!!!!!!!!!

Outra é a mesma idéia de Domingos Jorge Velho, a atitude de um tentar de qualquer forma se sobrepor a outro. É uma espécie de circulo vicioso, a pessoa nasce, cresce e é escravizada pelo branco (digo isso em tempo real, HOJE), reclama, xinga, não quer aquela situação. Quando realmente consegue certa independência, por menor que seja, se torna o “esperto”, e escraviza ou pelo menos tenta escravizar outros “irmãos” – a real é que isso rola muito, mas não da muito certo, um preto escravizando o outro aqui não é lá coisa muito natural. 

Agora sobre a questão de pele, temos alguns nomes que são mais xingamentos do que qualquer coisa do tipo, o termo MULATO ou MULATA, tanto falado, acho que ainda não foi bem compreendido. No dicionário da língua portuguesa de Silveira Bueno, MULATO = filho de pai branco com mãe preta ou vice versa, homem escuro, trigueiro, mulo. MULO, no mesmo dicionário = Mu, Asno, Burro. Mulato ou Mulata, só serve pra rebolar o pandeiro mesmo, já que um asno ou burro não pensam, no máximo que podem fazer é rebolar e carregar peso. Nem vou comentar mais sobre esses adjetivos, que dá neurose.

Se você pensa, que por ter recebido o adjetivo de MORENO, deixou de ser preto, existe um certo estudo de origem de palavras, baseado em sua raiz, é muito usado para saber de onde surgiram alguns termos. Palavras de línguas do oriente são bem mais fáceis de serem estudadas, pois as variações são enraizadas por outras palavras. Basicamente são estudadas 3 letras para se saber a raiz de cada palavras, no exemplo;

MaRoonS (tribo africana, que lutou – e muito, pela independência na Jamaica juntamente com a Tribo Ashanti)
MoRenoS (nome dado aos mestiços de negros e brancos na América do Sul)
MooRS (os mouros ou sarracenos. Moors ou Mouro é o nome dado pelos Europeus aos Negros monoteístas de pele mais clara, já que a maioria era islâmica.)

A raiz M-R-S indica algumas tribos africanas e nomenclaturas dadas aos descendentes dessas tribos, que foram trazidas para as Américas, digam o que for, MORENO pro europeu é negro, e se um dia voltar à escravidão, vai junto de volta ao navio como qualquer outro, é uma mera ilusão achar que porque tem a pele mais clara ou mais escura vai se fugir das origens, o máximo que pode perder é a raiz e a essência, o resto, vai ser tratado como negro em qualquer outra parte do mundo. Nesse ponto, a única coisa que resta saber é que o racismo trata os negros como eles são, todos iguais. 

Finalizando a comparação entre Domingos Jorge Velho e Zumbi, ambos foram negros, sobreviventes e viverão conforme o seu tempo, a diferença, um lutou por toda uma comunidade, o outro pela própria sobrevivência, em pé de igualdade os dois mataram, os dois morreram... negros.


Texto originalmente publicado no site Overmundo em Nov/2006 - clique aqui para ler o original e os comentários

Por Ras Wellington - underground_roots@yahoo.com.br

domingo, 5 de outubro de 2008

JAH - A ESSÊNCIA DIVINA


Essência Divina, esse é o significado dessa poderosa palavra, que provém dos povos africanos e do Oriente Médio, dificilmente será possível dizer exatamente de qual língua ela provem, a influencia se originou dos dialetos africanos, do aramaico, do hebraico e árabe. Mas com o esquecimento histórico, línguas que não existem mais, essa palavra se tornou única.

 

Uma das frases em que essa palavra é usada, é: “I&I, JAH Rastafari”, traduzindo de uma forma próxima ao sentido original em dialeto:

“Eu&Eu, Que A Essência Divina Do Criador Me Guie e Oriente.”

I&I = Eu&Eu; que transmite a idéia de que todos somos iguais, o primeiro “Eu” tem a intenção de substituir a palavra “homem”, que é um substantivo, fazendo com que o “homem” afaste a ilusão de que é apenas parte de um todo, quando substituímos “homem” pela palavra “Eu”, a palavra homem deixa de ser um substantivo, para se tornar um sujeito. O segundo Eu se torna o Altíssimo, nos deixando mais próximos de Deus, fazendo com ele seja parte do “eu”, e o “eu” fazendo parte D’ele. 

JAH = Essência Divina, Deus é onipresente, habita em todo lugar, é onisciente, sabe de todas as coisas, a Essência é o que nos faz sentir a presença dele entre nós. Como o melhor perfume, nós sentimos a fragrância, ela nos agrada e nos faz sentir bem. Assim é JAH.

RASTAFARI = Uma palavra formada por duas;

RAS = Cabeça, Líder, Sábio, Guia, Aquele que guia, transmite conhecimento; RAS era um título dado aos árabes e pessoas que eram líderes em suas tribos, comandavam o exército, a educação e administravam suas comunidades e transmitiam conhecimento entre os demais. 

TAFARI = Conhecimento, Sabedoria, Sapiência, Elevação; alguns têm para si a palavra Tafari como Criador, a palavra Criador se encaixa no termo, já que quem cria, educa e orienta.

Dependendo da forma como nos expressamos com a palavra JAH, ela pode tomar outros significados, JAH pode significar Deus, como Allah em árabe, ou God em inglês. Cada província africana oriental se dirigia a Deus de uma forma, essa é uma das formas de dizer Deus em um contesto monoteísta, sem interferências ou inserções de supostos santos ou entidades espirituais. 

Talvez um dos primeiros povos africanos a usarem a palavra JAH, tenha sido a Abissínia (Etiópia), com influência das antigas línguas monoteístas (aramaico, hebraico e árabe), a Abissínia se tornou historicamente, uma das regiões mais importantes da história, com toda a absorção e profundidade do conhecimento teológico e teocrático do seu povo.

Chegando ao rastafari, que hoje se torna um dos ícones da disciplina e doutrina individualista da era moderna, pregando o respeito ao ser humano, ao eco sistema, e a espiritualidade. JAH para o rastafari simboliza a conexão com Deus. A absorção cultural e espiritual do rasta provém da herança etíope desde o Rei Négus, Rei da Abissínia, a busca por conhecimento, a disciplina e a devoção ao Altíssimo.

Segue abaixo uma carta* escrita pelo Profeta Mohamad (saws) ao Rei Négus no auge da era Islâmica.

CARTA DO PROFETA MOHAMAD (saws) PARA O REI NÉGUS DA ABÍSSINIA

“Em nome de Deus o Compassivo o Misericordioso”

De Mohamad, Mensageiro de Deus, para o Négus, Imperador da Abissínia. Paz!

Eu presto louvores perante ti a Deus, aquele que não há outra divindade senão Ele, o Rei, o Augusto, o Pacificador, o Protetor, e testemunho que Jesus, filho de Maria, e o Espírito de Deus e Sua Palavra, que Ele fez descer sobre Maria a Virgem, a Boa (pura), a Casta, assim, concebendo a Jesus com o sopro do Seu Espírito da forma como criou Adão com Sua mão. Convido-te para um Deus único, que não tem sócio, e à submissão à sua obediência, e para seguires-me e creres naquilo que me foi revelado, porque eu sou o Mensageiro de Deus. Convido-te e a tua gente para vos orientar até Deus, o Poderoso e Majestoso. Já vos transmiti e aconselhei-vos, portanto aceitai o meu conselho, e que a paz esteja com os que estão bem orientados.

O Profeta enviou Amr Bin Umaya Dhamri como seu embaixador, levando a sua carta para o Rei Négus*, Rei da Abissínia, convidando-o para abraçar o Islam. O Négus enviou a resposta ao Profeta que dizia: “Eu presto testemunho que tu és o Verdadeiro Mensageiro de Deus;"

Carta extraída do livro: Mohamad O Mensageiro de Deus (1989), autor: Aminuddin Mohamad.

Esta carta não afirma que o Rastafari deixa de ser cristão e se torna muçulmano, ou vice e versa, a carta do Profeta Mohamad (saws), afirma a abertura espiritual e religiosa do povo abissínio. Outra observação é que o Rei Négus se converteu ao Islam, o restante do seu povo teve como opção manter sua religiosidade cristã e os preceitos cristãos ou optar por qualquer outra religião.

Esta carta coloca em cheque certas questões, se o Profeta escreveu uma carta para um estado cristão, atestando que Jesus (aws) era filho de Deus, e nasceu de um milagre, como alguns podem dizer que o muçulmano nega o Cristo como filho de Deus? Já que Deus tudo pode! Logo falaremos um pouco mais sobre as influencias que a Abissínia e o Rei Negus sofreram de outros povos e religiões.

Toda a África era influenciada principalmente pelo Egito, Arábia Saudita, e províncias próximas. Todos os conhecimentos relacionados ao rastafarianismo provem das Igrejas Coptas Etíopes, Cultura Egípcia, das províncias monoteístas da Arábia, do antigo Estado de Israel, principalmente dos ensinamentos deixados pelos antigos profetas, sábios e reis (Abraão, José, Davi, Salomão, Jesus, o Apóstolo Felipe etc...) 

A PROPAGAÇÃO DO RASTAFARIANISMO 

Apresentar o rastafari como uma cultura e disciplina, é muito menos imposição do que mostrar uma religião a uma pessoa ou comunidade, que é acostumada com uma igreja inquisitiva e até certo ponto descrente, onde apenas funcionam doutrinas e disciplinas com um fundamento vago e ambíguo, mas de certa forma abrangente e simpático, não cabe ao rasta o papel de catequisar ninguém. 

Ao Rastafari cabe a missão de propagar a disciplina e a doutrina rasta, não cabe ao rastafari converter um muçulmano, um judeu, ou um cristão ortodoxo, da mesma forma que o rasta tem seu livre arbítrio, ele deve dar esse livre arbítrio a outras pessoas. Não se deve “converter” ninguém a uma suposta religião, se deve transmitir conhecimento, a sabedoria e o ponto de vista abrangente, deixemos a prepotência autoritária para os políticos, á mídia fechada e ao clero religioso.


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