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segunda-feira, 21 de junho de 2021

LUIS WAGNER GUITARREIRO DEIXOU VASTA OBRA MUSICAL A SER EXPLORADA

Com sua morte, cena fica órfã de um dos artistas mais plurais e criativos da música brasileira.
MARIANA BERGEL/BOIA FRIA PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO/JC

Luis Vagner Lopes, o "Guitarreiro", faleceu quando esta reportagem começava a ser escrita. Com a gentileza pela qual era conhecido de todos, o músico havia, tempos antes, aceitado o pedido de entrevista. "Vai ser o maior prazer falar contigo, Cristiano", disse-me, em breve conversa pelo WhatsApp. Não deu tempo. Ele acabou se indo, aos 73 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Vagner encontrava-se, então, ao lado da filha Manauara, com quem, nos últimos tempos, morava em Itanhaém, no litoral de São Paulo.

O Guitarreiro, que se recuperava de dois AVCs, partiu em 9 de maio de 2021, um domingo - apenas dois dias depois de Cassiano, que, ao lado dele, foi um dos grandes pioneiros da black music brasileira. Como poucos, Luis Vagner especializou-se, numa carreira de mais de cinco décadas, em amálgamas sonoras que trafegavam por inúmeras vertentes da música negra mundial. Soul, funk, jazz, reggae, samba, rock, brega, blues, ritmos latino-americanos: tudo que o Guitarreiro tocava resplandecia originalidade e sentimento.

Fernanda Braz, última esposa de Vagner, com quem tiveram dois filhos (Cacaia Iolanda e Pedro Mar y Raio), sublinha que, apesar do baque decorrente do AVC, o ex-companheiro encarou as adversidades sem jamais "perder a ternura". E sempre, ela completa, com um sorriso estampado no rosto: "Ele [Vagner] mantinha o bom astral e, seja lá quem fosse, valorizava todas as pessoas. O Luis levava muito a sério a máxima do budismo, que ele professava desde 1987, de 'prezar cada pessoa'. Eu acredito que isso transformava não só a vida dele quanto a dos outros", diz Fernanda.

Filho de mãe índia, seu nome foi escolhido pelo pai, Vicente, que era músico (saxofonista, clarinetista e também violonista) da Orquestra Copacabana Serenaders. "Vagner", explicou o filho, veio do compositor erudito alemão Richard Wagner e Luis, das emanações solares. "O meu velho me falava que Luis é nome de luz. E Wagner, por sua vez, foi um revolucionário. 'Tu és, portanto, Luz Revolucionária!'"



E seu nome outra vez seria revolucionado ao ganhar do cantor paraguaio Fábio seu ilustre apelido: "Guitarreiro". Cognome eternizado, depois, na canção Luis Vagner Guitarreiro, de 1981, na qual Jorge Ben Jor louva sua exímia habilidade de guitarrista. E também de ritmista, como Jor, com malemolência, pede na letra: "Luis Vagner Guitarreiro/ Liga essa guitarra/ E anima o terreiro/ Toca jongo, samba, partido/ Maracatu e calango/ Funk, rock e baião".

Genuíno cidadão do mundo, o percurso do Guitarreiro parte da fronteiriça Bagé, onde nasceu e, entre outras "estações", passa por Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris. Mas, sempre que podia, fazia questão de valorizar a cultura rio-grandense. Como ele grafou na introdução do essencial livro Suingue, samba-rock e balanço, de Mateus Mapa, na qual se refere à uma "confluência afro-brasileira, euro cisplatina e andina": "Sempre acreditei, como artista do Sul, que existia em nós [gaúchos] um modo diferente, único. Um sotaque que se fazia novo e não reconhecido como uma vertente da música popular planetária brasileira", escreveu.


Gaúcho de Bagé com o pernambucano Paulo Diniz no projeto Mestres da Soul
MARIANA BERGEL/BOIA FRIA PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO/JC


O pernambucano Paulo Diniz (do big hit I want to go back to Bahia) deu voz ao primeiro sucesso comercial de Luis Vagner, a balada soul Como?, de 1972. A canção era uma declaração de amor à chacrete Índia Potira, pela qual o Guitarreiro era apaixonado. Diretamente da Praia de Boa Viagem, em Recife, o cantor não segura a emoção ao falar sobre o velho parceiro, a quem, afetuosamente, chama de "irmão". Do alto de seus 80 anos, Diniz é sucinto, mas sábio: "A obra de Vagner, imensa e linda, vai existir até o final dos tempos", avaliza.


Uma brasa, mora


Segundo Guitarreiro, que tinha 18 anos quando foram a SP, imaturidade contribuiu com o fim de Os Brasas
MARIANA ALVES/JC


Luis Vagner também é um dos precursores do rock no Rio Grande do Sul. Formado em 1965, o conjunto Os Brasas (inicialmente The Jetsons) foi, ao lado do Liverpool Sounds, o único grupo gaúcho que conseguiu gravar um LP nos longínquos anos 1960. Lançado em 1968, o álbum, homônimo, trazia um muito bem-acabado crossover entre rock inglês, psicodelia e Jovem Guarda - antecipando, de certa forma, desvenda o jornalista e pesquisador do rock nacional Fernando Rosa, a linha mestra da construção da sonoridade do chamado "rock gaúcho".

O disco abre com A distância, numa ótima versão para Oriental sadness, original dos britânicos The Hollies, além de outras canções de orientação "beat", como Benzinho não aperte, Beija-me agora, Pancho Lopez (de Trini Lopez) e a fuzz-garageira Não vá me deixar. Depois de assumir o nome Os Brasas em definitivo, o grupo passou a apresentar-se no programa Juventude em Brasa, na TV Piratini, com grande sucesso. E, após alcançar o sucesso na capital gaúcha, o grupo migrou para São Paulo, onde foi o conjunto-base do programa O Bom, de Eduardo Araújo, junto com a orquestra do maestro Peruzzi.

Os Brasas se radicaram na pauliceia quando Luis Vagner contava então 18 anos. Naquela época, contou o Guitarreiro no livro Gauleses irredutíveis, a banda era um tanto relapsa e "relaxada" com o próprio trabalho. A falta de maturidade, para ele, contribuiu para que a chama dos Brasas se extinguisse. "Tínhamos saído do Rio Grande do Sul e ido para Sampa sem conhecimento de quase nada. Éramos puros demais, guris demais. Sem malícia nenhuma para lidar com as coisas do show business musical."


Zero pro festival que julga música

Luis Vagner criou samba-rock Só que deram zero pro Bedeu inspirado em fato real
MARIANA BERGEL/BOIA FRIA PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO/JC

De passagem por São Paulo, o cantor e compositor Bedeu inscreveu a canção Deixa a tristeza (de seu primeiro compacto, lançado em 1971) - baseado num poema da amiga Delma Gonçalves - em um festival promovido por uma rádio.

Para o desconcerto de Bedeu, a música amargou nota zero do corpo de jurados. Uma das razões para a desclassificação, analisa Delma, teria sido a "exaltação à negritude" da letra, cujos versos declamam: "Já raiou a liberdade/ Preconceito chegou ao fim". Foi com esse episódio que, sensibilizado com o amigo, Luis Vagner teve o insight para criar Só que deram zero pro Bedeu, até hoje, um dos samba-rock mais conhecidos e tocados em bailes Brasil afora. Com eloquência, a música acaba por denunciar as vicissitudes de uma esbranquiçada sociedade que, em pleno século XXI, ainda se acredita "não preconceituosa".

A letra nada subliminar de Vagner decanta primorosos versos: "Lá no festival/ que julgam músicas/ O Bedeu levou um samba/ que falava da esperança de alguém/ E a mulher do padeiro lá da padaria/ a senhora padeira disse/ 'que bonito samba' ()/ Alta sensibilidade, espirituosidade/ só que deram zero pro Bedeu". A cantora Claudia (hoje Claudya), na primeira interpretação da música - que também tornou-se a mais conhecida -, ainda arremata, irônica e didática: "Que nota é essa, negão?".

Claudya diz que, antes de Luis Vagner lhe dar a canção, já gostava muito do trabalho do Guitarreiro como compositor. Os dois, ela conta, conheceram-se no Rio de Janeiro e, a partir daí, firmaram uma amizade. Certo dia, lembra a cantora, o músico a procurou na gravadora Odeon, da qual era contratada.

"Ele [Vagner] me mostrou pessoalmente Só que deram zero pro Bedeu. Faltava apenas uma música para completar meu LP Deixa eu dizer. A música caiu numa luva no repertório do disco", afirma a intérprete. Claudya apenas lamenta não ter tido a oportunidade de gravar outras composições de Vagner. Ela, no entanto, diz que vem estudando seu caudaloso repertório para, tão logo, promete, fazer alguma homenagem ao Guitarreiro.


Incríveis encontros

Registro do último show de Luis Vagner Lopes, antes da morte, em maio
/MANDRAQUE FILMES/DIVULGAÇÃO/JC

Em 2002, Luis Vagner participou do aclamado álbum O incrível caso da música que encolheu e outras histórias, da Ultramen. Dele é a letra e a melodia do "rocksteady" Coisa boa, música, inclusive, que celebra os encontros. Banda e artista também atuaram juntos na gravação de Grama verde, clássico de Bedeu, presente no mesmo disco.

O tecladista Leonardo Boff considera que da parceria, que marcou época, o melhor de tudo foi a amizade: "Luis Vagner era um cara, acima de tudo, querido, gentil, generoso e também humilde. Não havia fronteiras, em nossa relação, por causa da idade ou por qualquer tipo de vaidade". E as conversas, acrescenta, nunca eram "unilaterais".

Outras parcerias aconteceram mais tarde. A última, pontua Leonardo, rolou junto à Funkalister. Gremista fanático, Guitarreiro, percebendo tratar-se de um grupo 100% colorado, presenteou-lhes com a música-homenagem Gigante da Beira-Rio. "Ele gravou conosco, guitarra e voz, injetando na faixa seu ritmo e suingue únicos. Quem sabe, um dia, ainda poderemos retribuir com uma homenagem ao seu imortal tricolor?", sugere.

O percussionista Luciano Lima, o Malásia, tem o Guitarreiro como um acontecimento em sua vida. Desde o primeiro momento, os dois tiveram forte identificação. "No dia em que nos conhecemos, Luis já saiu me chamando de 'Bedeuzinho'. Trocávamos muitas mensagens e, através dele, virei praticante do budismo Nichiren [escola que segue o ensinamento de Nichiren Daishonin, monge budista que viveu no Japão no século XIII]. Sinto-me honrado de poder ter sido amigo do Guitarreiro, esse ser tão talentoso, iluminado e essencialmente livre."


Dores do mundo

Guitarreiro estava com o cantor Hyldon quando ele compôs a canção
/BELA GREGORIO/DIVULGAÇÃO/JC

Em meados dos anos 1970, no Rio de Janeiro, Luis Vagner Lopes foi morar no mitológico Solar da Fossa (pensão que abrigou de Paulo Leminski a Caetano Veloso, entre outros ícones da cultura e da contracultura). Quem também morava por lá, antes de estourar nacionalmente hits como Na rua, na chuva ou na fazenda e Na sombra de uma árvore, era o cantor de soul baiano Hyldon.

Em comum, o fato de que tanto ele quanto Vagner adoravam jogar conversa fora e isso, segundo ele, acabou por aproximá-los. Tornaram-se amigos de música e de longos bate-papos. Hyldon revela que Vagner estava com ele quando, do nada, veio-lhe, inteirinho, aquele que se tornaria um dos seus maiores sucessos: a canção As dores do mundo ("E eu vou!/ Esquecer de tudo/ As dores do mundo/ Não quero saber/ Quem fui/ Mas sim quem sou"). O primeiro a ouvi-la, antes ser gravada, garante Hyldon, foi o Guitarreiro.

Uma noite, depois de refestelarem-se no restaurante Cervantes (onde serviam o famoso sanduíche de porco com abacaxi, marca registrada do local), os dois amigos pegaram o rumo de Copacabana. Ao chegarem lá, após terem passado pelo túnel da avenida Princesa Isabel, Hyldon disse para o Guitarreiro: "Ô, Luis, acabei de fazer uma música. E ele: 'Pô, dentro do túnel, neguinho?'. E eu: 'Sim, fiz a música e, aliás, já fiz a letra. Tudo junto. Daí ele falou: 'Canta, então, pra mim!". Eu cantei e, antes mesmo de terminar, ele falou assim: 'Poxa, bicho, essa música aí é sucesso certo'. Daí, ao voltarmos para o Solar, eu terminei a canção. E, dito e feito, As dores do mundo foi um estouro daqueles em todo o Brasil".

 

Ourives do pop

Em 1973, Raul Seixas e Luis Vagner dividiram o estúdio para gravar suas estreias solo
/JUVENAL PEREIRA/AE/JC

Acaso o destino tivesse barrado Raul Seixas, bastaria, porém, apenas uma de suas canções para assegurar-lhe eternidade: Ouro de tolo. É a música-chave do álbum Krig-há, bandolo!. Em uma semana apenas, o compacto da música conseguiu gigantesca popularidade. Naqueles tempos de milagre econômico, a letra autobiográfica de Raulzito soou como sonoro tabefe desferido na cara da classe média. A canção também embalou audaciosa tacada de marketing, bolada pelo "mago" Paulo Coelho, coautor da letra, para transmitir aos lares brasileiros preceitos da Sociedade Alternativa.

No dia 7 de junho de 1973, no Centro do Rio de Janeiro, Raul Seixas convocou a imprensa e entoou Ouro de tolo em rede nacional. A cena foi exibida no Jornal Nacional e Raul ganhou o Brasil. Luis Vagner, assim como na história narrada por Hyldon, também vivenciou, ao lado de Raul Seixas, a previsão feita pelo também baiano Raulzito para Ouro de tolo.

Na ocasião, Raul e Guitarreiro estavam gravando suas estreias solo no mesmo estúdio (Vagner o disco Simples e Rauzlito, Krig-há). Certo dia, amanhecidos da labuta fonográfica, que varara madrugada adentro, atravessavam a pé a cidade do Rio quando Raul, em tom profético, falou: "Escute, Luis, o que vou dizer: amanhã, o País inteiro vai ligar o rádio e escutará uma música minha".

E, contou Vagner, Raulzito cantou para ele a imbricada letra de Ouro de tolo. No outro dia, sem mais lembrar o que o "retado" baiano lhe dissera, o Guitarreiro ligou o rádio e, não deu outra, a popular poesia de Ouro de tolo ressoou das caixas de som.


Música Planetária Brasileira

Luis Vagner Guitarreiro em meio a muitos outros músicos do Estado na Travessa dos Venezianos
MANDRAQUE FILMES/DIVULGAÇÃO/JC

Guitarreiro partiu, mas a música do artista vai continuar tocando nas ondas sonoras em vários lançamentos previstos para este ano. O primeiro deles, adianta o produtor-executivo Claudiomar Carrasco, que deve sair em junho e estará disponível em todas as plataformas digitais, é o álbum O espírito dos lanceiros.

Trata-se da aguardada estreia solo de Paulo Dionísio (vocalista e fundador da Produto Nacional). No disco, Dionísio faz um resgate da memória dos Lanceiros Negros, guerreiros escravizados que integraram as fileiras do exército farroupilha e foram atraiçoados no episódio conhecido como Massacre de Porongos. A produção leva a inconfundível assinatura de Luis Vagner, que também contribui, no disco, com a faixa Homem rasta.

Outra novidade é o relançamento, em vinil, pela Warner Music, de Simples, o debute solo de Luis Vagner, lançado em 1974. O LP, que sairá, inicialmente, com tiragem de 1.250 cópias, está previsto para agosto.



Também pronto para ganhar o mundo é Música planetária brasileira, álbum no qual Guitarreiro vinha trabalhando desde 2015. Voltado para o mercado internacional, com 16 faixas gravadas em francês e italiano, traz canções como a romântica Lamore, Roma, lamore (com participação especial da cantora Tati Portella) e Monte Carlo-Mônaco.

Em produção e, por enquanto, sem data para ser publicada, também está uma biografia sobre Luis Vagner, escrita pelo etnomusicólogo Mateus Mapa. E, ainda, também idealizado por Mapa, em parceria com o videomaker Antonio Padeiro, da Mandraque Filmes, começa a ser realizado o documentário O Guitarreiro (subtítulo em definição).

A ideia, explica Padeiro, é dar abrangência nacional, recorrendo à miríade de artistas, de todas as gerações, que beberam no cancioneiro vagneriano, além dos músicos com os quais tocou. As gravações, interrompidas pela pandemia, serão retomadas com a ampliação da vacinação.




Enquanto o documentário não fica pronto, pode ser visto, produzido pela Mandraque, o primeiro e único videoclipe gravado por Luis Vagner em seus mais de 50 anos de carreira. Simbora YaYa abre o álbum de título longo - condizente, todavia, com a amálgama sonora tão própria da concepção musical perseguida por ele - Samba, rock, reggae, ritmos em blues e outras milongas mais, lançado em 2020.


Mestres da Soul

Di Melo, Carlos Dafé, Tony Tornado, Paulo Diniz, Luis Vagner e William Magalhães (Banda Black Rio)
MARIANA BERGEL/BOIA FRIA PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO/JC


Com apresentações que já reuniram lendas da black music brasileira, como Di Melo, Paulo Diniz, Tony Tornado, Lady Zu, Calos Dafé, banda Black Rio e, é claro, o Guitarreiro Luis Vagner, o projeto Mestres da Soul, idealizado pela Bóia Fria Produções, tem à frente a jornalista Mariana Bergel.

Na edição de 2014, o projeto conseguiu o feito de, após muito tempo, reunir os grandes parceiros e amigos Luis Vagner e Paulo Diniz. Entre outras pérolas do cancioneiro soul nacional, os dois reviveram juntos as emoções despertadas pela balada “fundo d’alma” Como?, grande sucesso na poderosa voz de Diniz.

Com o Mestres da Soul, diz Mariana, a intenção é colocar em evidência artistas consagrados no gênero musical “black”, que, cada vez mais, vem ganhando força tanto no cenário underground quanto no mainstream.




terça-feira, 13 de abril de 2021

BAILES BLACK


Os quatro jovens que chegam ao pequeno salão localizado na pacata rua da Barra Funda estão entusiasmados. Um dos rapazes particularmente é dono de uma íntima e contida alegria, já que é a primeira vez que vai ao salão de baile. Ele chega à bilheteria, compra o ingresso e, quando os quatro entram, descortina-se para ele uma realidade diferente. A primeira sensação é a de ter entrado em um mundo paralelo. Luzes escuras, giratórias, música em alto volume, e jovens como ele dançam animadamente, causando-lhe certa comoção por causa da alegria espontânea que acompanha os gestos de braços, pernas, quadris…

O salão está repleto, as roupas são bem cuidadas, alguns suam, outros circulam de um lado a outro. Meninas e rapazes se olham com interesse. Nas caixas, o som que começa a tocar é o de Natalie Cole cantando This Will Be, e gritos de aprovação se fazem ouvir. Depois uma sequência de músicas traz aos ouvidos Tim Maia, Jorge Ben, Bebeto, e então braços se trançam nos volteios ritmados do samba-rock. De repente as cores se tornam mais suaves, o ritmo do som diminui, uma luz negra se acende. Marvin Gaye começa a cantar Let’s Get it On e mais gritinhos são ouvidos. Casais se formam para dançar juntos, colados. Os rapazes circulam, chamam as meninas para dançar, são rejeitados, insistem com outras e logo muitos estão dançando. É a sessão de lentas.

O jovem que entrou pela primeira vez no salão aos poucos vai se acostumando com aquele burburinho de sons e vozes, aquela riqueza de luzes e cores. Mas o que o choca mais é que, diferentemente do que vive no seu dia-a-dia, ali a maioria das pessoas é negra, e ele se sente bem. De algum modo, assim que colocou os pés no salão São Paulo Chic, teve certeza de que estava num lugar ao qual pertencia.

Dos meados da década de 70, época em que os bailes no São Paulo Chic lotavam, para cá, houve pouca mudança em termos desse sentimento de identidade que os bailes da população negra provocam.

As equipes de som se profissionalizaram. As modestas caixas acústicas que faziam a alegria dos dançarinos nos pequenos salões foram substituídas por grandes equipamentos de som durante o movimento Black São Paulo, uma extensão do movimento Black Rio que, ainda no final dos anos 70, trocou o ritmo do samba-rock pelo soul e funk de James Brown, Sly and Family Stone, Bar Kays… E isso não ocorreu sem conflitos. Os jovens que aderiam a essa nova onda do soul eram chamados de “neguinhos pop” por aqueles adeptos do som mais antigo. O termo “pop” na verdade se referia mais às músicas de apelo comercial que tocavam nas rádios, mas passou a denominar o soul.


Porém, a nova onda se espalhava rapidamente. Na época em que não havia internet, centenas de negros se reuniam no viaduto do Chá ao cair da tarde das sextas-feiras e as felipetas circulavam por ali anunciando os próximos bailes, sob os olhares e eventuais revistas de muitos policiais militares e sob a atenção de alguns policiais federais, já que aquela reunião podia ser subversiva.

Enquanto em salões como São Paulo Chic o baile comportava um número menor de pessoas, o movimento soul procurava amplos espaços e começava a trazer milhares de pessoas para seus bailes. O aspecto da identidade começou a se acentuar. Nas paredes dos salões, como a Associação Atlética São Paulo, eram exibidos filmes e documentários, a exemplo de Wattstax, que versavam sobre a luta dos afro-americanos em busca de cidadania.

O fato é que os bailes sempre fizeram parte da vida da população negra. A musicalidade e o ritmo são intrínsecos à maioria das culturas tradicionais africanas e essa herança é expressa, de diversas formas, pelos afro-brasileiros. Desde o pós-abolição, as diversas entidades que se formaram tiveram nos bailes uma expressão importante como atividade de lazer. Impedidos de entrar em festas de brancos, os afrodescendentes construíram seu próprio campo de entretenimento. A Frente Negra, por exemplo, tinha o grupo das Rosas Negras, que organizava as grandes festas na década de 30. Mas essas festas tinham não só um caráter recreativo, como também cultural e pedagógico, pois havia palestras, apresentação de grupos de teatro e outras atividades culturais.

Nas décadas de 70 e 80 o movimento soul retomou esse caráter mais educativo das festas. Algumas lideranças do movimento negro iam lá fazer discursos, panfletar, chamar aquele contingente de jovens em sua maioria negros para uma ação política.


“Os Carlos, Tranza Negra, Eduardo, Amaury são nomes que evocam nostalgias, e nostalgia é uma palavra que ainda denomina alguns tipos de bailes frequentados por uma população mais adulta, como os do Musicália e Musicaliando, nomes parecidos que encobrem alguns conflitos que esse campo abarca”.

Isso trouxe resultados nos anos seguintes, especialmente para o movimento hip hop, que nasceu nesse ambiente em que as equipes de som estão mais organizadas e os discursos mais afinados com a busca de uma identidade étnica. As equipes proporcionaram espaço para que grupos de rap viessem mostrar seus trabalhos. Os Racionais MCs, por exemplo, começaram a se apresentar nos bailes da equipe Zimbabwe, uma das pioneiras do movimento soul, que, transformada em selo musical, lançou o grupo. Outras equipes, como Chic Show e Black Mad, também gravavam artistas não só de rap como de outros gêneros, a exemplo do pagode, que divulgavam em seus programas nas rádios, como Bandeirantes e 105 FM. Além disso, algumas equipes adquiriram seus próprios salões, como o Clube da Cidade, na Barra Funda.

Clubes como Alepo, Casa de Portugal, Homs fazem parte da história de vida de pessoas que foram e vão a esses locais para dançar, se divertir, estar em um lugar com seus iguais. DJs (herdeiros do pioneiro Sr. Osvaldo e sua “orquestra invisível”), dançarinos, empresários, cantores, donos de equipe, seguranças compõem um contingente que vibra nos subterrâneos da cidade.

Alguns lugares marcaram gerações, como o Sambary Love, no bairro da Bela Vista, com seus dois ambientes sempre cheios: um em que tocava o gênero “black” (as muitas variações do R&B) e outro dedicado ao samba-rock e pagode ao vivo. Como outros bailes, ali também era frequentado por pesquisadores, militantes, ativistas.


O baile “de preto”, baile “black”, baile nostalgia, baile soul, o baile, enfim, é esse local para o qual convergem expectativas, alegrias, emoções. Não é só a música e dança que o caracterizam, embora sejam o apelo mais forte; não é frequentado só por negros, mas é um campo em que se constroem identidades, expressas nos gestos, nas roupas, na estética, no comportamento.

Aqueles quatro jovens que chegaram ao salão São Paulo Chic na década de 70 talvez hoje não fossem ao baile, talvez fossem para a “balada”. Às vezes a impressão é de que a época gloriosa dos bailes já passou. Mas certas paixões voltam, como o samba-rock. As gerações vão se reinventando e recriando os bailes, que continuam aproximando as pessoas nas periferias, no centro, ou mesmo nas casas noturnas da Vila Madalena. Nos bailes, a vida ainda pulsa numa dança que se perpetua.



domingo, 28 de fevereiro de 2021

1976: MOVIMENTO BLACK RIO

1976: Movimento Black Rio, de Luiz Felipe de Lima; Peixoto
 e Zé Otávio Sabadelhe (Rio de Janeiro: José Olympio, 2016)
Lançado em 10 de novembro de 2016, o livro 1976: Movimento Black Rio, dos jornalistas Luiz Felipe de Lima Peixoto e Zé Otávio Sabadelhe, celebra os quarenta anos da manchete de Lena Frias, Black Rio: o orgulho (importado) de ser negro no Brasil, publicada em 17 de julho de 1976 no Caderno B do Jornal do Brasil. Em 28 reportagens, os autores recorrem a entrevistas e material previamente publicado para contar a história da cultura de bailes que, alimentados por soul, funk e disco afro-norte-americanos, espalharam-se pela Zona Norte carioca nos anos 1970, bem como a história do conjunto das apropriações desses gêneros por Tim Maia, Toni Tornado, Hyldon, Carlos Dafé, Cassiano, Gerson King Combo, Dom Salvador e Abolição, União Black, e Banda Black Rio. O livro tenciona constituir “uma contribuição à construção discursiva de uma memória social positiva da população negra brasileira” e oferece elementos para um trabalho necessário de revisão historiográfica que transcende o âmbito do tema tratado, apesar de erros fatuais que poderiam ter sido corrigidos por cruzamento de dados.


Escrito pelos jornalistas Luiz Felipe de Lima Peixoto e Zé Otávio Sabadelhe, coautor de Memória afetiva do botequim carioca (2015), o livro 1976: Movimento Black Rio foi lançado em 10 de novembro de 2016, aos quarenta anos da manchete de Lena Frias para o Jornal do Brasil. Segundo o Grupo Editorial Record (2016), do qual José Olympio é um selo, “a obra faz parte do projeto de mesmo nome organizado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, com patrocínio da Natura, que contará com uma série de ações de valorização do Movimento Black Rio”. Entende-se por Black Rio a cultura de bailes que, nos anos 1970, espalhou-se pela Zona Norte carioca, alimentados por soul, funk e disco afro-norte-americanos. O termo foi cunhado por Frias em 1976 para designar aquilo que alguns de seus entrevistados, entre os quais Oséas Moura dos Santos, o Mr. Funky Santos, nomeavam Soul Power.

O sucesso de coletâneas de música afro-norte-americana lançadas pelas equipes de som dos bailes — Soul Grand Prix, Dynamic Soul e Black Power — somou-se ao sucesso fonográfico de Tim Maia para abrir as portas da indústria a uma geração de músicos negros que, na esteira do samba-jazz, da bossa-nova, do twist e do iê-iê-iê, exploraram musicalidades afro-pan-americanas com referência ao soul, ao funk, à disco e ao jazz. Assim, a expressão Black Rio passou a encampar o conjunto das apropriações destes gêneros por Tim Maia, Toni Tornado, Hyldon, Carlos Dafé, Cassiano, Gerson King Combo, Dom Salvador e Abolição, União Black, e Banda Black Rio. Até mesmo Jorge Ben e Wilson Simonal, cujas carreiras fonográficas se iniciam na primeira metade dos anos 1960, bem como o João Donato de A Bad Donato (1970), o Gilberto Gil de Refavela (1977), o Caetano Veloso de Bicho Baile Show (1977–1978), dentre outros, seriam eventualmente associados ao Black Rio. A participação de artistas do soul-funk brasileiro nos bailes teve contudo caráter acessório. Estes se prolongariam pelos anos 1980 sob o nome bailes funk, fixados em gravações importadas, com repertórios sempre atualizados (electrofunk, electro, house, Miami bass, Latin freestyle), e terminariam por gerar uma música própria: o funk carioca.

Os bailes de subúrbio foram objeto dos trabalhos de Hermano Vianna (1988: 19–34), Michael Hanchard (1994: 111–119), Claudia Assef (2003: 35–51), Silvio Essinger (2005: 15–48), Sonia Giacomini (2006: 189–256) e Paulina Alberto (2009); a música soul brasileira, dos de Bryan McCann (2002), Zuza Homem de Mello (2003: 367–390), José Roberto Zan (2005), e Sean Marquand e Sérgio Babo (2006). Allen Thayer (2006) abordou ambos os temas. O uso anacrônico do termo soul para a produção musical dos anos 1970 no Brasil explica-se pelo fato de, em 1969, a revista Billboard ter mudado o nome da parada de música afro-norte-americana, de rhythm‘n’blues, para soul, designação mantida até 1982 (BRACKETT, 2009: 66). Por outro lado, a emergência do funk carioca no final dos anos 1980 e a necessidade de diferenciar entre “o verdadeiro funk” e o primeiro gênero brasileiro de música eletrônica dançante contribuíram para a manutenção da palavra soul enquanto designação da vertente não eletrônica do soul-funk brasileiro.

O livro de Sabadelhe e Peixoto é a primeira monografia publicada sobre o assunto. Além de uma apresentação por Peixoto e de uma introdução por Sabadelhe, ele consiste em 28 reportagens[1] seguidas por considerações finais de Carlos Alberto Medeiros, um posfácio de Ana Maria Bahiana, e bibliografia. Os autores entrevistaram Dom Filó, Toni Tornado, Roberto Menescal, Zeca Marques, Leandro Petersen, Zezé Motta, o DJ Paulão (da equipe Black Power), Carlos Alberto Medeiros, Macau, Nei Lopes, William Magalhães, Mamão, Alcione Pinto Magalhães, Jamil Joanes, André Midani, Hyldon, Tony Bizarro, Sandra de Sá, Ed Motta, Fernanda Abreu, Pee Wee Ellis e BNegão. Um conjunto de citações cuja fonte não é especificada possivelmente provém de depoimentos de Marcos Romão (62–63), do DJ Paulinho da equipe Black Power (67), de Sir Dema (68, 74–75), de Marcelo Gularte (72), de Paulo Cézar Caju (79–80), do DJ Jailson da equipe Jet Black (81–82), de Altay Veloso (148–149), de Jorjão Barreto (156), de Nasca (183–184), do DJ Corello (189) e do DJ Marlboro (195). Excertos do depoimento de Filó conduzem a narrativa, em alternância com outras falas, trechos da literatura e amostras do jornalismo da época.

Nas palavras dos autores, o livro descarrega “uma torrente de relatos” (219). Faltam-lhe porém verificação e cruzamento de dados. O Black Rio teria inspirado o samba-jazz (21), que lhe é anterior (LOPES, 2006). O discotecário Ademir Lemos teria citado “uma renda que um jogo de Flamengo e Vasco não atingia nos domingos do Maracanã” (24), quando efetivamente citou “uma renda que um jogo, se não tiver Vasco ou Flamengo, não atinge” (FRIAS, 1976: 1). A música Heartbeat, do grupo War (ESSINGER, 2005: 34), recebe o nome de Heartbreak (64). O livro de Hanchard (1994) é creditado a McCann (104), de cujo artigo (2002: 35) provém a citação (105) atribuída ao primeiro. A aliança entre o soul e o samba de raiz é dada por “jamais revelada” (116), embora Essinger a tenha exposto em 2005 (40–42). The Platters seria um grupo “da gravadora Motown” (126), pela qual jamais passaram[2]. Dois álbuns de Luiz Melodia, um de 1978, outro de 1980, seriam balões “de ensaio para a concepção da linha sonora que iria balizar o disco Maria fumaça” (169), de 1977. Gerson King Combo teria recebido um telegrama de James Brown (170), um engodo que Essinger (2005: 39) revelou há onze anos. A origem do soul da Filadélfia é localizada na “fundação [em 1971] da gravadora Philadelphia International Records” (186–187), ainda que Kenny Gamble e Leon Huff tenham iniciado seus trabalhos em 1965 (LAWRENCE, 2004: 117). The Sugarhill Gang seria um “grupo de Nova Iorque” (194), embora todos os seus integrantes e o selo que os gravava estivessem sediados em Englewood, no estado de New Jersey (KATZ, 2012: 77–78). O subgênero de funk carioca conhecido por putaria é rotulado de proibidão (194). Breaks seriam “trechos ritmados de determinada faixa, inserida em outra música, por meio de mixagens” (195), quando constituem elementos básicos de construção da música hip-hop (KATZ, 2012: 14. ROSE, 1994: 73–74). A criação da “estrutura musical do hip-hop” seria resultado de “beats eletrônicos da máquina de ritmos programável Roland TR-808” e do “advento dos samplers” (197), dois recursos que só se tornaram disponíveis em 1980, sete anos após a fundação da cultura hip-hop (KATZ, 2012: 17–19). Muita coisa poderia ter sido corrigida pela revisão: “latente” (27) por “patente”; “cujo os” (74) por “cujos”; “Blood, Sweet and Tears” (149) por “Blood, Sweat and Tears”; “flauta em baixo” (153) por “flauta baixo”; “o melô” (194) por “a melô”. Por fim, as expressões “base endiabrada” (120), “petardo disco-funk groovadíssimo” (177) e “outro petardo” (197) tomam o lugar de descrições musicalmente relevantes.

Peixoto afirma em sua apresentação que o livro “quer ser uma contribuição à construção discursiva de uma memória social positiva da população negra brasileira” (16). Os autores se perguntam: “quando ou como o Movimento Black Rio teria sucumbido ao espetáculo que se criou em torno dele?” (219). Ao apresentá-lo no papel de precursor das atuais políticas de identidade, sob os auspícios do mesmo Estado que hoje sujeita todas as atividades recreativas nas favelas cariocas ao arbítrio da polícia ou das Forças Armadas, eles não deixam de participar desse espetáculo. É lícito exclamar-se: “menos ‘política identitária’, menos ‘empoderamento’, menos ‘lugar de fala’ e mais luta de classes!”[3]

Por outro lado, ao inserir os bailes black, a música soul, os bailes funk e o funk carioca no âmbito transnacional das manifestações da diáspora africana, ambos prestam contribuição ao combate contra o racismo estrutural da historiografia musical brasileira, onde, por exemplo, Mr. Funky Santos ocupa posição ambígua. Ao mesmo tempo que se credita ao radialista e DJ (branco) Big Boy ter começado tudo em Botafogo, atribui-se a Moura dos Santos o início dos Bailes Black, no extinto Astória Futebol Clube4, no bairro do Catumbi (ESSINGER, 2005: 19). Organizador, desde 1972, das Noites do Shaft, no Renascença Clube, no Andaraí, Dom Filó afirma: 

Big Boy. Ele tocava eminentemente o rock! Botava lá um “James Brownzinho” no final do baile. Então ele não era o black da hora, só que tinha o material. Outra coisa. O primeiro baile não foi no Canecão. O primeiro baile foi na Zona Norte! O Big Boy só fazia no Canecão porque a sua clientela era eminentemente branca (OLIVEIRA FILHO; CARDOSO; MEDEIROS, 2009).

A ideia de que o Black Rio — e, por decorrência, o funk carioca — tenha origem em Botafogo parece derivar de um problema de interpretação da matéria de Frias, que afirma: “no começo era apenas a [equipe] de Big Boy” (1976: 4). E cita Moura dos Santos (grafado “Santos dos Santos” no texto): “O soul começou com Big Boy, Ademir, Monsieur Limá, por volta de 1969, 1970” (6). Vianna (1988: 24) infere: “os primeiros bailes foram realizados na Zona Sul, no Canecão”. Seja pelos depoimentos coletados, seja pela iconografia reunida, 1976: Movimento Black Rio fornece farto material para um trabalho necessário de revisão historiográfica que transcende o âmbito do tema tratado. 



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

27/11/2010 - Z'AFRICANA COM PARTICIPAÇÃO ESPECIAL SOMBRA


“Z’ÁFRICANA”. é um projeto mensal do Z'África Brasil 

Terá sempre um show mensal do Z’África Brasil com a banda a Zafricanos, sempre com convidados especiais e repertório diferenciado.

Além de tudo isso a festa será sempre uma homenagem para um pais do continente africano. 

Uma verdadeira celebração com muito axé!

Na Toca discos terá muito Ragga, Afro Beat,Reggea,Samba,Samba Rock,Dub , Dubstep alem de muito Rap.

Participação Especial:
Sombra

DJS da Noite de Inauguração:
*Ras Wellington [fyadub]
*Zulusouljah
*Eduardo Brechó

País Homenageado:
Senegal

Acontecerá todo ultimo sábado de cada mês no Espaço Zé Presidente

NOME NA LISTA MANDADO PELO EMAIL PAGA 10 Reais - zafricabrasil@gmail.com

Servico
Local: Espaço Zé Presidente
Rua Cardeal Arcoverde, 1545 – Pinheiros - São Paulo – SP
Horário inicio festa: das 22h00min
Horário show: 1h00min
Horário termino da festa: 05h00min
Entrada:
10 Reais antes da 1:00 Horas
15 Reais depois da uma até 2:00 Horas
20 Reais depois das 2:00 Horas

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

30/10/2010 - Z'AFRICANA C/ Z'AFRICA BRASIL, RAS, ZULUSOULJAH E DJ FORMIGA


Sábado, Dia 30 de outubro de 2010, O grupo de rap brasileiro Z’África Brasil inaugurará um Projeto mensal em SP que chamará “Z’ÁFRICANA”.

Será uma festa mensal com o show o Z’África Brasil com a banda a Zafricanos sempre com convidados especiais e repertorio diferenciado. Será uma verdadeira celebração com muito axé!

Na Toca discos terá muito Ragga, Afro Beat,Reggea,Samba,Samba Rock, Dub, Dubstep alem de muito Rap.

DJS da Noite de Inauguração:
*Ras Wellington - Fyadub
*Zulusouljah
*DJ Formiga (Vinil é Arte)

Acontecerá todo ultimo sábado de cada mês no Espaço Zé Presidente



NOME NA LISTA MANDADO PELO EMAIL PAGA 10 Reais - zafricabrasil@gmail.com


Local Espaço Zé Presidente
Rua Cardeal Arcoverde, 1545 – Pinheiros - São Paulo – SP
Horário inicio festa:  22h
Horário show: 1h00min

Entrada:
10 Reais antes da 1:00 Horas
15 Reais depois da uma até 2:00 Horas
20 Reais depois das 2:00 Horas

Apoio

Z’África Brasil formado por MC Gaspar, Funk Buia, Pitcho e DJ Tano.

Z’África Brasil apresentam canções do primeiro álbum, o já clássico “Antigamente Quilombos, Hoje Periferia”, de 2002, e do trabalho mais recente, “Tem Cor Age” (YB Music/Instituto/Elemental), de 2006. O disco foi produzido por Tejo Damasceno e Rica Amabis, do Instituto, e por Érico Theobaldo, o DJ Periférico, e conta com convidados como Céu, Zeca Baleiro, Toca Ogan (Nação Zumbi) e Fernando Catatau e Rian Batista, do Cidadão Instigado.

Também no repertório do show entrará musicas do disco "Verdade e Traumatismo", que foi lançado na França pelo selo Livin´Astro que tem participações dos MCs franceses Pyroman e Squat e do DJ Duke, do grupo Assassin.

Criado em 1995 em São Paulo, o Z’África Brasil é conhecido pela sua originalidade e criatividade musical. Com isso, posicionaram-se ao como um dos maiores grupos de rap no Brasil, trabalhando os elementos da cultura hip-hop e a militância política e sócio-cultural.

Seu talento os levou a romper fronteiras, preconceitos musicais e regionais

domingo, 2 de agosto de 2009

PAUL MACCARTNEY - CHECK MY MACHINE

Em 2009, um dos álbuns mais esperados foi o do Easy Star's Lonely Hearts Dub Band, com a versão do Sgt. Peppers Lonely Hearts dos Beatles. Bem esse post não é para comentar o disco feito pelos caras do selo Easy Star e sim para comentar um dub, ou uma produção com todos os elementos de um dub, produzido pelo beatle Paul Maccartney (o cara ao lado, com cara de bobo é ele!!!)

A história da música, é até legalzinha. Quando Paul acabou de comprar seu gravador novo e começou a cantarolar o "I Wan't check.. my machine".

Mas, as história mais legal é como isso chegou por aqui, uma música totalmente diferente do que os Beatles faziam, na verdade um "retalho" de estúdio, que acabou tocando exaustivamente nas festas de Samba Rock de São Paulo do final da década de 70. Mas agora falando especificamente da música é a estrutura da composição, por mais seja considerado um improviso em uma jam session. Até o Marcelo D2 utilizou a música no inicio de um dos seus clipes (sinto não saber o nome da música, mas também não vou procurar).

O baixo na frente junto com a bateria e um piano na marcação, mas não na mesma marcação compassada do reggae, isso somado com o delay com reverb na voz do Paul, ou seja, um dub. Mas é fácil, no final da década de 70 o dub já havia invadido praticamente todos os cantos de Londres na Inglaterra com a migração dos Jamaicanos e o sucesso que bandas e sound system's já estavam fazendo.

Aqui no Brasil, no final da década de 70 e inicio dos anos 80, essa vibe de som era tocada nas festas de Samba Rock, nos antigos bailes Blacks de São Paulo principalmente. Samba Rock sempre foi coisa de paulista, e é dificil comparar festas de Samba Rock de outros lugares, desculpem, mas a nossas aqui de SP são as melhores.

Eu particularmente conheci o reggae, nessas festas de Samba Rock, no principio quando me falavam do Bob Marley e do álbum de reggae mais vendido do mundo, o Legend eu torcia o nariz, era (e é) um tipo de som que não me agrada num todo, não tinha o swing e groove que sempre gostei de ouvir. Quando ouvia No Woman No Cry achava muito depre naquela época, e ainda considero depre. Marley tem outras música muito melhores do que as que estão naquele disco com certeza.

O primeiro disco que eu tive contato numa transição de Samba Rock para o reggae foi o disco SAMBAROCK - O Som Dos Blacks, o da capa ao lado. Tinha tudo o que eu já gostava, por ouvir nas festas do meus tios, primos e vizinhos como Jorge Ben, Bebeto, Marku e Oliveira e seus Black Boys junto com Upsetters, Dave and Ansil Collins e Jimmy Cliff. Além de tudo isso, tem o maestro Perez Prado, influenciado totalmente por Don D.

Bem, naquele tempo era bem diferente de hoje em dia, o som era muito mais sincero, as pessoas realmente gostavam daquilo que ouviam, não tinha modinha, ou melhor, até hoje não tem modinha porque o som está sendo tocado há 30 anos, sem perder a vibe, sem perder o foco e sem deixar a peteca cair.

Aproveitem essas dicas e curtam os abaixo. Paz a Todos!!!



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